Pacto de agressão ou memorando de ajuda?
por Daniel Vaz de Carvalho
Para eles a verdade oficial não é para ser contestada nem posta em dúvida. Será por conformismo? Por seguidismo oportunista? Ficaremos no grau zero do pensamento político, equivalente ao medieval domínio da escolástica e dos seus anátemas, se não colocarmos a questão nos seus fundamentos de cultura crítica: agressão ou ajuda? Vejamos, quando a Alemanha nazi se rendeu aos aliados a sua dívida teve condições de baixo juro, longo prazo (mais de 30 anos, renegociáveis), serviço de dívida de 5% das exportações. A grande indústria e sectores estratégicos (energia, telecomunicações, transportes fundamentais) ficaram nas mãos do Estado. Em 1982, na RFA, o sector empresarial do Estado representava ainda 12,5% do VAB de todas as empresas. Isto está nos antípodas das exigências da troika. A Alemanha nazi e seus aliados fascistas (o Eixo) invadiram países, destruíram infraestruturas, massacraram populações, pilharam riquezas, impuseram governos colaboracionistas, instituíram um banco (o Reichbank) que tinha a seu cargo, a partir de uma moeda única para transações entre os países, organizar o processo de extorsão. Hoje o BCE tem papel idêntico: a extorsão dos países fragilizados por tratados iníquos e antidemocráticos que governos irresponsáveis, colaboracionistas e que mentiram ao seus povos, aprovaram. Comparemos então em que consiste a agressão a um país e ao seu povo com o pacto da troika.
O pacto da troika atua como a bomba de neutrões que eliminava pessoas sem destruir edifícios. Neste caso as pessoas são eliminadas da vida ativa do país, pela pobreza, desemprego, marginalização, emigração massiva; as instalações ficam à mercê dos predadores que agem na esteira da agressão.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .Dizem-nos a todas as horas que não havia – nem há – outra solução senão o pacto da troika. Mas este foi o argumento dos Petain, Laval, Quisling e outros nomes por demais repugnantes. Outros foram os argumentos dos resistentes que lutaram contra a agressão aos seus países e venceram. Outros foram os argumentos de De Gaulle, Moulin, Vercors, Rochet, Togliatti (cito de cor) e tantos outros que a História venera e não merecem ser esquecidos. Há de novo uma guerra europeia conduzida pela Alemanha, consequência direta do fim da RDA, que hoje se verifica ter sido essencial para a defesa dos interesses dos povos da Europa e da soberania dos países mais frágeis. A ambição alemã de colocar a Europa a funcionar segundo os seus interesses de potência hegemónica teve, tal como no passado, a colaboração de governos completamente desacreditados traindo promessas e compromissos com seus povos. Porém, a Alemanha está a perder a guerra da globalização esquecendo, tal como os EUA, que a História mostra que o destino das nações agressoras foi sempre destruírem-se também a si próprias. A UE está em desagregação, fala a várias vozes, a sua moeda única tem futuro mais que incerto, os tratados estão completamente desajustados das realidades, resta a repressão e o aumento da exploração para manter o domínio neoliberal ao serviço de uma finança predadora, usurária, corrupta, mas que tem ao seu serviço políticos incompetentes e sem palavra. A compreensão de que estamos sujeitos a um pacto de agressão não é figura de retórica ou propaganda política, é uma base essencial para estabelecer um processo de recuperação da soberania e da democracia. A ligação e a tomada de posições comuns entre países sujeitos a idênticos processos é também essencial. Os agressores fazem tudo para o evitar. O lema imperialista sempre foi: dividir para reinar. A compreensão de que o nosso país, tal como outros em situação idêntica, é vítima de uma agressão externa é imediatamente compreensível se atentarmos no que será necessário realizar para a recuperação económica e social. Neste momento o país encontra-se com a indústria, a agricultura, as pescas, em processo de destruição e os serviços sociais a serem desmantelados. A sua recuperação vai exigir esforços não diferentes da reconstrução de um país que tivesse suportado uma agressão militar. Essa reconstrução terá de ser e será feita, mas só poderá ser levada a cabo por forças consequentemente patrióticas e progressistas Patrióticas, pois porão os interesses da sua Pátria acima de todos os outros incluindo diferenças ideológicas. Progressistas, pois colocarão os interesses e a felicidade de todo o povo acima dos interesses da oligarquia monopolista e especuladora, não se confundindo nem estabelecendo consensos com mercenários de interesses espúrios e estrangeiros ou com sicofantas e fala-baratos que tenham colaborado na desgovernação do país. |
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quinta-feira, 14 de março de 2013
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