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quinta-feira, 8 de abril de 2010

A inteligente estupidez

Todos somos partes do mesmo Todo=Natureza. Nada mais existe do que a natureza, ou Matéria, ou Universo, Energia. A Natureza é uma representação unitária que conjuga o máximo que admitimos que constitua o Universo (galáxias, estrelas, etc.) e o máximo que sabemos sobre a vida na Terra. Sabemos que existem interligações entre as estrelas e a vida, entre nós, a vida, e as estrelas; entre todos os seres vivos, do mais pequeno ao maior. Admitimos que a origem é comum e única (um só DNA primevo). Portanto, as diferenças que nos distinguem não apagam a origem comum primeira e as origens comuns de muitas espécies, e das espécies aparentadas connosco. Só à responsabilidade do homem cabe boa parte das extinções mais recentes na história da vida na Terra. Se o futuro do planeta está ameaçado tal se deve, em boa parte, à responsabilidade humana. Por conseguinte, deviamos estabelecer um acordo, um contrato, universal com a natureza. Os direitos desta e os nossos deveres. Os direitos da natureza não são negociáveis nem convencionais, são naturais. Os animais predadores têm direito às suas presas, direito de sobrevivência, que proporciona o equilíbrio ecológico do meio ambiente. Nós temos o direito de seleccionarmos os seres vivos indispensáveis à nossa subsistência, de trabalharmos a terra e dela colhermos alimento, de domesticar e apascentar, de pescar. Mas este direito é limitado pelos direitos dos seres vivos, em primeiro lugar a sua sobrevivência, ora porque não nos alimentamos deles, ora porque deles nos alimentamos. A preservação dos seres vivos colcoca limites aos nossos direitos de alimentação, isto é, ora porque estão em vias de extinção, ora porque constituem espécies protegidas (como as baleias e os tubarões).
A nossa radical semelhança com tudo, para não dizer mesmo a nossa radical identidade comum e única, exige esse contrato, que é tão urgente como um contrato de igualdade de todos os seres humanos. O que temos agora é um planeta ameaçado (uma herança terrível para os vindouros) e uma espécie humana profundamente desigualitária que tende a tornar pior a vida dos vindouros. O futuro anuncia-se no presente. A mais inteligente das espécies é a mais estúpida de todas. Este profundo paradoxo coloca-nos uma permanente interrogação: o que nos torna tão estúpidos?

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