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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

20 ANOS DEPOIS...

Lisboa, 24 de Janeiro de 2011

-- Conselho Português para a Paz e Cooperaçãowww.cppc.pt


A 2 de Agosto de 1990 o Iraque invade o Kuwait, alegando roubo de

petróleo num campo petrolífero fronteiriço e razões territoriais históricas.

Desta intenção os EUA tinham conhecimento prévio e dado acordo tácito

através da embaixadora April Glaspie.

A invasão foi imediatamente condenada pelos governos e forças

políticas de todo o mundo. O Conselho de Segurança (C.S.) da ONU

adoptou, no próprio dia, uma Resolução, a 660, condenando o Iraque e

exigindo a reposição da legalidade internacional.

Invocando esta situação os EUA enviam forças armadas para a Arábia

Saudita a 9 de Agosto e insistem para que o C.S. da ONU dê cobertura à

intervenção armada, o que se vem a verificar a 29 de Novembro, dando

até 15 de Janeiro para o Iraque sair do Kuwait.

Entretanto a URSS, China e França insistem numa solução pacífica, o

que é ignorado pelos EUA e Inglaterra que notoriamente já optaram pela

resolução bélica.

3 horas da madrugada do dia 17 de Janeiro de 1991.

Um devastador ataque aéreo iniciou a operação “Tempestade no

Deserto”. Milhares de toneladas de bombas e mísseis, de tecnologia

“estreada” nesta guerra, foram lançadas por centenas de aviões e

dezenas de vasos de guerra norte-americanos e ingleses durante 40 dias.

A 24 de Janeiro começou a operação terrestre com cerca de 500 mil

soldados, dos quais 450 mil eram norte-americanos, muito embora a

“coalizão” fosse formada por 29 países e apoiada pela NATO.

No dia 26 as tropas iraquianas, já em retirada, são massacradas pela

aviação da “coalizão” na que ficou conhecida como a “estrada da

morte”, numa acção sem utilidade militar que só pode ser entendida

como um castigo e um aviso a outros.

Dois dias depois, a 28, o Presidente dos EUA, Bush pai, ordena a

suspensão das hostilidades.

O conflito custou a “coalizão” 65 biliões de dólares e um milhar de

mortes. O Iraque ficou destruído: com as redes sanitária, de distribuição

de água e eléctrica seriamente danificadas, com a industria petrolífera

semi destruída e paralisada, e teve um número calculado de 200 mil

mortes entre soldados e civis. E mais grave ainda sofreu um embargo,

imposto pela ONU, que juntamente com os efeitos do urânio

empobrecido, utilizado nas munições da “coalizão”, veio a arruinar a

saúde das populações, com efeitos que perduram até hoje, e que já

causou um número estimado de 2milhões de mortes.

6 de Março de 1991, G. Bush faz as seguintes afirmações no discurso da
vitória:


“…Agora, podemos ver um novo mundo chegando à vista. Um mundo

em que existe a possibilidade muito real de uma nova ordem mundial.

A vitória sobre o Iraque não foi conduzida como uma "guerra para

terminar todas as guerras." Mesmo a nova ordem mundial não pode

garantir uma era de paz perpétua. Mas uma paz duradoura deve ser a

nossa missão…”

Anteriormente o Secretário de Estado, Dick Cheeney, afirmara:

“…Ganhando o mais rapidamente possível a guerra, a América aparecerá

mais forte aos olhos do mundo inteiro. E terá provado que tem os

recursos para instaurar uma nova ordem mundial».

«Pensamos que os EUA têm exigências duráveis. Devemos manter a

nossa capacidade em controlar os oceanos do mundo, cumprir os

nossos compromissos na Europa e no Pacífico, ser capazes de

desdobrar forças, seja na Ásia do Sudoeste ou no Panamá, para fazer

face aos imprevistos, a fim de defender as vidas e os interesses

americanos».

Fora decretada e instaurada “a nova ordem mundial”.

Os EUA arrogavam-se o direito de serem policias do mundo e que a

defesa dos “interesses americanos” seria o centro da legalidade.

A “nova ordem mundial” foi o nome dado às pretensões hegemónicas do

imperialismo norte-americano. Reflectia a intenção de domínio e

aproveitamento das riquezas naturais mundiais e controlo de zonas

estratégicas que garantissem esse domínio e impedissem o

aparecimento de potências concorrentes.

A lista de atropelos ao Direito Internacional e de crimes cometidos pelas

administrações norte americanos nestes últimos vinte anos é longa.

Destacamos: 1991/2003- zonas de interdição aérea no Iraque, 1992 –

Somália, 1993 – Iraque, 2000 – Colombia, 2001 – Afeganistão, 2002 –

Prisão de Guantanamo, 2003 – Iraque, 2004 – “Voos da CIA”. A esta lista

deve-se juntar o alastramento de bases militares por todo o globo, a

dispersão de esquadras navais por todos os mares, a cumplicidade em

golpes contra governos que não lhes sejam favoráveis, como Venezuela

e Honduras, a cumplicidade com governos criminosos como os de Israel,

as ameaças e provocações a Estados – Irão e Coreia.

20 anos depois, a “nova ordem mundial” trouxe mortes, mais

insegurança e mais perigo para a humanidade. A situação no Médio

Oriente piorou e é, neste momento, um potencial foco para uma guerra

mundial.

O imperialismo usa a força para dominar. Criar condições para a paz,

segurança e progresso da humanidade depende da luta dos povos e dos

movimentos pela paz na defesa do direito internacional e no

cumprimento da Carta das Nações Unidas

A conquista de um mundo de justiça e paz depende de todos nós.

Lisboa, 24 de Janeiro de 2011

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