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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

FILOSOFIA -- Georges Politzer

5Pelo Socialismo


Questões político-ideológicas com atualidade

http://www.pelosocialismo.net

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Obra editada pela “Prelo Editora, SARL”, em janeiro de 1975 (4.ª Edição)

Colocado em linha em: 2012/01/15

Princípios Elementares de Filosofia

Georges Politzer

[Esta importante obra publica-se por capítulos, semanalmente, iniciando-se com a

publicação do Índice das Matérias, Prefácio e Advertência dos editores franceses


II. — O que é uma ideologia? (Factor e formas ideológicos.)

III. — Estrutura económica e estrutura ideológica

IV. — Consciência verdadeira e consciência falsa

V. — Acção e reacção dos factores ideológicos

VI. — Método de análise dialéctica

VII. — Necessidade da luta ideológica

VIII. — Conclusão

PERGUNTAS DE CONTROLO

EXERCÍCIO DE RECAPITULAÇÃO GERAL

ÍNDICE ALFABÉTICO DOS NOMES CITADOS

BIBLIOGRAFIA



Prefácio

Este manual elementar transcreve as notas tomadas por um dos alunos de Georges

Politzer nos cursos por ele professados na Universidade Operária, no ano escolar de

1935-36. Para, a propósito, compreender o seu carácter e alcance, é necessário

precisar, em primeiro lugar, o objectivo e o método do nosso mestre.

Sabe-se que a Universidade Operária fora fundada em 1932 por um pequeno grupo

de professores, para ensinar a ciência marxista aos trabalhadores manuais, dandolhes

um método de raciocínio que lhes permitisse compreender o nosso tempo, e

orientando a sua acção, tanto na sua técnica, como no domínio político e social.

Desde o início, Georges Politzer encarregou-se de ensinar na Universidade Operária a

filosofia marxista, o materialismo dialéctico: tarefa tanto mais necessária, uma vez

que o ensino oficial continuava a ignorar ou a reproduzir inexactamente esta filosofia.

Nenhum dos que tiveram o privilégio de assistir a tais cursos – ele falava, em cada

ano, para um numeroso auditório, onde se misturavam todas as idades e profissões,

mas predominavam os jovens operários – esquecerá a profunda impressão que todos

experimentavam em frente desse grande rapaz ruivo, tão entusiasta e sábio, tão

consciencioso e fraterno, tão aplicado em pôr ao alcance de um público inexperiente

uma matéria árida e ingrata.

A sua autoridade impunha ao curso uma disciplina agradável, que sabia ser severa,

mas permanecia sempre justa, e desprendia-se da sua pessoa uma tal força de vida,

um tal brilho, que era admirado e amado por todos os alunos.



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Para melhor se fazer compreender, Politzer começava por suprimir do seu

vocabulário toda a gíria filosófica, todos os termos técnicos que só os iniciados podem

entender. Só desejava empregar palavras simples e conhecidas de todos. Quando era

obrigado a utilizar um termo especial, não deixava de o explicar demoradamente,

através de exemplos familiares. Se, nas discussões, algum dos seus alunos empregava

termos eruditos, repreendia-o e troçava dele com aquela ironia mordaz que todos os

que o contactaram bem conheciam.

Queria ser simples e claro, e fazia sempre apelo ao bom-senso, sem, contudo, jamais

sacrificar algo da exactidão e da verdade das ideias e teorias que expunha. Sabia

tornar os seus cursos extremamente vivos, fazendo participar o auditório em

discussões, antes e depois da lição. Eis como procedia: no final de cada lição, dava o

que ele chamava um ou dois temas de controlo; tinham por objecto resumir a lição,

ou aplicar o seu conteúdo a qualquer assunto particular. Os alunos não eram

obrigados a abordar o tema, mas muitos eram os que se obrigavam a isso, e traziam

um trabalho escrito no início do curso seguinte. Perguntava, então, quem tinha feito o

trabalho; levantávamos a mão, e ele escolhia alguns de entre nós para ler o nosso

texto e completá-lo, sendo preciso, com explicações orais. Politzer criticava ou

felicitava, e provocava entre os alunos uma breve discussão; depois, concluía,

extraindo dela ensinamentos. Esta durava cerca de meia hora, e permitia aos que

tinham faltado ao curso anterior preencher a lacuna e fazer a ligação com o que

tinham aprendido anteriormente; isto permitia também ao professor verificar em que

medida fora compreendido; insistia, em caso de necessidade, nos pontos delicados ou

obscuros.

