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quarta-feira, 5 de março de 2014

Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
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Publicado em 2014/02/24 em: http://www.legrandsoir.info/la-clinton-pinchuk-connection.html
Tradução do francês de TAM
Colocado em linha em: 2014/03/03
Uma ligação entre Clinton e Pinchuk
(Il Manifesto)
Manlio Dinucci

Sábado, 22 de fevereiro de 2014 – À mesa de Kiev onde foi negociado o acordo formal
entre governo, oposição, UE e Rússia não estava oficialmente nenhum representante da
poderosa oligarquia interna que, mais ligada a Washington e à NATO do que a Bruxelas
e à UE, empurra a Ucrânia para o ocidente. É emblemático o caso de Victor Pinchuk,
magnata do aço, 54 anos, classificado pela revista Forbes como um dos homens mais
ricos do mundo.
A fortuna de Pinchuk começa quando, em 2002, se casou com Olena, filha de Leonid
Kuchma, segundo presidente da Ucrânia (1994-2005). Em 2004 o ilustre sogro privatiza
o maior complexo siderúrgico ucraniano, de Kryvorizhstal, vendendo-o à sociedade
Interpipe, de que o seu genro era proprietário, por 800 milhões de dólares, cerca de um
sexto do seu valor real. A Interpipe monopoliza assim o fabrico de tubos de aço. Em
2007, Pinchuk constitui o EastOne Group, sociedade de consultoria para investimentos
internacionais, que fornece às multinacionais todas as ferramentas para penetrar nas
economias do leste. Torna-se, ao mesmo tempo, proprietário de quatro cadeias de
televisão e de um tablóide popular (Factos e comentários), com uma difusão de mais de
um milhão de exemplares. Para não falar, entretanto, as obras de beneficência: criou a
Victor Pinchuk Foundation, considerada a maior «fundação filantrópica» ucraniana.
É através desta fundação que Pinchuk se liga aos Clinton, apoiando a Clinton Global
Iniciativa, criada por Bill e Hillary em 2005, cuja missão é «reunir os líderes mundiais
para criar soluções inovadoras para os desafios mundiais mais urgentes». Por detrás
deste slogan reluzente encontra-se o objetivo real: criar uma rede internacional de
poderosos apoios a Hillary Clinton, ex-primeira dama que, depois de ter sido senadora
de Nova York em 2001-2009, e secretária de Estado de 2009 a 2013, tenta de novo a
subida à presidência. A frutuosa colaboração começa em 2007, quando Bill Clinton
agradece a «Victor e Olena Pinchuk a sua incansável atividade social e o apoio prestado
ao nosso programa internacional». Apoio que Pinchuk concretiza através de uma
2
primeira contribuição de 5 milhões de dólares, a que se sucedem outros à Clinton Global
Initiative. Isto abre a Pinchuk as portas de Washington: contrata por 40 000 dólares
mensais o lóbista Schoen, que lhe prepara uma série de contactos com outras influentes
personagens, entre as quais uma dúzia de encontros em um ano, entre 2011 e 2012, com
altos funcionários de Departamento de Estado. Isto favorece também os negócios,
permitindo a Pinchuk aumentar as suas exportações para os Estados Unidos, apesar de
os patrões da metalurgia da Pensilvânia e do Ohio o acusarem de vender os tubos de aço
aos EUA abaixo do preço.
Para reforçar posteriormente as suas ligações com os Estados Unidos e o ocidente,
Pinchuk lança a Yalta European Strategy (Yes), «a maior instituição social de
diplomacia pública na Europa oriental», cuja finalidade é «ajudar a Ucrânia a tornarse
um país moderno, democrático e economicamente poderoso». Graças à volumosa
disponibilidade financeira de Pinchuk (que, nada mais nada menos, para festejar o seu
50º aniversário, gastou mais de 5 milhões de dólares numa estância de ski francesa), a
Yes consegue tecer uma vasta rede de contactos internacionais, que se torna visível com
a realização do encontro anual organizado em Yalta. Nele participam «mais de 200
políticos, diplomatas, homens de Estado, jornalistas, analistas e dirigentes do mundo
dos negócios provenientes de mais de 20 países». Entre eles sobressaem os nomes de
Hillary e Bill Clinton, Condoleeza Rice, Tony Blair, George Soros, José Manuel Barroso e
