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sábado, 5 de dezembro de 2009

PABLO NERUDA

Ode e Germinações


O sabor da tua boca e a cor da tua pele,

Pele, boca, fruta minha destes dias velozes,

Diz-mo, estiveram sem cessar a teu lado

Por anos e viagens, por luas e por sóis,

E terra e pranto e chuva e alegria?

Ou só agora, só agora

Saem de tuas raízes

Como a água traz à terra seca

Germinações que não conhecia

Ou aos lábios do cântaro esquecido

Sobe na água todo o sabor da terra?



Não sei, não mo digas, não o sabes.

Ninguém sabe estas coisas.

Mas aproximando os meus sentidos

Da luz da tua pele, desapareces,

Fundes-te como o ácido

Aroma de um fruto

E o calor de um caminho,

O olor do milho a debulhar-se,

A madressilva do entardecer puríssimo,

Os nomes da terra poeirenta,

O perfume infinito da pátria:

Magnólia e matagal, sangue e farinha,

Galope de cavalos,

O luar poeirento sobre a aldeia,

O pão recém-nascido:

Tudo da tua pele me volta à boca,

Volta ao meu coração, volta ao meu corpo,

E volto a ser contigo

A terra que tu és:

És em mim profunda Primavera :

Em ti volto a saber como germino.

3 comentários:

Meg disse...

Zé,

Este é mais um dos mais belos momentos de...

«arrebatamentos de amor e fúria»

de Pablo Neruda, no livro "Os Versos do Capitão" que se manteve tanto tempo no anonimato...

Adorei.

Um abraço

São disse...

Aprecio muito Pablo Neruda.

Quanto a poesia - ainda mais do que a prosa - prefiro ler na língua original, pois me parece que se perde sempre um pouco...e não por responsabilidade, muitas vezes, de quem traduz.

Um domingo agradável para ti e para os teus.

Nozes Pires disse...

Para ti também um domingo bom,São.

Viagem à Polónia

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Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.