Translate
sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
NOTÍCIAS
Está em: Início (Portugal) / Notícias
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS RECENTES
Opus Dei erigido como Prelatura há 31 anos
Vestindo com elegância
Pessoas de mais de 25 países reúnem-se em Roma para o Congresso S. Josemaria e o pensamento teológico
30 novos diáconos de 11 países
Na comemoração de São Severino
Opus Dei erigido como Prelatura há 31 anos
Vestindo com elegância
Pessoas de mais de 25 países reúnem-se em Roma para o Congresso S. Josemaria e o pensamento teológico
30 novos diáconos de 11 países
Na comemoração de São Severino
PAPA FRANCISCO
7 de Setembro: Jornada de Petição pela Paz
Discursos do Papa Francisco na JMJ Rio 2013
"Que vocês saiam, quero que a Igreja saia às ruas!"
Programa da XXVIII Jornada Mundial da Juventude (Brasil)
"Lumen Fidei", a primeira encíclica do Papa Francisco
7 de Setembro: Jornada de Petição pela Paz
Discursos do Papa Francisco na JMJ Rio 2013
"Que vocês saiam, quero que a Igreja saia às ruas!"
Programa da XXVIII Jornada Mundial da Juventude (Brasil)
"Lumen Fidei", a primeira encíclica do Papa Francisco
BENTO XVI
"Obrigado!"
Galeria de fotos: uma Igreja viva
Bento XVI num minuto e 39 segundos
Último Angelus de Bento XVI: "O Senhor pede-me para subir ao monte"
"A beleza é o selo da verdade"
"Obrigado!"
Galeria de fotos: uma Igreja viva
Bento XVI num minuto e 39 segundos
Último Angelus de Bento XVI: "O Senhor pede-me para subir ao monte"
"A beleza é o selo da verdade"
Um homem que sabe amar e sabe rir
O Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, recebeu os 250 participantes na Sessão evocativa do beato Josemaría, realizada no dia 15 de Junho. O encontro foi organizado pelo Colégio Universitário da Boavista, e esteve presente o ex-Presidente da República, Ramalho Eanes.
2002/07/08
O Museu de Serralves acolheu os 250 participantes.
A Dra. Fátima Fonseca, professora do ensino secundário e mãe de família, esboçou uma biografia do fundador do Opus Dei. ”
O General Ramalho Eanes, que foi presidente da República de 1976 a 1986, relacionou o pensamento do beato Josemaría com as bases duradouras de uma sociedade ao serviço do homem. Para Ramalho Eanes a consolidação das nações passa pelo ímpeto dos homens que constróem a história. E, quanto a Josemaría Escrivá, “Se não desejasse ele também o impossível, se não fosse insaciável a sua sede de perfeição absoluta, se não quisesse estar com o Pai, bem servindo os homens, como poderia ele – repare-se, a 20 anos do Concílio Vaticano II, estava-se em 1940 – ousar, ou melhor, atrever-se à originalidade desafiante da sua pregação, tão revolucionária e ao mesmo tempo tão conforme à dos primeiros cristãos? E não se esqueça que o fez, não em tempos de tolerante acalmia, mas antes em época de intemperante triunfalismo político-religioso, em pleno revivalismo clerical.” Mais adiante acrescentou: “Disse Pessoa: «para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui, sê todo em cada coisa, põe quanto és no mínimo que fazes». Versos estes que, em minha opinião, bem se ajustam à personalidade e acção de Mons. Escrivá, que, com a sua humildade e sede de infinita perfeição e de amor, por Deus e pelos homens, quis devolver a paz e a alegria no mundo”
António Lobo Xavier, Fernando Pinto Coelho, Humberto Ayres Pereira e António Ramalho Eanes.
“Não tenho outra autoridade para participar numa sessão destas que não seja a de o ter conhecido pessoalmente – iniciou a sua intervenção António Lobo Xavier, jurista e colaborador na imprensa nacional. Assisti a um destes momentos calorosos, divertidos, comoventes, como eram sempre as suas tertúlias, as suas apresentações públicas. Havia sempre uma mistura de alegria, de calor humano, de simpatia, mas também de comoção, porque as coisas importantes, directas, ditas daquela forma simples, comoviam-me profundamente”.
