Translate

quarta-feira, 21 de junho de 2023

sábado, 17 de junho de 2023

LEONARDO BOFF

 

Do caos mundial, uma nova ordem?

 

Por LEONARDO BOFF*

A contribuição do prêmio Nobel de Química em 1977, o russo-belga Ilya Prigogine, que recusa a ideia de que tudo termina no pó cósmico

Como poucas vezes na história geral da humanidade, possível de ser datada, constatamos uma situação de caos em todas as direções e em todas as esferas da vida humana, da natureza e do planeta Terra como um todo. Há prenúncios apocalípticos que vêm sob o nome do Antropoceno (o ser humano é o grande meteoro ameaçador da vida), do Necroceno (morte massiva de espécies de vida) e ultimamente do Piroceno (os grandes incêndios em várias regiões da Terra), tudo da irresponsável ação humana e como consequência do novo regime climático irrefreável, e não em último lugar, o risco de uma hecatombe nuclear a ponto de exterminar toda a vida humana.

Não obstante o enorme avanço das ciências da vida e da terra, principalmente do mundo virtual e da Inteligência Artificial (IA) não reina otimismo, mas pessimismo e preocupação séria sobre o eventual fim de nossa espécie. Muitos jovens se dão conta de que, ao se prolongar e ao se agravar o atual curso da história, não terão um futuro apetecível. Engajam-se corajosamente num movimento já planetário de salvaguarda da vida e do futuro de nossa Casa Comum, como o faz prototipicamente a jovem Greta Thunberg.

Não deixa de soar pesadamente a advertência do Papa Francisco em sua encíclica Fratelli tutti (2020): “Estamos todos no mesmo barco; ou nos salvamos todos ou ninguém se salva” (n. 32).

É neste contexto que cabe refletir sobre a contribuição oferecida por um dos maiores cientistas atuais, já falecido, o russo-belga Ilya Prigogine, prêmio Nobel de Química em 1977, com sua vasta obra mas principalmente em O fim das certezas (Unesp,1996). Ele e sua equipe criaram uma nova ciência, a física dos processos de não-equilíbrio, quer dizer, em situação caótica.

Em sua obra coloca em xeque a física clássica com suas leis determinísticas e mostra que a flecha do tempo não volta para trás (irreversibilidade) e aponta para probabilidades e nunca para certezas. A própria evolução do universo se caracteriza por flutuações, desvios, bifurcações, situações caóticas, como a primeira singularidade do big bang, geradora de novas ordens. Enfatiza que o caos nunca é só caótico. Ele alberga uma ordem escondida que, dadas certas condições, ela irrompe e dá início a um outo tipo de história. O caos, portanto, pode ser generativo, pois, do caos surgiu a vida afirma Ilya Prigogine.

Nesse cientista que era também um grande humanista, encontramos algumas reflexões que não são soluções, mas inspirações para desbloquear nosso horizonte sombrio e catastrófico. Pode gerar alguma esperança no meio do pessimismo generalizado de nosso mundo, hoje planetarizado, a despeito da luta pela hegemonia do processo histórico, unipolar (EUA) ou multipolar (Rússia, China e os BRICS).

Ilya Prigogine parte dizendo que o futuro não está determinado. “A criação do universo é antes de tudo uma criação de possibilidades, as quais algumas se realizam, outras não”. O que pode acontecer está sempre em potência, em suspensão e em estado de flutuação. Assim ocorreu na história das grandes dizimações ocorridas há milhões de anos no planeta Terra. Houve épocas, especialmente, quando ocorreu a rompimento da Pangeia (o continente único) que se partiu em partes, originando os vários continentes. Cerca de 75% da carga biótica desapareceu. A Terra precisou de alguns milhões de anos para refazer a sua biodiversidade.

Vale dizer, daquele caos surgiu uma nova ordem. O mesmo cabe para as 15 grandes dizimações que nunca conseguiram exterminar a vida na Terra. Antes, ocorreu em seguida um salto qualitativo e uma ordem superior. Assim aconteceu com a última grande extinção em massa acontecida há 67 milhões de anos que levou todos os dinossauros, mas poupou o nosso ancestral que evoluiu até atingir o estágio atual de sapiens sapiens ou, realisticamente, sapiens e demens.

Ilya Prigogine desenvolveu o que ele chamou de “estruturas dissipativas”. Elas dissipam o caos e mesmo os dejetos transformando-os em novas ordens. Assim, numa linguagem pedestre, do lixo do sol – os raios que se dispersam e chegam a nós – surge quase toda a vida no planeta Terra, especialmente permitindo a fotossíntese das plantas que nos entregam o oxigênio sem o qual ninguém vive. Essas estruturas dissipativas transformam a entropia em sintropia. O que é deixado de lado e caótico é retrabalhado até formar uma ordem nova. Desta forma, não iríamos ao encontro da morte térmica, um colapso total de toda a matéria e energia, mas de ordens cada vez mais complexas e altas até à uma suprema ordem, cujo sentido último nos é indecifrável. Ilya Prigogine recusa a ideia de que tudo termina no pó cósmico.

Como consequência, Ilya Prigogine é otimista face ao caos atual, inerente ao processo evolucionário. Nesta fase, cabe ao ser humano a responsabilidade de, ao conhecer o dinamismo da história em aberto, assumir decisões que deem prevalência ao caos generativo e fazer valer as estruturas dissipativas que põem um freio à ação letal do caos destrutivo.

“Cabe ao homem tal qual é hoje, com seus problemas, dores e alegrias, garantir que sobreviva ao futuro. A tarefa é encontrar a estreita via entre a globalização e a preservação do pluralismo cultural, entre a violência e a política, e entre a cultura da guerra e a da razão”. O ser humano comparece como um ser livre e criativo e poderá transformar-se e transformar o caos em cosmos (ordem nova).

