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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Notícia de José Goulão, jornalista especialista em assuntos internacionais

Washington esconde provas que incriminam Kiev no derrube do MH17
2014-07-23

Caça ucraniano junto ao avião abatido


A espionagem dos Estados Unidos tem provas de que o avião da Malaysian Airlines foi derrubado na Ucrânia por tropas ao serviço do regime de Kiev e procura agora encontrar uma maneira de apresentar o facto de modo a não implicar directamente a junta resultante do golpe de Estado patrocinado pelos Estados Unidos e a União Europeia. Segundo fontes da CIA, a versão agora mais provável é a de que o autor do disparo foi um “desertor” do exército ucraniano.
A versão oficial de Washington, difundida através da porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Marie Harf, é a de que o avião foi derrubado por “rebeldes” do Leste da Ucrânia com meios fornecidos pela Rússia. Como provas, a funcionária de John Kerry invoca vídeos circulando no Youtube e informações disponíveis nas redes socials. Marie Harf argumenta igualmente que “o senso comum” induz a responsabilizar os chamados “pró-russos”.
Como é que o país que espia todo o mundo, a começar pelos seus cidadãos, e que tem satélites fiscalizando a cada momento cada metro de terra e mar não tem registo de quem disparou um míssil com quase cinco metros de comprimento contra o voo MH17?” – interroga-se John Isaacsson, jurista e activista dos direitos humanos em Nova York. “Ninguém consegue acreditar nisso; o que mais provavelmente está a acontecer é que as imagens registadas pelos satélites são inconvenientes para as teses que servem de base à propaganda dos Estados Unidos e dos seus aliados”, acrescentou Isaacsson.
A opinião do advogado novaiorquino parece ter fundamento. Uma fonte do Departamento de Estado admitiu, a título meramente pessoal, que as informações em poder do jornalista Robert Parry, premiado repórter que desvendou o escândalo Irão-Contras, nos anos oitenta, “faz bastante sentido”.
Parry divulgou dados obtidos por uma fonte - que “provou sempre ser bastante pormenorizada nas informações que transmite” - segundo os quais “as agências norte-americanas de espionagem têm imagens detalhadas de satélites mostrando que a bateria de mísseis que provavelmente disparou o engenho fatal parece estar sob o controlo de tropas do governo ucraniano, envergando uniformes que parecem ser os dos soldados ucranianos”.
As explicações que estão a ser debatidas pelos analistas da CIA, segundo Robert Parry citando a mesma fonte, são as de que os soldados poderão ser “rebeldes” envergando fardas semelhantes ou então eram mesmo “soldados ucranianos indisciplinados e embriagados, uma vez que as imagens mostram garrafas espalhadas pelo local”.
John Isaacsson comentou que este tipo de explicações “poderiam, por absurdo, ser plausíveis se não estivéssemos no país, os Estados Unidos da América, que inventou armas químicas em poder de um governo para iniciar uma guerra e mudar um regime e que, já com este secretário de Estado, atribuiu um massacre com armas químicas a um governo, o da Síria, quando o crime foi cometido por aqueles que ele próprio apoia, por sinal terroristas islâmicos”.
O que a Casa Branca e o Departamento de Estado estão a fazer”, acrescentou Isaacsson, “é tentar que os dados a apresentar à opinião pública confirmem a tese de culpar a Rússia e os pró-russos pelo crime, mesmo sabendo que foram os seus aliados fascistas de Kiev que o cometeram”.
As congeminações da CIA, de acordo com as investigações de Robert Parry, incluem ainda a possibilidade de atribuir o derrube do avião a “rebeldes” que “se tivessem enganado, por inexperiência, na leitura dos dados dos radares, julgando disparar contra um caça ucraniano”A mais recente versão das agências de espionagem é a de que o disparo pode ter sido feito por um “desertor” do exército ucraniano, razão pela qual envergaria a farda das tropas ao serviço de Kiev.
“Não acredito que uma imagem de satélite possa ter tantas leituras”, diz um assessor de um congressista em Washington. “O conhecimento destas peripécias em torno das explicações de factos concretos é um descrédito para quem quer ser levado a sério. A única coisa que há a fazer é não dizer mais nada ou assumir a interpretação mais lógica de todas – foram tropas ucranianas que derrubaram o avião – e entregar os materiais às instâncias internacionais de inquérito, uma vez que os Estados Unidos defendem oficialmente que ele se realize. Nesse aspecto os russos estão a ser bastante mais sérios”, acrescentou o assessor.
O Ministério da Defesa russo apresentou em conferência de imprensa imagens e dados obtidos pelos satélites e radares de Moscovo durante os últimos momentos de voo do avião. Essas informações confirmam a existência de pelo menos um caça na vizinhança do aparelho nos últimos minutos antes do desaparecimento dos radares e revelam a movimentação de bases de mísseis na região da tragédia. Sem tirar conclusões sobre quem fez o disparo, o porta-voz do ministério russo, Igor Makuchev, sublinhou que a segunda aeronave no local pode ser um avião militar ucraniano – confirmando a informação divulgada poucos minutos depois do derrube na conta Twitter do controlador aéreo espanhol da torre de controlo de Kiev – e que as movimentações de mísseis ocorreram em zonas sob controlo do exército governamental ucraniano.
Makushev informou ainda que o aparelho foi desviado cerca de 14 quilómetros da rota em que seguia – provavelmente em consequência da presença da escolta militar – e que tentava regressar ao caminho original quando se deu o acidente.
O Ministério russo da Defesa informou que os dados e imagens serão entregues às entidades responsáveis pelo inquérito oficial.
Entretanto, as milícias antifascistas de Lugansk e Donetsk enviaram as caixas negras que descobriram para a Malásia, país de bandeira do aparelho derrubado. As caixas negras que foram confiscadas pela polícia política fascista ucraniana continuam em seu poder.
Do lado norte-americano, a única posição oficial continua a ser a explicitada pelo Departamento de Estado, segundo a qual o aparelho foi derrubado pelos “rebeldes”, sob responsabilidade e com material russo. As provas que servem de base às autoridades do país onde se localizam as mais poderosas agências de espionagem mundiais são as que circulam no Youtube e nas redes sociais, além das deduções decorrentes “do senso comum”.
As duas principais provas invocadas são uma gravação de uma conversa entre milicianos antifascistas sobre o derrube de um avião e fotos de baterias de mísseis Buk regressando à Rússia depois do disparo fatal para o MH17.
Peritos que as analisaram, citados inclusivamente pela comunicação social norte-americana, asseguram que se trata de falsificações.
A gravação é uma colagem de comunicações feitas em momentos diferentes sobre assuntos diversificados.
Quanto às fotos das baterias de mísseis, várias fontes residentes e conhecedoras da região identificaram-nas como sendo captadas junto à localidade de Krasnoarmeisk, que está desde Maio sob o controlo das tropas governamentais. As testemunhas baseiam-se na existência de cartazes nas fotos identificando um stand de automóveis de Krasnoarmeisk, vendo-se em fundo um estabelecimento de materiais de construção na Rua Gorki, em Krasnoarmeisk. Esta localidade situa-se a 120 quilómetros da fronteira russa e a 80 quilómetros do local onde o avião foi abatido.

José Goulão, Martha Ladesic, Nova York, Mário Ramírez, Washington, Castro Gomez, Donetsk

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Global Research

"O sonho de Israel": O Roteiro Criminal Rumo "Grande Israel"?

Global Research, 18 jul 2014

O conceito de uma "Grande Israel", segundo o fundador do sionismo Theodore Herzl, é um Estado judeu alongamento "" desde o rio do Egito até o Eufrates.
Rabino Fischmann, da Agência Judaica para a Palestina, afirmou a Comissão Especial das Nações Unidas em 9 de Julho de 1947, que: 
A Terra Prometida se estende desde o rio do Egito até o rio Eufrates, que inclui partes da Síria e do Líbano '", escreveu Michel Chossudovsky. (1)
Assim, "desde o Nilo até o Eufrates." Tese detalhada de Herzl foi escrito em 1904.

