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domingo, 30 de novembro de 2025

 

Tecnopolíticas da vigilância: perspectivas da margem, organizado por Fernanda Bruno, Bruno Cardoso, Marta Kanashiro, Luciana Guilhon e Lucas Melgaço
Coletânea crítica que explora as complexidades da vigilância na era tecnológica, abordando desde a política e a cultura até a resistência contra os mecanismos de controle sociotécnicos. Oferece perspectivas inovadoras sobre como os dados impactam nossa sociedade e nossa privacidade.

Automação e o futuro do trabalho, de Aaron Benanav
O discurso da automação tecnológica tem sido amplamente mobilizado por empresários, políticos, jornalistas e formadores de opinião para sustentar prognósticos ora catastróficos, ora idílicos. Nesse livro, o professor da Universidade Cornell contrapõe-se a essas previsões ao argumentar que não é a tecnologia, mas o longo declínio da economia capitalista, o responsável pelo desemprego e, sobretudo, pelos subempregos contemporâneos. 


Colonialismo digital, de Deivison Faustino e Walter Lippold
Uma debate provocador sobre o colonialismo digital, suas ramificações e impactos contemporâneos. Explora temas como racismo algorítmico, soberania digital e o papel das tecnologias na perpetuação das desigualdades. Vozes renomadas do debate nacional contribuem para esta discussão fundamental.

O valor da informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era do espetáculo e da internet, de Marcos Dantas, Denise Moura, Gabriela Raulino e Larissa Ormay
Com a ótica da teoria marxiana do valor-trabalho, revela como a informação se tornou mercadoria fundamental nas relações de produção e consumo. Exploa os aspectos da propriedade intelectual, trabalho não remunerado em plataformas digitais e a produção de valor nos campeonatos de futebol.

 

 

 

 

sábado, 29 de novembro de 2025

 

Friedrich Engels foi mais do  que um segundo violino para Karl Marx

 POR Marcello Musto

Tradução
Isabela Gesser
in Jacobina
 
 Friedrich Engels comemora hoje  - 28/11/1820 -seu aniversário de 200 anos. Devemos lembrar a profunda influência exercida por ele sobre seu camarada, Karl Marx, bem como suas próprias contribuições jornalísticas e teóricas para formular a estratégia da revolução socialista pelas ruas e urnas ao mesmo tempo. 
 
 

Friedrich Engels compreendeu, antes mesmo de Karl Marx, a centralidade da crítica da economia-política. Na verdade, quando os dois radicais começaram a se conhecer, Engels havia publicado muito mais artigos sobre este assunto do que seu amigo.

Nascido há 200 anos, no dia 28 de novembro de 1820, em Barmen, Alemanha (hoje um subúrbio de Wuppertal), Friedrich Engels era um jovem promissor. Seu pai, um industrial têxtil, negou-lhe a oportunidade de estudar na universidade. Em vez disso, orientou seu filho no meio de sua empresa. Engels, um ateu, era autodidata e tinha um apetite voraz por conhecimento. Ele assinava seus artigos com um pseudônimo para evitar conflitos com sua família conservadora e fortemente religiosa.

Os dois anos que passou na Inglaterra – para onde foi encaminhado aos 22 anos de idade para trabalhar em Manchester nos escritórios da algodoeira Ermen & Engels –, foram decisivos para o amadurecimento de suas convicções políticas. Foi lá que ele observou pessoalmente os efeitos da exploração capitalista sobre o proletariado, da propriedade privada e da competição entre indivíduos. Ele fez contato com o movimento cartista e se apaixonou pela trabalhadora irlandesa, Mary Burns, que desempenhou um papel fundamental em seu desenvolvimento. Engels era um jornalista brilhante. Ele publicou relatos na Alemanha sobre as lutas sociais inglesas, além de escrever para a imprensa de língua inglesa sobre os avanços sociais em curso no continente. O artigo “Esboços de uma crítica à economia política”, publicado nos Anuários franco-alemães em 1844, despertou grande interesse em Marx, que na época decidira dedicar todas as suas energias ao mesmo assunto. Os dois iniciaram uma colaboração teórica e política que duraria o resto de suas vidas.

A influência de Engels

Em 1845, Engels publicou seu primeiro livro em alemão, The Condition of the Working Class in England (A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra). Como enfatizava o subtítulo, esse trabalho se baseava “na observação direta e em fontes genuínas”. Engels escreveu no prefácio que o conhecimento real das condições de trabalho e de vida do proletariado era “absolutamente necessário, pois será capaz de fornecer uma base sólida para as teorias socialistas”. Em sua dedicatória introdutória, “Para a classe trabalhadora da Inglaterra”, Engels destacou ainda que seu trabalho “no campo” deu a ele de modo direto e não abstrato, “conhecimento da vida real dos trabalhadores”. Nunca foi discriminado ou “tratado por eles (trabalhadores) como estrangeiro” e ficou feliz ao ver que estavam livres da “terrível maldição da estreiteza e arrogância nacional”.

