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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OS MATERIALISMOS










Nesta mensagem que continua a 5ª parte da Crítica da Razão Consensual e desenvolve o tema controverso dos Materialismos, torna-se necessário abordar a sua história, inserida evidentemente na história da filosofia ocidental, se bem que seja possível apenas um brevíssimo resumo. Na verdade o materialismo apresenta-se com um percurso consistente desde o nascimento da filosofia, muito embora com uma tal diversidade que não é coisa fácil garantir a sua continuidade linear através das épocas, dos paradigmas, dos pensadores. Até mesmo conceitos como os de progresso e evolução mostram-se de difícil demonstração na realidade dos factos. Deste modo diremos, com grandes cautelas, que o nascimento da filosofia é o nascimento do materialismo, pois que o modo de pensar e o discurso da filosofia começa pela crítica das crenças tradicionais, dos mitos, das superstições populares (que os poderes políticos defendem ou, pelo menos, admitem, e é o que passa nos impérios do médio oriente e do Egipto), das religiões. Tais críticas nem sempre estabelecem uma nítida distinção entre a filosofia e a religião, verifica-se isto nos pensamentos que os pré-socráticos nos legaram. Contudo essa indistinção já é indício de uma atitude crítica, a própria referência a «deuses» já exprime outra coisa diferente das tradições e as analogias poéticas de Heráclito ou as explicações através dos «elementos» (água, fogo, ar) em todos eles até culminarem em Empédocles, já revelam uma outra e nova orientação. Muito ou pouco mitológicos, os «elementos» são coisas materiais, que se elevam à categoria de causas do nascimento e da morte, do movimento e repouso, da mudança e da estabilidade. Os «princípios» nos primeiros filósofos já não são mais transcendentes, mas imanentes, e estas noções são axiais no pensar filosófico, a ideia de imanência (as coisas e as causas, os princípios, estão dentro deste mundo, não é necessário recorrer a «forças» exteriores à Natureza) é central nos materialismos. Além disto (ou porque assim é) o pensamento antigo apoia-se e depende dos progressos científicos da época (aritmética, geometria, astronomia, música, inclusive algumas técnicas –alguns filósofos são engenheiros, inventam-se artefactos movidos a água, embora este aspecto seja mais notável na famosa Alexandria, numa época mais avançada.

Dentro dos avanços da especulação de pendor materialista o mérito vai por inteiro para o atomismo clássico, tacteado primeiramente por Leucipo de Mileto e depois formulado com grande clareza por Demócrito de Abdera (contemporâneo de Sócrates). Jogando no tabuleiro da famosa equação de Parménides «Ser e não-ser» (o Ser é, o não-ser não é), os atomistas afirmam com clareza que o Ser são os átomos (partículas invisíveis e indivisíveis, em eterno movimento) e o não-ser, o vazio. A génese das coisas dá-se por «acaso» e «necessidade»: determinismo mecânico, ausência de finalismo e intencionalidade. Este realismo proto-científico, alcança o seu esplendor (vemos hoje com espanto)com Epicuro (341-270).


                                                     DEMÓCRITO de Abdera

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