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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Para perceber porque luta o povo da Catalunha (13),  (14) e (15) António Jorge
Para perceber porque luta o povo da Catalunha (13)
Foto de António Jorge.Para perceber porque luta o povo da Catalunha (13)     Guerra Civil na Catalunha
Catalunha na Guerra Civil Espanhola, Portugal na Guerra Civil Espanhola, País Basco... na Guerra Civil Espanhola, e Andorra durante a Guerra Civil Espanhola.
Vários factores explicam o início da chamada Guerra Civil em Espanha.
Em primeiro lugar está a impossibilidade de estabelecer uma República.
Ao longo do século XIX a Espanha desatou-se em três guerras que não conseguiram liberalizar e modernizar o país.
A Revolução Industrial entrou tarde e no início de século XX os progressos na economia não se tinham refletido nas condições sociais de vida do povo.
A crise de 1929 nos Estados Unidos, contribuiu para enfraquecer ainda mais a economia da Europa, que apenas tinha acabado de passar por uma longa guerra de quatro anos. Contudo o fascismo começou a subir e Hitler não demorou a entrar no governo alemão.
Em Espanha o nacionalismo espanhol radicalizou-se virando para o lado fascista.
Não se aceitava de nenhuma das maneiras que a Catalunha e o País Basco pudessem se governar a eles próprios.
As tentativas de criar uma República federada que soubesse incorporar as nações catalã, basca e castelhana fracassavam num contexto político altamente tenso.
Isso veio revoltar a direita contra o governo republicano que tinha iniciado uma tímidas reforma agrária e progressistas, tais como o sufrágio eleitoral feminino.
Mas as reformas não eram aceites pelas classes que dominavam desde a monarquia, tais como os latifundiários, Igreja Católica e elite agrária.
O golpe de Estado falhado de Sanjurjo que pretendia acabar com as reivindicações catalãs deu pê a um novo golpe de Estado no dia 18 de julho de 1936.
Comandado pelo general Francisco Franco, futuro ditador fascista, a Espanha, País Basco e Catalunha entram em guerra.
Uma guerra de caráter internacional, pois será o mecanismo de ensaio da Segunda Guerra Mundial por parte da Alemanha nazi.
Efetivamente o ditador italiano, Benito Mussolini, e o alemão, Adolf Hitler, assim como outros países fascistas, resolvem ajudar o golpe militar fascista em Espanha.
Durante 3 anos a guerra condena a morte milhões de pessoas e obriga a mais de meio milhão de pessoas a pedir refúgio no estrangeiro.
O destino principal foi a França e Andorra. As nações catalã e basca colocam-se do lado republicano, enquanto que em Castela de forma geral o fascismo ocupa quase todo o território.
Ainda que houvesse fascistas na Catalunha e que a própria população catalã se defrontasse com ela, o panorama político deixou evidente as grandes diferenças que existem entre as nações castelhana, basca e catalã.
Os partidos comunistas catalães resolveram unir-se sob o Partit Socialista Unificat de Catalunya (do catalão, Partido Socialista Unificado da Catalunha), enquanto que os outros partidos políticos uniram-se no Comitè de Milícies Antifeixistes (do catalão Comité de Milícias Antifascistas).
A comunidade internacional decidiu não intervir e não ajudou a República Espanhola.
Optou-se por uma posição de neutralidade, tal como foi o caso durante a invasão das repúblicas atuais Checa e Eslováquia pelos nazis.
Esta falta de ação intencional que devia supostamente evitar uma segunda guerra mundial, provocou precisamente o contrário.
Hitler, por exemplo, provou a sua capacidade militar na aldeia de Guernica, no País Basco, que foi bombardeada pela aviação nazi de Hitler e de Mussoline durante 3 horas.
Pablo Picasso denunciou naquela altura a situação de guerra e de desprezo sofrido com sua pintura de mesmo nome que da aldeia, Guernica.
Apesar da neutralidade internacional, houve voluntários de países a participar na guerra. As Brigadas Internacionais trouxeram soldados britânicos e americanos. George Orwell, escritor e célebre pela sua obra 1984, veio participar e defender a República e os valores republicanos.
O rio Ebro representou o ponto decisivo da guerra.
A Catalunha foi o último território a resistir a ofensiva fascista e na Batalha do Ebro não resistiu por mais tempo.
O governo catalão foi obrigado a refugiar em França.
Então o fascismo entra vitorioso em Espanha e proclama uma ditadura cruel chefiada por Francisco Franco.     A ditadura franquista foi uma das mais repressivas da Europa, ao mesmo nível que o nazismo de Hitler e de Mussolini em Itália.             continua...