Citado no mesmo artigo é Mahdi Darius Nazemroaya em O Plano Yinon (1982) "... uma continuação do projeto colonial da Grã-Bretanha no Oriente Médio":
"(O plano Yinon) é um plano estratégico de Israel para garantir a superioridade israelense regionais. Ele insiste e estipula que Israel deve reconfigurar seu ambiente geopolítico através da balcanização dos estados árabes vizinhos em estados menores e mais fracos.
"Estrategistas israelenses visto Iraque como seu maior desafio estratégico de um estado árabe. É por isso que o Iraque foi descrito como a peça central para a balcanização do Oriente Médio e do mundo árabe. No Iraque, a partir dos conceitos do Plano Yinon, os estrategistas israelenses pediram a divisão do Iraque em um estado curdo e dois países árabes, um para os muçulmanos xiitas e outro para os muçulmanos sunitas. O primeiro passo para estabelecer esta foi uma guerra entre o Iraque eo Irã, que o Plano de Yinon discute ".

Na época Yinon escreveu, a oito anos, impulsionado guerra ocidental Irã-Iraque foi em seu segundo ano - com mais seis anos de moagem de perda, tragédia e desgosto, vales de viúvas, órfãos, mutilados, em ambos os lados da sua fronteira comum. O pedágio na vida e na saúde foi comparado a 1 ª Guerra Mundial. Iraque é claro, em um erro histórico, tinha sido praticamente uma guerra proxy para um regime norte-americano, mesmo assim, obcecado com o Islã, que, no Irã, eles tinham decidido foi o errado espécie de islamismo. O que a fé de uma nação milhares de quilômetros de distância tinha a ver com a Capitol Hill, permanece um mistério.
Um dia depois que a guerra terminou devastador, os EUA substituído Iraque sobre a URSS de então como o país que era a maior ameaça para a América. A devastada, devastada pela guerra nação de, na época, pouco menos de dezessete milhões e pessoas. (2)
Depois veio a disputa com o Kuwait sobre roubo de petróleo alegado e Dinar desestabilizador com o então embaixador dos EUA April Glaspie pessoalmente dando Saddam Hussein luz verde para invadir ele deve escolher. A nação posterior paralisando embargo da ONU, seguido, em seguida, a dizimação 2003 e ocupação - uma outra espiral descendente orquestrada - e tragédia e agora aberto falar do que foi planejado há décadas, o desmembramento do Iraque.
Arquivo: Maior israel.jpg
Grande Israel "requer a quebra para cima dos estados árabes existentes em pequenos estados.

"Missão cumprida", tanto para os EUA com seu redesenho planejado há muito tempo no Oriente Médio e Norte da África - e Israel, através de cuja amizade com a autocracia curda do Iraque, foi criado para tornar-se muito bem um parceiro em um autônomo, independente Curdistão iraquiano. Sonho tornado realidade, de "o Nilo ao Eufrates", a fruição final perto de setenta anos de manipulação e agressão para a dominação de toda a região.
A todos é também a visão do falcão super, sonhador de destruição das nações, Lt coronel Ralph Peters desde o início da década de 1990. Aqui é a sua versão de 2006 (3). Peters é um homem cuja visão da guerra eterna é aparentemente um sonho molhado eterna. Aqui, de novo, para quem desconhece o Coronel, é uma repetição do que o sonho (Exército dos EUA War College Quarterly, verão de 1997):
"Não haverá paz. Em qualquer momento dado para o resto de nossas vidas, haverá múltiplos conflitos ... ao redor do globo. Os conflitos violentos vão dominar as manchetes, mas as lutas culturais e económicas serão mais constantes e, finalmente, mais decisivo. (Forças armadas dos EUA irá manter) o mundo seguro para a nossa economia e aberto ao nosso assalto cultural. Para o efeito, vamos fazer uma quantidade razoável de matar.
"Entramos em uma era de conflito constante."
Peters faria alguns dos mais expansionistas megalomaníacos da história parecer pacifistas presentes oferecendo. Seu monumento cartográfico à arrogância: "O Novo Mapa do Projeto Oriente Médio", de reestruturação geográfica em lugares distantes do que deu menos do que a mínima, foi publicado no Jornal Forças Armadas em junho de 2006 \.
Certamente não foi coincidência que no dia 1 de maio 2006 Joe Biden, membro de longa data do Comitê do Senado dos EUA de Relações Exteriores - agora EUA vice-presidente, é claro - e Leslie Gelb, presidente emérito da Comissão, de autoria conjunta um pedaço New York Times (4) pedindo o desmembramento do Iraque, dividindo o país em linhas étnicas: "... dando a cada grupo étnico-religioso - curdo, árabe sunita e xiita árabe ..." os seus próprios guetos étnicos e políticos. A ignorância sobre a ampla inter-casamento, inter-relações, até 2003, inter-comunidades em todos os níveis por milênios, bairros mistos, celebrações compartilhadas, festas religiosas, alegrias e tristezas, surpreendem a imaginação. O artigo iludido é intitulado: "A unidade através de autonomia no Iraque." Pense não sequeta, acho que os casamentos mistos, que o marido viver em um gueto "sunita" ea esposa de um "xiita" um, por exemplo?
"As regiões curdas, sunitas e xiitas que cada um é responsável por suas próprias leis domésticas, administração e segurança interna." A "plano de cinco pontos" de guetização, destruição, ilusão e perversidade, o plano de jogo EUA-Israel para o Iraque, com o Reino Unido como sempre, marcação junto sonhando com dias do império, quando, com a França, Iraque e fronteiras da região foram imperialmente consertou com pouco menos de uma centena de anos atrás (5).
Além da arrogância envergonhar e ilegalidade do plano, a ignorância é total. Claramente não há conhecimento nas grandes anais do Departamento de Estado dos EUA, Departamento de Negócios Estrangeiros ou a CIA de minorias étnicas e religiosas do Iraque, também co-existente há séculos: cristãos, Mandaeans, yazidis, Turcomenistão, judeus, zoroastristas, Bahai, Kakai de, shabaks - e, na verdade aqueles que se consideram não-religiosa.
Até Outubro de 2007 Joe Biden tinha: "tentou criar uma realidade quando a esmagadora maioria do Senado dos EUA votou para sua resolução não vinculativa para dividir o Iraque em três partes ... (com) o Washington Post relata que a 75-23 Senado votação foi um "marco significativo" na corte do Iraque em até três, escreveu Tom Engelhardt (6.)
Engelhardt é aparentemente o único olho de águia para ter pego o seguinte: "O (tripartite) estrutura está escrito na Constituição do Iraque, mas Biden iria iniciar esforços diplomáticos locais e regionais para acelerar a sua evolução."
A Constituição, escrito sob EUA impuseram "vice-rei" Paul Bremer, é claro, totalmente inválida, uma vez que é ilegal a re-escrever uma Constituição sob uma ocupação.
"Somente os curdos, ansioso por um Estado independente, congratulou-se o plano."
O que, pondera Engelhardt, com a realidade forense, seria a reação se o Iraque ou o Irã, por exemplo: "aprovou uma resolução não vinculativa para dividir os Estados Unidos para a bio-regiões semi-autônomas?"
Ele conclui que "tais atos, é claro, ser considerado não apenas escandaloso e ofensivo, mas muito louco." No Iraque no entanto: "no melhor seria colocar um selo americano de aprovação sobre a limpeza étnica continuada do Iraque."
No entanto, o compromisso do governo dos EUA é claro, Joe Biden, um auto confessou sionista, declarou na reunião anual da Conferência J Street em setembro de 2013: "Se não houvesse um Estado de Israel, teríamos de inventar um para garantir que nossos interesses foram preservados. "(7) Pense petróleo, gás, objectivos estratégicos.
Biden assegurou ao público que: "O apoio dos Estados Unidos para Israel é inabalável, período. Período, período. "(Sic) Ele ressaltou várias vezes o compromisso que o presidente Obama teve de Israel. Suas próprias conexões longas e profundas, ele relatou, remontava a uma reunião com o então primeira-ministra Golda Meir, quando ele era um calouro senador e ultimamente suas horas gastas com o primeiro-ministro Netanyahu. A última reunião foi em janeiro deste ano, quando ele viajou para Israel para pagar seus respeitos ao falecido Ariel Sharon e, posteriormente, passou duas horas sozinho em discussão com Netanyahu.
É certamente por acaso que, posteriormente, a retórica para a divisão do Iraque acelerado. Israel teve "militar, de inteligência e de negócios laços com os curdos desde 1960" vendo-os como "um buffer compartilhado entre adversários árabes."
Em junho de Netanyahu disse INSS da Universidade de Tel Aviv think tank: "Devemos ... apoiar a aspiração pela independência curda", depois de "descrevendo o que ele descreveu como o colapso do Iraque e em outras regiões do Oriente Médio ..." (8) assuntos internos do Iraque ser nenhum dos negócios de Israel, obviamente, não ocorre (para além de suas aspirações históricas ultrajantes para a região, apesar de ser o convidado regionais recém-chegados.) Os uivos de fúria israelense quando os direitos humanos mais básicos para os palestinos em suas terras erodidas e roubados são sugeridos para Nos últimos 66 anos, no entanto, metaforicamente ensurdecer o mundo.
Claro Curdistão já reivindicou Kirkuk, com seus vastos depósitos de petróleo. O plano para o gasoduto norte do Iraque-Haifa, uma aspiração de Israel desde o tempo da criação do país pode certamente também não foram longe da mente de Netanyahu. Um Curdistão independente, o que, de fato, tem desfrutado de quase inteiramente dentro do Iraque, desde 1992 - e imediatamente traiu o Estado iraquiano, convidando em Israel ea CIA - anunciaria o desmembramento planejado do Iraque.
É sombriamente irônico, que se relacionada com o desmembramento de suas terras ou guetização daqueles de iraquianos e palestinos, isso reflete o plano de Adolf Eichmann, o arquiteto de limpeza étnica, que, após a eclosão da II Guerra Palavra "arranjado para judeus sejam concentrados em guetos nas grandes cidades ... ", ele também desenvolveu planos para judeus" reservas ".
Além disso, ele era um arquiteto de expulsão forçada, uma das acusações feitas contra ele depois que ele foi capturado pelo Mossad e Shin Bet de Israel na Argentina, em 1960. Ele foi julgado em Israel, considerado culpado de crimes de guerra e enforcado em 1962. Ironicamente sua pré -nazista emprego foi como vendedor de óleo (9).
Pode Israel ea "comunidade internacional" realmente estar planejando espelhar Eichmann por repatriar e limpeza étnica? Será que as nações nunca olhar para o espelho da história?
Notas
1. http://www.globalresearch.ca/greater-israel-the-zionist-plan-for-the-middle-east/5324815
2. http://www.populstat.info/Asia/iraqc.htm
3. http://www.globalresearch.ca/the-redrawing-of-the-map-of-the-middle-east-begins-with-destruction-of-iraq/5387928
4. http://www.nytimes.com/2006/05/01/opinion/01biden.html?pagewanted=all&_r=0
5. http://en.wikipedia.org/wiki/Sykes-Picot_Agreement
6. http://www.alternet.org/story/64433/congress_wants_to_split_iraq_in_three_pieces,_but_who_asked_them
7. http://www.politico.com/story/2013/09/joe-biden-israel-97586.html
8. http://jordantimes.com/israels-netanyahu-calls-for-supporting-kurdish-independence
9. http://en.wikipedia.org/wiki/Adolf_Eichmann