Preferindo basear a sua intervenção num depoimento de marcado cunho testemunhal, sublinhou que se sentia no dever de gratidão de o fazer. “É uma homenagem que eu quero também prestar àqueles que, nos dias de hoje, fazem com que eu tenha a alegria e a tranquilidade de, quando as minhas filhas regressam a casa, as ver alegres, bem dispostas, falando com entusiasmo do que fizeram no centro do Opus Dei, falando com a mesma alegria com que falam das diversões normais das crianças da sua idade.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
| ||||||||
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
LUCIEN GOLDMANN - Um importante filósofo hoje esquecido
Estudos Avançados
Print version ISSN 0103-4014
Estud. av. vol.19 no.54 São Paulo May/Aug. 2005
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142005000200022
HISTÓRIA CULTURAL
A sociologia da literatura de Lucien Goldmann
Celso Frederico
RESUMO
OS ESTUDOS literários de Lucien Goldmann conheceram duas fases distintas. Na primeira, apoiando-se principalmente nas contribuições do jovem Lukács (A alma e as formas e Teoria do romance), Goldmann buscou estabelecer uma homologia entre a forma romanesca e a vida social e, ainda, recorrendo à História e consciência de classe, procurou dar um tratamento historicista e dialético àqueles textos juvenis do pensador húngaro, ao interpretar a literatura como expressão articulada das "visões do mundo" das diversas classes e grupos sociais. Numa segunda fase, marcada pelo pessimismo e pela influência das idéias estruturalistas, então em voga, os ensaios goldmannianos afastaram-se da busca de mediações entre a obra e a vida social. Surpreendido pelo vendaval de 1968, Goldmann empreendeu um movimento autocrítico, interrompido pela morte prematura em 1970.
Palavras-chave: Literatura; marxismo; estruturalismo; sociologia do romance.
ABSTRACT
LUCIEN Goldmann's literary studies fall into two distinct phases. In the first, relying mainly on contributions of the young Lukács (Soul and form and The theory of the novel), Goldmann sought to establish a homology between the novelistic form and social life. Moreover, falling back on History and class-consciousness, he sought to give a historicist and dialectical treatment to the youthful texts of the Hungarian thinker by interpreting literature as an articulate expression of the "views of the world" held by various classes and social groups. In the second phase, marked by pessimism and the influence of structuralist ideas, then in vogue, Goldmann's essays ceased to seek mediations between the written work and social life. Taken by surprise by the maelstrom of 1968, Goldmann engaged himself in a self-critical movement, interrupted by his premature death in 1970.
Key-words: Literature; marxism; structuralism; sociology of the novel.
OS ESTUDOS LITERÁRIOS representam um momento importante na produção goldmanniana. As contribuições do autor para a sociologia da literatura são inegáveis e seus numerosos estudos particulares permanecem uma referência viva para os especialistas. Justamente nesse núcleo central da obra goldmanniana as questões metodológicas alçam o primeiro plano1.
O materialismo histórico ou o estruturalismo-genético (expressão que substitui a primeira nos textos da década de 1960) é considerado um "método geral" válido para todas as ciências humanas. A criação cultural e, especialmente, a literária, constitui um campo privilegiado de aplicação daquela metodologia.
Goldmann considera uma característica universal do comportamento humano a tendência à coerência. Os homens, perante os desafios colocados pela realidade exterior, procuram agir no sentido de interferir nos acontecimentos através de respostas às questões com que deparam. Esse empenho para adaptar-se à realidade segundo as conveniências humanas faz com que os indivíduos tendam a fazer de seu comportamento uma "estrutura significativa e coerente". Tal estrutura não é um dado atemporal, como no estruturalismo formalista. Há um processo prévio de elaboração, de gestação, de gênese das estruturas significativas. Além disso, a ação do homem modificando cotidianamente a realidade resulta em um processo contínuo de desestruturação das antigas estruturas e criação de novas. Com isso, o caráter significativo do comportamento humano, sua tendência natural à coerência, não é uma adequação mecânica às estruturas fixas, como pretendem os estruturalistas não-genéticos.
Por outro lado, a formação das estruturas significativas não deve ser considerada uma façanha individual. Elas, ao contrário, são o resultado complexo de um esforço coletivo, da ação das classes e grupos sociais que se constituem num processo amplo de relacionamento com o mundo, de adaptação e de respostas aos desafios da vida social.