Para perceber porque luta o povo da Catalunha (14)
Foto de António Jorge.Para perceber porque luta o povo da Catalunha (14)   Ditadura franquista
Pós-guerra e Segunda Guerra Mundial    Terror Branco (Espanha) e Cronologia da repressão contra a língua catalã
O ditador Franco mandou construir um mausoléu que ainda está em pé e é exaltado cada ano por fascistas espanhóis no chamado dia da hispanidade; celebração marcada pelo ditador como Dia da Raça.
O após-guerra foi fatídico para os catalães.
A Europa entrou na guerra e Hitler conseguiu ganhar posições em grande parte da Europa, até mesmo invadir o norte da França.
Esta situação teve consequências catastróficas para o continente europeu que se encontrou em pouco tempo quase todo sob regime fascista.
Logo após à guerra, Franco arranja maneira de ocupar o seu cargo de forma vitalícia.
Os catalães refugiados escolhem a França, Andorra, América ou México e a URSS para aqueles que simpatizam com o comunismo.
Mas a entrada dos nazis em França fez com que os campos de acolhimento franceses se tornassem em campos de trabalho e concentração.
Franco também construiu campos de concentração e foram milhões os catalães a morrerem em campos nazis ou franquistas.
O regime de Francisco Franco impôs a censura e a exterminação da oposição.
Foi particularmente duro para com os catalães e bascos, porque pretendeu exterminar qualquer sinal identitário catalão e basco.
As empresas catalãs foram boicotadas e sabotadas. Entraram em recessão. A economia entrou numa fase de paralisia.
Fome, corrupção, proibições energéticas, paragem industrial e crescimento do mercado negro.
Aqueles catalães que conseguiram fugir do regime tentaram combatê-lo a partir da França, nomeadamente através de guerrilhas chamadas "maquis".
Outros resolveram combater o fascismo alemão ajudando a resistência francesa. Lluís Companys, presidente do governo catalão, foi detido pela polícia alemã quando o nazismo conseguiu invadir a França.
Entregue ao fascismo espanhol, será julgado no castelo de Montjuïc e condenado à morte, onde terá pronunciado "visca Catalunya" (em catalão, viva a Catalunha).
O governo catalão no exílio na França tentou fazer valer os direitos da Catalunha sem grande sorte. Josep Irla foi escolhido presidente no exílio.
Outro dos grandes objetivos do franquismo foi eliminar o catalão e toda amostra de catalanidade.
Para isso a propaganda foi posta ao serviço do fascismo. Houve censura de toda publicação em língua catalã.
Falar catalão era motivo de pena de morte. Nas ruas os cartazes obrigavam as pessoas a "falar a língua do império" (o castelhano).
A escola foi usada para castelhanizar os bascos e catalães.
As ruas, nomes próprios e outras denominações foram castelhanizadas à força.
O língua catalã foi proibida nas universidades e escolas, perseguida no âmbito intelectual.       Grandes intelectuais catalãs foram assassinados.       continua...
Para perceber porque luta o povo da Catalunha (15)
Foto de António Jorge.
Foto de António Jorge.Para perceber porque luta o povo da Catalunha (15)    Guerra Fria
A Guerra Fria, acabaria por provocar a melhoria as condições económicas, mas não políticas, durante os anos 1960. Devido ao confronto leste e oeste, vários países em ditadura foram apoiados por um lado ou outro, podendo entrar em guerra.No caso do franquismo, este abriu-se ao capitalismo após os EUA instalarem em 1953 bases militares em Espanha. Aproveitando a situação de guerra, o ditador espanhol auto-proclamou-se sentinela de Ocidente numa tácita de afastamento premeditado contra o comunismo e que pagou, embora houvessem redes de resistência comunistas em Espanha.
A liberalização do comércio, a entrada de capital estrangeiro, o restabelecimento do mercado de divisas,... transformou a Catalunha. A economia catalã diversifica-se e vê aparecer o turismo de massas.  O urbanismo especulativo fez crescer casas e edifícios como cogumelos.  Apareceram os primeiros automóveis, as primeiras televisões, o cinema (censurado), novos interiores,... Tudo sob um regime autoritário e militarizado que condenava à morte todo aquele que não pensa como ele. Mesmo assim, estas transformações também mudaram a mentalidade dos catalães e isso deu ares a todos aqueles que resistiam contra a ditadura.
Resistência anti-franquista
Os anos 60 do século passado, e sobretudo os de 1970, são considerados como o ponto de retrocesso da ditadura.