Tal parece ser o desafio atual face ao caos que nos assola. Ou tomamos consciência de que sobre nós recai a responsabilidade de querermos continuar sobre este planeta ou permitir, por nossa irresponsabilidade, um Amagedon ecológico-social. Seria o trágico fim de nossa espécie.

Alimentamos com Ilya Prigogine a esperança humana (e também teológica) de que o atual caos representa uma espécie de parto, com as dores que o acompanha, de uma nova forma de organizar a existência coletiva da espécie humana dentro da única Casa Comum, incluindo toda a natureza sem a qual ninguém sobreviveria. Se grande é o risco, dizia um poeta alemão, grande também é a chance de salvação. Ou nas palavras das Escrituras: “Onde abundou o pecado (caos), superabundou a graça” (Nova ordem: Rm 5,20). Assim esperamos e assim o queira o Deus.

*Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor. Autor, entre outros livros, de Habitar a Terra: qual o caminho para a fraternidade universal (Vozes).

Publico com algumas discordãncias

 

Sobre a chamada Plataforma Mundial Anti-Imperialista e sua posição danosa e desorientadora

12.06.23
Secção de Relações Internacionais do CC do KKE
 
 

[...] Rússia, onde monopólios gigantes (Gazprom, Rosneft, Lukoil, Rosatom, Sberbank, Norilsk Nickel, Rosvooruzhenie, Rostec, Rusal, etc.) exploram milhões de trabalhadores, não só na Rússia, mas também nas ex-repúblicas soviéticas, na Comunidade de Estados Independentes (CEI), na África, na América do Sul, na Europa, no Oriente Médio, no Golfo Pérsico, etc.

 
 

Sem título.jpg

A eclosão da guerra imperialista na Ucrânia agudizou as contradições dentro do movimento comunista internacional em torno de graves questões político-ideológicas que o assolam há anos e exprimem a influência oportunista nas suas fileiras. Naturalmente, o foco estava na postura em relação ao caráter imperialista da guerra que está a ser travada entre os EUA-NATO-UE e a Rússia capitalista no território da Ucrânia, a postura em relação à burguesia e aos seus representantes políticos, como a social-democracia, as análises problemáticas do sistema imperialista e a posição da China e da Rússia, e outras questões, mais profundamente ligadas à questão da estratégia errónea de etapas em direção ao socialismo, de apoio e participação em governos burgueses.
 
Nessas circunstâncias, nas vésperas do 22º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO), realizado em Havana em outubro passado, surgiu em Paris uma nova organização internacional chamada "Plataforma Mundial Anti-Imperialista" (PMAI), que já organizou uma série de atividades em Belgrado, Atenas e, recentemente, em Caracas, organizada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) no governo. O evento na Venezuela coincidiu com o ataque antipopular lançado pelo governo social-democrata do PSUV contra a classe trabalhadora e as camadas populares da Venezuela, no momento em que chegou a acordos com a oposição de direita e os EUA, intensificando os ataques anticomunistas e as ações subversivas contra o PC da Venezuela.
 
É importante observar quais forças o compõem, bem como as principais posições problemáticas da PMAI.
 
 
Uma amálgama peculiar de forças políticas
 
Uma amálgama de forças políticas está envolvida nas atividades da PMAI, onde forças social-democratas, como o já mencionado PSUV e uma organização sul-coreana (Partido da Democracia Popular) que surgiu do nada, desempenham o papel principal, juntamente com alguns partidos comunistas e operários, como o Partido dos Trabalhadores Húngaro, o Partido Comunista (Itália), o Novo Partido Comunista da Jugoslávia, o Partido Comunista dos Trabalhadores Russos (PCOR), o Partido Comunista Libanês, o Partido Comunista Maoísta da Grã-Bretanha (M-L), o Polo do Renascimento Comunista na França, etc.
 
Além disso, como denunciou o Partido Comunista do México [1], até mesmo forças políticas nacionalistas, racistas e reacionárias participaram nos eventos em Caracas. Tais foram, por exemplo, a organização nacionalista espanhola "Vanguardia Española", cujas raízes remontam ao filósofo nacionalista Gustavo Bueno, que foi um ativo combatente falangista e apoiante do ditador fascista Franco na década de 1950. A "Vanguardia Venezolana" (Vanguarda Venezuelana) é da mesma laia.
 
Duas organizações desconhecidas da Grécia, desprovidas de ação de massas e base social, participam na PMAI: o "Coletivo de Luta pela Unificação Revolucionária da Humanidade" (D. Patelis) e a "Plataforma para a Independência" (V. Gonatas), que ultimamente têm sido marcadas por uma intensificação dos sentimentos anti-KKE, muitas vezes optando pela ladeira escorregadia de ataques provocatórios via Internet.
 
 
O imperialismo como uma "situação anormal" que pode ser remediada…
 
A PMAI apresenta um quadro completamente inverso da realidade global que estamos a viver. Das suas análises, não podemos entender que vivemos no sistema capitalista, uma vez que o conceito de capitalismo foi banido de todas as declarações relacionadas (por exemplo, a Declaração de Paris – fundadora - e os materiais da recente reunião de Caracas).
 
Permitam-nos abrir aqui um parêntesis, pois, nota-se que, na tradução grega da Declaração de Paris, a palavra "capitalista" foi acrescentada num ponto antes de "imperialista", algo que não aconteceu nas versões inglesa, espanhola e francesa deste documento. Parece que o tradutor grego tentou encobrir arbitrariamente esta afirmação em particular, o que, naturalmente, não altera a sua substância.
 
