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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Gilles Lipovetsky


Gilles Lipovetsky (Millau, 24 de setembro de 1944) é um filósofo francês, professor de filosofia da Universidade de Grenoble, teórico da Hipermodernidade, autor dos livros A Era do Vazio, O luxo eterno, O império do efêmero, Cultura-mundo, entre outros.





------------Entrevista (excerto)------------------------------------------------------------------------------
Para você, a sociedade hiperindividualista coexiste com um mal-estar da existência. Há o estresse, a depressão, preocupações diversas com o trabalho, a família. Existe hoje um imperativo da felicidade, quase como uma tirania?



Há hoje a tirania do corpo, da beleza e da juventude. Não há mais a tirania da moda. Tirania da felicidade me incomoda como expressão, pois, apesar de tudo, a felicidade é uma aspiração dos homens, reforçada pela modernidade. O ideal da felicidade não é apenas tirânico, pois permite as coisas avançarem. Em nome da felicidade as pessoas mudaram seu modo de vida. Antes, não se divorciava. A felicidade não vinha em primeiro lugar, mas a família. Hoje as pessoas se divorciam se estão infelizes no casamento, têm o direito de refazer suas vidas. Nem tudo é tirânico na aspiração à felicidade. Mas o paradoxo de nossa época de hiperconsumo é o de que todos os sinais de felicidade estão em aberto. Em breve, a grande maioria das pessoas viverá até os 100 anos de idade; as mulheres podem controlar sua fecundidade e ocupam novos espaços; o nível de vida aumenta; a sexualidade é livre. Há sinais positivos em relação à saúde, à sexualidade, às liberdades. Mas o que vemos é que isso não se acompanha de uma joie de vivre manifesta. Há um paradoxo enorme: a sociedade tem os sinais de felicidade, mas tudo se passa como se isso não fosse sentido. Há a depressão, a ansiedade, a infelicidade pessoal. Estudos feitos por ingleses e americanos mostram nossa surpreendente situação. Toda a civilização moderna leva ao crescimento, ao aumento do poder aquisitivo. A grande questão teórica é: a riqueza e o bem-estar material trazem mais felicidade?


Fernando Eichenberg


De Paris, França

21  de Abril 2008



in Terra Magazine


Terra Magazine

3 comentários:

Carol Bonando disse...

Sabe, ando lendo alumas coisas para aplicar na vida. Uma coisa bem empírica mesmo... ando lendo sobre o amor, e tem uma frase que me marcou... Só podemos dar aquilo que temos!!!
Ora, que óbvio!??? Não, não é óbvio. Não adianta eu falar de riqueza espiritual para todas as crianças aprenderem, se eu não transmitir a prática.

Bom, sei que demoro para escrever, mas publiquei alguns textos e você não comentou nenhum... Aparece por lá, preciso de incentivos!!! kkk
Beijos carolbonando.blogspot.com

Nozes Pires disse...

Vou visitar-te no teu blog e deixarei um comentário. També eu me queixo de ser lido mas não comentado. Abraço.

Nozes Pires disse...

O meu pc avisa-me que não deve entrar no teu site, por razões de segurança. Como é? Enviaste-me uma ameaça de vírus?

Viagem à Polónia

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Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.