No mesmo ano em que o governo francês expulsou Marx por causa de suas atividades comunistas, Engels o seguiu até Bruxelas. Lá, eles publicaram seu primeiro livro juntos, The Holy Family or Critique of Critical Criticism. Against Bruno Bauer and Company (A sagrada família: ou a crítica da Crítica crítica: contra Bruno Bauer e consortes) além de também produziram um volumoso manuscrito não publicado – The German Ideology (A Ideologia Alemã) – que foi deixado para a “crítica corrosiva de ratos ”. No mesmo período, Engels foi à Inglaterra com seu amigo e mostrou a Marx em primeira mão o que ele havia visto e compreendido anteriormente sobre o modo de produção capitalista. Foi então que Marx desistiu da crítica à filosofia pós-hegeliana e deu início à longa jornada que conduziu, vinte anos depois, ao primeiro volume de O capital. Os dois amigos também escreveram em 1848 o Manifesto of the Communist Party (Manifesto do Partido Comunista) e participaram das atividades revolucionárias no mesmo ano.

Em 1849, após a derrota da revolução, Marx foi forçado a se mudar para a Inglaterra, e Engels logo cruzou o canal atrás dele. Marx alojou-se em Londres, enquanto Engels foi cuidar dos negócios da família em Manchester, a cerca de trezentos quilômetros de distância. Ele havia se tornado, como ele disse, o “segundo violino” para Marx, e para sustentar e ajudar seu amigo (que frequentemente estava sem renda), ele concordou em gerenciar a fábrica de seu pai em Manchester, até 1870.

As correspondências de Marx e Engels

Durante essas duas décadas, os dois homens viveram o período mais intenso de suas vidas, trocando textos sobre os principais acontecimentos políticos e econômicos da época. A maioria das 2.500 cartas trocadas datam de 1849 a 1870, período em que também enviaram cerca de 1.500 correspondências para ativistas e intelectuais em quase 20 países. A este total imponente deveriam ser acrescentadas umas boas 10.000 cartas de terceiros a Engels e Marx, e outras 6.000 que, embora não sejam mais rastreáveis, são conhecidas como tendo existido. Essa correspondência é um tesouro, contendo ideias que, em alguns casos, nem Marx nem Engels conseguiram desenvolver plenamente em seus escritos.

Poucas correspondências do século XIX podem ostentar referências tão eruditas quanto aquelas que fluíram das canetas dos dois revolucionários comunistas. Marx lia nove línguas e Engels dominava até doze. Suas cartas são impressionantes por sua constante troca de línguas e pelo número de citações eruditas, incluindo o latim e o grego. Os dois humanistas também eram grandes amantes da literatura. Marx sabia de cor passagens de Shakespeare e nunca se cansava de folhear seus volumes de Ésquilo, Dante e Balzac. Engels foi por muito tempo presidente do Instituto Schiller em Manchester e adorava Aristoteles, Goethe e Lessing. Junto com a discussão constante sobre acontecimentos internacionais e possibilidades revolucionárias, muitos de seus intercâmbios concernentes aos principais avanços contemporâneos em tecnologia, geologia, química, física, matemática e antropologia. Marx sempre considerou Engels um interlocutor indispensável, consultando seu espírito crítico sempre que precisava se posicionar sobre um assunto polêmico.

Além de grandes companheiros intelectuais, a relação sentimental entre os dois homens era ainda mais extraordinária. Marx confiou a Engels todas as suas dificuldades pessoais, a começar pelas terríveis privações materiais e os numerosos problemas de saúde que o atormentaram durante décadas. Engels demonstrou total abnegação em ajudar Marx e sua família, sempre fazendo tudo ao seu alcance para garantir-lhes uma existência digna e para facilitar a realização do O Capital. Marx sempre foi grato por essa ajuda financeira, como podemos ver pelo que ele escreveu uma noite em agosto de 1867, poucos minutos depois de ter terminado de corrigir as provas do Volume I: “Eu só devo a você que isso tenha sido possível”.


As contribuições teóricas de Engels

Durante esses 20 anos, porém, Engels nunca parou de escrever. Em 1850, ele publicou A Guerra do Camponês na Alemanha, uma história das revoltas em 1524-25. Lá, Engels procurou mostrar como o comportamento da classe média da época era semelhante ao da pequena burguesia durante a revolução de 1848-49, e quão responsável tinha sido pelas derrotas sofridas.

Para permitir que Marx dedicasse mais tempo à conclusão de seus estudos econômicos, entre 1851 e 1862, Engels também escreveu quase metade dos quinhentos artigos que Marx contribuiu para o New-York Tribune (o jornal com maior circulação nos EUA). Ele informou ao público norte-americano sobre o curso e os possíveis resultados das muitas guerras que ocorreram na Europa. Em mais de uma ocasião conseguiu antever desenvolvimentos e antecipar as estratégias militares utilizadas nas diversas frentes, ganhando para si o apelido com que era conhecido entre seus camaradas: “o General”. Sua atividade jornalística continuou por um longo tempo, e em 1870-71 ele publicou suas “Notas sobre a Guerra Franco-Prussiana”, uma série de 60 artigos para o diário inglês Pall Mall Gazette analisando os eventos militares anteriores à Comuna de Paris. Estes foram bem recebidos e testemunharam sua perspicácia em assuntos militares.