Ao mesmo tempo, há um uso indevido das palavras "imperialismo", "imperialistas" e "anti-imperialismo" nos materiais da PMAI. Assim, o imperialismo, que segundo Lenine é o capitalismo monopolista, é tratado de forma distorcida simplesmente como uma política externa agressiva, desligada da sua base económica (os monopólios e a economia capitalista de mercado) e da sua essência de classe como poder da burguesia.
 
Não é coincidência, portanto, que o derrubamento revolucionária do poder burguês não surja nas posições da PMAI, e que a luta pelo socialismo tenha sido abandonada e substituída pelo objetivo da soberania nacional e de uma nova arquitetura financeira global, sem sanções e guerras comerciais, para "derrubar o sistema colonial que traz instabilidade, pobreza e violação dos direitos humanos às massas via opressão política, saque económico e coerção militar".
 
Em todas as suas afirmações, a identificação do conceito de imperialismo com a potência mais forte do sistema imperialista internacional até hoje, ou seja, os EUA, é reveladora. Mesmo quando se faz referência a outras uniões imperialistas, como a UE, a NATO, o FMI, o Banco Mundial, etc., assume-se que estamos a lidar com "interesses imperiais dos EUA". Dessa forma, como num passe de mágica, escondem-se as responsabilidades e os interesses próprios das classes burguesas dos demais Estados capitalistas, que não os EUA, que participam nessas alianças. Assim, os EUA são apresentados distorcidamente como um império de um sistema colonial moderno, onde todos os Estados aliados a ele são seus subordinados.
 
Pelo contrário, considera-se que "Rússia e China não são potências imperialistas agressivas" e juntamente com outras, como Coreia do Norte e Irão, são apresentadas como "anti-imperialistas", que, também com os governos ditos progressistas da América Latina, resistem ao imperialismo.
 
Além disso, vemos que qualquer abordagem classista é abandonada, enquanto são elogiadas várias uniões regionais, "como a ALBA e a CELAC", basicamente envolvendo Estados capitalistas, mas que a PMAI acredita que "reunirão as nações oprimidas da América Latina”.
Finalmente, no que diz respeito à guerra imperialista na Ucrânia, a PMAI considera que se trata de um ato de agressão dos EUA, que estão a usar a Ucrânia para atacar... a Rússia e a  China "anti-imperialistas".
 

Sem título1.jpg

  
Breve crítica às posições básicas da PMAI
 
1. O que é imperialismo e quem é anti-imperialista? Hoje em dia vemos que o conceito de imperialismo é usado até por representantes das classes burguesas, com um a chamar "imperialista" ao outro, como fez recentemente o chanceler alemão, Olaf Scholz, falando sobre o presidente russo V. Putin. Há também vários representantes de classes burguesas que se autodenominam ... "anti-imperialistas".
 
Várias forças oportunistas criam confusões semelhantes com as suas posições, assim como as posições da PMAI, onde, por exemplo, até mesmo o Estado capitalista do Irão, que usa a religião para intensificar a exploração de classe e a desigualdade social e nega direitos básicos às mulheres, é caracterizado como "anti-imperialista". E isto é dito num momento em que o Irão está a ser abalado por grandes manifestações pelos direitos democráticos burgueses básicos. Recentemente, o Irão "anti-imperialista", por meio da mediação da China, assinou um acordo com a Arábia Saudita, que virou as costas aos EUA. Os reis e príncipes sauditas também se tornaram "anti-imperialistas" depois disso? Não ficaríamos surpreendidos com tal avaliação, pois há algum tempo algumas potências da América Latina chamavam "anti-imperialista" a Erdoğan, o presidente da Turquia, que mantém tropas de ocupação em pelo menos 3 países (Chipre, Síria, Iraque),. Isso foi música para os ouvidos de Erdogan, que declarou que "os EUA não gostam dele porque é... anti-imperialista".
 
Pelo exposto, fica claro que o mau uso e arbitrariedade do conceito de imperialismo e suas palavras derivadas leva a uma grande confusão. Portanto, é importante abordar o conceito de imperialismo com base socioeconómica científica, e não naquela que burgueses e oportunistas querem impor para justificar as classes burguesas e as potências imperialistas, tentando transformar o preto em branco. Lenine fundamentou as características básicas do imperialismo: "(1) a concentração da produção e do capital desenvolveu-se a tal ponto que criou monopólios que desempenham um papel decisivo na vida económica; (2) a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, com base nesse "capital financeiro", de uma oligarquia financeira; (3) a exportação de capitais distinta da exportação de mercadorias adquire importância excecional; (4) completa-se a formação de associações capitalistas monopolistas internacionais que compartilham o mundo entre si e (5) completa-se a divisão territorial de todo o mundo entre as maiores potências capitalistas."[2]
 
Vivemos, portanto, na era em que o capitalismo tem certas características específicas descritas por Lenine na sua obra. Estamos a falar de características uniformes relativas à dominação de monopólios, de poderosas empresas de capital e à agudização da concorrência capitalista, à formação do capital financeiro, à importância crescente da exportação de capital em relação à exportação de mercadorias, à luta pela redivisão de mercados e territórios entre Estados capitalistas e grupos monopolistas internacionais.
 
Lenine trata o imperialismo como o "estágio mais alto do capitalismo", como intitulou o seu panfleto sobre o assunto, destacando que o capitalismo monopolista "é uma preparação material completa para o socialismo, o limiar do socialismo, um degrau na escada da história entre o qual e o degrau chamado socialismo não há degraus intermédios." [3]
 
Como podemos ver, a abordagem científica leninista do imperialismo está muito longe do uso comum do imperialismo como política externa agressiva ou da identificação com um único Estado, embora seja o mais poderoso, como argumenta a PMAI, entre outros. Além disso, a PMAI, na prática, classifica todos os Estados, independentemente da sua posição na pirâmide imperialista, com o rótulo de "anti-imperialistas" com o único critério de saber se, em determinado momento, a liderança política do Estado capitalista particular se opõe ou está em conflito com os EUA ou suas escolhas, no quadro da intensificação da concorrência internacional entre os monopólios e os Estados que representam os seus interesses.
 
