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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Por Nicolau Santos
Diretor-Adjunto do jornal EXPRESSO
 
28 de Dezembro de 2015
 
Os Emídios Catuns que nos pregaram um calote de 6,3 mil milhões e andam à solta
 
Desculpem, mas não há peru, rabanadas e lampreias de ovos que me façam passar o engulho da fatura que neste final do ano veio parar outra vez aos bolsos dos contribuintes por mais um banco que entrega a alma ao criador, no caso o Banif, no caso mais 3 mil milhões. É de mais, é inaceitável, é uma ignomínia para todos os que estão desempregados ou caíram no limiar da pobreza por causa desta crise e mais uma violência brutal para os que continuam a pagar impostos (e que são apenas cerca de 50% de todos os contribuintes).

Todos nos lembramos do cortejo dos cinco maiores banqueiros portugueses (Ricardo Salgado, Fernando Ulrich, Nuno Amado, Faria de Oliveira e Carlos Santos Ferreira) a irem ao Ministério das Finanças e depois à TVI exigir ao então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, para pedir ajuda internacional. Todos nos lembramos como o santo e a senha da altura era o da insustentável dívida pública portuguesa por erros de gestão do Governo de José Sócrates. Todos nos lembramos das sucessivas reafirmações de que a banca estava sólida por parte do Banco de Portugal e do governador Carlos Costa. Todos nos lembramos dos testes de stress aos bancos conduzidos pela Autoridade Bancária Europeia – e como os bancos nacionais passaram sempre esses testes. E depois disso BPI, BCP, CGD e Banif tiveram de recorrer à linha de crédito de 12 mil milhões acordada com a troika. E depois disso o BES implodiu – e agora o Banif também. E depois disso só o BPI pagou até agora tudo o que lhe foi emprestado. E antes disso já o BPN e o BPP tinham implodido. E a Caixa vai ter de fazer um aumento de capital. E o Montepio é uma preocupação. É de mais! Chega! Basta!

No caso do Banif, é claro que o governador Carlos Costa tem enormes responsabilidades na forma como o problema acabou por ter de ser resolvido. No caso do BES foi ele também que seguiu a estratégia da resolução, da criação do Novo Banco e do falhanço total dessa estratégia – a venda rápida que não aconteceu, a venda sem despedimentos que também não vai acontecer, os 17 interessados que afinal eram só três, as propostas que não serviam, e o banco que era para ser vendido inteiro e agora vai ser vendido após uma severa cura de emagrecimento. É claro também que a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem responsabilidades diretas no caso, por inação ou omissão. E é claro que o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, geriu politicamente o dossiê.

Mas não confundamos os políticos e o polícia com os bandidos,
com os que levaram a banca portuguesa ao tapete. E para isso nada melhor do que ler o excelente texto que o Pedro Santos Guerreiro e a Isabel Vicente escreveram na revista do Expresso da semana passada com um título no limite mas que é um grito de alma: «O diabo que nos impariu» - ou como os bancos nacionais destruíram 40 mil milhões desde 2008. Aí se prova que houve seguramente muitos problemas, mas que a origem de tudo está no verdadeiro conúbio lunar que se viveu entre a banca e algumas empresas e alguns empresários do setor da construção. Perguntam os meus colegas: «Sabe quem é Emídio Catum? É um desses empresários da construção, que estava na lista de créditos do BES com empresas que entretanto faliram. Curiosamente, Catum estava também na lista dos maiores devedores ao BPN, com empresas de construção e imobiliário que também faliram». E como atuava Catum? «O padrão é o mesmo: empresas pedem crédito, não o pagam, vão à falência, têm administradores judiciais, não pagam nem têm mais ativos para pagar, o prejuízo fica no banco, o banco é intervencionado, o prejuízo passa para o Estado». Simples, não é, caro leitor?