A tendência à coerência e o caráter coletivo da elaboração das estruturas significativas já anunciam o caminho por onde irá trilhar a sociologia da literatura de Goldmann: as idéias piagetianas sobre a "assimilação" e "acomodação" do indivíduo ao meio social. Piaget desenvolveu uma elaborada teoria sobre a "natureza adaptativa da inteligência". Segundo esse autor, o indivíduo, desde a infância, constrói suas estruturas mentais por meio da interação com o grupo social, num processo ininterrupto de acomodação e assimilação que conhece diversas fases, durante as quais ele assimila novas estruturas de percepção. Goldmann retoma o processo de construção das estruturas cognitivas para aplicálo às relações entre o autor e o grupo social. Aquele interage com o grupo social e procura responder às suas expectativas: a criação artística surge como uma resposta significativa e articulada, como expressão das possibilidades objetivas presentes no grupo social. Essa resposta significativa, segundo observou Sami Naïr,
funda o autor enquanto mediação constitutiva através da qual a consciência possível de um grupo se encarna de maneira coerente na obra literária. Inversamente, essa mediação constitutiva é o meio pelo qual o sujeito individual, imediatamente criador, entra em acomodação, em equilíbrio e assimila, sempre em sentido piagetiano, as categorias mentais possíveis do grupo, sujeito transindividual. Não há, portanto, homologia entre a estrutura biográfica ou sociológica do autor e aquela do grupo, mas entre as estruturas mentais categoriais da obra enquanto virtualidade daquelas do grupo2.
A aplicação do materialismo histórico no estudo da criação cultural em geral e da literatura em especial afirma a existência, nesses domínios, de uma coerência levada ao extremo que "se aproxima de um fim para o qual tendem todos os membros de um grupo social"3.
O ponto de partida de nosso autor é o Lukács de A alma e as formas e A teoria do romance. Essas obras, segundo Goldmann, marcam uma ruptura nos estudos de sociologia da literatura. Até então, os estudiosos consideravam a obra literária como um reflexo da realidade social, limitando-se a procurar uma correlação entre a obra e o conteúdo da consciência coletiva. Esse procedimento só é válido para as obras menores, aquelas que reproduzem a realidade social nos moldes do naturalismo, com exatidão de detalhes e pretensões de completa objetividade, mas cujo valor é meramente documental. Para as verdadeiras obras-primas, entretanto, em que a imaginação criadora dá altos vôos, esse método reducionista tem pouco a dizer.
O jovem Lukács subverteu essa perspectiva ao buscar uma nova correlação entre literatura e sociedade. Tal correlação não se dá mais no plano do conteúdo, mas da forma, da correspondência entre as categorias que estruturam a criação literária e a consciência coletiva. Essas categorias caracterizam-se basicamente por suacoerência, compreendida ainda de modo metafísico e a-histórico pelo Lukács de A alma e as formas. Goldmann submete a forma a um tratamento historicista, aprofundando, nessa direção, as análises que já apareciam de modo incipiente em A teoria do romance.
A historicização da forma levou-o a substituir a vaga consciência coletiva por um novo sujeito, formado pelas condições históricas e sociais. Mas o sujeito, nas ciências humanas em geral, não deve ser concebido em rígida oposição ao objeto, como ocorre nas ciências naturais. O sujeito que observa a sociedade e reflete sobre ela, seja o cientista social ou o artista, faz parte dessa mesma sociedade. A reflexão, portanto, "não se faz do exterior, mas do interior da sociedade". Por outro lado, a reflexão "é em grande medida organizada pelas categorias da sociedade", e o objeto estudado "é um elemento constitutivo, e mesmo um dos mais importantes, da estrutura do pensamento"4.
Quem é esse sujeito socialmente constituído cuja consciência é organizada pelas categorias da sociedade? Antes de ensaiar uma resposta, Goldmann procurou contrapor sua sociologia da literatura à psicanálise freudiana. Inicialmente, um elemento comum parece aproximar as duas disciplinas: ambas consideram o comportamento humano como dotado de um "fragmento de sentido" que se esclarece quando integrado no conjunto do qual faz parte. O comportamento, quando conectado a uma estrutura englobante, revelase significativo. Essa estrutura, por sua vez, não é invariável: ela formou-se geneticamente e está em permanente mudança. Esses pontos coincidentes permitem que a sociologia goldmanniana e a psicanálise freudiana possam ser consideradas como pertencentes ao estruturalismo-genético.
