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quinta-feira, 18 de agosto de 2016


Juíza argentina aceita investigar desaparecimento do poeta García Lorca

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Granada (Espanha), 17 ago (EFE).- A juíza argentina María Romilda Servini de Cubría, que há anos investiga violações dos direitos humanos na Espanha durante o regime comandado pelo general e ditador Francisco Franco, aceitou a denúncia pelo desaparecimento do poeta Federico García Lorca apresentada pela Associação para a Recuperação da Memória Histórica (ARMH).
O presidente deste coletivo, Emilio Silva, explicou nesta quarta-feira para a Agência Efe que a juíza aceitou este caso e que já enviou um precatório à Espanha para iniciar diligências.
O início desta investigação judicial coincide com o octogésimo aniversário do assassinato do poeta e dramaturgo nascido em Fuente Vaqueros, na província de Granada, no sul da Espanha, e após a descoberta de documentos que a associação tinha guardado.
A denúncia, à qual teve acesso a Efe e que foi formalizada em abril deste ano, transferia à juíza argentina um relato que comprovava “de maneira indubitável” as circunstâncias da detenção e do assassinato de Federico García Lorca, a partir de um documento da Chefia Superior de Polícia de Granada datado de 9 de julho de 1965.
O referido relatório, que mostrou pela primeira vez a versão oficial do regime franquista sobre a morte do poeta, assinalava que García Lorca foi fuzilado junto com outra pessoa e definia o poeta como “socialista e maçom”, além de lhe atribuir “práticas de homossexualidade, aberração que se tornou vox populi”.
Em agosto de 1936, García Lorca se encontrava em Granada, aonde havia chegado alguns dias antes, vindo de Madri, cidade na qual residia, de acordo com o documento, que acrescentava que, no lapso de poucos dias, duas buscas tinham sido feitas em seu domicílio.
Depois dessas diligências policiais, Lorca se refugiou na casa de seus amigos, os irmãos Rosales Camacho, vinculados, por sua afiliação ao movimento Falange, aos rebeldes que pegaram em armas contra o governo da República.
Ali permaneceu até sua detenção, que o documento situou entre os últimos dias de julho e os primeiros de agosto de 1936 e que foi resultado de uma ordem procedente do governo civil.
Uma vez efetuada a detenção, García Lorca foi conduzido para os calabouços do governo civil e os irmãos Rosales Camacho se interessaram por ele, assim como o chefe local e o chefe de milícias da Falange, que não conseguiram a liberdade do detido após uma reunião com o governador civil da época.
A denúncia afirma que García Lorca foi retirado do governo civil “por forças dependentes do mesmo” e conduzido em um carro até o município de Víznar, junto com outro detido, cujas circunstâncias pessoais se desconhecem e que, nas imediações de um lugar conhecido como Fuente Grande, “ambos foram fuzilados”.
A partir desse relato, a ARMH transferiu para juíza a importância deste caso para a configuração do que considera um “contexto de crimes contra a humanidade” e que “é indispensável” contar com toda a documentação relacionada a estes fatos que possa ser encontrada nos arquivos do Ministério do Interior espanhol.
Como medida de prova, solicitaram a remissão de uma comissão rogatória ao Juizado de Instrução de Madri para que recebesse do ministério cópias certificadas do expediente da Chefia Superior de Polícia de Granada de 1965, assim como toda documentação existente em seus arquivos relativa à detenção e ao homicídio de García Lorca. EFE

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