A pergunta que se segue é: e o tal de Catum está preso? Não, claro que não. E assim, de Catum em Catum, ficámos nós que pagamos impostos com uma enorme dívida para pagar que um dia destes vai levar o Governo a aumentar de novo os impostos ou a cortar salários ou a baixar prestações sociais. Mas se fosse só o Catum… Infelizmente, não. Até as empresas de Luís Filipe Vieira deixaram uma dívida de 17 milhões do BPN à Parvalorem, do Estado, e tinham ainda por pagar 600 milhões de crédito do BES. O ex-líder da bancada parlamentar do PSD, Duarte Lima, deixou perdas tanto no Novo Banco como no BPN. Arlindo Carvalho, ex-ministro cavaquista, também está acusado por ilícitos relacionados com crédito concedido pelo BPN para compra de terrenos. E um dos homens fortes do cavaquismo, Dias Loureiro é arguido desde 2009 por compras de empresas em Porto Rico e Marrocos, suspeita de crimes fiscais e burlas. Mas seis anos depois, o Ministério Público ainda não acusou Dias Loureiro, nem o processo foi arquivado.

Dos 50 maiores devedores do BES, que acumulavam um crédito total de dez mil milhões de euros, «o peso de construtores e promotores imobiliários é avassalador». No BPN, «mais de 500 clientes com dívidas iguais ou superiores a meio milhão de euros deixaram de pagar». E a fatura a vir parar sempre aos bolsos dos mesmos. Por isso, o artigo de Pedro Santos Guerreiro e Isabel Vicente é imperdível. Para ao menos sabermos que o que aconteceu não foi por acaso. Que muita gente não pagou o que devia ou meteu dinheiro ao bolso – e esperou calmamente que o Estado viesse socializar os prejuízos enquanto eles privatizaram os lucros.

Bento ESPINOSA



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Baruch de Espinosa
ברוך שפינוזה
Nascimento       24 de novembro de 1632
Amsterdã, Países Baixos
Morte   21 de fevereiro de 1677 (44 anos)
Haia, Países Baixos
Nacionalidade   neerlandesa
Ocupação           artesão, filósofo
Magnum opus Ética, "Tratado Teológico-Político"
Escola/tradição                Espinozismo (fundador), racionalismo, eudemonismo, cartesianismo
Principais interesses      Ética, metafísica, teoria do conhecimento, teologia, Lógica
Ideias notáveis                 conatus, interpretação histórica da Bíblia

Baruch de Espinoza[1] (24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico moderno.

Chamado pelos pais de Bento, chamou-se "Baruch" enquanto que judeu nascido e vivendo em Amesterdã. Finalmente, utilizou Benedictus para assinar a sua Ethica depois do chérem em seu nome.[2] Também é conhecido como Benedito Espinoza.
Vida

A sua família fugiu da Inquisição de Portugal. Falava o português no seio da família. É muito provável que, por isso, pensasse em português! Foi um profundo estudioso da Bíblia, do Talmude e de obras de judeus como Maimónides, Ben Gherson, Ibn Ezra, Hasdai Crescas, Ibn Gabirol, Moisés de Córdoba e outros. Também se dedicou ao estudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Demócrito, Epicuro, Lucrécio e também de Giordano Bruno. Ganhou fama pelas suas posições opostas à superstição (a sua frase Deus sive natura, "Deus, ou seja, a Natureza" é um conceito filosófico, e não religioso), e ainda devido ao fato de a sua Ética ter sido escrita sob a forma de postulado e definições, como se fosse um tratado de geometria.
Chérem
O banimento, que foi escrito em português!

Em 27 de julho de 1656, a Sinagoga Portuguesa de Amsterdão puniu Espinosa com o chérem, o equivalente hebraico da excomunhão católica, pelos seus postulados a respeito de Deus em sua obra, defendendo que Deus é o mecanismo imanente da natureza, e a Bíblia, uma obra metafórico-alegórica que não pede leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus.[2] Estas excomunhões foram banidas sob o governo republicano.
O banimento (texto original em português)
Cquote1.svg      Os Senhores do Mahamad [Conselho da Sinagoga] fazem saber a Vosmecês: como há dias que tendo notícia das más opiniões e obras de Baruch de Spinoza procuraram, por diferentes caminhos e promessas, retirá-lo de seus maus caminhos, e não podendo remediá-lo, antes pelo contrário, tendo cada dia maiores notícias das horrendas heresias que cometia e ensinava, e das monstruosas ações que praticava, tendo disto muitas testemunhas fidedignas que deporão e testemunharão tudo em presença do dito Spinoza, coisas de que ele ficou convencido, o qual tudo examinado em presença dos senhores Hahamim [conselheiros], deliberaram com seu parecer que o dito Spinoza seja heremizado [excluído] e afastado da nação de Israel como de fato o heremizaram com o Herem [anátema] seguinte:

