Opinião
A pedofilia como arma de guerra
A
foto e o vídeo de Omron, garoto de cinco anos da cidade de Alepo
(Síria), têm corrido mundo e enchido as primeiras páginas e espaços
nobres da comunicação social. Por que razão o drama de Omron mereceu
destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes?
As
crianças são as vítimas indefesas de qualquer guerra. Mais do que
qualquer outro sector das populações, e juntamente com os idosos, estão à
mercê de todas as fracções em luta, sejam os bons ou os maus, os
ditadores e pretensos salvadores, os terroristas e os ditos guerreiros
humanitários, os bárbaros e os civilizados, os opressores e os que tomam
para si as vocações libertadoras. As crianças não têm escolha.
Nas guerras de hoje – e muitas elas são – vem-se agudizando a tendência para explorar a maior debilidade das crianças em áreas de conflito como exemplos da maldade de uma das partes em guerra, com o objectivo óbvio de enaltecer a bondade e a virtude de quem a combate, transformando os maus em péssimos e os bons numa espécie de santos redentores. Usando tal expediente, em associação com a comunicação social amestrada, os praticantes dessas tendências exploram a vulnerabilidade infantil como em qualquer prática pedófila, neste caso ao serviço da propaganda belicista e da guerra. De um tão sádico e doentio comportamento, que se alimenta da cobarde exploração dos sentimentos e das emoções mais naturais de multidões indefesas – os exércitos de consumidores de comunicação social –, não se terá lembrado o próprio Goebbels.
Vem o intróito a propósito da foto e do vídeo do pequeno Omron, garoto de cinco anos da cidade de Alepo, na Síria, que têm corrido mundo e enchido as primeiras páginas e espaços nobres da comunicação social monopolista, tão plural e civilizada. É usada até à exaustão para apontar a dedo as maldades incuráveis do regime do terrível Assad e dos malvados protectores, os russos, assim legitimando e abençoando as guerras contra eles feitas pelos exércitos libertadores, ainda que acompanhados, como neste caso específico, pelos tão excomungados terroristas islâmicos.
Qualquer jornalista com uma réstia de brio profissional que sobreviva à voz de comando dos donos poderia investigar as razões pelas quais o drama do pequeno Omron mereceu destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes. Bastar-lhe-iam um pouco de curiosidade profissional e algumas horas de trabalho.
O que aprenderia então esse jornalista?
Que, na altura em que foi tirada a fotografia e captado o vídeo, a criança não estava a ser socorrida por profissionais de saúde mas sim nas mãos de uma dita «organização não-governamental», a White Helmets (escudos brancos), uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB.
Que a White Helmets é um braço de uma empresa designada Innovative Comunications & Strategies (InCoStrad), com escritórios em Washington e Istambul, uma agência de comunicação e propaganda do MI6 e da NATO criada para o conflito sírio. Esta empresa é autora, por exemplo, dos logotipos da maior parte dos bandos de mercenários e grupos terroristas em acção na Síria, dos «moderados» ao próprio Estado Islâmico, ou Daesh, ou Isis.
Que o oportuno autor do instantâneo foi Mahmoud Raslan (Rslan, grafia usada na sua página de Facebook), um jihadista simpatizante do Estado Islâmico, membro do grupo terrorista «moderado» Harakat Nour Din al-Zenki, protegido pela Turquia e que foi um dos contemplados pela CIA com armas antitanque BGM-71.
Que o Mahmoud Raslan e o seu grupo são realmente amigos de crianças. Há pouco mais de um mês, em 16 de Julho, o «fotógrafo» e membros do seu grupo terrorista promoveram uma cerimónia de sangue na qual foi decapitado na caixa traseira de uma camioneta vermelha, em pequenos e sincopados golpes de arma branca, o garoto palestiniano Abdullah Tayseer al-Issa, de 12 anos. Fora «julgado» e «condenado» pelos «moderados» de Raslan por pertencer supostamente às «Brigadas Al-Quds». A cabeça ensanguentada da criança foi depois exibida efusivamente, como histórico troféu, cena documentada em vídeos que qualquer pessoa – nem precisa de ser jornalista – descobrirá em rede, se tiver estômago para tal.
Resta notar que o caso de Omron é usado como propaganda de guerra a propósito da situação em Alepo, a segunda mais importante cidade síria, onde os mercenários invasores, ditos «rebeldes», sentem estar a perder o poder devido ao longo cerco imposto pelas tropas sírias, com apoio aéreo russo. O episódio Omron coincide com um «aviso» lançado pelo Pentágono de que poderá atacar aviões russos se puserem em causa o seu pessoal no terreno – afinal há tropas norte-americanas na Síria – e depois de ter fracassado a armadilha da abertura de supostos «corredores humanitários» mediante os quais a «coligação ocidental» pretendia romper o cerco de Alepo e dar fuga aos terroristas.
Ocupando Alepo estão os «moderados» criados pela sra. Clinton & Cia e, sobretudo, os verdadeiros senhores da guerra na Síria, a al-Qaida e o Daesh. Quem os protege, tentando evitar o regresso à legitimidade institucional, são os interesses igualmente defensores do nosso «civilizado modo de vida» e que, para tal, não hesitam em recorrer à mais cobarde pedofilia como arma de propaganda e de guerra.
