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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Reflexões caseiras

Os temas, os problemas, que merecem análise são mais que muitos. Não é por falta deles que não temos ideias. Os aspectos globais afectam as pequenas comunidades locais e é nestas que os problemas globais se produzem (o Ambiente, por exemplo). O que faz falta é a solução. Nalguns casos a solução até existe, porém falta a força material para a impor. Casos há em que até se reivindica, se protesta e se luta, mas com uma força insuficiente para a impor a um poder mais forte. Daí a sensação de que não existem alternativas radicais, que vivemos num tempo de pensamento único porque aquele que o contesta é um pensamento débil. Por isso vamos olhando para a América Latina com expectativa e simpatia (Venezuela, Bolívia, Brasil…), ou ficamos desorientados quando seguimos os acontecimentos no Irão, que encarávamos como uma fortaleza que travava os apetites imperialistas do Ocidente e auxiliava, de muitas maneiras, os movimentos da resistência. As coisas não são simplesmente pretas ou brancas, os bons e os vilões como os filmes de cowboys que aplaudíamos nos saudosos cinemas do nosso bairro. Bastaria exemplificar com o papel da China: o imperialismo capitalista não a domina politicamente, porém o capitalismo sente-se lá muito bem e recomenda-se. Não vale a pena citar a Coreia do Norte, um país isolado, com uma miséria escondida e um regime sinistro (só reforça o nosso cepticismo e até repugnância por determinadas experiências ditas socialistas). É por isso, pelo presente e pelo passado, que determinadas doutrinas e soluções não são boas, de modo nenhum apesar de parecerem radicais. Radical vem do étimo «radice», raiz, e exprime uma actividade simultaneamente teórica e prática que é capaz de ir à raiz dos problemas. As ditaduras políticas, as dinastias, a desigualdade brutal, a corrupção, a violência, constituem o caminho inverso. Compreender os contextos não é justificar. Nem os meios são bons, nem os fins.
Uma coisa temo-la como certa: sem a prática, a acção, a luta, não se vai a lado nenhum. Sem uma solução concreta, um programa justo e humanista, aqueles que lutam confiantes e generosos vão ser atraiçoados. A participação e a vigilância permanentes ainda são os melhores antítodos.

1 comentário:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Concordo com a análise que fazes.

Uma das coisas que mais me impressiona no momento político actual é a incapacidade para dialogar demonstrada pelos líderes partidários. Cada um sente-se senhor de uma verdade incontestável e ataca os outros do alto dos seus dogmas. Não há humildade política - nem outra. Predomina a arrogância e a crença na infalibilidade própria. Os outros são umas bestas, nós somos os únicos que...

O teu texto é o contrário disso.

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