"Com a sentença dos Anjos e dos Santos, com o consentimento do Deus Bendito e com o consentimento de toda esta Congregação, diante destes santos Livros, nós heremizamos, expulsamos, amaldiçoamos e esconjuramos Baruch de Spinoza [...] Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu levantar, maldito seja em seu sair, e maldito seja em seu entrar [...] E que Adonai [Soberano Senhor] apague o seu nome de sob os céus, e que Adonai o afaste, para sua desgraça, de todas as tribos de Israel, com todas as maldições do firmamento escritas no Livro desta Lei. E vós, os dedicados a Adonai, que Deus vos conserve todos vivos. Advertindo que ninguém lhe pode falar pela boca nem por escrito nem conceder-lhe nenhum favor, nem debaixo do mesmo teto estar com ele, nem a uma distância de menos de quatro côvados, nem ler Papel algum feito ou escrito por ele."
A Filosofia de Espinosa
O problema fundamental: liberdade versus servidão: liberdade versus finalismo
Não determinismo / liberdade
Liberdade é a consciência da necessidade, força ativa que vence os constrangimentos.
A descoberta de uma outra subjetividade culmina na Democracia.
O homem servo das forças externas, os poderes que controlam a liberdade individual, a moral dominante que produz fatalismo, tristeza.
“Deus sive (ou seja) Natura”
Passagens da ÉTICA
O estilo geométrico como racionalidade pura sem contaminação da Ideologia (Preconceitos), da imaginação, dos afetos.
A Holanda – o seu “livre governo”, essa “Liberdade” exprimiria a essência do novo Estado. O espinosismo seria a correspondente consciência filosófica.
O espinosismo remete para três ordens de razões: o estatuto da liberdade; a relatividade dos sistemas de valores; as condições de possibilidade da ciência, o modelo matemático.
Dois textos principais: o apêndice à Parte I da ÉTICA ; o prefácio do Tratado teológico-político; acrescente-se o capítulo I do Tratado Político.
O método: funda a sua universalidade na homogeneidade do Ser ou Natureza, força infinitamente produtiva.
O que faz ressaltar o carácter ilusório de uma liberdade definida em termos de escolha incondicionada.
A Necessidade ( determinismo?) universal permitirá compreender o mecanismo das ilusões, os limites do poder humano, definido como duplo poder de agir e de sofrer.
O livre arbítrio é uma ilusão que resulta da ignorância das causas, dos constrangimentos, da ideia de que devo dominar as paixões e posso, tal como julgo dominar a natureza e as coisas.
A teoria política torna-se uma “ciência aplicada”que, equacionando poder e formas de governo, deduz a política democrática como a que detém o máximo de poder, ou seja, o grau máximo da perfeição do Ser.
Descartes reservava um estatuto privilegiado à união substancial da alma e do corpo, incompreensível à nossa razão, mas atestada por um sentimento insuspeito fundado na finalidade divina.
Espinosa recusa os sentimentos como explicação.
Ler no sentimento mais do que o mecanismo inerente aos sobressaltos da imaginação será deixar-se arrastar pelo preconceito antropomórfico.
O finalismo é o preconceito fundamental.
O princípio da finalidade é induzido a partir da indevida extrapolação da consciência de si à Natureza em geral. Este “olhar” é “delirante”.
“as causas finais não são mais do que ficções dos homens.”
Apoia-se na experiência (com reservas) e nas matemáticas (geometria de Euclides: definições, axiomas, teoremas, corolários) cujo modelo se ocupa “unicamente das essências e não dos fins”.
É essa a outra norma da verdade (galilaica). Traça uma tangente com Descartes. É a época do atomismo epicurista renascido e renovado.
Descartes não levou às últimas consequências o seu postulado, racionalismo que desprezava, e bem, as ideias confusas e obscuras. Porém, ele próprio as reintroduziu…
Excluindo uma finalidade heterogénea das leis universais da Natureza, a situação do homem muda de significado – ruptura e revolução -; todo o tipo de antropomorfismo desaparece.