Copyright © 2014 Global Research
 Tradução automática

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net

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Publicado em 2014/06/30, em: http://www.odiario.info/?p=3322&print=1
Colocado em linha em: 2014/07/07

Meio século de resistência

Bruno Carvalho

As FARC seguem uma trajectória própria que deve ser entendida dentro das
circunstâncias da difícil realidade que tentam transformar. Esta organização
guerrilheira que em meio século não se vergou ante a oligarquia colombiana e o
imperialismo mantém-se firme no objectivo de conquistar a paz e o socialismo.
Há 50 anos, um grupo de 46 homens e duas mulheres resistiram às vagas sucessivas
de ataques de um exército formado por milhares de soldados apoiados por carros de
combate, bombardeiros da força aérea e forças norte-americanas de elite. A operação
militar ordenada pelo governo conservador de Guillermo León Valencia deu lugar à
épica resistência de um punhado de camponeses cuja luta é hoje acompanhada por
milhares de guerrilheiros em prol do progresso e da justiça social. O primeiro
combate dá-se no dia que marca a criação das Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia: 27 de Maio de 1964. Sob o comando de Manuel Marulanda, Isaías Pardo e
Jaime Guaracas, os combatentes conseguem superar o assédio militar e organizar em
Julho desse mesmo ano uma conferência que produz um dos textos políticos
fundamentais da resistência colombiana. No Programa Agrário, dirigido aos
camponeses, operários, estudantes, artesãos e intelectuais revolucionários, dá-se
conta da existência de um movimento insurgente, em quatro diferentes regiões, que,
desde 1948, sofre a brutal repressão estatal e latifundiária.
Nesse ano, a oligarquia abriu uma profunda ferida na tensa situação que o país vivia
assassinando o candidato presidencial que acalentava as esperanças das classes
populares colombianas. Dado como provável vencedor, Jorge Eliécer Gaitán foi
abatido e o país explodiu de raiva. Nas cidades e nos campos, as populações pegaram
em armas e rebentou a guerra entre liberais, comunistas e conservadores. Só em
Bogotá morreram mais de 500 pessoas nos dias que sucederam o assassinato.
Durante mais de dez anos, a violência vitimou cerca de 300 mil e levou à migração
forçada de dois milhões de colombianos num país que não tinha então mais do que 11
milhões. Sobre esse período, um dos históricos fundadores das FARC, Jaime
Guaracas, destacou que “foram as circunstâncias, a necessidade de defender a vida”
que os obrigou a ser guerrilheiros. No sul da região de Tolima ficaram zonas inteiras
desoladas “porque todas as famílias fugiram e as que não o fizeram foram
assassinadas”. Com a radicalização do discurso político à esquerda, o governo militar
de Rojas Pinilla declara que “o comunismo soviético procura apoderar-se da pátria”.
2
Aprovam legislação copiada das medidas que aplicam nos Estados Unidos, em plena
Caça às Bruxas, contra a esquerda norte-americana. Nesse âmbito, proíbem a entrada
de Pablo Neruda na Colômbia. Em 1958, um acordo – que acabou por durar até 1977
– entre os partidos conservador e liberal para acabar com a contenda conduz à
formação de um governo de unidade entre as duas organizações. Uma amnistia geral
levou à desmobilização e ao desarmamento dos principais grupos em confronto mas
em várias regiões, sob a direcção dos comunistas e de liberais dissidentes, o
campesinato acossado pelas consecutivas agressões dos latifundiários decide não
entregar as armas.
Em 1965, já um ano depois da fundação das FARC, o número de guerrilheiros
triplica. Hoje, são a maior força popular comunista em armas da América Latina.
Combatem um dos mais importantes exércitos do mundo com cerca de meio milhão
de soldados e com o apoio directo dos Estados Unidos. O investimento norteamericano
na guerra colombiana é superado apenas pelo apoio que Washington
oferece a Israel. Para além das tropas oficialistas, as FARC-EP e o povo colombiano
sofrem ainda o acosso militar das forças paramilitares carniceiras financiadas pela
oligarquia e pelos cartéis da droga que controlam o poder político. Este conflito que
dura há mais de 50 anos é o tema central das negociações de paz que decorrem em
Havana entre as forças beligerantes e dominou a campanha para a segunda volta das
eleições presidenciais que se realizaram em Junho. De um lado, estava o reeleito Juan
Manuel Santos, ao qual a esquerda decidiu dar o seu apoio para manter acesa a
chama do processo de paz. Do outro, estava Óscar Zuluaga.
O único sangue não derramado é o da oligarquia
«Se ganhar as eleições, suspendo os diálogos», foi assim que o candidato apoiado
pelo ex-presidente Álvaro Uribe reagiu aos resultados que o colocaram na dianteira
da primeira volta das eleições presidenciais. Mas para lá da retórica sanguinária de
quem prefere o país mergulhado em violência, há quem se questione por que são
sempre os filhos dos trabalhadores a empunhar as armas da oligarquia. A guerra que
se trava na Colômbia há mais de meio século é entre classes distintas. Contudo, nas
montanhas, selvas, campo e cidade, enfrentam-se mulheres e homens com o mesmo
historial de miséria. Apesar da mesma condição social, a adesão à guerrilha e ao
exército faz-se por diferentes razões. Nos bairros mais pobres das principais cidades
colombianas, as forças armadas são muitas vezes uma das poucas opções que restam
para a fuga à tragédia social do país mais desigual da América Latina. Por outro lado,
quem adere às FARC-EP fá-lo por convicção política e pela necessidade material de
conquistar um futuro colectivo de dignidade.
Há quadros que multiplicados por mil revelam a dureza das condições de vida de
milhões de colombianos. Num dos seus últimos livros, o jornalista Jorge Enrique
Botero revelava a vida de uma jovem cuja experiência atesta a violência sobre quem
vive nas traseiras dos Estados Unidos. Filha de uma prostituta e de um comerciante
de coca, Solangie era maltratada pela família. Em pequena, os irmãos atiraram-lhe
ácido sobre a barriga e, aos 12 anos, ela própria esfaqueou um padrasto que a tentara
violar. Habituada a ver passar colunas de guerrilheiros pela sua aldeia, nas
profundezas da Colômbia, facilmente se sentiu fascinada pela forma organizada e
3
educada com que tratavam a população. Ali, junto ao rio Guaviare, não havia Estado.
Era a própria guerrilha que patrulhava as ruas e ajudava a resolver os diferendos
locais. Foi assim que Solangie começou a colaborar com as FARC. Primeiro dandolhes
informações sobre quem havia começado determinada rixa e, posteriormente,
sobre quem eram os homens mais ricos da região. «Sabia trabalhar no campo, sabia
andar de bicicleta e a cavalo, sabia ler, escrever e pintar. Adorava pintar. O melhor
que desenhava eram os mapas e foi pelos mapas que vim parar à guerrilha»,
descreveu Solangie.
Pelas características da guerra que trava e por óbvias razões históricas de uma
organização construída por camponeses, as FARC-EP subsistem, principalmente, no
campo. Mas é falsa a ideia de que a organização guerrilheira está arredada das
cidades e que resiste apenas circunscrita nas zonas mais inóspitas do país. Há uma
semana, centenas de jovens estudantes encapuzados comemoraram o 50º aniversário
das FARC-EP dentro da Universidade Nacional, em Bogotá. Cá fora, impedidos de