Começava, então, a lição do dia, que durava cerca de uma hora; depois, os alunos

faziam perguntas sobre o que acabava de ser dito. Tais perguntas eram geralmente

interessantes e judiciosas; Politzer aproveitava para fornecer elementos necessários e

retomar o essencial do curso, sob um ângulo diferente.

Georges Politzer, que tinha um conhecimento aprofundado da sua matéria e uma

inteligência de uma admirável maleabilidade, preocupava-se, antes de mais, com as

reacções do seu auditório. Tirava, de vez em quando, a «temperatura» geral, e

verificava, constantemente, o grau de assimilação dos alunos. Deste modo, era

seguido por eles com um interesse apaixonado. Contribuiu para a formação de

milhares de militantes, e, deles, muitos são os que hoje ocupam lugares «de

responsabilidade».



Nós, que compreendíamos o valor desse ensino e pensávamos em todos os que não o

podiam ouvir, particularmente nos nossos camaradas de província, desejávamos

publicar os seus cursos. Ele prometia pensar nisso, mas, no meio do seu imenso

trabalho, nunca encontrava tempo para realizar tal projecto.

Foi então que, no decurso do meu segundo ano de filosofia na Universidade Operária,

onde fora criado um curso superior, tive ocasião de pedir a Politzer para me corrigir

os trabalhos, e lhe entreguei novamente, a seu pedido, os meus cadernos de curso.

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Achou que estavam bem feitos, e propus-lhe redigir, a partir dos meus apontamentos,

as lições do curso elementar. Encorajou-me a isso, prometendo-me revê-las e corrigilas.

Infelizmente, não encontrou tempo para tal. Sendo as suas ocupações cada vez mais

árduas, deixou o curso superior de filosofia ao nosso amigo René Maublanc. Pus este

ao corrente dos nossos projectos, e pedi-lhe para rever as primeiras lições que tinha

redigido. Aceitou solicitamente, incitando-me a acabar esse trabalho, que devíamos,

depois, apresentar a Georges Politzer. Mas veio a guerra: Politzer devia encontrar

uma morte heróica na luta contra a ocupação hitleriana.

Embora o nosso professor já não estivesse entre nós para ultimar um trabalho que

tinha aprovado e encorajado, julgámos útil publicá-lo, com base nos meus

apontamentos.



Georges Politzer, que iniciava todos os anos o seu curso de filosofia na Universidade

Operária fixando o verdadeiro sentido da palavra materialismo, e protestando contra

as deformações caluniosas a que alguns a sujeitam, recordava energicamente que ao

filósofo materialista não falta ideal, e que está pronto a combater para o fazer

triunfar. Soube, a partir de então, prová-lo pelo seu sacrifício, e a sua morte heróica

ilustra esse curso inicial, em que afirmava a união, no marxismo, da teoria e da

prática. Não é inútil insistir sobre esta dedicação a um ideal, esta abnegação e este

alto valor moral, numa época em que, de novo, se ousa apresentar o marxismo como

«uma doutrina que faz do homem uma máquina, ou um animal apenas superior ao

gorila ou ao chimpanzé» (Sermão de Quaresma em Notre-Dame de Paris,

pronunciado, em 18 de Fevereiro de 1945, pelo rev.° padre Panici).

Não protestaremos nunca bastante contra tais ultrajes à memória dos nossos

camaradas. Recordamos somente àqueles que têm a audácia de os proferir o exemplo

de Georges Politzer, de Gabriel Péri, de Jacques Solomon, de Jacques Decour, que

eram marxistas e ensinavam na Universidade Operária de Paris: todos bons

camaradas, simples, generosos, fraternos, que não hesitavam em consagrar uma boa

parte de seu tempo, vindo a um bairro perdido ensinar aos operários a filosofia, a

economia política, a história ou as ciências.

