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domingo, 18 de março de 2012

Carta Para S

CARTA




Olá, como vais?

Que esta carta te encontre de boa saúde

É o que desejo,

Neste tempo obscuro

Em que uma linha curva é uma reta

Que vai para parte nenhuma.

Escrevo-te sem a alegria da chegada

Tão triste foi a partida.

Nem sei onde habitas

Fora do meu coração,

Dos meus nervos, da minha memória.

Somos parte daquela história

dos vencidos que se levantaram do chão.

Tive-te na cama, do lado esquerdo

Onde os achados e os perdidos

Desfraldam um cravo rubro na mão.

Não sei para onde foste,

Nem sei se deu fruto o teu ventre

Mulher madura, mãe, amante.

Sei que vives nos meus sonhos

E onde quer que eu grite: Avante!

É o teu corpo que vejo

Mais puro e inteiro o meu desejo

Que um mundo novo se levante.

Sopro, soluço, solar,

Essa sonoridade suave

Que invoca o teu nome, quantos?

De quantos a escutaste

Depois de mim?

Quantos te sussurraram promessas

Mentiras, amanhãs que não madrugaram?



Nesta vida às avessas

Quantos de ti, cravo, mulher,

Desertaram?



Nozes Pires

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