O imperialismo é o capitalismo monopolista. No atual sistema imperialista, todos os Estados capitalistas estão integrados nele e são caracterizados por relações de interdependência, concorrência e cooperação desiguais. Isso certamente não significa que eles tenham o mesmo poder e capacidades. Significa que todas as classes burguesas participam na partilha dos despojos, da partilha da mais-valia produzida pela classe trabalhadora em todo o mundo, com base no poder político, militar e económico de cada Estado.
 
 
2. Soberania nacional, uniões regionais, nova arquitetura financeira global ou socialismo?
 
A PMAI, como já apontámos, rejeitou a luta pelo socialismo e promove a luta pela soberania nacional, a formação de grupos regionais e uma nova arquitetura financeira global, que, apesar da preservação das relações capitalistas de produção, garantirá "a liberdade e a igualdade das nações, permitindo que cada país siga uma agenda económica soberana e independente sem interferência externa".
 
Segundo a conceção da PMAI, todos os problemas decorrem da interferência estrangeira, da imposição da vontade das potências imperialistas, e principalmente dos EUA, em cada país. Na prática, procura forjar alianças no seio da chamada burguesia nacional. Além da confusão sobre o imperialismo, também fica evidente uma subestimação do caráter internacional da era do capitalismo monopolista, que se reflete em todos os Estados capitalistas com a agudização da contradição básica entre capital e trabalho e o fortalecimento da tendência de deterioração absoluta e relativa da posição da classe trabalhadora.
 
A abordagem errónea acima mencionada não é nova, pois veicula abordagens erróneas que prevaleceram por muitos anos no movimento comunista internacional e se concentraram no nível diferenciado de desenvolvimento das forças produtivas, assumindo erroneamente que qualquer atraso se devia exclusivamente à dependência externa de um Estado e não a fatores históricos como o atraso na emergência das relações capitalistas, o mercado nacional relativamente pequeno, as condições históricas que levaram a burguesia de um Estado capitalista a investir, por exemplo, na exportação de energia ou no transporte de capital em vez de na indústria. Nesse contexto, desenvolveu-se a estratégia de etapas rumo ao socialismo, onde a etapa inicial era abandonar a "dependência estrangeira" e estabelecer a "soberania nacional", que seria alcançada por meio de uma aliança com a burguesia "nacionalmente orientada" em oposição à burguesia "compradora" [especuladora (NT)], dependente e subordinada aos ditames da burguesia imperialista.
 
Hoje sabemos que a estratégia dos PC assente na fragmentação em etapas fracassou! Da mesma forma, a separação da burguesia em "subserviente aos estrangeiros" e "patriótica" e a tentativa de formar uma aliança com esta última secção mostraram-se irrealistas. A burguesia, apesar de certas diferenciações de interesses económicos que possam existir dentro dela, tem a sua própria ferramenta uniforme para explorar a classe trabalhadora e oprimir as camadas populares, ou seja, o Estado burguês. O Estado burguês também atua como regulador de quaisquer diferenças entre os vários setores da burguesia. Cada Estado burguês nacional (hoje são cerca de 200 em todo o mundo) contribui para a formulação da estratégia da burguesia do país e administra as suas alianças internacionais, a sua participação numa ou noutra união interestatal de Estados capitalistas, onde as leis da economia capitalista se aplicam juntamente com as regulações interestatais.
 
Lenine, no seu artigo "Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa" refere-se às abordagens erróneas de seu tempo sobre os "Estados Unidos democráticos da Europa", enfatizando que não bastava simplesmente derrubar os regimes autoritários existentes na Europa naquela época. A base económica sobre a qual essa união seria criada era de grande importância; e como essa base era o capitalismo, seria, portanto, uma união reacionária. E isto porque, nas palavras de Lenine, "o capitalismo é a propriedade privada dos meios de produção e a anarquia na produção. Defender uma divisão "justa" dos rendimentos com tal base é puro proudhonismo, filistinismo estúpido (...) Pensar que isso é possível significa descer ao nível de um padre choramingas que todos os domingos prega aos ricos os elevados princípios do cristianismo e os aconselha a dar aos pobres, bem, se não milhões, pelo menos várias centenas de rublos anualmente". Ele concluiu que essa palavra de ordem está errada "porque pode ser erroneamente interpretado como significando que a vitória do socialismo num único país é impossível" [4].
 
A abordagem da PMAI sobre a necessidade de "derrubar o sistema colonial", sobre a soberania nacional e a criação de uniões regionais de "Estados soberanos", ignora de forma a-histórica o fato de que o sistema colonial é coisa do passado há décadas. Em seu lugar apareceram dezenas de Estados "soberanos" e em cada um deles existem contradições de classe não resolvidas entre o capital e a classe trabalhadora. Além disso, as relações atuais entre os Estados burgueses "soberanos" são regidas por relações de interdependência desigual, nas quais todas as classes burguesas estão envolvidas de acordo com o seu poder – facto que está ausente da análise da PMAI.
 
As dependências que surgem para cada Estado capitalista dentro dessa "pirâmide" imperialista não são uma patologia, um desvio ou distorção, que será corrigida pela derrota dos EUA, por um mundo supostamente multipolar, como argumenta a PMAI, mas um fenómeno inerente ao desenvolvimento do capitalismo, ou seja, a internacionalização do capital. Além disso, a PMAI esconde o essencial: que essa teia de interdependência desigual só pode ser dissolvida pelo derrube do poder burguês e do Estado da ditadura do capital, pela construção da nova sociedade socialista-comunista.
 

