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sábado, 3 de abril de 2010

O preconceito

Cuba está na berlinda. Os protestos das «damas de branco», assim designadas não sei por quem os familiares dos presos, aos quais se juntam nestas coisas sempre quem tem motivos para protestar. Continuamos a ignorar se todos os presos são de delito comum; se o forem, cumprem as penas tal como sucede em qualquer outro país e regime; se não o são, poderão ser por razões políticas, mas por haverem recorrido a meios violentos, cumprindo as penas tal como sucederia em qualquer outro regime; se são presos por delitos de opinião e de reunião com finalidades políticas, não se compreende que cumpram qualquer pena, as leis cubanas não proibem os direitos elementares; seria muito mau que proibissem na letra e na prática. A ser asssim, quantos são, o que distingue uns dos outros? Porque razão o regime se mostra tão inflexível? É esta inflexibilidade que causa perplexidade. Receio de que alguma cedência provoque uma espiral, uma bola de neve? Ou, por isso, são todos de facto deliquentes comuns ou violentos?
Admiro o sentimento de independência dos cubanos, a sua coesão e coragem nas batalhas contra os invasores yanques e contra revolucionários, na luta diária para sobreviverem com dignidade aos bloqueios e sanções a que têm sido sujeitos pelos EU e pela UE, bloqueio que prejudica mais o povo que os governantes. Injusto e inadmissível, tanto mais que quem o pratica usa de dois pesos e duas medidas (não procede da mesma maneira com Israel, por exemplo).
Lêem-se os jornais de referência, tanto de cá como estrangeiros e nota-se perfeitamente o preconceito contra o regime cubano. O mesmo preconceito que se constata contra o regime da Venezuela, ou contra o presidente Chavez. Um preconceito de que o próprio presidente Lula nunca deixou de ser também um alvo, pelo menos um motivo de desconfiança e tema de anedotas.
Porquê estes preconceitos? Porque se baseiam em estereótipos que «alguém» construíu e instilou?
Quantos, por exemplo, se preocupam em conhecer o cinema do Irão? A literatura turca, libanesa, irariana, iraquiana, palestiniana, etc? Em contrapartida, quantos seguem com simpatia as peripécias da política do presidente Obama? Ou, com curiosidade, as peripécias burlescas de Berlusconi e o recente reforço inquietante da extrema-direita no Norte rico da Itália?
Preconceitos. Estereótipos, ora discriminatórios, ora simpáticos. Deles se alimenta a Opinião pública.

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