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segunda-feira, 1 de abril de 2013


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Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
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bergoglio-e-os-kirchner&catid=43:imperialismo
Colocado em linha em: 2013/03/24

Wikileaks: o papa Bergoglio e os Kirchner
Marcus V F Lacerda
16 Março 2013

Nota dos Editores da página do Partido Comunista Brasileiro (PCB):
Apesar de a matéria não explicitar relações diretas entre o agora papa e os agentes
dos EUA, deixa nítida a interferência da Casa Branca nos assuntos internos dos
países da América Latina e o uso da religião para atacar qualquer iniciativa dos
governos da região que incomodem seus interesses. Não descartamos que esse
tenha sido um dos aspectos que tenham levado os cardeais a escolherem um
pontífice da América Latina, região que de forma às vezes mais às vezes menos
incisiva tem se descolado do seguidismo puro aos ditames de Washington.
Telegramas da embaixada americana em Buenos Aires mostram a influência do novo
papa na política argentina e sua ligação com a oposição.
Despachos oriundos da embaixada de Buenos Aires, vazados pelo Wikileaks, revelam
que o novo papa da Igreja Católica, o argentino Jorge Bergoglio, era um nome
bastante citado pela oposição argentina em conversas com diplomatas americanos.
Embora não haja nenhuma conversa direta entre o líder religioso e os diplomatas dos
Estados Unidos, os oito cables que citam o cardeal no período de 2006 a 2010
mostram que a oposição do país vizinho, assim como os americanos, via nele um
agente político poderoso contra os Kirchner.
O atual papa Francisco I é citado em um documento do final de outubro de 2006 que
trata do revés político sofrido pelo aliado de Néstor Kirchner, então presidente, na
província de Missiones, no nordeste do país. Carlos Rovira, tentara um plebiscito
para alterar a constituição da província e tornar possível sua própria reeleição por
indefinidas vezes. Mas foi batido pela oposição liderada pelo bispo emérito de Puerto
Iguazú, Monsignor Piña.
“O Cardeal Jorge Mario Bergoglio, líder da Arquidiocese Católica de Buenos Aires,
ofereceu seu apoio pessoal aos esforços de Piña, mas também desencorajou
qualquer envolvimento oficial da Igreja em política”, relata o documento. O
engajamento de outros religiosos na política é descrito neste mesmo telegrama. “A
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lista de candidatos da oposição era constituída principalmente de líderes religiosos,
incluindo ministros católicos e protestantes, que eram amplamente vistos como
líderes morais livres de qualquer bagagem política”, apontaram os diplomatas.
E se Bergoglio descartava o envolvimento “oficial” da Igreja, outros documentos
revelam que ele não se mantinha longe da política. Em um documento de maio de
2007, a relação entre a Igreja Católica e o governo Néstor Kirchner é descrita como
“tensa”: “Bergoglio recentemente falou de sua preocupação com a concentração de
poder de Kirchner e o enfraquecimento das instituições democráticas na
Argentina”. Além disso, reportam os documentos, Bergoglio agia fortemente nos
bastidores, provocando a irritação dos partidários de Kirchner. “O prefeito de Buenos
Aires, Jorge Telerman, e sua parceira de coalizão e candidata a presidência, Elisa
Carrio, supostamente encontraram-se com Bergoglio em abril, e a inclusão do líder
muçulmano Omar Abud na lista de candidatos ao legislativo de Telerman foi
supostamente ideia de Bergoglio”, reportaram os diplomatas. O religioso também era
muito próximo de Gabriela Michetti, então ex-vice prefeita de Buenos Aires e
atualmente deputada federal da oposição, segundo outro telegrama, de 26 de janeiro
de 2010.
A relação desgastada entre a Casa Rosada e a Arquidiocese de Buenos Aires chegou
ao rompimento entre as duas instituições. Os laços institucionais entre a presidência
argentina e o cardeal só seriam retomados por Cristina Kirchner em 2008, quando
ela se encontrou com Bergoglio, segundo telegrama de abril daquele ano. Dias depois,
os americanos especulam sobre a possibilidade do Cardeal negar-se a celebrar a
missa de 25 de maio – data nacional na Argentina – em decorrência da mudança das
festividades de Buenos Aires para Salta.
UM LÍDER MANCHADO PELA RELAÇÃO COM A DITADURA
Outro telegrama que cita Bergoglio, de outubro de 2007, narra a condenação de
Christian Von Wernich, padre e ex-capelão da polícia de Buenos Aires durante a
ditadura na Argentina. Wernich foi considerado cúmplice em sete assassinatos, 31
casos de tortura e 42 sequestros.
Após o veredito, a arquidiocese de Buenos Aires publicou uma nota em que
convocava o sacerdote a se arrepender e pedir perdão em público. “A Arquidiocese
disse que a Igreja Católica Argentina estava transtornada pela dor causada pela
participação de um dos seus padres nestes crimes graves”, relata o despacho.
Para os americanos, este evento acabaria impactando na imagem de Bergoglio.
“Entretanto, numa época em que alguns observadores consideram o primaz católico
romano Cardeal Bergoglio ser um líder da oposição à administração Kirchner por
conta de seus comentários sobre questões sociais”, comenta o documento, “o caso
Von Wernich pode ter o efeito, alguns acreditam, de minar a autoridade moral ou
capacidade da Igreja (e, por conseguinte, do Cardeal Bergoglio) de comentar
questões politicais, sociais ou econômicas”.

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