Quando os abutres imperialistas se chocam, o lado certo da história é não escolher o lado do abutre mais fraco para que ele possa tomar o lugar do mais poderoso. O lado certo é a luta contra cada abutre, cada burguesia e aliança imperialista.

Quando os abutres imperialistas se chocam, o lado certo da história é não escolher o lado do abutre mais fraco para que ele possa tomar o lugar do mais poderoso. O lado certo é a luta contra cada abutre, cada burguesia e aliança imperialista.

 
 
3. Qual é a natureza da China e da Rússia?
 
A PMAI argumenta que "não há dados económicos que justifiquem caracterizar a China ou a Rússia como imperialistas. São países que não vivem de sobre-explorar ou saquear o mundo. Não colocam outros países em escravatura militar, tecnológica ou por dívidas" e que "a Rússia e a China não são potências imperialistas agressivas, mas, pelo contrário, são alvo dos nossos inimigos porque estão no caminho do domínio global completo dos EUA".
 
Com essas afirmações, a PMAI mais uma vez procura distorcer a realidade. É como se a China e a Rússia não participassem das cúpulas do G20, das reuniões dos 20 Estados capitalistas mais poderosos do mundo, juntamente com os EUA, a Alemanha, o Reino Unido, a França, etc. É como se os monopólios chineses e russos não exportassem capital para outros países, visando o lucro que advém da exploração da força de trabalho não só dos trabalhadores de seu próprio país, mas também de muitos outros países da Europa, Ásia, África, América, onde quer que seus monopólios se desenvolvam. É como se o exército privado russo "Wagner" fosse destacado para África por razões de caridade e não para defender os interesses dos monopólios russos que ali operam. É como se a China já não estivesse a avançar numa direção semelhante para salvaguardar a Iniciativa Cinturão e Rota por meios militares. É notável que esta iniciativa inclua o pequeno, mas muito importante em termos geográficos, estado do Djibuti - cuja dívida com a China equivale a 43% do seu Rendimento Nacional Bruto - onde a primeira base militar da China fora das suas fronteiras foi inaugurada em 2017.
 
As declarações sobre países "que não colocam outros países em escravidão militar, tecnológica ou por dívida" referem-se a Estados que desempenham um papel especial no comércio de armas e atualmente são países credores, como a China, que é a principal nação credora do mundo.
 
Referem-se à Rússia, onde monopólios gigantes (Gazprom, Rosneft, Lukoil, Rosatom, Sberbank, Norilsk Nickel, Rosvooruzhenie, Rostec, Rusal, etc.) exploram milhões de trabalhadores, não só na Rússia, mas também nas ex-repúblicas soviéticas, na Comunidade de Estados Independentes (CEI), na África, na América do Sul, na Europa, no Oriente Médio, no Golfo Pérsico, etc. Como se sabe, a exportação de capital, distinguindo-se da exportação de mercadorias, significa a produção de mais-valia extraída pelo país exportador de capitais do país importador de capitais. Em 2014, a Rússia ocupava o 8ºlugar entre os exportadores de investimento estrangeiro direto (IED) globalmente e caiu para o 18ºlugar na classificação global devido às sanções em 2018. Em 2021, o IDE da Rússia atingiu US$ 65.189 mil milhões, dos quais US$ 1.808 foram investidos em países da CEI e US$ 63.381 em países "distantes". De acordo com o Banco Mundial, a Rússia ocupa o 5ºlugar entre os credores dos países "em desenvolvimento", depois da China, Japão, Alemanha e França [5].
 
Eles referem-se à China, cujos concorrentes afirmam o seguinte: "A China agora tem uma responsabilidade especial dentro da economia global, pois é o maior credor do mundo, excedendo a soma dos empréstimos do Banco Mundial, do FMI e dos membros do Clube de Paris (...) 44 países têm dívidas de mais de 10% do seu PIB a credores chineses (...) A opacidade em torno dos empréstimos chineses significa que, em alguns casos, por exemplo, na África subsariana, isso cria uma "dívida oculta", que é o que os governos procuram, pois não está incluída nos relatórios oficiais e estatísticas de organizações internacionais e, portanto, "protege" os devedores de serem considerados como tendo dívidas insustentáveis. Muitos destes empréstimos exigem a existência de contas especiais, num banco aceite pelo credor, e provisões a reembolsar por receitas provenientes de projetos financiados pelo credor ou de outros fluxos de caixa. Isso significa, essencialmente, que uma parcela significativa das receitas do governo está fora do controle do Estado devedor soberano. Muitos desses empréstimos têm condições claras de que o país devedor não pode recorrer ao Clube de Paris para reestruturar a dívida em questão ou a uma instituição similar. Os termos que permitem ao credor rescindir o empréstimo e exigir o reembolso imediato são mais abrangentes  e incluem até mesmo linguagem geral, como ações prejudiciais a uma entidade da República Popular da China, ou mudanças significativas na política do país que concede o empréstimo" [6].
 
Dados semelhantes do Banco Mundial referentes a 68 países "em desenvolvimento" mostram que os empréstimos da China a esses países, em 2020, chegaram a US$ 110 mil milhões, sendo a China a segunda nação credora do mundo depois do Banco Mundial[7]. Um dos países cujas dívidas com a China chegam a milhares de milhões de dólares é a Venezuela, onde o partido no poder  acolheu os trabalhos da recente Conferência da PMAI [8].
 
Além disso, outra categoria de empréstimos de particular importância é a detenção de obrigações, em primeiro lugar e acima de tudo, de obrigações dos EUA. Em janeiro de 2023, a China detinha US$ 859,4 mil milhões em títulos do Tesouro dos EUA, ficando em segundo lugar depois do Japão [9].
 
