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sábado, 31 de outubro de 2015


A infâmia inenarrável que constitui a intervenção dos norte-americanos no norte de África e Médio Oriente, nomeadamente na Síria, ficará assinalada na história como um dos períodos mais negros da humanidade.
Ao acabar de ouvir a notícia de que os norte-americanos enviaram para a Síria, 50 soldados das suas forças especiais, a fim de apoiarem e treinarem os grupos que lutam contra o governo de Bashar al Assad, disfarçando com o artificio da luta contra o Estado Islâmico, não posso deixar de dar a conhecer dois textos sobre a Síria que clarificam a essência da obscena intervenção americana.
O primeiro, com o título “A guerra contra a Síria é por causa de Assad?”, fala de como era a sociedade Siria, da sua superioridade organizativa e funcional sobre a maioria dos países árabes irmãos.
O segundo, “Despovoamento estratégico”, é um esclarecedor texto publicado no Diário.Info, sobre informações denunciadas pelo Wikileaks de Julian Assange e que se relacionam com as catastróficas vagas de refugiados que tentam chegar à Europa e cuja percentagem de mortos é um verdadeiro problema de consciência para qualquer cidadão, por mais empedernida que seja a sua mentalidade.
Como é possível a impunidade com que os norte-americanos sacrificam milhões e milhões de seres humanos aos seus interesses geoestratégicos e financeiros e a Europa, que se considera berço da civilização, estende-lhe a passadeira para petiscar nos restos desse sórdido repasto, é uma pergunta que permanentemente me assalta ao espírito.

A guerra contra a Síria é por causa de Assad?
Assad e a sua família pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.
As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e à educação.
Na Síria as mulheres não são obrigadas a usar burca. A Chária (lei Islâmica) é inconstitucional.
A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos.
Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social.
Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.
A Síria é o único país do Mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.
A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona.
Antes da guerra civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.
A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.
A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma discriminação social, política ou religiosa.
Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado.
Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais?


A informação não é nova nem é surpreendente. Mas é útil juntá-la ao infindável rol dos crimes do imperialismo, para cujas ambições nenhuma tragédia humanitária é suficientemente grande.
A inundação da Europa por incontáveis vagas de refugiados pode ser o resultado do “despovoamento estratégico” da Síria levado a cabo pelos opositores ao governo do país, sugeriu o fundador de WikiLeaks.
A organização WikiLeaks, que se empenha na transparência, descortinou analisando mensagens diplomáticas «uma especulação interessante acerca do movimento de refugiados», disse Assange em entrevista a um sítio web de notícias grego, ThePressProject.
«Assim, a especulação era esta: opositores de um país empenhar-se-iam em certos momentos no despovoamento estratégico, com vista a reduzir a capacidade de combate de um governo», explicou.
O homem que tem estado associado a tantas revelações sublinhou que «quem está a fugir da Síria é predominantemente a classe média» tendo em conta que possuem «habilitações linguísticas, dinheiro, alguns relacionamentos». Engenheiros, gestores e funcionários públicos são «precisamente as classes que são necessárias para manter o governo em funcionamento», disse.
A gente síria é encorajada a fugir do seu país «pela Alemanha, dizendo que aceitará muitos, muitos refugiados, e pela Turquia, acolhendo perto de três milhões de refugiados, e dessa forma enfraquecendo de forma significativa o governo sírio», sublinhou Assange.
A Síria não é caso único na história recente na utilização da migração como arma; no decurso da guerra do Iraque a Suécia, segundo mensagens reveladas, informou os EUA de que «a aceitação de refugiados iraquianos fazia parte do seu contributo.»
O fundador de WikiLeaks disse que é uma «desgraça» que os EUA recusem acolher refugiados sírios, porque é Washington quem deveria ser responsabilizado pelas centenas de milhares de pessoas que chegam à Europa e que estão a fazer com que estados europeus fechem fronteiras entre si.
«A situação surge em resultado das políticas dos EUA, Grã-Bretanha e França no Médio Oriente, juntamente com o comportamento dos seus aliados regionais no Médio Oriente – Qatar, Turquia, Jordânia e Israel … e Arábia Saudita», disse.
Os documentos interceptados, já publicados por WikiLeaks, revelaram que os EUA vêm conspirando para derrubar o governo sírio desde 2006, assinalou Assange.
«Tentaram tornar ‘paranóico’ o governo sírio, procurando que reagisse de forma desproporcionada ao clima criado de medo e paranóia; procurando que estivesse sempre temendo golpes; procurando agudizar tensões sectárias entre sunitas e shiitas…procurando deter o investimento estrangeiro na Síria e financiando secretamente também uma diversidade de ONG’s instaladas na Síria para provocar confusão, utilizando os sauditas e o Egipto para ajudar em tudo isto,» disse.
Entretanto, quaisquer tentativas de Assad de combater o terrorismo e a expansão do Estado Islâmico era apresentadas como sinais de fraqueza e «exemplos de como o governo sírio não dispunha de efectivo controlo sobre o seu território, a fim de encorajar o derrube do governo», acrescentou.
Assange sublinhou que o povo americano nada tem a ganhar com o conflito sírio, e que apenas «as facções privadas que o impulsionaram» pode acreditar que iram ter algum benefício final.
«A CIA, evidentemente, sabe que beneficia dele. Criam um problema e depois recebem um orçamento acrescido para resolver o problema. E acontece da mesma forma com os que recebem contratos, os negociantes de armamento e os fabricantes de armas. Se não existe problema os seus orçamentos reduzem-se. Portanto, criam problemas,» explicou Assange.
Com a ingerência na Síria, Washington visou também «uma estratégia de largo alcance para enfraquecer o Hezbollah, para permitir a Israel um ainda maior controlo dos Montes Golan, e talvez também uma zona tampão; para derrubar a Síria, aliado regional do Irão; para eliminar a última base russa que resta fora da antiga União Soviética, em Tartus; para criar um percurso para um gasoduto cujo trajecto proposto vem do Qatar para a Arábia Saudita e daí através da Síria em direcção à Europa, e que irá competir com o gás russo», acrescentou Assange.
A interferência dos EUA na Síria provocou que esta se afundasse desde 2011 num conflito sangrento. Mais de 220 000 pessoas foram mortas, segundo estimativas da ONU. As forças governamentais têm combatido no decurso do conflito diversos grupos armados, incluindo a chamada “oposição moderada” apoiada pelo ocidente, e os grupos terroristas Jabhat al-Nusra e o jihadista ISIL.
Em finais de Setembro a Rússia iniciou, a pedido do Presidente Bashar Assad, ações de bombardeamento aéreo contra os terroristas na Síria, permitindo às forças governamentais desencadear uma ofensiva de larga escala, e indiciando um ponto de viragem no conflito.

ODiario.info



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