violar a autonomia universitária, tanques militares disparavam jactos de água para o
interior do edifício ao mesmo tempo que recebiam o impacto de pedras e cocktails
molotov. Há décadas que muitas gerações perseguidas de jovens universitários,
sindicalistas e comunistas abandonam as comodidades próprias da vida na cidade e
dão o difícil salto para uma realidade que lhes é alheia. Aprender a viver nas
montanhas é como aprender a andar de novo dizem muitos dos que o fizeram. Mas
isto não significa que as FARC-EP não operem nas grandes cidades. Seja através do
Partido Comunista Colombiano Clandestino (PCCC), seja através das Redes Urbanas
Antonio Nariño (RUAN), a actividade nos principais centros populacionais da
Colômbia é reconhecida pelas próprias forças policiais e militares.
As FARC lutam pelo fim do narcotráfico
Forjada pelo Pentágono, a grande mentira veiculada pela imprensa é a de que os
guerrilheiros comunistas se dedicam à produção e tráfico de cocaína. De facto, as
FARC-EP controlam territórios em que os camponeses não têm outra forma de
subsistir senão através do cultivo das folhas de coca e da sua venda. Sucessivamente,
os comandantes farianos têm proposto a erradicação da produção e tráfico de droga
através de um programa de substituição de cultivos que dignifique o campesinato e
lhe dê condições para viver da produção agrícola. É esse um dos temas centrais que
está em cima da mesa nos diálogos de paz e o programa apresentado pelas FARC-EP
é claro nos seus objectivos: «Gerar condições materiais e imateriais para o bemestar
das comunidades agrícolas e dos núcleos familiares que as conformam – que,
na actualidade, conseguem a sua precária subsistência através do cultivo da coca,
amapola e marijuana – num contexto de transformações estruturais da sociedade
rural, próprias do processo de reforma rural e agrária integral, socio-ambiental,
democrática e participativa que o país e os despojados do campo reclamam».
A justiça social é o caminho para a paz
A oportunidade para a paz, fortalecida pela mobilização das organizações de
trabalhadores, camponeses e indígenas, só tem um caminho segundo as organizações
guerrilheiras. Como as FARC, também o Exército de Libertação Nacional (ELN)
4
defende que não é possível o fim do conflito sem a erradicação das razões que
conduziram à violência: a injustiça social e a perseguição e criminalização das
organizações de esquerda. Desde que os combates começaram, há mais de 50 anos,
foram várias as ocasiões perdidas para um cessar-fogo definitivo. Em 1984, durante a
governação conservadora de Belisario Betancur, as negociações conduziram à
formação do partido União Patriótica (UP) composto não só por alguns membros da
própria organização mas também do ELN e activistas de importantes movimentos
sociais, sindicalistas e militantes do Partido Comunista Colombiano. O processo de
paz rompeu-se com a tragédia genocida que se abateu sobre a UP e com o ataque
militar ao acampamento onde estavam instalados os comandantes do secretariado
das FARC. Nos dolorosos anos em que os guerrilheiros e as organizações de esquerda
tentaram abrir caminho à paz, foram assassinados mais de 5 mil militantes da UP e,
entre eles, dois candidatos presidenciais, oito deputados, 13 deputados regionais, 70
vereadores e 11 presidentes de câmara. Muitos dos candidatos e dos eleitos
encontraram na selva e nas montanhas, abraçando a luta armada, a única forma de
sobreviver.
Só uma década depois é que as FARC-EP se voltaram a sentar à mesa das
negociações. Em 1998, as imagens do presidente Andrés Pastrana à espera do
comandante Manuel Marulanda, em San Vicente del Caguán, abriram telejornais em
todo o mundo. Nesse processo, o governo aceitou desmilitarizar um pedaço de
território do tamanho da Suíça para facilitar os diálogos de paz. O conturbado
processo terminou em 2002 com a posterior eleição de Álvaro Uribe, ex-autarca e
suspeito de ligações ao narcotráfico, para presidente da República com a instauração
da política de «Segurança Democrática» que levantou duras críticas de organizações
de Direitos Humanos e se traduziu em milhares de mortos. A modernização das
forças armadas colombianas e o envolvimento cada vez maior dos Estados Unidos e
da sua tecnologia na guerra traduziram-se em perdas importantes para a organização
guerrilheira. Durante os dois mandatos de Álvaro Uribe, faleceu por razões naturais
Manuel Marulanda, líder histórico, e caíram em combate vários comandantes do
secretariado do Estado-Maior Central das FARC: Ivan Ríos, Raul Reyes, Jorge
Briceño e Alfonso Cano.
Apesar dos duros golpes, as FARC-EP adaptaram a sua actividade à nova realidade
militar. Depois do extraordinário desenvolvimento da sua estrutura, entre os anos 80
e 90, e de assumir uma linha táctica que lhe permitia suster, em alguns casos, uma
guerra de posições, as FARC-EP regressaram à mobilidade necessária para atacar e
retroceder sem que isso represente importantes custos para a organização
guerrilheira. A verdade é que nos últimos anos têm conseguido manter uma estrutura
estável e chegaram aos diálogos de paz com o necessário poder negocial para arrancar
importantes vitórias nos acordos que já foram assinados com o governo.
A Colômbia lidera anualmente muitos dos rankings mundiais de sindicalistas e
jornalistas assassinados. É também o país com o maior número de deslocados
internos do mundo. A luta pela paz não está, por isso, confinada a quem luta também
através dos canos das metralhadoras. Partidos, sindicatos e movimentos
representativos de importantes sectores sociais da Colômbia têm batalhado para
conquistar a paz. Porque a guerra não é apenas entre as organizações guerrilheiras, o
5
exército e os grupos paramilitares. É também contra os trabalhadores, os estudantes
e os indígenas, privados da liberdade política de se poderem expressar e lutar num
contexto legal por um mundo melhor.
Mas é também injusto dizer que as FARC apenas se dedicam à guerra. Muitos
camponeses recorrem aos médicos guerrilheiros para cuidar da saúde. Entre a
folhagem da selva e das montanhas, erguem-se verdadeiras cidades. Em muitos
casos, é a fronteira da dignidade. Os guerrilheiros estudam, levantam hospitais nos
sítios mais improváveis, erguem as suas emissoras clandestinas de rádio, jogam
futebol em campos improvisados e organizam peças de teatro. Acordam todos os dias
às quatro da madrugada e adormecem às oito da noite. Sonham com o dia em que
Bogotá esteja nas mãos dos trabalhadores. Inspirados pelos princípios de Marx e
Lénine, e pelo exemplo de Simón Bolívar, as FARC-EP mantêm-se fiéis às razões que
levaram aqueles 48 camponeses a levantar-se em armas em 1964. Ao contrário do
que dizem as agências internacionais de notícias, as FARC seguem uma trajectória
própria que deve ser entendida dentro das circunstâncias da difícil realidade que
tentam transformar. Esta organização guerrilheira que em meio século não se vergou
ante a oligarquia colombiana e o imperialismo mantém-se firme no objectivo de
conquistar a paz e o socialismo. Mas não a paz dos cemitérios em que jazem milhares
de revolucionários e progressistas colombianos assassinados. É a paz com justiça
social por uma democracia em que os trabalhadores e o povo sejam protagonistas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