Despojado de qualquer privilégio, o homem deixa de ser “um império num império”.
As noções de mal e de pecado tornam-se então ilusórias, o apelo à vontade de Deus “esse asilo da ignorância” permanece vão.
Para ser racional, a reflexão sobre a essência humana deverá ter em atenção o comportamento humano na sua totalidade, pelo mesmo motivo que o conjunto dos outros fenómenos naturais, como um processo que necessariamente se rege pelo “determinismo” universal.
Imaginação versus Razão
Quanto mais as condições de vida determinam o ser humano à passividade mais este ficará cativo da subjetividade e menos apto a agir e a conhecer.
“quanto mais coisas conhece o espírito melhor compreende as suas forças e a ordem da natureza.”
Subjetividade-subjetivismo é aqui sinónimo de ignorância das causas.
A distorção subjetiva consiste em inverter a ordem do verdadeiro encadeamento causal, em substituir a causa pelo efeito, ou vice-versa, e em apresentar desse modo uma perceção invertida da realidade.
É essa inversão que se exprime no pensamento finalista e que constitui a própria estrutura do preconceito.
O esquema finalista anima todo o pensamento comum:
“Todos os (preconceitos) que aqui assinalo dependem, na realidade, de um só, que é o de os homens suporem comummente que todas as coisas da natureza agem como eles em vista de um fim, chegando até a ter por certo que o próprio Deus tudo dirige para um determinado fim.”
Os reflexos condicionados, o “inconsciente”, as paixões naturais passarão a ter um peso predominante porque o ser humano terá necessariamente paixões que não são mais do que a expressão dos constrangimentos do todo sobre a parte.
Porque todo o ser humano é determinado pela sua constituição física a tender para o que lhe é útil, com o fim de persistir no seu ser (preservar o seu ser), Ele é desejo, e consciente disso na medida em que a mente é ideia do corpo.
A ordem de encadeamento das ideias é inteiramente determinada por condições externas.
É justamente na medida em que o pensamento é inteiramente determinado do exterior que lhe escapa toda a sua determinação e condicionamento, e projeta sobre o mundo um esquema ilusório.
O pensamento imaginativo projeta na Natureza o esquema do seu comportamento aparente e, ignorando as causas, imagina-se correlativamente pensamento livre (de livre arbítrio) de constrangimentos.
“Os homens pensam que são livres pela única razão de que são conscientes dos seus atos e ignorantes das causas que os determinam.”
O livre arbítrio é, portanto, um sonho, as noções de liberdade e de finalidade interligam-se: a finalidade da Natureza infere-se a partir da suposta liberdade do sujeito, projetando o sujeito essa liberdade num Ser que governa a Natureza à sua imagem. Rei e soberano absoluto. Destituído de Necessidade. Age à semelhança dos caprichos dos reis e dos homens.
Qual o fundamento?
A atividade humana serve-se da realidade como meio, por isso atribui à natureza um papel instrumental – não a pode conceber imediatamente de outro modo que não seja um meio para um fim.
“Com efeito, os homens, depois de terem considerado as coisas como meios, não puderam acreditar que as coisas se tenham feito a si próprias.”
A representação utilitária oriunda da prática é, pois, espontaneamente finalista.
O homem surge dotado de meios na proporção exata em que ele próprio é um meio ao serviço de um fim supremo e insondável.
Os valores
Todos os valores são relativos e não substanciais. O Bem não é nada em si mesmo, mas algo que traduz uma relação e se diz relativamente ( coisas com coisas, corpos com corpos, encontros com encontros).
“Não sendo o bem e o mal nada mais que relações …nunca se diz de uma coisa que é boa senão quando a relacionamos com outra, que não é tão boa, ou que nos não é tão útil.”
