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Publicado em: http://www.mintpressnews.com/witnesses-of-gas-attack-say-saudis-supplied-rebels-withchemical-
weapons/168135/
Tradução do inglês de PAT
Colocado em linha em: 2013/09/09
Sírios, em Ghouta, afirmam que as
armas para o ataque químico foram
fornecidas aos rebeldes pelos sauditas
Rebeldes e residentes locais, em Ghouta, acusam o príncipe saudita
Bandar bin Sultan de fornecer armas químicas a um grupo rebelde
ligado à al-Qaida
Dale Gavlak e Yahya Ababneh *
29 de agosto de 2013
Esclarecimento: Dale Gavlak participou no processo de investigação e escrita deste artigo,
mas não esteve no terreno, na Síria. O repórter Yahya Ababneh, com quem o relatório foi
escrito, em colaboração, era o correspondente no terreno, em Ghouta, que falou diretamente
com os rebeldes, os seus familiares, vítimas dos ataques com armas químicas e moradores
locais.
Gavlak é um correspondente do “MintPress News Middle East”, que foi “freelancer” para a
AP, assim como correspondente em Amã, Jordânia, durante quase uma década. Este
relatório não é um artigo da “Associated Press”, mas sim um exclusivo para “MintPress
News”.
Ghouta, Síria – Enquanto a máquina para uma intervenção militar dos EUA na Síria
ganha ritmo, após o ataque de armas químicas da semana passada, os EUA e os seus
aliados podem estar a assumir como alvo o culpado que o não é.
Entrevistas em Damasco e Ghouta, um subúrbio da capital síria, onde a agência
humanitária Médicos Sem Fronteiras disse que, pelo menos, 355 pessoas morreram
na semana passada, devido ao que acreditaram ser um agente neurotóxico, parecem
indicar isso.
Os EUA, a Grã-Bretanha e a França, assim como a Liga Árabe acusaram o regime
sírio do presidente Bashar al-Assad de executar o ataque com armas químicas, que
atingiu principalmente civis. Navios de guerra dos EUA estão estacionados no Mar
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Mediterrâneo para lançar ataques militares contra a Síria, como punição por executar
um ataque maciço com armas químicas. Os EUA e os outros não estão interessados
em examinar qualquer prova em contrário, com o secretário de Estado John Kerry a
dizer, na segunda-feira, que a culpa de Assad era "um julgamento ... já claro para o
mundo".
Contudo, de numerosas entrevistas com médicos, residentes em Ghouta,
combatentes rebeldes e suas famílias emerge um quadro diferente. Muitos acreditam
que certos rebeldes receberam armas químicas por via do chefe da polícia secreta
saudita, príncipe Bandar bin Sultan, e foram responsáveis pela execução do ataque
com gás.
"O meu filho procurou-me há duas semanas para me perguntar o que eu pensava
que eram as armas que lhe tinham pedido para transportar", disse Abu Abdel-
Moneim, o pai de um combatente rebelde, para derrubar Assad, que vive em Ghouta.
Abdel-Moneim disse que o seu filho e 12 outros rebeldes foram mortos dentro de um
túnel utilizado para armazenar armas fornecidas por um militante saudita, conhecido
como Abu Ayesha, que estava a comandar um batalhão de combate. O pai descreveu
as armas como tendo uma "estrutura como um tubo", enquanto outras eram como
uma "enorme garrafa de gás".
Os habitantes de Ghouta disseram que os rebeldes estavam a usar mesquitas e casas
particulares para dormir, enquanto armazenavam as suas armas em túneis.
Abdel-Moneim disse que o seu filho e outros morreram durante o ataque com armas
químicas. Naquele mesmo dia, o grupo de combate Jabhat al-Nusra, que está ligado à
al-Qaida, anunciou que atacaria da mesma forma civis, no centro do território de
Latáquia do regime de Assad, na costa ocidental da Síria, em alegada retaliação.
"Eles não nos disseram o que eram estas armas ou como utilizá-las", queixou-se
uma combatente, nomeada "K". "Nos não sabíamos que eram armas químicas.
Nunca imaginámos que fossem armas químicas".
"Quando o príncipe saudita Bandar dá tais armas às pessoas, também lhes deve dar
quem saiba manejá-las e utilizá-las", advertiu ela. Tal como outros sírios, ela não
quer usar os seus nomes completos, com medo de represálias.
Um bem conhecido líder rebelde em Ghouta, nomeado "J", concordou. "Os
combatentes do Jabhat al-Nusra não cooperam com outros rebeldes, exceto em
combate no terreno. Eles não partilham informação secreta. Utilizam simplesmente
alguns rebeldes comuns para carregar e operar este material", disse ele.
"Nós estávamos muito curiosos acerca destas armas. E, infelizmente, alguns dos
combatentes manusearam-nas inadequadamente e começaram as explosões", disse
"J".
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Médicos que trataram as vítimas do ataque de armas químicas aconselharam os
entrevistadores a serem cautelosos acerca de perguntas respeitantes a quem,
exactamente, cabia a responsabilidade pelo assalto mortal.
O grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras acrescentou que trabalhadores da
saúde a cuidar de 3.600 pacientes também relataram ter sintomas semelhantes,
incluindo espuma na boca, dificuldades respiratórias, convulsões e visão turvada. O
grupo não foi capaz de verificar a informação de modo independente.
Mais de uma dúzia de rebeldes entrevistados relataram que os seus salários vêm do
governo saudita.
Envolvimento saudita
Num recente artigo para o Business Insider, o repórter Geoffrey Ingersoll destacou o
papel do príncipe saudita Bandar nos dois anos e meio da guerra civil síria. Muitos
observadores acreditam que Bandar, com os seus laços estreitos a Washington, tem
sido o cerne do impulso para a guerra dos EUA contra Assad.
Ingersoll referiu-se a um artigo do Daily Telegraph, no Reino Unido, acerca de
conversações secretas russo-sauditas, alegando que Bandar ofereceu petróleo barato
ao presidente Vladimir Putin, em troca do abandono de Assad.
"O príncipe Bandar comprometeu-se a salvaguardar a base naval russa na Síria se
o regime de Assad fosse derrubado, mas também aludiu a ataques terroristas
chechenos aos Jogos Olímpicos de Inverno na Rússia, em Sochi, se não houvesse
acordo", escreveu Ingersoll.
"Posso dar-lhe uma garantia de proteger os Jogos Olímpicos, no próximo ano. Os
grupos chechenos que ameaçam a segurança dos jogos são controlados por nós",
disse alegadamente Bandar aos russos.
"Juntamente com responsáveis sauditas, os EUA, alegadamente, deram ao chefe da
inteligência saudita o sinal de aprovação para efetuar estas conversações com a
Rússia, o que não é nenhuma surpresa", escreveu Ingersoll.
"Bandar tem uma educação americana, tanto militar como académica, atuou como
um embaixador saudita altamente influente nos EUA e a CIA adora-o", acrescentou.
Segundo o jornal britânico Independent, foi a agência de inteligência do príncipe
Bandar que, primeiro, produziu alegações sobre a utilização de gás sarin pelo regime,
para chamar a atenção dos aliados ocidentais, em fevereiro.
O Wall Street Journal informou recentemente que a CIA percebeu que a Arábia
Saudita era "séria" acerca do derrube de Assad, quando o rei saudita nomeou o
príncipe Bandar para liderar esse esforço.
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"Eles acreditam que o príncipe Bandar, um veterano das intrigas diplomáticas de
Washington e do mundo árabe, podia entregar aquilo que a CIA não podia: cargas
aéreas de dinheiro e armas e, como disse um diplomata americano, intermediação
[wasta], a palavra árabe para negócios por baixo da mesa", disse.
Bandar tem avançado como principal objetivo de política externa da Arábia Saudita,
informou o WSJ, derrotar Assad e os seus aliados iranianos e do Hezbollah.
Com esse objectivo, Bandar trabalhou Washington no sentido de criar um programa
para armar e treinar rebeldes a partir de uma planeada base militar na Jordânia.
O jornal relata que ele se deparou com "a inquietação dos jordanos com tal base":
«As suas reuniões em Amã com o rei Abdullah, da Jordânia, por vezes demoravam
oito horas, numa única sessão. “O rei brincaria: ‘Oh, o Bandar vem outra vez?
Vamos reservar dois dias para a reunião’, disse uma pessoa habituada às reuniões».
A dependência financeira da Jordânia em relação à Arábia Saudita deve ter dado aos
sauditas uma forte influência. Um centro de operações na Jordânia começou a
funcionar no Verão de 2012, incluindo uma pista de aviação e armazéns para armas.
As AK-47s e as munições encomendadas pelos sauditas chegaram, informou o WSF,
citando responsáveis árabes.
Embora a Arábia Saudita tenha sustentado oficialmente que apoiava os rebeldes mais
moderados, o jornal informou que "fundos e armas estavam a ser canalizados para
o lado dos radicais, simplesmente para conter a influência de islamistas rivais
apoiados pelo Qatar".
Mas rebeldes entrevistados disseram que o príncipe Bandar é referido como "al-
Habib" ou "o amado" pelos militantes da al-Qaida que combatem na Síria.
Peter Oborne, no Daily Telegraph de quinta-feira, referiu com cautela que a corrida
de Washington para punir o regime Assad com os chamados ataques "limitados" não
significava derrubar o líder sírio, mas sim reduzir a sua capacidade de utilizar armas
químicas:
«Considere-se isto: os únicos beneficiários da atrocidade foram os rebeldes, que
estavam a perderem a guerra e que, agora, têm a Grã-Bretanha e a América
prontas a intervirem ao seu lado. Embora pareça haver poucas dúvidas de que
foram utilizadas armas químicas, há dúvidas acerca de quem as disponibilizou.
É importante recordar que, antes, Assad foi acusado de utilizar gás venenoso contra
civis. Mas, naquela ocasião, Carla del Ponte, comissária da ONU para a Síria,
concluiu que os rebeldes, e não Assad, foram provavelmente os responsáveis».
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