1
Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net

_____________________
Artigo publicado em 2013/06/04, em: http://hist-socialismo.blogs.sapo.pt/29514.html
Tradução do russo e edição por CN, 8.05.2013 (original em: http: http://marksizm.ucoz.ru/publ/13-1-0-295)

Parte 2 (última) – Colocado em linha em: 2014/07/18

Sobre algumas causas da
restauração do capitalismo na URSS
As relações de produção na URSS (1960-1980) - II
N.O. Arkhanguelskaia

[Este artigo é publicado em 2 partes. Hoje publica-se a parte 2 (última):
O aumento fictício da produção, A destruição do colectivismo, A
alteração da forma de propriedade, Salários e produtividade, As
ligações da economia paralela, Conclusão]


O aumento fictício da produção
A busca de benefícios pessoais impelia as direcções das empresas a aumentar
ficticiamente os volumes de produção: «A contabilização dupla do valor das
matérias-primas, dos semi-acabados, com frequência até da produção acabada;25 o
aumento da incorporação de materiais e o encarecimento dos artigos; a diminuição
da gama de artigos de baixo preço; os registos adicionais:26 eis os expedientes a que
recorriam as direcções das empresas».27 Os primeiros três métodos não eram
considerados inadmissíveis, apesar de constituírem práticas claramente prejudiciais
ao interesse da sociedade, por parte dos colectivos, que apenas visavam a obter
benefícios para o grupo. O último abria o caminho ao desenvolvimento da economia
25 Por exemplo, uma fábrica de automóveis recebia 100 toneladas de metal no valor de quatro
milhões de rublos, produzindo com esse metal viaturas no valor de dez milhões de rublos. A
contabilização dupla, neste caso do metal (metal + mais viaturas) elevava artificialmente o valor total
da produção para 14 milhões de rublos. Ora, o verdadeiro valor produzido (o valor acrescentado)
obtêm-se descontando o valor dos chamados consumos intermédios, isto é, produtos e serviços
consumidos na produção. No nosso exemplo, isso significa que em vez de 14 milhões, o valor real das
viaturas é de dez milhões e o valor acrescentado pela fábrica de seis milhões (4 + 6 = 10). (N. Ed.)
26 Como a autora explica na pág, 18, os registos adicionais (приписки) permitiam cumprir e
ultrapassar artificialmente o plano, mediante a venda de materiais excedentes acumulados.
27 D.V. Valovoi, От застоя к развалу (Da Estagnação à Derrocada), Мoscovo, 1991, p. 112.
2
paralela. Mas até o código penal não constituía um obstáculo, se se verificasse que o
colectivo tinha sido forçado pelas relações económicas reais a agir apenas segundo os
seus interesses de grupo.
A destruição do colectivismo
Tais relações impediam o desenvolvimento do espírito colectivista no conjunto da
sociedade. A vontade de alguns colectivos de trabalharem para o interesse de toda a
sociedade colocava-os numa situação desvantajosa em relação aos outros. Podia
acontecer que uma empresa, tendo cumprido os compromissos acordados e os
objectivos de produção em toda a gama de produtos, fosse considerada como não
cumpridora do plano, apenas porque a sua produção ficara abaixo do valor
estipulado, o que se reflectia nos salários dos trabalhadores. Contudo, bastava
cumprir o plano de produção em valor e lucros para que todos os indicadores
subissem, mesmo que os contratantes não recebessem a produção de que
precisavam.28
Também o desejo de trabalhar com todo o empenho, de utilizar todas as
potencialidades para aumentar a produção, etc., podia resultar em grandes
dissabores para o colectivo, uma vez que, segundo a prática instalada naquela época,
os objectivos eram fixados «a partir do nível atingido», por isso, explorando-se todas
as potencialidades, corria-se o risco de não se conseguir cumprir os objectivos mais
elevados do próximo plano. Aqueles que não utilizavam plenamente as
potencialidades ao seu dispor ficavam em melhor situação. Neste quadro, os
colectivos evitavam esgotar as capacidades de produção de modo a poderem dar
resposta ao plano que lhes era proposto. A situação era similar em todos os ramos da
economia. Por exemplo, N. Kuznetsov, director do sovkhoz «40 anos do
Cazaquistão», do oblast de Tselinograd, afirmou que «o sistema existente de
incentivos conduzia não à descoberta de novas potencialidades, mas à sua
ocultação».29
Pode-se concluir que a direcção do país fez tudo para destruir a proclamada, pela
ideologia oficial, unidade da sociedade, unidade de interesses de todos os
trabalhadores, e habituar os colectivos a pensar apenas nos seus próprios interesses,
sem olhar aos interesses dos outros colectivos. Praticando a contabilização dupla e
enganando a sociedade, aumentando a incorporação material da produção, as
empresas contavam com a atitude tolerante do Estado, uma vez que este recebia uma
parte dos lucros, os quais na realidade constituíam uma parte dos custos de
produção.
As relações económicas realmente existentes mostram que a propriedade,
oficialmente considerada de todo o povo, era de facto utilizada no interesse de
colectivos isolados, que estavam em contradição com os interesses da sociedade. Por
isso a propriedade não podia considerar-se verdadeiramente como pertença de todo o
28 Idem, ibidem, p. 387.
29 Citado em A.P. Tiurina, Социально-экономическое развитие советской деревни 1965-1980, (O
Desenvolvimento Socioeconómico dos Campos Soviéticos), Moscovo, 1982. p. 39.
3
povo. Também não se pode designá-la como de grupo, porquanto o colectivo não
podia dispor dela em plenitude e, agindo no quadro do plano, também servia em
certo grau o interesse geral da sociedade. Conclui-se que a «propriedade
estatal», no período em análise, não era nem de todo o povo, nem de
grupo, mas combinava em si traços das duas formas. E como estas formas de
propriedade estão ligadas a dois tipos distintos de relações sociais, os seus traços
misturavam-se na vida real. Contudo, a tendência de desenvolvimento levou a que os
traços da propriedade de grupo começassem a prevalecer. Um número cada vez
maior de indicadores do plano, em vez de vir de cima, passou a ser definido pelas
próprias empresas segundo os seus interesses; a correcção do plano, e portanto o seu
incumprimento, tornou-se uma prática corrente; aumentaram os atrasos nos
projectos de construção. Estes fenómenos atestam que os colectivos agiam cada vez
mais nos seus próprios interesses, considerando cada vez menos o interesse geral da
sociedade.
A alteração da forma de propriedade
A alteração da forma de propriedade dos meios de produção, verificada entre os anos
60 e 80, era vista pelos investigadores da época como uma aproximação da
propriedade kolkhoziana à propriedade de todo o povo. Na realidade produziu-se um
processo inverso. Vejamos os argumentos dos partidários do primeiro ponto de vista.
M.N. Rutkevitch afirmou que a aproximação das formas de propriedade foi
propiciada pelos seguintes momentos:30
1) Aumento da dimensão dos kolkhozes e atribuição dos meios técnicos. (Cabe
replicar que o aumento da dimensão não influencia a forma de propriedade,
enquanto a transmissão dos meios técnicos aos kolkhozes apenas conduziu ao
alargamento da propriedade cooperativa-kolkhoziana e não à sua aproximação à
propriedade estatal. Assim, estes factos não podem provar uma aproximação das
formas de propriedade).
2) A integração dos kolkhozes juntamente com empresas estatais em agro-cidades. (A
associação de kolkhozes a empresas estatais contribuía naturalmente para a
aproximação das formas de propriedade, no que respeita ao seu funcionamento no
quadro do mecanismo económico existente, e pode ser vista como um dos aspectos
da aproximação).
3) A mecanização do trabalho, elevação da qualificação dos kolkhozianos. (Este
argumento relaciona-se com a aproximação do carácter do trabalho e não das
formas de propriedade. A alteração do carácter do trabalho verificou-se
efectivamente em toda a economia nacional e permitiu a aproximação de
diferentes grupos de trabalhadores, o que é justamente assinalado pelo autor, mas
daqui não decorre qualquer aproximação nas formas de propriedade).