“nós não nos esforçamos, não queremos, não ambicionamos nem desejamos coisa alguma porque a julgamos boa; mas, ao invés, julgamos que uma coisa é boa porque nos esforçamos por a alcançar, porque a queremos, ambicionamos e desejamos.” ÉTICA, III, prop. 9, escólio)
O que é então o bem?
É a própria utilidade, o instrumento da conservação do ser, seu crescimento.
O que é a virtude? É somente a potência.
O sistema espinosista é um sistema de forças. Correlação de forças e de poderes (potências).
A precaridade da existência humana inclina o espírito a duas paixões contrárias e complementares: o medo e a esperança. O seu denominador comum é a inconstância (incerteza) face a um futuro que apenas se presume ou se imagina ou se quer ou se teme.
A alma é varrida por fluxos e refluxos ao impulso de paixões externas. Nisso consiste a nossa servidão.
Apelar para esses impulsos, consolidá-los, é antes de mais escravizar o ser humano, devolvê-lo a um universo passional, desarmá-lo. É esse o fim que perseguem instituições e doutrinas que manipulam as multidões, excitando-as na sua paixão.
Eis o motivo por que a religião, que se dirige ao coração despertando nele esperança de imortalidade pessoal e temor de castigo eterno, carece de moralidade autêntica. Ela não liberta o homem, não o torna ativo, antes o condiciona.
Assim procede o Estado quando governa pelo temor que inspira, ou se sobrepõe pelo terror, contrariando a verdadeira utilidade do contrato social, que é o libertar o homem do temor, proporcionando-lhe o máximo de segurança.
“Não é para manter o homem no receio e o fazer propriedade de um outro que se institui o Estado; pelo contrário, é para libertar o indivíduo, para que ele viva tanto quanto possível em segurança, ou seja, para que preserve, tanto quanto possa e sem prejuízo de terceiros, o seu direito natural de existir e de agir.” (Tractatus Theologico- Politicus, capítulo XX)
Monismo
O NÚCLEO DE CONCEITOS ESPINOSISTAS é o sistema da vontade.
Quer se trate de Deus, quer dos homens. E da finalidade.
Espinosa rompe com toda a filosofia passada e presente. Muda de campo (teórico). Para segui-lo precisamos de mudar o olhar. Olhar primeiramente para a Natureza, suas leis, sua ordem, sua necessidade, sua indiferença pelos valores humanos. Abandonar o antropocentrismo e o antropomorfismo.
Em Descartes a iluminação criadora do ato voluntário só toma todo o seu sentido ao destacar-se sobre o fundo de necessidade mecânica a que está submetido o mundo exterior. Este é que é o princípio do mecanicismo (moderno).
E do fato de se julgarem livres nasceram as noções seguintes: o louvor, e a censura, o erro e o mérito.
A virtude, então, será concebida como repressão e como tal condição preliminar da felicidade futura (salvação). Expetativa, apelo, ascese: toda a configuração de uma filosofia da morte.
O homem verdadeiramente livre não medita sobre a morte, a sua filosofia não é uma meditação sobre a morte, mas sobre a vida.
Liberto das paixões negativas  (sofrimento passivo), torna-se ativo, e vive a alegria. Esta é uma paixão mais forte que vence a mais fraca. Potência de acção. Para vencer um poder é necessário um poder mais forte. Para vencer um hábito negativo (para si próprio e para os outros) é preciso um hábito mais forte que o vença. Relação de forças na Natureza e na sociedade.
Deus é um ser absolutamente infinito, quer dizer, uma substância consistente numa infinidade de atributos, dos quais cada um exprime uma essência eterna e infinita (I, def. 6)
Desses atributos só conhecemos dois: a extensão e o pensamento. Unidos, porém, porque a Substância é só uma e una. Paralelismo mente-corpo.
Fora da Natureza não há nada, nem pode haver pela definição de Substância (aquilo que é em si mesmo e não necessita de mais nada para subsistir).
Deus é a Natureza naturante e Natureza naturada, ou seja, atributos e deles os modos que resultam. Deus, ou Natureza, é, portanto, atividade pura e eterna e infinita, e exprime-se de múltiplos, diversos e infinitos modos.





