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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Consentimentos

Procura-se instituir hoje em dia um consenso sem alternativas. Exlui-se o contraditório, silenciando-o, truncando-o até à caricatura ou ao inóquo, colando-o à ideologia política dos regimes socialistas, desprezando a argumentação dos chamados "derrotados da Guerra fria", dando por adquirido que é o Mercado que avalia e ordena, substituindo a opinião pública pelas directrizes de Bruxelas, determinando na esfera da filosofia o "fim das ideologias" e das "narrativas", instilando uma ética do pragmatismo, praticando um ecletismo sem princípios, decidindo que apenas os "especialistas" discutem e o público acompanha e aplaude, sacudindo as responsabilidades próprias para a "globalização" que tem as costas largas. Os opositores são arruaceiros, radicalistas, extremistas, senão mesmo cúmplices do terrorismo, há já até tentativas para criminalizar certas esquerdas. O império do consenso é o totalitarismo, por mais ambígua que seja esta palavra. O consenso é a ambição de todos os impérios. Obedecer a Roma ou a Berlim é o supremo desígnio da política imperialista. "Em Roma sê romano!", eis tudo que deves fazer. A nossa época assiste ao colapso dos ideais iluministas. Dos ideais, dos hábitos, dos direitos e das instituições. O "capital simbólico", de P. Bourdieu, é o capital virtual das Bolsas e mercados financeiros. Quem decide da falência de um país soberano são três agências privadas que fazem rankings. O que se joga nas Bolsas mundiais já não são apenas as empresas, são os Estados. A soberania nacional é um arremedo, um mero ritual futebolístico. As sociedades em-rede, de Manuel Castells, equivale ao Governo europeu, norte-americano ou chinês. O multiculturalismo é a indústria do espectáculo e os que decidem sobre quem entra ou sai são os industriais do espectáculo. Os artistas são mercadoria e quem decide os que valem ou não valem são os mercadores. As igrejas fazem negócios como no tempo da Contra-Reforma.
Este consenso incute a insegurança e a despolitização. Nem Maquiavel o desejaria.

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