 
A PMAI recusa-se  a encarar a realidade. Numa altura em que ocorrem confrontos e conflitos entre os EUA, as outras potências imperialistas euro-atlânticas e a Rússia e milhares de pessoas estão a ser massacradas na Ucrânia, os capitalistas de ambos os lados da guerra e os seus governos ainda mantêm, embora limitados em comparação com o período anterior a fevereiro de 2022, uma parceria estável, incluindo parceria comercial. Assim, por exemplo, a Rússia ainda vende urânio aos EUA e à França para as suas instalações nucleares. Na verdade, cobre 20% das necessidades dos 92 reatores nucleares dos EUA [10], enquanto, em 2022, a França recebeu 153 toneladas de urânio russo, cobrindo 15% de suas necessidades [11]. A russa "Gazprom" anunciou que, em março, enviou milhões de metros cúbicos de gás natural para a UE através dos gasodutos da Ucrânia devastada pela guerra, para deleite dos seus acionistas capitalistas. A "Chevron" norte-americana continua a carregar o petróleo que extrai do Cazaquistão no porto russo de Novorossiysk, no Mar Negro, que lá chega através de um oleoduto de 1.500 quilómetros que passa pelo território do Cazaquistão e da Rússia. É através deste oleoduto que dois terços do petróleo extraído no Cazaquistão são colocados no mercado mundial.  
 
 
Da mesma forma, apesar da chamada nova guerra fria entre os EUA e a China em 2022, "o comércio entre os EUA e a China atingiu um recorde, refutando as teorias de dissociação entre as duas economias. De acordo com dados oficiais do Departamento de Comércio dos EUA, o comércio bilateral atingiu US$ 690,6 mil milhões, com as exportações dos EUA para a China a subir de  US$ 2,4 mil milhões, para US$ 153,8 mil milhões. Ao mesmo tempo, as importações de produtos chineses para o mercado americano aumentaram em US$ 31,8 mil milhões, atingindo US$ 536,8 mil milhões [12]".
 
 
Coloca-se a questão: numa altura em que se impõem sanções económicas, em que os gastos militares dispararam, em que se regista um derramamento de sangue na Ucrânia, em que as várias potências envolvidas no conflito levantam a ameaça das armas nucleares, como é possível que os capitalistas de ambos os lados estejam a lucrar com relações comerciais diretas ou através de terceiros? Nas palavras de Marx, "o capital vem pingando da cabeça aos pés, de todos os poros, sangue e imundície  (...) Com lucro adequado, o capital é muito ousado. Uns certo 10% garantirão o seu emprego em qualquer lugar; 20% de certeza produzirão ansiedade ; 50%, audácia positiva; 100% estará pronto para atropelar todas as leis humanas; 300%, e não há um crime que lhe provoque escrúpulos [13]".
 
 
A PMAI esconde cuidadosamente o facto de que, tanto na China como na Rússia, as classes burguesas, os monopólios, estão no comando, lidando e entrando em conflito com os monopólios dos EUA, da UE e de outros Estados capitalistas e entre si. Nenhum dos lados do conflito, portanto, é inocente como uma pomba, como a PMAI os descreve, mas todos eles são abutres. A China até desafia diretamente a supremacia dos EUA no sistema imperialista. Como Lenine apontou, quando os abutres imperialistas se chocam, o lado certo da história não é escolher o lado do abutre mais fraco para que ele possa tomar o lugar do mais poderoso. O lado certo da história é escolher o lado dos povos contra o campo dos capitalistas, que ora ganham com a paz, ora com a guerra, derramando o sangue da classe operária e dos povos.
 
 
4. Guerra por procuração dos EUA na Ucrânia ou guerra imperialista?
 
A abordagem seletiva da PMAI de que a guerra na Ucrânia é "a provocação da NATO de uma guerra por procuração contra a Rússia no território da Ucrânia" tenta primeiro desviar a atenção da questão principal: que esta guerra está "focada na divisão de riquezas minerais, energia, territórios e força de trabalho, gasodutos e redes de transporte de mercadorias, pilares geopolíticos," [14] e está a ser travada pelas classes burguesas da Ucrânia, em aliança com os EUA e a NATO, e da Rússia e seus aliados. Esses são os critérios básicos que comprovam que o caráter da guerra é imperialista e está a ser travada por interesses alheios aos dos povos.
 
É claro que o facto de os EUA estarem a usar a Ucrânia como ponta de lança contra a Rússia capitalista, cercando-a com o alargamento da NATO, novas bases militares e armas é inegável hoje. O KKE lutou contra tudo isto, votou contra no Parlamento grego e no Parlamento Europeu. Foram os comunistas que, completado um ano do início da guerra imperialista, organizaram centenas de protestos nos portos, à porta das bases, nas ruas e nos caminhos-de-ferro contra os EUA-NATO-UE e os seus planos imperialistas agressivos, contra o envolvimento da Grécia na guerra. Membros do CC do KKE e do CC do KNE  foram presos e foram julgados pela burguesia grega e o seu Estado pelas suas manifestações anti-NATO e não membros das organizações gregas inexistentes com nomes de fantasia, que  participam na PMAI.
 
Assim como também é verdade que a inaceitável invasão militar da Ucrânia pela Rússia, lançada para satisfazer os interesses e planos estratégicos da burguesia russa que o KKE também condenou inequivocamente, funciona objetivamente como uma almofada para a China no seu grande conflito com os EUA pelas rédeas do sistema imperialista mundial.
 
As forças políticas de cada país não estão divididas, como afirma a PMAI, entre os que são "pró-russos" e os que são "pró-EUA" por causa da guerra imperialista. Esta é uma falsa distinção, que não é feita apenas pela PMAI. Anteriormente, foi feita pelo Partido Comunista da Federação Russa (CPRF)[15] a respeito das resoluções do 22º EIPCO e, claro, ao lado dos partidários do imperialismo euro-atlântico. Assim, ao mesmo tempo em que a PMAI e o PCOR acusam o KKE de "sentimento anti-russo", o jornal informal da UE, o EUObserver, acusa o KKE de "russofilia" com base nas votações que ocorreram no Parlamento Europeu [16].
 