As semelhanças, entretanto, param aí. O que separa as duas disciplinas é a questão do sujeito. A psicanálise, assim, como o cartesianismo, a fenomenologia e o empirismo, ficou restrita ao sujeito individual. Na psicanálise, esse sujeito é determinado pela biologia. Concebido, dessa forma, o sujeito vê a sociedade como um meio e os demais indivíduos como objetos, objetos de frustração, satisfação dos desejos ou obstáculos a eles.
Contra o culto do indivíduo, Goldmann elege como sujeito uma coletividade - o sujeito transindividual. Um exemplo recorrente através do qual Goldmann explica esse sujeito coletivo é a ação exercida por três indivíduos que carregam um piano. Quem é o sujeito da ação? Certamente, nenhum deles considerados separadamente e sim a realidade nova criada pela ação conjugada em que cada um dos participantes é parte integrante do verdadeiro sujeito da ação. Estamos aí perante um conjunto, perante relações intrasubjetivas que envolvem os participantes e que os transcendem. A participação consciente do indivíduo, sua imersão na atividade comum, distingue a concepção goldmanniana da "consciência coletiva" de Durkheim - um consciência exterior aos indivíduos e que se volta contra eles para integrálos coercitivamente nas engrenagens sociais.
O exemplo dos três homens que carregam o piano é ilustrativo da existência de um sujeito coletivo, e isso vale para todo pensamento e ação social e cultural. O estudo da literatura não deve, por isso, restringir-se às relações entre o escritor e a obra, pois, se assim fizer, a análise fornecerá apenas uma imagem da "unidade interna da obra", mas não "uma relação do mesmo tipo entre essa obra e o homem que a criou". O que se pode saber da estrutura psíquica de um autor morto há tanto tempo? A análise sociológica, contrariamente, consegue "destrinçar os elos necessários, vinculando-os a unidades coletivas cuja estruturação é muito mais fácil de apurar e elucidar"5.
A ênfase na singularidade do escritor cede lugar ao estudo sociológico, estrutural e genético, cuja "hipótese fundamental" pressupõe que "o caráter coletivo da criação literária provém do fato de as estruturas do universo da obra serem homólogas às estruturas mentais de certos grupos sociais"6. Os grupos estruturam na consciência de seus membros uma "resposta coerente" para as questões colocadas pelo mundo circundante. Essa coerência (ou visão do mundo) é elaborada pelo grupo social e atinge o máximo de articulação através da atividade imaginativa do escritor. A obra, assim, permite ao grupo entender mais claramente suas próprias idéias, pensamentos, sentimentos. Esta é a função da arte: favorecer a "tomada de consciência" do grupo social, explicitar num grau extremo a "estrutura significativa" que o próprio grupo elaborou de forma rudimentar para orientar o seu comportamento e a sua consciência.
Percebe-se aqui a diferença entre a abordagem psicanalítica da criação artística e a sociologia de Goldmann. Na interpretação de Freud, a criação artística é sublimação, é o resultado de um processo inconsciente que visa a compensar as frustrações libidinais do indivíduo fazendo aflorar aquilo que a consciência havia recalcado. Para Goldmann, contrariamente, a criação cultural é movida pela aspiração a um máximo de coerência, a um máximo deconsciência possível. Essa intencionalidade não é a vingança do recalcado contra as censuras impostas pela consciência, mas o trabalho da própria consciência em busca do esclarecimento. A aspiração à coerência projeta um mais-além, uma antecipação da consciência em relação à imediatez. A perspectiva de futuro como dado integrante da vida social não existe para a psicanálise, prisioneira da eterna viagem ao passado, onde repousariam os segredos recalcados do homem. O passado explica o presente, e o futuro é uma dimensão inexistente. Goldmann diversas vezes repetiu que a única vez que Freud se referiu ao futuro foi ao nomear uma de suas obras de O futuro de uma ilusão, mostrando, assim, que "essa ilusão não tem futuro"...
A coerência perseguida pelo artista e tomada pelo jovem Lukács e por Goldmann como critério para se avaliar a criação literária, remete a uma concepção de arte originária de Kant:
a definição da obra válida como tensão ultrapassada, num plano não conceitual, entre a extrema unidade e extrema riqueza, entre de uma parte a multiplicidade de um universo imaginário complexo e, de outra parte, a unidade e o rigor da criação estruturada7.