Nos quinze anos seguintes, Engels fez suas principais contribuições teóricas em uma série de escritos dirigidos contra oponentes políticos do movimento operário. Entre 1872 e 1873, ele escreveu uma série de três artigos para o Volksstaat que também foram lançados, como um panfleto, com o título The Housing Question (A questão da habitação). A intenção de Engels era se opor à disseminação das ideias de Pierre-Joseph Proudhon na Alemanha e deixar claro aos trabalhadores que as políticas reformistas não poderiam substituir uma revolução proletária. O Anti-Dühring, publicado em 1878, que ele descreveu como “uma exposição mais ou menos conectada do método dialético e da visão de mundo comunista”, tornou-se um ponto de referência crucial para a formação da doutrina marxista.

Embora os esforços de Engels para popularizar Marx – polemizando com outras leituras simplistas – devam ser distinguidos das vulgarizações da geração posterior da social-democracia alemã, seu recurso às ciências naturais abriu o caminho para uma concepção evolucionária dos fenômenos sociais que diminuiu as nuances das análises de Marx. Socialism: Utopian and Scientific (1880) (Do socialismo utópico ao cientifico), uma reformulação de três capítulos do Anti-Dühring, teve um impacto ainda maior do que o texto original. Mas, apesar de seus méritos, e do fato de ter circulado quase tão amplamente quanto o Manifesto do Partido Comunista, as definições de Engels de “ciência” e “socialismo científico” seriam posteriormente usadas pela vulgata marxista-leninista para impedir qualquer discussão crítica sobre as teses dos “fundadores do comunismo”.

A Dialética da Natureza, fragmentos de um projeto em que Engels trabalhou esporadicamente entre 1873 e 1883, tem sido objeto de grande polêmica. Para alguns, foi a pedra angular do marxismo, enquanto para outros foi o principal culpado pelo nascimento do dogmatismo soviético. Hoje deve ser lido como uma obra incompleta, revelando as limitações de Engel, mas também o potencial contido em sua crítica ecológica. Embora o uso da dialética ali certamente tenha reduzido a complexidade teórica e metodológica do pensamento de Marx, seria incorreto responsabilizá-lo –como muitos fizeram – por tudo o que acham desagradável nos escritos de Marx, ou culpar Engels somente por erros teóricos ou mesmo derrotas políticas.

Em 1884, Engels publicou Origens da Família, da Propriedade Privada e do Estado, uma análise dos estudos antropológicos realizados pelo norte-americano Lewis Morgan. Morgan havia descoberto que as relações matriarcais precediam historicamente as relações patriarcais. Para Engels, esta foi uma revelação tão importante sobre as origens da humanidade quanto “a teoria de Darwin era para a biologia e a teoria da mais-valia de Marx para a economia política”. A família já continha os antagonismos que mais tarde se desenvolveriam na sociedade e no Estado. A primeira classe de opressão a aparecer na história da humanidade “coincidiu com a opressão do sexo feminino pelo masculino”. No que diz respeito à igualdade de gênero, assim como às lutas anticoloniais, Engels nunca hesitou em defender a causa da emancipação. Finalmente, em 1886, ele publicou uma obra polêmica que visava o ressurgimento do idealismo nos círculos acadêmicos alemães, Ludwig Feuerbach e O Fim da Filosofia Alemã Clássica (1886).

Lendo Engels em 2020

Engels sobreviveu a Marx por doze anos. Durante esse tempo, ele se dedicou ao patrimônio literário de seu amigo e à liderança do movimento internacional dos trabalhadores. Sua enorme contribuição para o crescimento dos partidos operários na Alemanha, França e Grã-Bretanha é evidente em uma série de artigos jornalísticos que escreveu para os principais jornais socialistas da época, incluindo Die Neue Zeit, Le Socialiste e Critica Sociale, em saudações aos congressos do partido, bem como as centenas de cartas que escreveu neste período. Engels escreveu extensivamente sobre o nascimento e os debates em andamento a respeito da Segunda Internacional, cujo congresso de fundação ocorreu em 14 de julho de 1889. Ainda mais importante, ele dedicou suas energias à difusão do marxismo.

Engels foi encarregado da tarefa extremamente difícil de preparar para publicação os rascunhos dos Volumes II e III do Capital que Marx não conseguiu concluir. Ele também supervisionou novas edições de obras publicadas anteriormente, uma série de traduções e escreveu prefácios e posfácios para várias republicações das obras de Marx. Em uma nova introdução às Lutas de Classe na França (1850), composta alguns meses antes de sua morte, Engels elaborou uma teoria da revolução que tentou se adaptar ao novo cenário político na Europa. O proletariado tornou-se a maioria social, argumentou, e a perspectiva de tomar o poder por meios eleitorais – com sufrágio universal – tornava possível defender a revolução e a legalidade ao mesmo tempo.

Diferente dos sociais-democratas alemães, que manipulavam seu texto em um sentido legalista e reformista, Engels insistia que a “luta nas ruas” ainda tinha seu lugar na revolução. A revolução, continuou Engels, não poderia ser concebida sem a participação ativa das massas, e isso exigia “um longo e paciente trabalho”. Ler Engels hoje, 200 anos depois de seu nascimento, nos enche com o desejo de trilhar o caminho que ele abriu.