Nas guerras de hoje – e muitas elas são – vem-se agudizando a tendência para explorar a maior debilidade das crianças em áreas de conflito como exemplos da maldade de uma das partes em guerra, com o objectivo óbvio de enaltecer a bondade e a virtude de quem a combate, transformando os maus em péssimos e os bons numa espécie de santos redentores. Usando tal expediente, em associação com a comunicação social amestrada, os praticantes dessas tendências exploram a vulnerabilidade infantil como em qualquer prática pedófila, neste caso ao serviço da propaganda belicista e da guerra. De um tão sádico e doentio comportamento, que se alimenta da cobarde exploração dos sentimentos e das emoções mais naturais de multidões indefesas – os exércitos de consumidores de comunicação social –, não se terá lembrado o próprio Goebbels.
Vem o intróito a propósito da foto e do vídeo do pequeno Omron, garoto de cinco anos da cidade de Alepo, na Síria, que têm corrido mundo e enchido as primeiras páginas e espaços nobres da comunicação social monopolista, tão plural e civilizada. É usada até à exaustão para apontar a dedo as maldades incuráveis do regime do terrível Assad e dos malvados protectores, os russos, assim legitimando e abençoando as guerras contra eles feitas pelos exércitos libertadores, ainda que acompanhados, como neste caso específico, pelos tão excomungados terroristas islâmicos.
Como libelo contra a guerra, contra todas as guerras, o drama do pequeno Omron é um entre os de dezenas de milhares de crianças na Síria, em Gaza e na Palestina em geral, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, no Iémen, na Ucrânia, no Mali, na Nigéria – citando os conflitos actuais e mais recentes –, feridas ou mortas por toda a espécie de grupos em conflito. Não mereceram tão mediático destaque, mas nem por isso deixaram de existir – os «danos colaterais» em escolas e creches praticados por aviões da NATO durante a «libertação» da Líbia na companhia dos terroristas islâmicos; ou os bombardeamentos de escolas e hospitais efectuados igualmente pela NATO no Afeganistão, e pelo exército de Israel em Gaza. Nesta matéria, como em tantas outras, os bons e os maus confundem-se mediante uma tenebrosa propriedade comutativa própria da guerra.«A White Helmets (escudos brancos) é uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB»
Qualquer jornalista com uma réstia de brio profissional que sobreviva à voz de comando dos donos poderia investigar as razões pelas quais o drama do pequeno Omron mereceu destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes. Bastar-lhe-iam um pouco de curiosidade profissional e algumas horas de trabalho.
O que aprenderia então esse jornalista?
Que, na altura em que foi tirada a fotografia e captado o vídeo, a criança não estava a ser socorrida por profissionais de saúde mas sim nas mãos de uma dita «organização não-governamental», a White Helmets (escudos brancos), uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB.
Que a White Helmets é um braço de uma empresa designada Innovative Comunications & Strategies (InCoStrad), com escritórios em Washington e Istambul, uma agência de comunicação e propaganda do MI6 e da NATO criada para o conflito sírio. Esta empresa é autora, por exemplo, dos logotipos da maior parte dos bandos de mercenários e grupos terroristas em acção na Síria, dos «moderados» ao próprio Estado Islâmico, ou Daesh, ou Isis.
Que o oportuno autor do instantâneo foi Mahmoud Raslan (Rslan, grafia usada na sua página de Facebook), um jihadista simpatizante do Estado Islâmico, membro do grupo terrorista «moderado» Harakat Nour Din al-Zenki, protegido pela Turquia e que foi um dos contemplados pela CIA com armas antitanque BGM-71.
Que o Mahmoud Raslan e o seu grupo são realmente amigos de crianças. Há pouco mais de um mês, em 16 de Julho, o «fotógrafo» e membros do seu grupo terrorista promoveram uma cerimónia de sangue na qual foi decapitado na caixa traseira de uma camioneta vermelha, em pequenos e sincopados golpes de arma branca, o garoto palestiniano Abdullah Tayseer al-Issa, de 12 anos. Fora «julgado» e «condenado» pelos «moderados» de Raslan por pertencer supostamente às «Brigadas Al-Quds». A cabeça ensanguentada da criança foi depois exibida efusivamente, como histórico troféu, cena documentada em vídeos que qualquer pessoa – nem precisa de ser jornalista – descobrirá em rede, se tiver estômago para tal.
É possível saber ainda que o terrorista/«fotógrafo» tem vínculo profissional a um denominado Aleppo Media Center, cuja página web abre no site do jornal Times of Israel.«O caso de Omron é usado como propaganda de guerra a propósito da situação em Alepo, (...) onde os mercenários invasores, ditos "rebeldes", sentem estar a perder o poder devido ao longo cerco imposto pelas tropas sírias, com apoio aéreo russo»
Resta notar que o caso de Omron é usado como propaganda de guerra a propósito da situação em Alepo, a segunda mais importante cidade síria, onde os mercenários invasores, ditos «rebeldes», sentem estar a perder o poder devido ao longo cerco imposto pelas tropas sírias, com apoio aéreo russo. O episódio Omron coincide com um «aviso» lançado pelo Pentágono de que poderá atacar aviões russos se puserem em causa o seu pessoal no terreno – afinal há tropas norte-americanas na Síria – e depois de ter fracassado a armadilha da abertura de supostos «corredores humanitários» mediante os quais a «coligação ocidental» pretendia romper o cerco de Alepo e dar fuga aos terroristas.
Ocupando Alepo estão os «moderados» criados pela sra. Clinton & Cia e, sobretudo, os verdadeiros senhores da guerra na Síria, a al-Qaida e o Daesh. Quem os protege, tentando evitar o regresso à legitimidade institucional, são os interesses igualmente defensores do nosso «civilizado modo de vida» e que, para tal, não hesitam em recorrer à mais cobarde pedofilia como arma de propaganda e de guerra.
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