Pum!

"(As medidas do Governo no caso Banif) não são de um tempo novo, são da velha política, são da política do antigamente". Edgar Silva, candidato comunista à Presidência da República, dizendo do Governo aquilo que o PCP não ousou fazer até agora, jornal i

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Instituto Superior del Profesorado "Dr. Joaquín V. González". Departamento de Historia ● Universidad Nacional de General Sarmiento. Instituto de Ciencias BUENOS AIRES ❖ ARGENTINA

␥ Elías José Palti [1956]

por Teoría de la historia

El historiador argentino Elías José Palti es uno de los escritores más innovadores y prolíficos de la historia intelectual de América Latina. Los profundos conocimientos de historia política, literaria y cultural de América Central y del Sur que ha plasmado en sus investigaciones lo han convertido en responsable de la remodelación de un debate que no sólo versa sobre el desarrollo político de la región, sino también sobre la evolución de términos cruciales como democracia. Obtuvo su master y su doctorado en historia en la Universidad de Berkeley, de California y ha realizado estudios postdoctorales en el Colegio de México y en la Universidad de Harvard. Desde 1999, es profesor de la Universidad de Quilmes, desde el año 2008, de la Universidad de Buenos Aires y entre 2004 y 2006, lo ha sido en la Universidad Nacional de La Plata. Actualmente, es también investigador del CONICET. Ha sido uno de los fundadores de la revista de Historia intelectual, Prismas. Es autor de varios libros monográficos, entre los que se cuentan, la introducción y edición de Giro lingüístico e historia intellectual (1998), Aporías, Tiempo, Modernidad, Historia, Sujeto, Nación, Ley (2001), La nación como problema. Los historiadores y la “cuestión nacional” (2003), Verdades y saberes del marxismo. Reacciones de una tradición política ante su “crisis” (2005), La invención de una legitimidad. Razón y retórica en el pensamiento mexicano del siglo XIX (Un studio sobre las formas del discurso político) (2005), El tiempo de la política. El siglo XIX reconsiderado (2007), El momento romántico. Nación, historia y lenguajes políticos en la Argentina del siglo XIX (2009). Asimismo, ha publicado más de 90 artículos en revistas especializadas de 18 países. 
[Fuente: John Simon Guggenheim. Memorial Foundation]

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

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Christopher Hill
Historiador
John Edward Christopher Hill foi um historiador marxista britânico. Sua produção está ligada à de um grupo de historiadores marxistas ingleses dos quais se destacam Eric Hobsbawm e Edward Palmer Thompson. Wikipédia
Nascimento: 6 de fevereiro de 1912, Iorque, Reino Unido
Falecimento: 23 de fevereiro de 2003, Chipping Norton, Reino Unido