Em 1959 a resistência anti-franquista decide finalmente sair a rua e não se esconder mais.
A partir deste momento a oposição ao regime é cada dia mais visível e isso faz incrementar a repressão policial na sociedade espanhola.
Os Fets del Palau de la Música marcam, neste sentido, o início do fim do medo. O dia 19 de maio de 1960 é celebrada uma homenagem ao poeta catalão Joan Margall no Palau de la Música.
O regime proíbe os assistentes de cantarem El cant de la Senyera, poema de Joan Margall. Mas o público desobedece e a subsequente repressão não passa desapercebida. Entre os detidos está o futuro presidente da Catalunha, Jordi Pujol.
Apenas uns anos depois o caso do padre Escarré enterra o regime causando grande desconcerto dentro do fascismo espanhol.
A Igreja Católica tinha dado apoio ao regime franquista, mas no dia 14 de novembro de 1963 o padre Escarré publica um artigo no jornal francês Le Monde onde critica abertamente o regime e defende os direitos da nação catalã.
O padre é condenado ao exílio mas marca outro precedente porque coloca um membro da Igreja Católica contra o regime que tinha usado o nacional-catolicismo como ideologia de estado e de governação.
Os jovens começam a perder medo e pouco a pouco saem também a rua.
O regime resolve tentar parar a situação com torturas sistemáticas.
Mas as publicações clandestinas têm cada vez mais apoio.
Foi neste contexto que se criou a Gran Enciclopèdia Catalana. Os membros dos partidos políticos em clandestinidade aumentam a produção da música em catalão, que começa a representar uma forma de resistência ao regime.
Em 1961, por exemplo, a criação do grupo de música catalão Setze Jutges marca o início da Nova Cançó (do catalão, Nova Canção). A Nova Cançó foi o nome que se deu o renascimento do catalão no âmbito musical.
Proibido durante anos, o catalão foi revitalizado através da música rock. Deste período destaca-se o grupo SAU e a sua canção “Boig per tu”.
A ETA, o grupo armado independentista de mesmo estilo que o IRA, e a FRAP (Front Revolucionari Antifeixista) são perseguidos pelo franquismo que não os consegue calar.
A resistência já não tem só lado pacífico, mas passou também a exercer-se pelas armas.
Em 1975 morre o ditador e a Espanha caminha progressivamente durante os últimos anos da década dos 1970 para uma democracia.
A monarquia é restaurada e os militares espanhóis alojados no Sáhara são obrigados a sair com pressa depois do fim da ditadura em portuguesa, aliada de Franco, devido à vitória da revolução portuguesa do 25 de abril de 1974.
Os últimos residuos do fascismo europeu, o regime franquista e salazarista, têm os dias contados.
Numa última tentativa de impor medo, Salvador Puig Antich, um jovem catalão e antifascista, é condenado em 1974 a pena de morte com o método de garrote vil.
A Transição Democrática ou simplesmente Transição é o nome que refere o período que se estende da morte do ditador Francisco Franco até à restauração da monarquia sob regime parlamentar.
Durante este período o regime fascista tenta resistir como pode.
Em 1973, por exemplo, Luís Carrero Blanco, chefe militar e segundo cabecilha do franquismo, é escolhido pelo regime como Presidente de Governo com a finalidade de suceder ao ditador.
Mas Franco, que se intitulava como tutor da monarquia espanhola, desejava que o seu sucessor fosse o rei Juan Carlos de Bourbon, cuja família vivia no exílio em Portugal.
O ditador tinha-o educado durante a sua infância para que este continuasse o seu trabalho uma vez chegasse à idade adulta.
O ditador encontrava-se mal de saúde e no dia 20 de novembro de 1975, morre acamado.
Dois dias depois Juan Carlos é proclamado pelo regime como seu sucessor, pois a tentativa de colocar Luís Carrero Blanco no poder faliu depois que a ETA o assassinasse num atentado.
A 21 de maio de 1976 é restabelecido provisoriamente o Estatuto de Autonomia da Catalunha de 1932 e restabelecido também, provisoriamente o governo da Generalidade da Catalunha.
O rei delega em Adolfo Suarez a presidência do governo espanhol em 3 de julho de 1976.
Em 15 de dezembro de 1976, com a aprovação da Lei de Reforma Política, a Constituição espanhola começa a ser elaborada e no mês seguinte começam a ser entregues expedientes de legalização de diversos partidos políticos.
Ao mesmo tempo que em Andorra, se inicia uma primeira revolta paralela que permite a sua autodeterminação em 1994.             continua...
(Enviado por João Fróis)

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