é professor associado de Teoria Sociológica na Universidade de York (Toronto) e autor de vários livros, incluindo Another Marx: Early Manuscripts to the International (Bloomsbury, 2018).

 25 Novembro

O que foi ao contrário do que dizem ter sido (golpe contrarrevolucionário e não contra-
golpe); o que não foi mas que alguns (não todos, faça-se justiça) ambicionavam que
tivesse sido (um golpe que travasse a dinâmica revolucionária e o processo de
transformações e conquistas que a CRP veio a consagrar, reprimisse e ilegalizasse o

PCP, liquidasse o regime democrático)

As comemorações do 25 de Novembro que a direita mais reaccionária
decidiu impor no calendário político é essencialmente um acto revanchista
contra a Revolução de 25 de Abril, de desvalorização e afrontamento aos
seus valores e conquistas. Uma opção movida por um recalcado e
antidemocrático inconformismo com a Revolução de Abril, um tardio assomo
de ajuste contas da direita com esse acto maior da história do nosso País.
Uma operação em si mesmo condenável, mas ainda mais quando imposto
no ano em que se comemora o quinquagésimo aniversário da revolução de
Abril que só explicável pela crescente presença de concepções reaccionárias
na sociedade portuguesa e por uma cada vez mais clara afirmação de
forças, organizações e partidos movidos por um ideário, mais ou menos
declarado, retrógrado, antidemocrático e fascizante.
Reescrevendo a história, o que alguns ambicionam com estas
comemorações é apresentar esta data não pelo que foi mas pelo que
desejariam que tivesse sido de regresso ao passado de meio século de
ditadura fascista. Reescrevendo a história o que alguns procuram fazer é
tentar equivaler um golpe contra-revolucionário, apesar de sustido no que de
mais sombrio continha no propósito de alguns, com uma revolução
libertadora que devolveu a democracia e a liberdade ao povo português e
que abriu caminho a um futuro de progresso, desenvolvimento e
emancipação social que décadas de política de direita tem cerceado.
Procurando assinalar com indisfarçável saudosismo um revés reaccionário
não consumado, o que os promotores desta iniciativa visam é reintroduzir os
factores de divisão na sociedade portuguesa que marcaram o 25 de
Novembro em detrimento daquilo que une o povo português sobre o que
representa Abril, as suas conquistas e valores.
É Abril e os seus valores que os democratas e os patriotas, os trabalhadores
e o povo em geral devem afirmar e exigir que se cumpra na sua dimensão de
transformação, igualdade e justiça. É Abril com o acervo imenso de
conquistas e direitos alcançados – políticos, sociais económicos e culturais -
que vive e está presente enquanto referência de futuro como a imensa
comemoração dos 50 anos da revolução de Abril comprovou. É Abril que
deve ser comemorado enquanto o momento mais marcante da nossa história

e não o que contra ele se arquitectou de conspirações, golpes e práticas que
o negam e pretendem desvalorizar.


14-11-2025

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

 Erro ou traição?

33,00 €

Erro ou traição? Investigação sobre o fim da URSS representa uma crónica em tempo real dos acontecimentos que levaram ao colapso da União Soviética. A obra procura determinar se a queda da URSS constituiu, por parte da equipa no poder, um erro estratégico ou uma gigantesca manipulação, orquestrada de forma meticulosa.
O autor analisa, uma a uma, as teorias elaboradas até agora sobre a queda da União Soviética para, em seguida, apresentar a sua, de forma tão detalhada e documentada que não pode deixar de conquistar o leitor.
Apesar do seu tamanho considerável, este livro emocionante, repleto de anedotas muitas vezes tingidas de humor, lê-se como um romance, cujas consequências são, no entanto, de grande importância tanto para compreender a história passada e presente como para antecipar qualquer experiência socialista futura.

«O livro mostra que, ao proclamar a ideia de criar um socialismo com rosto humano, M.S. Gorbachev e o seu círculo de colaboradores estabeleceram desde o início a tarefa da transição para a economia capitalista privada, o fim do PCUS no poder, a reviravolta ideológica da sociedade e a destruição da URSS.» Alexandre Ostrovski. 19 de outubro de 2013

Alexandre Ostrovski
Historiador formado na Academia de Ciências de Leningrado, Alexandre Vladimirovitch Ostrovski (1947-2015), especialista na agricultura dos últimos tempos do czarismo, lecionou no ensino superior nessa mesma cidade (que desde então se tornou São Petersburgo). É autor de vários outros livros que marcaram a história: «Солженицын: прощание с мифом» (2004) [Soljenitsyn: Adeus ao mito], «1993 год: Расстрел Белого Дома» (2008) [1993: o assalto ao parlamento], «Кто поставил Горбачёва?» (2010) [Quem colocou Gorbachev no poder?].