A verdade é que o KKE está firmemente ao lado do campo da classe operária e dos povos e contra o campo das classes burguesas, dos Estados e dos seus governos. Trata-se de uma pílula amarga para a PMAI, que, pela sua existência, confirma as nossas recentes observações de que o movimento comunista internacional está sujeito a pressões ligadas a interesses geopolíticos estatais [17] alheios aos princípios ideológicos e políticos do movimento comunista revolucionário. Nesse sentido, explora-se não apenas um "anti-imperialismo" oco, mas também um falso e desdentado "antifascismo", que desvincula o fascismo do capitalismo que lhe dá origem. Essa abordagem apoia a exploração pretextual pelas classes burguesas para servir seus interesses antipopulares na guerra imperialista na Ucrânia.
 
 
Referências
 
1. Nota do CP do México publicada no SolidNet, http://www.solidnet.org/article/CP-of-Mexico-Nota-sobre-la-Reunion-en-Caracas-de-la-Plataforma-Mundial-Antiimperialista/
2. Lenin V.I., "Imperialismo, o estágio mais alto do capitalismo", Obras Reunidas, Vol 27, p. 393, Synchroni Epochi
3. Lenin V.I., "A catástrofe iminente e como combatê-la", Obras Reunidas, Vol 34, p. 193, Synchroni Epochi
4. Lenin V.I., "On the Slogan for a United States of Europe", Obras Reunidas, Vol 26, pp. 359-363, Synchroni Epochi
5. Comitê Ideológico do CC do KKE, "Alguns Dados sobre a Economia da Rússia", Revista Comunista (KOMEP), Edições 5-6, 2022
6. "A China como anti-FMI: A diplomacia dos empréstimos", 21/09/22, https://www.ot.gr/2022/09/21/analyseis-2/i-kina-os-anti-dnt-i-diplomatia-ton-daneion/
7. "O Papel da China na Dívida Pública Externa nos Países DSSI e a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) em 2020", https://greenfdc.org/brief-chinas-role-in-public-external-debt-in-dssi-countries-and-the-belt-and-road-initiative-bri-in-2020/?cookie-state-change=1679500119696
8. "Estes são os países mais endividados com a China", https://globelynews.com/world/top-countries-most-in-debt-to-china/
9. "Just business: por que a China está vendendo dívida do governo dos EUA", https://iz.ru/1484989/dmitrii-migunov/tolko-biznes-pochemu-kitai-prodaet-amerikanskii-gosdolg
10. "As exportações de combustível nuclear e tecnologia da Rússia cresceram mais de 20% em 2022", https://forbes.ua/ru/news/
11. "A França comprou 153 toneladas de urânio enriquecido da Rússia para suas usinas nucleares em 2022", https://tass.ru/ekonomika/
12. "Comércio recorde entre os EUA e a China", https://www.kathimerini.gr/economy/562269919/se-ypsi-rekor-to-emporio-anamesa-se-ipa-kai-kina/
13. Marx K., O Capital, Vol 1, p. 785, Synchroni Epochi
14. Resolução do CC do KKE sobre a guerra imperialista na Ucrânia, http://inter.kke.gr/en/articles/RESOLUTION-OF-THE-CENTRAL-COMMITTEE-OF-THE-KKE-ON-THE-IMPERIALIST-WAR-IN-UKRAINE/
15. "Sobre o confronto político-ideológico no 22ºEncontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários e o "truque" sobre o sentimento "anti-russo" e "pró-russo", Rizospastis 26-27/11/22, https://www.rizospastis.gr/story.do?id=11915448
16. "Dados de votação revelam eurodeputados favoráveis à Rússia no Parlamento da UE", https://euobserver.com/world/156762?utm_source=euobs&utm_medium=email
17. Teses do CC do KKE para o20º Congresso, http://inter.kke.gr/en/articles/THESES-OF-THE-CC-FOR-THE-20th-CONGRESS-OF-THE-KKE/
 
Publicado em Rizospastis e 902.gr em 1 de abril de 2023
 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

O Ensino de classe

 O ensino , tanto pelas escolas públicas como naturalmente pelas privadas, apresentam-se cada vez mais como lugares de formação de assalariados alienados, acéfalos, mas competentes. Mão de obra qualificada. Disto é que falam os governos nas suas políticas para o "desenvolvimento do conhecimento".  A arte do capitalismo é esta : servir-se de uma necessidade inegável para colocar nela a sua finalidade. Qual é a finalidade única do capitalismo enquanto modo de produção e formação social? Transformar tudo em valor, isto é, mercadoria e lucro consequente.

   Os professores, desde o ensino básico ao superior, dão-se conta disso, nem que não sejam a maioria deles. Contudo, dividem-se entre aqueles que gostariam de recusar serem instrumentos de reprodução do capital (da sua ideologia) mas pouco ou nada têm agido contra, e aqueles que cumprem essa missão com competência ideológica, isto é, ideólogos do capital. Particularmente no ensino superior no qual se assiste a um verdadeiro assalto à Razão. Razão Crítica, Razão emancipadora. São os tempos obscuros que vivemos.

    A Cultura Humanista está derrotada ou adormecida?

  Filósofos convertidos em ícones pelas Academias (que vendem a seguir para os "mídia") dedicam-se a infundir desconfiança e desprezo pelo racionalismo crítico, do qual um dos últimos representantes foi o Domenico Losurdo.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

 

Caracas, 06-06-2023 (Redacción TP).- El Buró Político del Comité Central del Partido Comunista de Venezuela (PCV) rechazó categóricamente la agresión contra el político Henrique Capriles en Carabobo así como las acciones de amedrentamiento contra Aldemaro Sanoja, ex-candidato a gobernador de la Alternativa Popular Revolucionaria en el estado Barinas.

