Translate

domingo, 30 de agosto de 2009

TARANTINO

Os filmes de Tarantino apresentam-se como uma re-visitação de todos os géneros de cinema (ainda não foram todos, mas lá chegará). Por exemplo, o «cinema-noire»-os filmes «negros», ou «policiais» como os designamos entre nós, aquelas maravilhosas fitas dos anos trinta, quarenta, com histórias do D. Hammett e do Chandler, nas perfomances imortais do H. Boggart e outros, provavelmente os filmes que ele, Tarantino amou na juventude, como sucedeu connosco. A «brincadeira» com os filmes tão populares do extremo-oriente- Chineses, japoneses, com aquela violência ballética, os rituais de duelos infindáveis, porém mais mortíferos que os filmes de classe B de Hollywood. E, agora, a homenagem aos filmes «de guerra» (também assim por nós conhecidos). Quem conhece alguma filmografia (será preciso conhecer bastante) reconhece facilmente não apenas o género mas os grandes filmes que fizeram o género: neste «Sacanas sem lei» aquele que logo evoquei foi «Os onze patifes» (?), não recordo o título com exactidão, mas recordo a história de uns tantos «patifes» americanos prisioneiros de um campo de concentração nazi e que dele tudo fizeram para se escapulir (o tom de comédia estava presente, logo no título). Contra os verdadeiros sacanas – os nazis – sacanas e meio (sob a crueldade dos nazis não havia lei, contra eles não havia misericórdia, «olho por olho»). Ironia, muita ironia. Um pensador do pós-modernismo caracterizou este nosso período contemporâneo como sendo a governância da ironia, como se não houvesse razão e espaço para a seriedade solene, para a adesão crente dos crédulos, histórias sem doutrina e convicção, puro entretenimento. Distanciação, aquele estilo inaugurado e teorizado por Brecht e tantas vezes utilizado já no teatro. Contudo, entre o conteúdo e a intenção ética e política das obras de Brecht e as de Tarantino não há semelhanças. O «pós-modernismo» não tem nada para oferecer, excepto o gozo, o movimento, a acção pura, a magia do cinema.
Milan Kundera executa o mesmo artifício, noutros moldes evidentemente, na sua peça para teatro «Jacques e o seu amo» (Edições Asa), homenagem ao génio do Autor inaugural, Diderot. Uma «variação», como ele designa, jamais um plágio (no pós-modernismo só há plágio nos medíocres).

Sem comentários:

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.