 

ISBN 978-2-37607-250-8

804 páginas

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

 Outubro negro. 1993: o bombardeamento do Parlamento russo e os massacres perpetrados pelos auxiliares do Ocidente

29,00

«Outubro Negro é uma traição ao nosso Estado. Nos anos 90, de Kaliningrado a Alma-Ata, o nosso país foi dividido em pedaços [...] Aqueles que traíram o país são criminosos imprescritíveis. Eles ignoraram o referendo nacional (de 17 de março de 1991 sobre a preservação da URSS), no qual 78% dos cidadãos soviéticos responderam: «Sim, queremos a manutenção da URSS». Em outubro de 1993, o governo de Yeltsin destruiu, propriamente dito, o Soviete Supremo, que se opunha à venda dos nossos bens sob a ditadura da CIA por menos de 3% do seu valor real.

Gennady Zyuganov, presidente do CC do Partido Comunista Russo, 2023

«[Em 1993] a situação política tornava-se cada vez mais ameaçadora para a camarilha de Yeltsin, que estava literalmente a entregar toda a soberania do país ao Ocidente coletivo. Permitam-me recordar-vos as gravações dos arquivos americanos, recentemente desclassificadas [em 2018], de uma conversa entre os presidentes Clinton e Yeltsin durante esta situação de crise. Cito:

— Yeltsin: Bill, o Soviete Supremo está completamente fora de controlo. Já não apoia as reformas. Na verdade, tornaram-se comunistas. Decidi dissolvê-lo. […]

— Clinton: O exército e os serviços especiais estão do seu lado?

— Yeltsin: Sim. [...]

— Clinton: Tudo bem. [...] O Senado lhe dará mais 2,5 mil milhões de dólares esta semana.

[...] Acontece que, pelos 2,5 mil milhões de dólares americanos que Yeltsin recebeu das mãos de Clinton, a Rússia, em outubro de 1993, graças ao zelo dos batalhões de assassinos de Yeltsin, foi privada não só de um parlamento legítimo, mas também, consequentemente, da sua soberania económica, informativa, tecnológica e política, que o parlamento nunca teria permitido dilapidar. »

Serguei Oboukhov, deputado (Partido Comunista Russo) e politólogo, 2024

E não é o menor dos truques descarados da mídia ocidental ter sempre vendido esse bombardeio de um parlamento como um triunfo da democracia!

Historiador formado na Academia de Ciências de Leninegrado, Alexandre Vladimirovitch Ostrovski (1947-2015) é autor de numerosas obras. A editora Delga já publicou em 2023: Erro ou traição? Investigação sobre o fim da URSS.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

A democracia não nasceu em Novembro. É fruto de Abril! 

A questão de fundo é a recorrente tentativa de transformar um golpe militar, inserido no processo contra-revolucionário, numa resposta a um inventado golpe do PCP. 


Queremos antes de mais agradecer o convite para participarmos neste seminário sobre o 25 de Novembro de 1975. 

Diz a nota de divulgação deste seminário que o 25 de Novembro de 1975 continua a ser objecto de intensos debates historiográficos, políticos e memoriais. 

É um facto!

Mas se uns estão nesses debates buscando conhecer e revelar a verdade, outros há que têm como objectivo fazer dos acontecimentos do 25 de Novembro uma insidiosa arma de arremesso contra Abril, contra o processo que iniciou de democratização da sociedade portuguesa, contra as suas conquistas e valores, contra firmes defensores do seu projecto libertador, utilizando despudoradamente a mentira, para servir interesses próprios, partidários ou de classe. 

É, particularmente, a direita de vários matizes que nunca se conformou com o projecto libertador e emancipador de Abril, e seus herdeiros, que tem tomado em mãos essa tarefa que se traduz numa abusiva revisão da história e de adulteração da memória da Revolução.  

De facto, há muito que nos confrontamos com leituras dos acontecimentos do 25 de Novembro de 1975 que são puras mistificações e falsidades.

São várias as narrativas, incluindo as vindas de sectores e personalidades que não se enquadram na mesma lógica da direita revanchista, a maior parte das quais não passam de afirmações assentes em meros processos de intenção sem qualquer fundamento ou prova.

Mas a questão de fundo é a recorrente tentativa de transformar um golpe militar, inserido no processo contra-revolucionário, numa resposta a um inventado golpe do PCP. 

Acusação que tem, agora, nestes tempos de comemoração de Abril, um novo ímpeto, um súbito empolamento, por um dos protagonistas do golpe de Novembro: «O PCP, talvez acossado pela extrema-esquerda, preparava-se, efectivamente, para estabelecer em Portugal um regime totalitário». 

É para dar corpo e eco a versões como esta e à manipulação do processo de construção da democracia de Abril que o actual governo do PSD/CDS decidiu constituir uma comissão autónoma e um programa próprio.

Não se trata de uma afirmação gratuita sobre as intenções do governo. 

A sua vontade de manipular o processo de democratização de Abril é tal que conseguiram omitir, na Resolução do Conselho de Ministros, que as primeiras eleições livres se realizaram em Abril de 1975 e não, como afirmam, em 1976, ou seja, sete meses antes do 25 de Novembro. O seu objectivo é identificar o processo revolucionário como ditatorial. Não, a democracia não nasceu em Novembro. É fruto de Abril! 