Goldmann aceita essa conceituação, porém com a retificação trazida por Hegel e pelo marxismo que vêem a unidade como decorrência de fatores sociais e históricos, e não algo atemporal. O estruturalismo genético, abre, assim, o caminho para se estudar a correspondência entre a unidade expressa pela criação cultural e a evolução da estrutura de uma determinada sociedade, a unidade entre as estruturas mentais ou categorias que organizam a consciência empírica dos grupos sociais e o universo imaginário criado pelo artista. Importante ressaltar aqui o papel de mediação atribuído às visões de mundo das classes sociais: são elas que se interpõem entre a vida econômica da sociedade e as criações culturais.
O objetivo de uma sociologia da literatura é, portanto, a busca das homologias, o estudo das estruturas significativas presentes nos grupos sociais - o substrato social que confere unidade à obra literária. O projeto de Goldmann procura transpor para a literatura dois movimentos: o estudo da compreensão, isto é, da estrutura significativa imanente da obra e a explicação, a "inserção dessa estrutura, enquanto elemento constitutivo e funcional, numa estrutura imediatamente englobante [para] tornar inteligível a gênese da obra que se estuda"8.
Os textos goldmannianos, contudo, concentraram-se quase que exclusivamente no segundo momento. A busca da gênese das condições sociais que tornaram possível a obra de arte, o momento da explicação, consumiu a atenção de nosso autor. Suas incursões na vida literária e cultural procuraram oferecer um mapeamento das visões do mundo e dos grupos sociais que as estruturaram.
Goldmann objetivava realizar uma tipificação sistemática das visões do mundo, tarefa que requereria a contribuição de muitos pesquisadores. Sua militância no magistério levou-o a incentivar estudos coletivos e interdisciplinares nessa direção.
(Ver continuação no site)
sábado, 16 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
SCHOPENHAUER
Schopenhauer viveu de 1788 a 1860. Nascido em Danzig, Prússia, lecionou de 1820 a 1831, ano em que abandonou as salas de aula. Escreveu sua obra prima aos 30 anos, “O Mundo como Vontade e Representação”, mas não obteve sucesso na maior parte de sua vida. Mudou para Frankfurt, onde ficou até sua morte. Só obteve reconhecimento em seus últimos dias, o livro “Parerga e Paralipomena”, uma compilação de aforismos escritos de maneira cativante e popular, foi publicado.Por Felipe Araújo.
Com uma forte personalidade e palavras amargas sobre o filósofo Hegel, ganhou antipatia no mundo acadêmico. Schopenhauer chegou a dizer que Hegel era um “charlatão de mente obtusa, banal, nauseabundo, iletrado (...)”. Outro motivo que provavelmente foi crucial para seu insucesso foi a audácia de abrir sua filosofia aos pensamentos orientais. Schopenhauer foi o primeiro pensador ocidental a fazer isto, agregou ensinamentos do Budismo e do Hinduísmo em seus estudos.
Para Schopenhauer, o mundo é uma representação individual. Em suas próprias palavras: “O mundo é a minha representação: eis uma verdade que vale para cada ser vivente e cognoscitivo*, mesmo se somente o homem é capaz de acolhe-la na sua consciência reflexa e abstrata; e quando ele verdadeiramente o faz, a meditação filosófica nele penetrou”.
Schopenhauer falava da relação entre sonhos e realidade. Para ele, seria impossível distinguir as duas condições. A vida seria um sonho muito longo, interrompido durante a noite por outros sonhos curtos. “Nós temos sonhos; não é talvez toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério seguro para distinguir sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?”, afirma Schopenhauer.
O filósofo ainda discutia o porquê de todo ser humano ter a vontade de continuar vivendo. Qual seria o princípio a impelir os homens à continuação da vida e da espécie? Chegou a conclusão de que nosso corpo é o único objeto que conseguimos conhecer no universo, pois não o reconhecemos de fora, mas sim de dentro. Assim, diz que o Eu é a própria vontade de viver. Segundo ele, nosso instinto de sobrevivência é cego, mesmo sabendo que o que nos aguarda é a morte certa, nós continuamos a buscar a sobrevivência.
Em suas palavras: “São dessa natureza os esforços e os desejos humanos que nos fazem vibrar diante da sua realização como se fossem o fim último da nossa vontade; mas depois de satisfeitos mudam de fisionomia”.
