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segunda-feira, 26 de abril de 2010

O «plano inclinado» dos liberais dogmáticos

Há na SIC-Notícias (canal 5) um programa denominado «Plano Inclinado», da responsabilidade do jornalista Mário Crespo, com dois onvidados «residentes» e um terceiro para cada episódio. O título confere muito bem com o tom e o conteúdo das intervenções (com excepção do Professor Nuno Crato). O catastrofismo domina aqueles economistas. Porém, as teses são sempre economicistas e monetaristas e, por isso, o déficit e o endividamento regulam as análises e as críticas. Nenhuma ênfase especial é dada à destruição da produção nacional, que tem sido metódica, sistemática, de todos os governos. O congelamento dos salários é inteira e reiteradamente aprovado. As soluções que apontam para o país livrar-se do «plano inclinado» pouco diferem do PEC anunciado por este Governo. O economista Medina Carreira, ex-governante (julgo que foi um dos que negociou com o FMI um empréstimo a Portugal nos tempos idos da contra-revolução), se difere do PEC e da política deste Governo, é porque os acha «soft», isto é, quer mais rapidez e dureza, nas poupanças dos serviços sociais do Estado e nas medidas contra a função pública. De off-shores, de taxas a aplicar sobre os lucros do grande capital financeiro, nenhuma daquelas oratórias empoladas com que Medina Carreira costuma fustigar os outros. Trabalho justamente pago, investimentos produtivos e que aumentem o emprego, reforço do Estado Social, plano que estimule o crescimento, políticas que conciliem a travagem da espiral do endividamento externo com o condicionamento das importações e o aumento das exportações, nada disto parece merecer qualquer importância. Nuno Crato sorri, deixa-se interromper constantemente pelas tiradas definitivas de Medina Carreira, e ainda, em frouxas tentativas, defende o investimento no ensino e na investigação (M.C. acha que isso é demasiado a longo prazo). Segundo julgo há quem aprecie a oratória de Medina Carreira, provavelmente acham que é a pessoa que com mais coragem diz a verdade. M.C. mostra acreditar que sim, e ganha tonalidades sombrias e agiganta-se aos seus olhos (dele).
Posso estar enganado, mas ouvir M.C. é como ler o FMI. Com a diferença de que o segundo é temível e o primeiro é cansativo.

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