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terça-feira, 24 de março de 2009

O CANTO DA FORMIGUINHA

O mundo é grande
e, no entanto, apenas um
dentre biliões de mundos possíveis.
Eu, somente um,
dentre biliões de seres tão reais quanto eu.
Viemos não se sabe como nem porquê:
outros já humanos existiram dezenas de milhões
de anos antes de nós. Melhor adaptados. Como se o mundo,
a vida, fosse feita para eles. E desapareceram.
Cada um de nós é um «sou» com pronúncia mal definida.
Uma combinação atómica que se desfaz por entropia,
tal como esta papoila tão frágil e tão teimosa.
Imperadores, reis, príncipes, magnatas poderosos,
todos imensamente poderosos,
volatilizaram-se no estômago de minúsculas mas insaciáveis criaturas.
Escreveram seus nomes na pedra ou no aço,
porém, nem como múmias ficaram vivos.
Somos filhos das estrelas,
que é um eufemismo para a palavra Inferno.
Deus não é nada,
a menos que seja um buraco negro,
ou aquela coisa estranha que não atrai nem emite luz
e que, todavia, preenche 95 por cento do espaço sideral.
O universo está cheio de deuses
tantos quantos forem os mundos habitados.
No entanto suspeito que o universo
tem por companheiro o inverso.
Como se o nosso fosse apenas uma ferida aberta
na infinita consciência de um Outro
inatingível mas vigilante.
«Evolução» é um nome que inventámos
para não admitirmos que a barata está mais adaptada do que nós
e, porém, não evolui há milhões de anos.
«Progresso» é outro nome que damos
à mesma ilusão pertinaz.
Por baixo dos progressos materiais
subjazem os mesmos erros e tendências.
Na verdade, não se verificariam progressos
se já não existissem os mesmos erros e tendências.
O maior desafio para a consciência humana
é construir um rumo de progressos
liberto desses erros e tendências,
já que nada garante essa possibilidade.
Os mitos e religiões localizaram o Paraíso nos Começos.
Nós, modernos, para o Fim o deslocámos .

2 comentários:

cid simoes disse...

Um abraço amigo.us favoritos. Estás nos me

cid simoes disse...

Eu pretendi dizer: um abraço amigo. Estás nos meus favoritos.

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