 

“El Buró Político ve con marcada preocupación el avance de la violencia política a través de diversas expresiones”, dijo Maribell Díaz durante una rueda de prensa el pasado lunes.

La dirigente explicó que en el caso del PCV esta violencia se evidenciaba en las maniobras de asalto que el Gobierno de Nicolás Maduro ejecuta a través de montajes y falsos positivos que tienen por objetivo tomar el control del partido del Gallo Rojo.

Sin embargo, apuntó Díaz, “no ha sido tan fácil este asalto, puesto que nuestra organización no se construye a través de la diatriba en medios de comunicación, sino que tenemos una trayectoria de 92 años”.

El PCV reiteró su agradecimiento a las organizaciones internacionales que han desarrollado acciones de solidaridad. Tal es el caso de la organización Comunistas en Francia que recientemente envió una nota de protesta a la embajada venezolana en París.

Díaz también citó las declaraciones políticas repudiando la intervención del PCV que emitieron el Partido Comunista Brasileiro y el Partido Comunista de los Pueblos de España en la última semana; así como un detallado reportaje publicado en la prensa comunista iraquí denunciando estas maniobras antidemocráticas.

La integrante del Buró Político destacó el “contundente mensaje de apoyo enviado por el capitán Víctor Hugo Morales, héroe de El Porteñazo, quien le salió al frente a estas patrañas con las que el Gobierno y la cúpula del PSUV intentan asaltar al Partido Comunista”.

Violencia política

El PCV rechazó categóricamente la agresión contra el candidato de derecha Henrique Capriles “con quien no compartimos ni política ni ideológicamente” y también se hizo eco de las denuncias de amedrentamiento contra el activista Aldemaro Sanoja, ex candidato a la gobernación de Barinas por la Alternativa Popular Revolucionaria.

Díaz denunció que estas formas de violencia se trasladan al campo laboral y comunitario. Recordó que recientemente grupos de choque fueron trasladados a las empresas básicas de Guayana para atemorizar a los trabajadores que rechazan el fraude salarial del primero de mayo.

“También en las comunidades se está aplicando este tipo de violencia: recientemente en una parroquia en Caracas, los vecinos protestando por el servicio del agua, también enfrentaron a grupos que trataban de amedrentarlos”.

Caracas, 06-06-2023 (Redacción TP).- El Buró Político del Comité Central del Partido Comunista de Venezuela (PCV) rechazó categóricamente la agresión contra el político Henrique Capriles en Carabobo así como las acciones de amedrentamiento contra Aldemaro Sanoja, ex-candidato a gobernador de la Alternativa Popular Revolucionaria en el estado Barinas.

 

“El Buró Político ve con marcada preocupación el avance de la violencia política a través de diversas expresiones”, dijo Maribell Díaz durante una rueda de prensa el pasado lunes.

La dirigente explicó que en el caso del PCV esta violencia se evidenciaba en las maniobras de asalto que el Gobierno de Nicolás Maduro ejecuta a través de montajes y falsos positivos que tienen por objetivo tomar el control del partido del Gallo Rojo.

Sin embargo, apuntó Díaz, “no ha sido tan fácil este asalto, puesto que nuestra organización no se construye a través de la diatriba en medios de comunicación, sino que tenemos una trayectoria de 92 años”.

El PCV reiteró su agradecimiento a las organizaciones internacionales que han desarrollado acciones de solidaridad. Tal es el caso de la organización Comunistas en Francia que recientemente envió una nota de protesta a la embajada venezolana en París.

Díaz también citó las declaraciones políticas repudiando la intervención del PCV que emitieron el Partido Comunista Brasileiro y el Partido Comunista de los Pueblos de España en la última semana; así como un detallado reportaje publicado en la prensa comunista iraquí denunciando estas maniobras antidemocráticas.

La integrante del Buró Político destacó el “contundente mensaje de apoyo enviado por el capitán Víctor Hugo Morales, héroe de El Porteñazo, quien le salió al frente a estas patrañas con las que el Gobierno y la cúpula del PSUV intentan asaltar al Partido Comunista”.

Violencia política

El PCV rechazó categóricamente la agresión contra el candidato de derecha Henrique Capriles “con quien no compartimos ni política ni ideológicamente” y también se hizo eco de las denuncias de amedrentamiento contra el activista Aldemaro Sanoja, ex candidato a la gobernación de Barinas por la Alternativa Popular Revolucionaria.

Díaz denunció que estas formas de violencia se trasladan al campo laboral y comunitario. Recordó que recientemente grupos de choque fueron trasladados a las empresas básicas de Guayana para atemorizar a los trabajadores que rechazan el fraude salarial del primero de mayo.

“También en las comunidades se está aplicando este tipo de violencia: recientemente en una parroquia en Caracas, los vecinos protestando por el servicio del agua, también enfrentaron a grupos que trataban de amedrentarlos”.

terça-feira, 6 de junho de 2023

 

La cuestión comunista. Historia y futuro de una idea

Editora El Viejo Topo

Colección Ensayo

Doménico Losurdo

La cuestión comunista es pues la obra póstuma de Losurdo, obra de la que se halló una primera versión ya impresa en su escritorio, completada gracias al archivo familiar. En ella, Losurdo reúne sus reflexiones sobre el marxismo, el liberalismo, el socialismo y sus combinaciones, para hacer un balance de los resultados del movimiento comunista en abierta confrontación con marxistas «occidentales» como Badiou, Negri y Žižek, pero también con representantes de la tradición socialista y socioliberal.

 La cuestión comunista

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.