30 M. N. Rutkevitch Становление социальной однородности (O Estabelecimento da
Homogeneidade Social), Moscovo, 1982, pp. 90-91, 113-116.
4
4) A aproximação das formas de remuneração do trabalho com a introdução nos
kolkhozes do sistema de salários garantidos e do mesmo tipo de segurança social
que existia no sector estatal. (Esta afirmação merece total acordo).31
A estes argumentos, A.R. Turina acrescenta o seguinte:
1) Cerca de um terço dos fundos de produção e capitais circulantes dos kolkhozes
provinham de créditos concedidos pelos bancos estatais, constituindo na sua
essência propriedade de todo o povo.32 (Pode-se objectar que o recurso a
empréstimos traduz mais uma interacção do que uma aproximação das diferentes
formas de propriedade).
2) Parte dos kolkhozes mais débeis (cerca de 26 mil) foram concentrados em oito mil
sovkhozes entre 1954 e 1974.33 (Neste caso trata-se não de um aproximação das
formas de propriedade, mas de uma pura decisão voluntariosa que alterou as
formas de propriedade).
Deste modo, os argumentos referidos não podem ser considerados como prova da
aproximação das duas formas de propriedades, uma vez que não tocam os principais
aspectos deste processo. Os principais aspectos desta aproximação foram os
seguintes:
a) A propriedade cooperativa-kolkhoziana adquiriu um carácter social com a sua
integração no sistema de relações económicas planificadas, o que é assinalado na
literatura soviética. A uniformidade dos dois tipos de propriedade «manifesta-se na
organização planificada da produção social, na unidade de objectivos, na entrega
da terra aos kolkhozes para utilização gratuita e sem prazo, na garantia da
circulação planificada de recursos materiais e financeiros entre os sectores estatal e
kolkhoziano de produção».34 A integração do trabalho dos kolkhozianos no trabalho
de toda a sociedade, segundo um plano único, transformou-o em trabalho
directamente social, não se distinguindo neste aspecto do trabalho dos operários.
Sem a sua integração no processo de trabalho organizado de forma planificada, a
actividade dos kolkhozianos teria um carácter completamente diferente e a
propriedade dos meios de produção seria de grupo. A propriedade dos kolkhozes, tal
como a propriedade das empresas estatais, começou a transformar-se em
propriedade de grupo só a partir dos anos 60, quando a planificação se tornou cada
vez menos rigorosa, facilitando-se cada vez mais a alteração dos planos de acordo
com os interesses de cada colectivo.
31 M. N. Rutkevitch Становление социальной однородности (O Estabelecimento da
Homogeneidade Social), Moscovo, 1983, pp. 152-153.
32 A.P. Tiurina , op. cit, p. 137.
33 Idem, ibidem, p. 144.
34 Общественный характер производства и социалистическая собственность (O Carácter
Social da Produção e a Propriedade Socialista), Moscovo, 1985, p. 227. Ver igualmente: N.A.
Moisseienko, M.V. Popov, Управление социалистической экономикой (политэкономический
аспект) (A Administração da Economia Socialista – O Aspecto Político-Económico), Leningrado,
1981, pp. 14-15.
5
b) A aproximação das formas de propriedade produziu-se não por via de uma maior
socialização das cooperativas-kolkhozes, mas por via da aproximação da propriedade
social à propriedade de grupo. Estas formas de propriedade tornaram-se
efectivamente semelhantes através do desenvolvimento dos traços de grupo na
propriedade social, o que serviu de base à aproximação dos operários e empregados,
por um lado, e dos kolkhozianos, por outro. Esta aproximação fez com que a divisão
tradicional dos grupos sociais perdesse importância, em particular no que respeita às
relações distributivas, ganhando relevo de primeiro plano a pertença a um
determinado colectivo.
A aproximação da propriedade social à propriedade de grupo, a partir dos anos 60,
foi acompanhada pelo desenvolvimento das relações monetário-mercantis. A
separação dos produtores, a prevalência dos interesses de grupo sobre os interesses
da sociedade e a orientação para a obtenção de lucro num elo separado da economia
nacional alteraram a forma de distribuição do trabalho entre as diferentes
actividades. Esta distribuição passou a processar-se não em correspondência com um
plano, reflectindo as necessidades sociais, mas consoante os interesses de grupo.
A fragmentação do complexo da economia nacional e a busca do lucro alteraram o
carácter das relações sociais. Aqui teve um papel decisivo não a propriedade formal
dos meios de produção, mas a separação dos produtores. Enquanto produtores
separados, o seu trabalho deixou de ser directamente social e transformou-se em
trabalho privado. A sua independência, embora não total, apresentava elementos
evidentes. Além disso, os elementos de independência aumentaram constantemente
com as mudanças na planificação e com o número crescente de violações do plano. O
desenvolvimento contínuo das relações mercantis de produção conduziu à mudança
do regime social, uma vez que uma economia desenvolvida de mercado é uma
economia capitalista.
No nosso país procurou-se combinar as relações monetário-mercantis com as
relações da economia planificada, ignorando-se o facto de que estas formas de
distribuição dos trabalhadores pelos diversos sectores de actividade pertencem a
diferentes tipos de relações de produção, sendo que se trata de relações de produção
directamente opostas entre si. Por conseguinte, a sua combinação é indicadora da
existência de dois tipos de relações de produção na sociedade real, o que é possível
apenas no decurso de um curto período de transição de um tipo de sociedade para
outro.
O segundo aspecto da separação dos colectivos, e do apagamento das diferenças
sociais anteriormente existentes, são as relações distributivas do resultado da
produção. A distribuição efectua-se ou segundo o trabalho ou segundo o lucro, o que
mais uma vez está ligado a diferentes tipos de sociedade. Na prática, no período em
análise, assistiu-se a uma combinação destes dois princípios. As remunerações que os
trabalhadores recebiam podiam resultar de vários componentes: o salário base,
prémios e outras remunerações. Isto acontecia sobretudo na esfera da produção
material. O montante das remunerações, e consequentemente o bem-estar material
do trabalhador, dependia mais da sua pertença a um determinado colectivo do que
propriamente à qualidade e quantidade do seu trabalho. Em particular, o montante
6
da remuneração dependia da importância da empresa. «A nossa economia chegou a
um ponto em que qualquer trabalhador de uma empresa do sector da Defesa, por
trabalho igual, recebe uma remuneração monetária significativamente superior à
de um operário do sector dos bens de consumo».35 A variação do salário consoante os
ramos e colectivos comprova a não observação do mais importante princípio
distributivo no socialismo: a distribuição segundo o trabalho.
Com a reforma de 1979 rompeu-se a relação que existia entre o fundo de salários e os
gastos reais de trabalho. De 1931 até 1979, o fundo de salários era calculado com base
no número de trabalhadores e no salário médio, e o seu montante era fixado
centralmente. A Resolução do CC do PCUS e do Conselho de Ministros, de 12 de
Julho de 1979, «Sobre o melhoramento da planificação e o reforço da acção do
mecanismo económico na elevação da eficiência da produção e na qualidade do
trabalho», introduziu a norma de cálculo do salário por cada rublo produzido. Desta
forma, o fundo de salários passou a depender não da intensidade da mão-de-obra
incorporada nos artigos produzidos, mas do seu preço. Isto fazia com que a alteração
do preço se reflectisse no fundo de salários, por conseguinte, o colectivo tinha
interesse em que o preço fosse mais elevado. «Segundo as normas do plano, o
aumento do volume de produção, apenas à custa de uma maior incorporação de
material nos artigos ou da violação da gama planificada de produtos, eleva
automaticamente o fundo de salários».36 Naturalmente que, numa tal situação, o
colectivo fazia valer os seus interesses, independentemente de contrariarem os