Outro tema polêmico levantado por Schopenhauer é o sexo. Em suas obras, deixa claro que o amor é apenas um truque da natureza na tentativa de preservar a espécie humana. Sendo este mundo um vale de lágrimas, a natureza ligou o orgasmo ao acasalamento, assim, no ato sexual, consegue abstrair a culpa do ser humano quando este faz nascer um novo espécime.
“(...) todo enamoramento, depois do gozo finalmente alcançado, experimenta uma estranha desilusão e se surpreende de que aquilo que tão ardentemente desejou não ofereça nada mais do que qualquer outra satisfação sexual (...)”.
Sua obra ainda observa outros pontos como a negação da vontade de viver, que só seria conseguida com a nolontade (não-vontade). Ele indica, como fonte para chegarmos ao estado sublime de felicidade (Nirvana), a fuga da realidade com silêncio, jejum, castidade e uma renúncia sistemática de tudo que é real.
Sua obra influenciou Freud e Nietzche, que o alcunhou o “cavaleiro solitário”. Schopenhauer morreu aos 72 anos vítima de uma pneumonia.
Apenas para definir melhor a figura de cavaleiro solitário de Schopenhauer, segue abaixo um texto que comprova sua acidez, um excerto que consegue, ao mesmo tempo, nos fazer refletir e querer esquecer tudo que acabamos de ler.
“A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem ordenada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada”.
*Cognoscitivo = referente ao conhecimento e ao aprendizado.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer
Nicola, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: Das origens à idade moderna. São Paulo: Editora Globo, 2005.
Schopenhauer, Arthur. A Arte de Escrever. São Paulo: Editora L&PM, 2009.
Dicionário Michaelis
Schopenhauer falava da relação entre sonhos e realidade. Para ele, seria impossível distinguir as duas condições. A vida seria um sonho muito longo, interrompido durante a noite por outros sonhos curtos. “Nós temos sonhos; não é talvez toda a vida um sonho? Mais precisamente: existe um critério seguro para distinguir sonho e realidade, fantasmas e objetos reais?”, afirma Schopenhauer.
O filósofo ainda discutia o porquê de todo ser humano ter a vontade de continuar vivendo. Qual seria o princípio a impelir os homens à continuação da vida e da espécie? Chegou a conclusão de que nosso corpo é o único objeto que conseguimos conhecer no universo, pois não o reconhecemos de fora, mas sim de dentro. Assim, diz que o Eu é a própria vontade de viver. Segundo ele, nosso instinto de sobrevivência é cego, mesmo sabendo que o que nos aguarda é a morte certa, nós continuamos a buscar a sobrevivência.
Em suas palavras: “São dessa natureza os esforços e os desejos humanos que nos fazem vibrar diante da sua realização como se fossem o fim último da nossa vontade; mas depois de satisfeitos mudam de fisionomia”.
Outro tema polêmico levantado por Schopenhauer é o sexo. Em suas obras, deixa claro que o amor é apenas um truque da natureza na tentativa de preservar a espécie humana. Sendo este mundo um vale de lágrimas, a natureza ligou o orgasmo ao acasalamento, assim, no ato sexual, consegue abstrair a culpa do ser humano quando este faz nascer um novo espécime.
“(...) todo enamoramento, depois do gozo finalmente alcançado, experimenta uma estranha desilusão e se surpreende de que aquilo que tão ardentemente desejou não ofereça nada mais do que qualquer outra satisfação sexual (...)”.
Sua obra ainda observa outros pontos como a negação da vontade de viver, que só seria conseguida com a nolontade (não-vontade). Ele indica, como fonte para chegarmos ao estado sublime de felicidade (Nirvana), a fuga da realidade com silêncio, jejum, castidade e uma renúncia sistemática de tudo que é real.
Sua obra influenciou Freud e Nietzche, que o alcunhou o “cavaleiro solitário”. Schopenhauer morreu aos 72 anos vítima de uma pneumonia.
Apenas para definir melhor a figura de cavaleiro solitário de Schopenhauer, segue abaixo um texto que comprova sua acidez, um excerto que consegue, ao mesmo tempo, nos fazer refletir e querer esquecer tudo que acabamos de ler.
“A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem ordenada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada”.
*Cognoscitivo = referente ao conhecimento e ao aprendizado.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer
Nicola, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: Das origens à idade moderna. São Paulo: Editora Globo, 2005.