A Universidade Operária foi dissolvida em 1939. Reapareceu, no dia seguinte à

Libertação, sob o nome de Universidade Nova. Uma nova equipa de professores

devotados, fazendo a rendição dos que tombaram, veio dar continuidade à obra

interrompida.

Nada nos pode encorajar mais nesta tarefa essencial do que render homenagem a um

dos fundadores e animadores da Universidade Operária, e nenhuma nos parece mais

justa e útil do que publicar os «Princípios elementares de filosofia» de Georges

Politzer.

Maurice LE GOAS

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Advertência dos editores franceses

Esta nova edição dos «Princípios elementares de filosofia» de Georges Politzer foi

totalmente revista, melhorada em certas passagens e o índice tornado funcional. No

momento em que a luta ideológica, tradução e expressão da luta política, se torna

cada vez mais aguda, no momento em que é necessário que todo o espírito honesto

esteja intelectualmente armado para fazer face aos atentados de mistificação, parecenos,

com efeito, indispensável apresentar ao leitor um instrumento de trabalho mais

perfeito ainda do que o que lhe apresentámos anteriormente. Devemos, na verdade,

dizer que as nossas primeiras edições comportavam certos defeitos de apresentação,

consequência da nossa pressa em divulgar este indispensável instrumento intelectual.

Corrigimos, também, linha por linha, a apresentação da exposição de Politzer,

melhorando-as, sempre que necessário. É certo que não introduzimos qualquer

modificação no que se chama a «essência»; as nossas correcções incidiram apenas na

forma. Acrescentámos, também, um certo número de Exercícios escritos e de

Leituras (encontrados nos apontamentos do nosso amigo Le Goas, e indicados por

Politzer) e revimos completamente o índice, de tal modo que constitui, agora, um

breve dicionário de história da filosofia.

O nosso grande amigo Paul Langevin emendara, pelo seu próprio punho e no

exemplar dos «Princípios” que possuía, dois erros de pormenor sobre uma questão

científica que bem conhecia (página 79 da primeira edição). Paul Langevin desejava

que tais correções fossem efectuadas aquando da reedição. Assim se fez.



Tal como se apresenta agora, a obra de Politzer constitui, mais ainda do que antes,

uma introdução indispensável ao conhecimento do materialismo dialéctico,

fundamento do marxismo. Servirá o militante operário como o estudante, o espírito

curioso como o intelectual já especializado.

Que a obra apresenta lacunas, que certos desenvolvimentos careçam de precisão, que

certas afirmações exigem ser aprofundadas por explicações complementares, Politzer

sabia-o antes de qualquer outro. Mas sabia, também, que, em filosofia, como em

todas as coisas, é preciso começar pelo princípio. É, pois, como um ensino elementar

que é preciso considerar os conhecimentos que estes «Princípios» dão.



Empenhámo-nos em fazer seguir cada curso da lista das leituras recomendadas por

Politzer, assim como das perguntas de controlo que ele propunha no fim de cada

lição.

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Pensamos que tais perguntas são do maior interesse para duas categorias de leitores:

1. Para os alunos, isto é, para quem não se contentar em ler o livro,

mas queira estudá-lo. A esses, aconselhamos, quando tiverem

completado cada lição com as leituras recomendadas, fechar o livro

e reflectir na ou nas perguntas postas, respondendo-lhes

mentalmente ou, melhor, por escrito. O aluno, por si próprio,

verificará em seguida, consultando o livro, o que reteve da lição.

2. Para os mestres, isto é, para aqueles que quiserem servir-se deste

livro como base de ensino num círculo de estudos marxistas. A

esses, as perguntas permitirão animar o ensino, suscitar discussões

profundas.

A todos, enfim, este livro fornecerá, pois, com as indicações da sua introdução e as

perguntas de controlo, um método pedagógico que se revelou excelente.

1 comentário:

cid simoes disse...

Era o livro mais procurado nos anos sessenta.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.