interesses dos membros da sociedade no seu conjunto, enquanto consumidores da
produção de uma dada empresa.
As particularidades das relações distributivas geraram desmotivação nos
trabalhadores. Isto estava ligado com a prática de revisão anual das normas de
trabalho, efectuada em muitas produções sem ter por base a mudança de tecnologia.
Por exemplo, nas empresas de construção de máquinas do oblast de Irkutsk, 65 a 80
por cento do aumento das normas de trabalho não corresponderam ao
aperfeiçoamento da tecnologia e incidiram principalmente sobre as brigadas mais
empenhadas.37 Diferentes critérios na revisão das normas resultavam em diferentes
níveis de intensificação do trabalho. Por isso, os trabalhadores perderam interesse em
desenvolver as potencialidades da produção. Além disso, as revisões
infundamentadas das normas socavavam o princípio da distribuição segundo o
trabalho.
Salários e produtividade
35 N.M. Rimachevskaia, A.A. Rimachevski Равенство или справедливость? (Igualdade ou
Justiça?), Moscovo, 1991, p. 48.
36 A. Steklova, A. Goldman, Нормативное планирование фонда заработной платы.
Преимущества. Проблемы (Os Normativos da Planificação do Fundo de Salários: Vantagens e
Problemas)/ Sostialistitcheski Trud, 1983, n.º 3, p. 56.
37 V.V. Bronstein Бригада в зеркале социологии (A Brigada no Espelho da Sociologia), Moscovo,
1988, p. 48.
7
O montante do salário era influenciado pelo aumento da produção expresso
monetariamente (o aumento da produção na sua expressão natural tinha uma muito
menor influência). Daí que, «no sector da construção de máquinas, o aumento
fictício da produção representava no mínimo cinco por cento por ano. Um tal
crescimento pressupunha um aumento do fundo de salários em três por cento, o que
era feito».38 Temos como consequência que o aumento dos salários dependia do
aumento dos preços e do lucro: quanto maior o resultado monetário, maior o salário.
Uma situação análoga criou-se no sector do abastecimento com a criação de
entidades intermediárias.39 Também neste caso, o salário dependia de trabalho
fictício, que não correspondia de forma alguma à distribuição segundo o trabalho.
O crescimento dos salários superava o crescimento da produtividade do trabalho (na
sua expressão natural). Os economistas assinalam este facto como um dos factores
que contribuíram para o desenvolvimento do mercado negro.
Do ponto de vista do tipo de relações de produção, deve-se referir a perda da relação
entre o montante do salário e o contributo laboral do trabalhador e, inversamente, a
ligação do salário com o aumento dos lucros e do volume monetário da produção. O
desligamento do montante da remuneração da quantidade e qualidade do trabalho é
indicador do enfraquecimento das características socialistas na sociedade. A conexão
do salário com o volume monetário da produção gerou desinteresse dos colectivos
laborais em aumentar a produtividade do trabalho (na sua expressão natural), o que
significou uma travagem no desenvolvimento das forças produtivas.
A relação entre a remuneração do trabalho e a pertença a um determinado colectivo
manifestava-se também no papel que desempenhavam os prémios. Do fundo de
salários eram pagos entre 80 e 85 por cento dos montantes efectivamente auferidos
pelos trabalhadores.40 Por conseguinte, 15 a 20 por cento dos vencimentos
provinham de outros fundos, designadamente, cerca de dez por cento do fundo de
incentivos materiais, o qual era constituído a partir do lucro obtido.
A razão da existência de tais relações distributivas residia no facto de dependerem
dos restantes componentes das relações de produção. Se as últimas se aproximavam
das relações de produção de grupo, então também as relações distributivas teriam de
lhes corresponder, o que significa que o isolamento da empresa se manifesta na
distribuição.
A ligação entre o trabalhador e o colectivo realiza-se através das relações
distributivas, a pessoa assume como seu o interesse do colectivo, uma vez que do
êxito do seu colectivo depende os prémios que recebe, o alojamento, etc. O êxito dos
restantes colectivos não influenciava em nada os rendimentos de um trabalhador, por
isso, do ponto de vista material, aqueles eram-lhe indiferentes. A ligação entre cada
empresa era demasiado fraca para que o êxito de um ramo ou da economia no seu
38 V. Seliunin, G. Khanin, Лукавая цифра (Um número astucioso), Novi Mir, 1987, n.º 2, p. 187.
39 Idem, ibidem.
40 Z.P. Korovina, План, технический прогресс, стимулы (Plano, Progresso Técnico, Incentivos),
Moscovo, 1986, p. 216.
8
conjunto exercesse uma influência assinalável na situação material dos membros de
um determinado colectivo. É precisamente esta situação que distingue tão
radicalmente os anos 60-80 do período precedente, entre o final dos anos 40 e o
início dos anos 50, quando toda a população do país estava interessada no êxito de
qualquer empresa, porquanto isso se reflectia directamente na sua situação material
através da redução de preços.
No limiar dos anos 60 ocorreu uma mudança radical nas relações entre os colectivos,
que se reflectiu na situação de cada trabalhador por via das relações distributivas.
Esse sistema de relações distributivas estimulou igualmente o desenvolvimento de
certas características nos trabalhadores. Passaram a empenhar-se menos no trabalho,
de modo a suportarem o aumento regular das normas. Tinham interesse em que o
plano fosse fácil de cumprir e que a produção da sua empresa fosse lucrativa, uma vez
que isso lhe garantia um salário maior e prémios. Deixaram de sentir-se como
representantes da classe operária ou dos trabalhadores em geral, mas apenas como
membro do colectivo de uma dada empresa, dado que eficiência do trabalho de
outros colectivos não os afectava.
As ligações da economia paralela
A economia paralela desempenhou um importante papel na alteração das relações de
produção no último período de existência da URSS. Ultimamente, o estudo da
economia paralela tem sido objecto de grande atenção por parte dos investigadores,
muitos dos quais consideram que foi precisamente a partir dos anos 60 que começou
o seu crescimento. Por exemplo, A.A. Serguéiev afirma: «A economia paralela
intensificou-se no nosso país há cerca de 30 anos».41 A mesma posição é defendida
por A. Gurov,42 V.I. Sigov e A.A. Smirnov,43 e A.M. Eremine.44
A economia paralela é um fenómeno característico da sociedade capitalista
contemporânea. I.N. Vavenko e I.A. Kuzine consideram que a economia paralela
existe em qualquer sociedade onde existe propriedade privada.45 Mas neste caso não
há diferença entre os tipos de relações sociais que se formam na base da economia
legal e na paralela, a sociedade é uniforme. Na sociedade soviética, porém, criou-se
uma situação diferente, em que as relações sociais dominantes não eram capitalistas,
mas apenas se aproximavam a estas.
41 A.A. Serguéiev, Пир состояться не должен! / Альтернатива: выбор пути. Перестройка
управления и горизонты рынка. (O Festim Não Pode ter Lugar!) in colectânea Alternativa:
Escolher o Caminho. A Reorganização da Administração e os Horizontes do Mercado), Moscovo,
1990, p. 63.
42 A.I. Gurov, Организованная преступность в СССР./ Погружение в трясину (A
Criminalidade Organizada na URSS, Um mergulho no Pântano), Moscovo, 1991, p. 177.
43 V.I. Sigov e A.A. Smirnov, Теневая экономика (A Economia Paralela), São Petersburgo, 1999, p.
37, ver também pp. 40-42.
44 A.M. Eremine, В дебрях реставрации капитализма (от перестройки к деградации
экономики) (No Labirinto da Restauração do Capitalismo (Da Perestroika à Degradação da
Economia), Izm, n.º 2 (13), 1997, p. 37.
45 I.N. Vavenko e I.A. Kuzine, Теневая экономика и государство (A Economia Paralela e o
Estado), Moscovo, 2002, p. 6.
9
O desenvolvimento da economia paralela, capitalista na sua essência, provocou
uma alteração nas relações sociais no país. A par da propriedade que combinava
traços da propriedade de grupo e da propriedade social, ganhou um peso crescente a