Hoje, está cada vez mais claro e de forma alargada da parte de quem estuda e se debruça sobre esse período da vida nacional, onde se incluem insuspeitos historiadores, que as acusações dirigidas ao PCP são infundadas e o golpe do 25 de Novembro que nós objectivamente caracterizámos como um golpe contra-revolucionário tem, de facto, a iniciativa de outros protagonistas.

Na verdade, a conspiração e acção contra-revolucionária começa cedo. Foram várias as tentativas de golpe e os golpes desferidos pela contra-revolução.

Não é possível compreender o 25 de Novembro sem percorrer a fita do tempo dos acontecimentos dos meses que o precederam, particularmente a partir dessa data marcante do falhado golpe do 11 de Março. Esse golpe, que não foi um acto isolado, preparado apenas no campo militar. 

Ele era inseparável de uma ofensiva política e diplomática contra-revolucionária que se vinha desenvolvendo meses antes, onde pontuavam, em conluio com as forças reaccionárias e do antigo regime, partidos que se afirmavam da democracia e que vão, em breve, dar corpo a uma nova e mais violenta ofensiva anti-comunista, buscando a hegemonia política nos órgãos do poder, particularmente, após as eleições para a Constituinte.    

«A sua vontade de manipular o processo de democratização de Abril é tal que conseguiram omitir, na Resolução do Conselho de Ministros, que as primeiras eleições livres se realizaram em Abril de 1975 e não, como afirmam, em 1976, ou seja, sete meses antes do 25 de Novembro.»

Mas marcante esse golpe também, porque a sua derrota criou uma situação nova, dando um decisivo impulso ao processo revolucionário, nomeadamente com a institucionalização do MFA, a criação do Conselho da Revolução e a nacionalização da Banca e dos Seguros. 

Decisões necessárias para a defesa da Revolução e do processo de democratização da sociedade portuguesa, que mexeram com interesses instalados e até aí intocados, suportes da ditadura. Interesses que não vão ficar de braços cruzados, mas redobrar a sua acção conspirativa contra a Revolução.    

No percurso que nos conduz ao 25 de Novembro está, com lugar destacado, a acção do PS, após as eleições de Abril para a Assembleia Constituinte, que passa a assumir claramente a liderança da oposição à evolução do processo de transformações e conquistas populares. Desde logo, exigindo a revogação do Pacto MFA-Partidos que haviam assinado e reivindicado uma legitimidade não outorgada pelo carácter daquelas eleições – a de eleger uma Assembleia Constituinte para elaborar a Constituição da República.  

Foram dois meses, desde as eleições, de frenética actividade desestabilizadora, com difusão de mentiras e calúnias contra as forças democráticas mais consequentes e progressistas, até à saída do PS do IV Governo Provisório, em Julho de 1975, arrastando consigo o PSD. 

Uma acção deliberada, com fortes e insidiosos apoios externos de governos e forças europeias e americana, com o objectivo de dividir o movimento popular, as forças progressistas, o MFA e criar uma profunda crise político-militar, como a que acabou por se instalar, pondo termo aos governos de coligação e forçar a saída dos comunistas do governo.

A campanha anti-comunista que promoveu e as suas alianças com as forças da reacção, têm sobre si a pesada responsabilidade de terem aberto as portas e estimulado a acção do terrorismo bombista. 

No caminho aberto, a contra-revolução, mostrando a sua verdadeira cara, passou ao ataque.

Os assaltos, pilhagens e incêndios de centros de trabalho do PCP e de outros partidos progressistas, assim como de sindicatos, a «caça aos comunistas», as agressões, os atentados terroristas, o saqueio de escritórios e residências pessoais, inseriam-se no objectivo de inverter o processo democrático aberto pela Revolução. 

Em Julho, contavam-se já 86 actos terroristas, dos quais 33 assaltos, pilhagens e incêndios de centros de trabalho do PCP e assim continuou, num total de mais de cinco centenas de actos terroristas. 

Acusa-se o PCP de querer coarctar as liberdades, mas quem ficou limitado das suas e da sua acção política, em larga parte do País e por muito tempo, foi quem acusavam. 

Não por acaso que, após o 25 de Novembro, a acção terrorista e bombista prosseguiu com tanta ou mais violência. 

Valeu tudo, incluindo a criação e aproveitamento de casos alheios a qualquer intervenção do PCP visando responsabilizar os comunistas e acentuar as divisões. O caso do jornal República é um exemplo, outro, o assalto à Embaixada de Espanha, em Setembro de 1975. 

Estávamos em Agosto e a tomada de consciência de que a Revolução atravessava sérios perigos está patente na célebre reunião do Comité Central do PCP, de 10 desse mês. 

Considerava-se que a Revolução Portuguesa atravessava a mais complexa e profunda crise verificada desde o 25 de Abril.

«No percurso que nos conduz ao 25 de Novembro está, com lugar destacado, a acção do PS, após as eleições de Abril para a Assembleia Constituinte, que passa a assumir claramente a liderança da oposição à evolução do processo de transformações e conquistas populares.»

