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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Os Materialismos

Crítica da Razão Consensual (5ª Parte)




Teses

1. A Crítica que, há anos atrás na revista VÉRTICE, decidi intitular «Crítica da Razão Consensual», que segue agora com uma quinta parte, ambiciona respeitar a Crítica, isto é, a Filosofia da Crítica, ou seja: o marxismo (havendo mais do que um, persigo aquele que entendo). O marxismo é também a Crítica das críticas, pois que posições de crítica ele há muitas, sendo que algumas delas não criticam coisa alguma, porque o seu propósito não é subverter, mas justificar. A Filosofia Crítica vai à raiz dos problemas e tira as devidas consequências práticas.

2. A Razão criticada é tanto a racionalidade tecno-científica quando escamoteia os contextos sociais, as causas e as consequências políticas e idolatra os progressos técnicos, quanto a ideologia propagandística (incluindo a que se adorna com ouropéis de utopias abstractas), em primeiríssimo lugar a inseminada pelas centrais ideológicas do capitalismo e, em segundo lugar, aquelas que propõem alternativas ora reformistas inconsequentes, ora meramente especulativas sem transgredir os limites da sociedade capitalista. Filósofos da envergadura de G. Deleuze caíram sob esta ratoeira, isto é, e sem mais delongas, o capitalismo captura-os perfeitamente e devora-os com lágrimas nos olhos como choram os crocodilos quando engolem a presa inteira.

3. Não se trata de afirmar que todos os outros estão errados, porque não é do erro que se fala, mas de opções ou alternativas e da utilidade prática, da consequência que responde à pergunta: E agora, que fazer?

4. Para separar as águas, a questão do que é o Materialismo perfila-se como incontornável, quer seja no início do método crítico, quer no momento em que é necessário justificar os fundamentos da Crítica. Ora, o fundamento radical da Crítica é a definição de materialismo que o próprio entende como mais adequada. Assim, a Crítica da Razão Consensual (o dito racionalismo que justifica os consensos sem apelar aos conflitos (que faz por não ver) ou, pior ainda, impõe o consentimento com vista à submissão) assenta numa definição de materialismo.

5. Entendo como boa a afirmação de que toda a realidade é essencialmente material (incluindo a humana e os seus produtos ditos «imateriais»). Esta asserção geral (e aqui o geral, sendo abstracto, é o mais concreto, conforme opinou Hegel) cobre três áreas:

O materialismo filosófico, histórico e científico. Em cada área os argumentos específicos justificam a tese geral.

6. O materialismo filosófico afirma ontologicamente a dependência unilateral do ser social em relação ao ser biológico; epistemologicamente afirma a existência independente dos objectos do pensamento (pelo menos alguns, isto é, e de novo, «a realidade é independente do pensamento (científico, pois que pretende ser o mais objectivo dos géneros de pensamento), começando por ser-lhe anterior no tempo e no espaço; prático, afirmando o papel constitutivo da acção transformadora do homem na reprodução e na transformação dos modos sociais do viver.

7. O materialismo histórico evidencia o primado causal do modo de produção dos homens e de reprodução do seu ser natural (o trabalho, as actividades práticas, os meios e as relações de produção). Daí a Economia Política (Isto é, a Crítica da Economia), assente nestas bases, ser a ciência mestra que ilumina a Crítica Social (ou sociológica) e, portanto, a prática da filosofia da praxis.

8. O materialismo científico é constituído pelos resultados confirmados das descobertas e axiomas científicos. Deste modo, existe uma Psicologia materialista, uma Biologia materialista, etc.

9. É para nós evidente que a última área confirma as outras e, estas, confirmam a última, ou dela resultam também por dedução (mas não só). Ou seja: a Física (tanto a micro como a macro), a Química, a Biologia, a Antropologia, confirmam a tese geral (tudo que existe á apenas matéria, ou, pelo menos, depende da matéria (o físico, a natureza).

(cont.)

2 comentários:

cid simoes disse...

Bom trabalho camarada. Até à próxima.

Fernando Campos disse...

Peço desculpa por só agora poder retribuir a visita.
Quero também agradecer o simpático comentário.
Um abraço

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