Mário Monti (que participou no encontro de setembro último), ao lado dos quais se
encontram personagens menos conhecidas, mas não menos influentes, como os
dirigentes do Fundo Monetário Internacional (como Dominique Strauss-Khan, ver NdT
[francês]).
Como explicou Condoleeza Rice no encontro Yes 2012,«as transformações
democráticas requerem tempo e paciência, requerem um apoio tanto exterior como
interior». Excelente síntese da estratégia que o Ocidente adota, sob a capa de «apoio
exterior», para apoiar as «transformações democráticas». Uma estratégia doravante
consolidada, da Jugoslávia à Líbia, da Síria à Ucrânia: cravar cunhas nas falhas que
todos os Estados têm para fazer estremecer as bases, apoiando ou fomentando rebeliões
anti-governamentais (do tipo das de Kiev, demasiado pontuais e organizadas para serem
consideradas como simplesmente espontâneas), enquanto se desencadeia uma
trepidante campanha mediática contra o governo que se quer abater. No que respeita à
Ucrânia, o objetivo é o de fazer colapsar o Estado ou de o dividir em dois: uma parte que
entrará na NATO e na UE, e uma outra que ficará maioritariamente ligada à Rússia. É
neste quadro que se insere a Yalta European Strategy da oligarquia amiga dos Clinton.
Edição de sábado 22 de fevereiro de 2014 de il manifesto
http://ilmanifesto.it/la-clinton-pinchuk-connection-una-oligarchia-ucr...
Traduzido do italiano por Marie-Ange Patrizio
E alguns aspetos da Pinchuk-French Connection (NdT)
3
«Quarta-feira, 27 de março [2013], a ministra da Cultura e da Comunicação. Srª Aurélie
Filipetti, entregou as insígnias de cavaleiro da ordem das Artes e das Letra a Vítor
Pinchuk. Felicitou-o pela «visão europeia do mecenato» e o «casamento feliz entre a
indústria e a cultura, à imagem da instalação monumental de Olafur Eliasson que, tal
como o ferro sofre constantes mudanças de estado, metamorfoseia a sua nova
aciaria»(http://www.ambafrance-ua.org/Victor-Pinchuk-chevalier-de-l).
«O meu professor de arte contemporânea é francês, Nicolas Borriaud (crítico de arte,
dirigiu o Palácio de Tóquio com Jérôme Sans de 2002 2 2006 e atual diretor das Belas-
Artes de Paris, desde outubro de 2011). Chamo-lhe mesmo o meu guru! Encontrei-o em
2002 por intermédio do meu amigo Marcel Gross, diretor associado da Euro RSCG1».
(http://www.lefigaro.fr/arts-expositions/2013/04/09/03015-20130409ARTFI...)
«Como existir socialmente no seu país sem fazer política?» É a Euro RSCG, na pessoa do
francês Stéphane Fouks, que vai dar uma resposta em três pontos: 1. Criar um museu de
arte contemporânea que valoriza a arte ucraniana. 2. Constituir um think tank2 para
influenciar a Ucrânia e a sua entrada na Europa. 3. Criar uma fundação anti-sida a cargo
da sua esposa. O oligarca investe na filantropia.
[…] «Num certo período da vida, é tempo de dar um pouco do que se recebeu, “guiado
por uma visão”, diz ele. Para isso, um ucraniano não perde o norte: o seu frenesim de
artistas não é mais do que uma etapa na sua estratégia de conquista. Em cada outono,
em Yalta, o seu think tank batizado YES (Yalta European Strategy) trabalha para
influenciar a Ucrânia com convidados como Tony Blair ou Dominique Strauss-Khan. Em
Davos, à margem da cimeira, imprime assim a sua marca: em 27 de janeiro, organiza
uma mesa-redonda com a jovem Cheikha Mayassa, princesa do Qatar muito interessada
em arte, e Paulo Coelho».(http://www.lepoint.fr/culture/pinchuk-l-amateur-d-art-quivenait-
du-fr...).

Fonte: Marie Ange Patrizio

1 Acrónimo para Roux, Séguéla, Caysac, Goudard, atualmente Havas Worlwide.Havas Worldwide, [...] é
uma das maiores agências do mundo de comunicação de marketing integrado, constituída por 316
agências em 75 países. [...] fornece publicidade, serviços de marketing, comunicações empresariais e
soluções interativas para clientes globais, regionais e locais. http://en.wikipedia.org/wiki/Euro_RSCG
(traduzido do inglês para português por T.) (NT português).
2 Expressão comummente utilizada em inglês com o sentido de “grupo de reflexão”, literalmente “depósito
de pensamento” (NT português).

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