Não cabe aqui dar conta dos contornos dessa crise, que era determinadamente uma crise do poder político, designadamente do MFA e do governo, nem tão pouco do comportamento do conjunto de protagonistas em conflito e em confronto. Nem mostrar quanto falsa era essa ideia tão propalada que o PCP estava numa posição de fuga para frente, visando a aceleração progressiva do processo revolucionário. 

Apenas realçar que face à degradação da situação se concluiu que, ou havia um esforço sério de unificação de todas as forças interessadas na defesa e consolidação da Revolução e um reforço da cooperação de todas as correntes políticas que estavam com o processo revolucionário de Abril, ou os riscos de caminhar para violentos confrontos armados era uma real possibilidade.

Por isso, o PCP declarou estar pronto a examinar em comum a situação e formas de cooperação com todos os que estavam no processo, sem discriminações. 

Não é rasurável o papel desenvolvido pelo PCP na procura de uma solução política para a crise político-militar que se agudizava a cada dia que passava, num esforço continuado, onde estão presentes propostas de encontros bilaterais e multilaterais das principais forças e sectores que podiam encontrar uma solução. 

Uma solução que passava pela reaproximação e o entendimento entre os vários sectores do MFA, particularmente entre a Esquerda militar e o Grupo dos Nove, chegando mesmo a propor, em conferência de imprensa (28 de Agosto/75), um encontro de delegações da Presidência da República, do Conselho da Revolução, do V Governo, da Esquerda militar, do Grupo dos Nove, do COPCON, do PS, do PCP e de alguns partidos que integravam a FUR  e com estreitas ligações ao COPCON. 

Proposta que não foi bem aceite.

Nem por parte de sectores da esquerda militar, que não queriam dialogar com o Grupo dos Nove.

Nem por estes, porque estavam, de facto, empenhados em derrotar a esquerda militar e fazer cair o V Governo, como aconteceu em 8 de Setembro, depois do chamado pronunciamento de Tancos com o afastamento dos cargos e estruturas superiores das Forças Armadas e do MFA de Vasco Gonçalves. 

Da parte dos sectores esquerdistas, bastou o facto de o PCP ter proposto negociar para alguns o acusarem de traição. 

A sua orientação fechada e sectária, mas também aventureira, teve consequências desastrosas. 

É curiosa, pois, a recente ideia de uma suposta traição do PCP a Otelo. 

O País vai assistir a uma situação crescentemente marcada por sucessivos conflitos, pela multiplicação de saneamentos de militares à esquerda, por sublevações e por uma grave cisão no MFA que vai conduzir à desagregação e paralisação das suas estruturas superiores de direcção. 

É na multiplicação dos saneamentos e na sua resistência que se deve encontrar o elemento motor das sublevações desse período e não em qualquer projecto de golpe ou insurreição para a tomada de poder. 

A sublevação dos pára-quedistas, em 25 de Novembro, enquadra-se, como o reconhecem altos responsáveis militares dessa época, neste quadro de contestação, no caso concreto, da chefia do seu Estado-maior e contra a extinção do RCP. 

«Não é rasurável o papel desenvolvido pelo PCP na procura de uma solução política para a crise político-militar que se agudizava a cada dia que passava, num esforço continuado, onde estão presentes propostas de encontros bilaterais e multilaterais das principais forças e sectores que podiam encontrar uma solução.»

A ausência de uma plataforma política assumida ou de qualquer projecto de substituição ou modificação de governo, ou de ataque à Presidência da República, revela esse carácter limitado de simples contestação das suas chefias. 

Ao contrário, outros havia que há muito tinham decidido e tomado em mãos a elaboração de um plano. 

Uns, visando interromper, com a conquista da supremacia militar, o curso da Revolução. 

Outros, o regresso ao passado da ditadura. 

Uns e outros agiram em conjunto. 

Não se sabe ainda tudo, mas não é segredo para ninguém que o Grupo dos Nove, como o revelou o Comandante Gomes Mota, no seu A resistência. Verão Quente de 1975, se havia constituído e organizado militarmente para travar e inverter o processo revolucionário. 

São públicos e Gomes Mota deu-os a conhecer, os nomes da direcção política e da direcção militar do «Movimento», como eles próprios se definiam. 

De facto, o golpe do 25 de Novembro foi fruto de uma cuidada e longa preparação. Aliás, Melo Antunes confirmou-o quando disse que, muitos meses antes, «tinham uma organização militar em marcha». 

Também hoje se sabe que, acto contínuo ao falhado golpe reaccionário do 11 de Março e às medidas tomadas pelo Conselho da Revolução, alguns membros daquela que vai ser a Direcção Militar do Grupo dos Nove, um dos quais com o pseudónimo de Silva, se encontram em reuniões conspirativas visando pôr em marcha uma nova acção contra-revolucionária no plano militar, como o confirma a autora da biografia de Ramalho Eanes O Último General, Isabel Tavares, na entrevista que deu à TSF, por ocasião da sua publicação, em Janeiro deste ano e, até hoje, não contestada. 

A sublevação dos pára-quedistas foi, simplesmente, a oportunidade para pôr em marcha os seus planos. 