Schopenhauer, Arthur. A Arte de Escrever. São Paulo: Editora L&PM, 2009.
Dicionário Michaelis
sábado, 9 de novembro de 2013
DIVIDA PÚBLICA - A MAIOR FRAUDE DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE!
http://www.youtube.com/v/I6fImpY0jjw?autohide=1&version=3&attribution_tag=GiAS_UDG3_mAIe2OvPeSog&feature=share&autoplay=1&autohide=1&showinfo=1
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Leon Trotski e “O programa de transição”
Publicado em 07/11/2013 | Deixe um comentário
Por Michael Löwy.
Há cento e trinta e quatro anos, em 7 de novembro de 1879, nascia Liev Davidovitch Bronstein, conhecido como Trotski, dirigente da Revolução de Outubro, fundador do Exército Vermelho, adversário intransigente do stalinismo, assassinado por um agente da GPU.
Trotski considerava a fundação da Quarta Internacional sua contribuição mais importante para o movimento operário revolucionário. Por ocasião do Congresso de Fundação da Quarta Internacional, em 1938 – do qual participara Mario Pedrosa como delegado do Brasil – é que Trotski redige o texto intitulado “A agonia do capitalismo e as tarefas da Quarta Internacional” que será conhecido como O programa de transição. Trata-se de um momento trágico para o movimento operário internacional: processos de Moscou na URSS, com a exterminação da velha guarda revolucionária de 1917, derrota das Frentes Populares na França e na Espanha, reforço do fascismo na Itália e na Alemanha e guerra mundial iminente. Nessa conjuntura, os comunistas anti-stalinistas são a minoria, e sua nova organização, a Quarta Internacional, está longe de poder competir com as correntes dominantes da esquerda oficial.
Existem muitos aspectos comuns entre O programa e o Manifesto Comunista: ambos buscam unidade entre teoria e prática, entre a análise da realidade e a perspectiva de sua transformação revolucionária; ambos oferecem um programa que parte de reivindicações imediatas para oferecer um projeto de luta contra o capitalismo; ambos possuem como traço mais marcante o internacionalismo e têm como ponto de referência histórico-mundial a realização de uma sociedade comunista. Do ponto de vista das deficiências, é necessário constatar que o documento de 1938, como o de 1848, ignora os problemas ecológicos e tem uma abordagem muito insuficiente da questão da libertação das mulheres.
O programa é uma síntese particularmente bem sucedida das principais ideias políticas de Trotski: a revolução permanente nos países atrasados, a revolução antiburocrática na URSS, a unidade operária na luta contra o fascismo e o imperialismo e a necessidade de uma organização internacional dos revolucionários marxistas.
Como o próprio Manifesto de Marx e Engels, O programa de transição tem limitações que correspondem a um momento histórico específico. A mais evidente é a que aparece no próprio título do documento: a convicção de que o capitalismo se encontra em sua “agonia”, que as forças produtivas estancaram, que a burguesia está totalmente desorientada e que o impasse econômico não tem saída. Felizmente, Trotski não cai na armadilha do “fatalismo otimista”: apesar de algumas referências a supostas “leis da história”, ele está perfeitamente consciente de que o capitalismo não findará de morte natural. O futuro não está decidido nem determinado pelas “condições objetivas”: se o socialismo não triunfar, a humanidade conhecerá uma terrível guerra e uma catástrofe que ameaça a própria civilização humana – palavras proféticas! O marxismo de Trotski atribui um papel decisivo ao “fator subjetivo”, à consciência e ação do sujeito histórico: “tudo depende do proletariado”.
Como acontece muitas vezes com os grandes textos do marxismo, O programafoi vítima de uma fetichização dogmática. Correntes políticas se dizendo trotskistas transformaram-no numa espécie de catecismo, fora da história e da realidade. Quando o texto afirma que “as forças produtivas da humanidade deixaram de crescer” talvez corresponda a 1938, quando a Europa e o mundo ainda se debatiam com as consequências da grande crise de 1929, mas, para certas correntes trotskistas, a afirmação continuava valendo em 1960 ou 1980. Os economistas marxistas que, como Ernest Mandel, procuravam dar conta do extraordinário desenvolvimento das forças produtivas depois da Segunda Guerra – conduzindo, claro, a novas crises – eram chamados de “revisionistas”.