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

domingo, 20 de dezembro de 2015

Insurgência precária: o Fórum Social Mundial

battalha de seattle ruy braga[Manifestantes na Batalha de Seattle em novembro de 1999]
Por Ruy Braga.
Antes da crise econômica iniciada em 2008 e, portanto, antes da Primavera Árabe, dos Indignados em Portugal e na Espanha, dos protestos na Praça Sintagma e do Movimento Occupy Wall Street, a última grande onda de mobilização em escala internacional começou com a chamada Batalha de Seattle em 1999. A passagem de um momento defensivo para um momento ofensivo aconteceu quando da criação do Fórum Social Mundial (FSM) e da emergência de um internacionalismo embrionário que buscou articular diferentes sujeitos políticos e movimentos críticos ao neoliberalismo.
No início do século XXI, esse “movimento dos movimentos” foi considerado o paradigma da globalização contra-hegemônica, isto é, uma articulação de múltiplos movimentos globais em um “espaço aberto de debates” não-hierárquico e permeável a participação de sindicatos e ONGs. Tendo por alvo comum o neoliberalismo entranhado nas estruturas organizativas econômicas globais, tais como o FMI e o Banco Mundial, além das próprias corporações transnacionais, o fórum pareceu encarnar o projeto estratégico necessário à fusão de grupos de interesses diversos por meio da combinação pragmática de seus objetivos comuns. 
Uma perspectiva alimentada pelo “otimismo neopolanyiano” diria que a reinvenção dessas múltiplas identidades em luta contra a globalização neoliberal constitui a base do atual contramovimento de proteção social. Em suma, a regulação social do neoliberalismo dependeria da capacidade desses múltiplos atores políticos assumirem democraticamente o controle da economia de mercado. E, de fato, desde que surgiu em 2001, o fórum transformou-se num caso exemplar de construção democrática de alianças entre diferentes movimentos sociais críticos da globalização neoliberal. Nesse sentido, não há dúvidas de que o FSM encarnou as aspirações dos que defendem a necessidade de um contramovimento nos moldes polanyianos.
Ao sintetizar as grandes questões estratégicas que desafiam contemporaneamente os movimentos contra-hegemônicos, ou seja, o problema da liderança, da representatividade e da construção de recursos ideológicos alternativos ao neoliberalismo, o destino do FSM transformou-se na prova da viabilidade do contramovimento polanyiano. Afinal, se a Batalha de Seattle atestou o nascimento desse movimento, apenas com a criação do fórum uma autêntica experiência organizativa delineou-se para os movimentos sociais globais.
Ao analisarmos os atores que estiveram à frente da organização do encontro, perceberemos que as raízes do FSM originaram-se nas tensões existentes entre o Norte e o Sul globalizados, especialmente, a partir da resistência às políticas neoliberais utilizadas durante a crise da dívida do Terceiro Mundo dos anos 1980 e 1990. Durante esse ciclo latino-americano de contestações que se estendeu da redemocratização dos anos 1980 às vitórias eleitorais de partidos de esquerda em países estratégicos da região, nos anos 1990 e 2000, várias organizações normalmente agrupadas sob a rubrica de “sociedade civil global” aumentaram sua capacidade de pautar o debate público.
A diversidade política dessas organizações somada à escala internacional de suas demandas fez com que a direção do FSM optasse pela forma organizativa de rede, evitando a adoção de um sistema mais hierarquizado de organização. A ideia de que o fórum seria um “espaço aberto” dedicado tanto ao debate democrático de ideias quanto à elaboração de propostas dos movimentos da sociedade civil a fim de desafiar o neoliberalismo não apenas expressou a diversidade setorial e geográfica dos participantes, como logrou orientar esses primeiros esforços de articulação do “movimento dos movimentos”. 
Por um lado, se o espaço aberto foi notoriamente estimulante no início dos anos 2000, por outro, é necessário reconhecer que em relação à elaboração de iniciativas contra-hegemônicas ao neoliberalismo, o relativismo do fórum tornou-se frustrante para uma parte considerável dos ativistas. A frustração adveio da percepção crescente acerca da incapacidade do FSM responder adequadamente a duas questões-chave: Qual a aparência desse “outro mundo possível”? E o que devemos fazer para chegar lá? O método do espaço aberto não logrou superar nem as concepções despolitizadas da sociedade civil global, nem as formas burocratizadas de organização política.
Como não existem respostas espontâneas aos dilemas estratégicos, a subpolitização do fórum transformou-se em um encruzilhada de difícil solução. Entre os defensores mais lúcidos do FSM como um espaço aberto, Boaventura de Sousa Santos destacou-se pela defesa da ação politicamente orientada do sindicalismo. No entanto, apesar de reconhecer a importância do trabalho organizado no movimento contra-hegemônico, Santos tende a subavaliar o papel do debate estratégico em favorecimento de pautas corporativas. Talvez isso ajude-nos a interpretar o entusiasmo do sociólogo português com as supostas conquistas do fórum. Afinal, sem uma orientação estratégica clara, a medida do sucesso do encontro torna-se bastante arbitrária.
De fato, se acompanhamos o argumento de Peter Evans segundo o qual as contradições da globalização capitalista criam as condições objetivas para o surgimento de contramovimentos à expansão da mercantilização neoliberal , é importante destacar que o destino da globalização contra-hegemônica depende da existência de forças sociais organizadas em torno de uma orientação estratégica clara. Nesse sentido, é necessário tomar certa precaução em relação à afirmação de Santos segundo a qual a maior força do FSM é seu método. Na realidade, quando pensamos em um desafio real à globalização neoliberal, o resultado dos encontros é, no máximo, ambíguo. 
Certamente, a experiência de mais de uma década do fórum é a melhor oportunidade para avaliarmos os limites da aposta neopolanyiana na inevitabilidade da formação de um contramovimento global espontâneo em reação ao avanço do neoliberalismo. De fato, é inegável que o FSM permitiu o encontro de movimentos sociais, sindicatos e ONGs em torno de pautas trabalhistas, ecológicas, feministas, etc. No entanto, dessa pluralidade não surgiu um contramovimento em escala global capaz de esboçar uma alternativa de regulação ao neoliberalismo. Na ausência de um método capaz de garantir a implementação de campanhas internacionais, nem ao menos podemos identificar no fórum o surgimento de um novo internacionalismo. Em suma, sem um debate estratégico qualificado capaz de criar canais deliberativos, como seria possível articular uma gama tão variada de interesses corporativistas?

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.