propriedade privada. Em conformidade alteraram-se as restantes componentes das
relações de produção, desenvolveram-se as relações monetário-mercantis e a
distribuição ligada ao emprego na economia paralela. Na maior parte do «mercado
negro», a exploração efectua-se sobretudo à custa de trocas desiguais. Surge assim
um grupo social novo, que garante a sua prosperidade, em parte significativa ou
totalmente, por via da apropriação do trabalho de outras pessoas. De igual modo
formam-se grupos de grandes e pequenos especuladores, que constituem uma
camada influente na sociedade através da sua fusão, por via da corrupção, com o
aparelho administrativo. O desenvolvimento da corrupção foi também propiciado
pelas relações económicas dominantes no país. Não se podia obter um plano
vantajoso para a empresa ou conseguir a sua correcção sem a ajuda de funcionários
que estavam longe de agir desinteressadamente. Por esta via, as relações da economia
clandestina penetraram no aparelho de Estado.46
A conexão entre as relações económicas criminais e oficiais fazia-se de várias formas.
Uma delas era o registo adicional, que se tornou comum a partir do final dos anos
50.47 Os registos adicionais permitiam cumprir e ultrapassar artificialmente o plano,
mediante a venda de materiais excedentes. Por exemplo, em 1977, os kolkhozes e
sovkhozes do oblast de Tiumen venderam 637 toneladas de diesel e 2830 toneladas
de gasolina.48 Este caso revela o mecanismo que permitia o desenvolvimento da
economia paralela na base da economia legal. E nestas condições, em que uma
empresa podia obter lucros através do «consumo» adicional de materiais, tornava-se
vantajoso aumentar a sua quantidade não só de facto em reserva, como até de forma
fictícia. Estes materiais foram a base para o desenvolvimento do mercado
clandestino. A economia oficial e a ilegal «abasteciam-se» mutuamente, o que
acelerou o processo de formação de capitais, e ao mesmo tempo o processo de
estratificação da sociedade. Na prática as relações económicas dominantes
favoreciam o crescimento da economia criminosa, isto é, eram o meio nutriente para
o desenvolvimento da nova classe de proprietários.
A origem criminal dos capitais deixou a sua marca nas reformas realizadas no país no
final dos anos 80, cujo primeiro passo, segundo constatam os especialistas, foi o
branqueamento dos capitais clandestinos, que depois puderam participar nas
privatizações e apropriarem-se «legalmente» dos sectores produtivos mais lucrativos.
O sistema de relações de produção criado entre 1960 e 1980 encerrava contradições
tanto dentro da sua forma dominante, que resultou da transição da propriedade
social para a propriedade de grupo, como entre esta propriedade e a propriedade
privada dos especuladores da economia clandestina.
46 V.M. Essipov, Теневая экономика (A Economia Clandestina), Мoscovo, 1997, p. 17.
47 D.V. Valovoi, op. cit. p. 256.
48 M.V. Slavkina Триумф и трагедия: Развитие нефтегазового комплекса СССР (Triunfo e
Tragédia: O Desenvolvimento do Complexo Gasopetrolífero), Moscovo, 2002, p. 176.
10
Na União Soviética, o processo de transformação da sociedade baseada numa
propriedade próxima à propriedade de grupo em sociedade capitalista decorreu
durante um longo período de tempo (cerca de 30 anos), devido a um conjunto de
razões:
1) A propriedade de grupo não existia no nosso país na sua forma pura;
2) A economia existente estava suficientemente desenvolvida e gozava de uma
significativa «reserva de estabilidade»;
3) A venda de petróleo permitiu ao Estado compensar durante um longo período a
gestão ineficaz da economia.49
***
Pode-se tirar a seguinte conclusão. As relações económicas reais criadas neste
período resultaram da propriedade, que oficialmente era declarada como de todo o
povo, mas na prática tinha um carácter duplo, combinando traços da propriedade de
grupo e da propriedade social. Na realidade, a propriedade era utilizada, antes de
mais, no interesse dos respectivos colectivos, que entraram em contradição com os
interesses da sociedade. Não se pode chamar-lhe propriedade de grupo, uma vez que
o colectivo não podia dispor dela plenamente e, agindo no quadro do plano, num
certo grau, perseguia também os interesses de todo o povo.
As duas formas de propriedade (estatal e cooperativa-kolkhoziana) que existiam na
nossa sociedade no período anterior e se distinguiam entre si pelo nível de
socialização dos meios de produção, aproximaram-se efectivamente, mas não no
sentido da aproximação da propriedade cooperativa-kolkhoziana à propriedade
estatal, pelo contrário, no sentido da aproximação da última à primeira. A
propriedade estatal começou a ser utilizada, antes de mais, no interesse de cada
colectivo. E a tendência de desenvolvimento permitiu que os traços da propriedade de
grupo começassem gradualmente a prevalecer.
O carácter híbrido da propriedade decorreu da mudança em todos os aspectos das
relações de produção (troca e distribuição), nas quais coexistiam traços de dois tipos
de relações. Na distribuição dos trabalhadores e dos meios de produção entre os
diferentes sectores misturavam-se as relações planificadas com as relações
monetário-mercantis. A distribuição do produto realizava-se segundo o trabalho e de
acordo com o lucro obtido. Violou-se a lei do desenvolvimento harmonioso
(planificado), característico do socialismo, que foi substituída pela lei do valor,
própria à sociedade pré-socialista. Uma tal situação conduziu à destruição dos
princípios colectivistas da sociedade e gerou o egoísmo de grupo. Acresce que certos
49 Como refere a investigação de M.V. Slavkina, entre 1976 e 1985, as receitas da venda de petróleo
representaram pelo menos 107 mil milhões de dólares. Estes recursos eram utilizados para importar
cereais, frutas e vegetais, artigos de consumo (principalmente vestuário e calçado). Apenas uma parte
insignificante era destinada à aquisição de equipamentos. Na compra de material informático gastouse
menos de 0,5 por cento daquelas receitas. Ver M.V. Slavkina, op. cit., pp. 126, 133-144, 155.
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grupos se apropriavam parcialmente do trabalho de outros, por isso deixou de existir
uma comunidade unida de trabalhadores.
O colectivo de produção deixou de ser apenas o elemento de base da estrutura
económica para, em consequência da crescente separação, se tornar cada vez mais
num importante elemento da estrutura social da sociedade. Isto deveu-se à mudança
nas relações distributivas, nas quais a entidade que tutelava a empresa tinha um
papel importante na determinação da remuneração do trabalho e na atribuição de
incentivos suplementares aos trabalhadores, consoante a importância da produção e
o lucro obtido.
A propriedade, próxima da propriedade de grupo, bem como as relações monetário mercantis
propiciaram o desenvolvimento da economia paralela, o que, por sua vez,
aproximou a sociedade soviética à sociedade capitalista e serviu de base ao processo
de reconstituição das classes. A sociedade começou a dividir-se: de um lado cresciam
e reforçavam as suas posições os grupos de especuladores da economia paralela,
ligados à cúpula de funcionários do Estado e do partido. Do outro estava a massa de
trabalhadores, cuja situação material era muito semelhante por força do nivelamento
das remunerações do trabalho. Poderiam representar um poderoso grupo se não
estivessem divididos em colectivos separados com interesses diferentes. A situação
destes colectivos não era uniforme. Na realidade constituíam uma espécie de
hierarquia, ainda que com contornos pouco definidos, onde o lugar que cada colectivo
ocupava era determinado pela capacidade de se apropriar de trabalho suplementar de
outros membros da sociedade. Acresce que as diferenças entre estes dois grupos
aumentaram constantemente. Todos estes processos conduziram ao desenvolvimento
da burguesia e à restauração do capitalismo.

Viagem à Polónia

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Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.