Outro erro cometido por muitos consistia em tomar O programa de transiçãocomo um catálogo de receitas já prontas: por exemplo, em qualquer situação de crise ou de mudança política, evocar a ordem: “Assembleia Constituinte!”.
Se O programa de transição, assim como o Manifesto Comunista, é um documento histórico, que reflete, até certo ponto, uma conjuntura determinada, ele contém, ao mesmo tempo, algumas ideias fundamentais do marxismo revolucionário. O que o documento tem de importante – e genial – é um certométodo de intervenção política, que poderia ser chamado de “método do programa de transição”. Tal método, que é inspirado na experiência da Revolução de Outubro e das lutas sociais dos anos 20 e 30, tem como ponto de partida a filosofia da práxis de Marx, isto é, a compreensão de que a consciência social dos explorados, sua capacidade de tranformação tanto pessoal como em sujeitos históricos, resulta, antes de tudo, da própria prática, da própria experiência de lutas e de conflito social.
Rompendo com uma velha tradição social-democrata de separação entre um “programa mínimo” reformista e um “programa máximo” abstratamente socialista, Trotski propunha formular reivindicações “transitórias” que, partindo do nível de consciência real dos trabalhadores, de suas exigências concretas e imediatas, levavam a um enfrentamento da lógica do capitalismo, a um conflito com os interesses da grande burguesia. Por exemplo: a abolição do segredo comercial” – ou do “segredo bancário” – e o controle dos trabalhadores sobre a indústria; ou então, a escala móvel de salários e a escala móvel de horas de trabalho, como resposta ao desemprego; ou, ainda, a expropriação dos grandes bancos e a nacionalização do crédito.
Mais do que essa ou aquela palavra de ordem, proposta ou reivindicação – que Trotski havia diversificado em função de contextos diversos: países coloniais, países imperialistas, países fascistas e Estados burocráticos – o que há de atual no documento de 1938 é seu método, sua concepção dialética do programa como instrumento de luta e de conscientização. Com esse método, escrevia Ernest Mandel, em 1972, num préfacio ao documento, Trotski buscava “tornar o movimento consciente dos únicos objetivos que oferecem soluções duráveis e não passageiras aos males provocados pelo regime capitalista”.
Propor um programa de transição não significa, insistia Trotski, ignorar as reivindicações parciais ou elementares dos trabalhadores, ou ignorar a diferença entre democracia e fascismo. Um dos capítulos d’O programa é dedicado a uma crítica radical ao sectarismo. Apesar disso, traços sectários também são encontrados no documento, por exemplo no capítulo dezoito, que declara “uma guerra implacável” a todas as outras correntes do movimento operário, desde a social-democracia até o anarcossindicalismo.
O que inspira O programa de 1938, apesar das terríveis derrotas e das crises do movimento operário nos anos 30, é uma aposta racional na possibilidade de uma saída revolucionária para os impasses do capitalismo, na capacidade dos trabalhadores de tomar, através de sua experiência prática, consciência de seus interesses fundamentais, na vocação das classes exploradas e oprimidas para salvar a humanidade da catástrofe e da barbárie. Tal aposta não perdeu nada de sua atualidade nesse início do século XXI.
***
A Boitempo lança no final de novembro O homem que amava os cachorros, premiado romance do cubano Leonardo Padura sobre Leon Trotski. Narrado por um escritor fictício chamado Ivan, que, a partir de um encontro enigmático com um homem que passeava com seus cães, retoma os últimos anos da vida do revolucionário russo, seu assassinato e a história de seu algoz, o catalão Ramon Mercader, contratado durante a Guerra Civil Espanhola para executá-lo.
terça-feira, 5 de novembro de 2013
2013 10 04 Repórter TVI Verdade Inconveniente TVI
http://www.youtube.com/v/eC_ZzwgFqMk?version=3&autohide=1&autohide=1&feature=share&autoplay=1&showinfo=1&attribution_tag=fz-o70EN3K6mejtAmG0GpA
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
ESPALHA A CONSCIÊNCIA! ...DUM ROUBO DE PROPORÇÕES INIMAGINÁVEIS!
http://www.youtube.com/v/okhalDdjCmQ?autohide=1&version=3&autohide=1&feature=share&attribution_tag=Gstb5ztmMGoV416HzQtlGQ&showinfo=1&autoplay=1
Subscrever:
Mensagens (Atom)