O golpe do 25 de Novembro não foi tão longe como alguns projectaram, nomeadamente a fracção da direita e da extrema-direita, desde logo com a ilegalização do PCP como pretendiam e não o conseguiram. E não só não o conseguiram ilegalizar, como não conseguiram afastar o PCP do Governo que se manteve no VI Provisório, até Junho de 1976. 

Mas ele significou um grave retrocesso que só não foi fatal para o próprio regime democrático, como afirmou Álvaro Cunhal, graças à justa posição do PCP na procura de uma solução política para a crise e, igualmente, aos esforços de importantes figuras militares democratas e patriotas que a tempo, tomaram consciência desse perigo.

Obrigado pela atenção.

 

Intervenção proferida esta segunda-feira no Seminário «25 de Novembro, 50 anos depois», na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.  

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sábado, 22 de novembro de 2025

 Apesar do facto de  a grande media o ignorar olimpicamente, membros do círculo íntimo de Volodymyr Zelensky apropriaram-se de, pelo menos, 100 milhões de dólares em subornos e custos excedentes. 
 
Cinco pessoas foram presas na Ucrânia em 11 de novembro como parte da Operação Midas, uma investigação do Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) que descobriu um esquema de extorsão, no valor de pelo menos US$ 100 milhões, em torno da Energoatom, a empresa estatal que administra as centrais nucleares ucranianas. Dois outros suspeitos do círculo íntimo de Volodymyr Zelensky – Timur Mindich e Oleksandr Sukerman – estão a ser procurados depois de terem fugido. 
 
Entre os 70 palacetes revistados durante a Operação Midas está o do ministro da Justiça e membro do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, German Galushchenko, temporariamente afastado das suas funções pela primeira-ministra Yulia Svyrydenko. Galushchenko foi ministro da Energia antes da sua nomeação para ministro da Justiça. 
 
O secretário do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, Rustam Umerov, possuidor de propriedades não declaradas na Flórida (EUA), também está entre os líderes interrogados no âmbito da investigação anticorrupção. Umerov estava na Turquia no momento da operação. Também se desconhece o paradeiro do ex-vice-primeiro-ministro, Oleksiy Tchernychov, igualmente interrogado pelos investigadores. 
 
De acordo com os investigadores da Operação Midas, os envolvidos apropriaram-se de, pelo menos, US $ 100 milhões. As empresas que tinham contratos com a Energoatom foram obrigadas a pagar, por baixo da mesa, quantias que representavam entre 10 a 15% do valor dos seus contratos. 
 
Os investigadores descobriram uma contabilidade secreta que mostra que certos colaboradores do ex-diretor da Energoatom, Andriy Derkach, estavam encarregados de "lavar" o dinheiro obtido. Em 2019, Andriy Derkach tentou negociar com o advogado norte-americano Rudy Giuliani a denúncia de crimes financeiros cometidos na Ucrânia por Hunter Biden, filho do presidente Joe Biden. 
 
A investigação do Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) começou no início deste ano (2025) e foi seriamente acelerada em junho, com a chegada a Kiev de 80 investigadores norte-americanos enviados pelo Departamento de Estado para realizar uma auditoria na Ucrânia dos negócios ilegais de Hunter Biden, filho do ex-presidente norte-americano. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, alertou na altura que "qualquer irregularidade terá consequências" e manobrou para que Kiev nomeasse Ruslan Kravchenko, que agora supervisiona diretamente a Operação Midas, procurador-geral da Ucrânia. 
 
Os investigadores têm centenas de horas de gravações de conversas telefónicas intercetadas em sua posse que, segundo eles, não deixam dúvidas sobre as ações dos indivíduos visados. 
 
Timur Mindich, dono do canal de televisão Kvartal 95, fundado por ele mesmo com o seu amigo Volodimir Zelensky, já tinha sido preso em junho passado. Naquela momento, foi rapidamente libertado e foi para Israel. Depois de regressar à Ucrânia em outubro, Timur Mindich fugiu novamente para Israel em 11 de novembro, precisamente o dia das detenções feitas no quadro  da Operação Midas. 
 
Mindich é um personagem intimamente ligado a Zelensky (em janeiro de 2021, durante a epidemia de covid-19 e a proibição de atividades públicas, Zelen

 A derrocada da URSS nas brumas da memoria está sendo regatada :
«De volta a História e política
Outubro Negro. 1993: o bombardeamento do Parlamento russo e os massacres perpetrados pelos aliados do Ocidente

29,00 €
Les éditions DELGA

«Outubro Negro é uma traição ao nosso Estado. Nos anos 90, de Kaliningrado a Alma-Ata, o nosso país foi dividido em pedaços [...] Aqueles que traíram o país são criminosos imprescritíveis. Eles anularam o referendo nacional (de 17 de março de 1991 sobre a preservação da URSS), no qual 78% dos cidadãos soviéticos responderam: «Sim, queremos a manutenção da URSS». Em outubro de 1993, o governo de Yeltsin destruiu, propriamente dito, o Soviete Supremo, que se opunha à venda dos nossos bens sob a ditadura da CIA por menos de 3% do seu valor real.

Gennady Zyuganov, presidente do CC do Partido Comunista Russo, 2023

«[Em 1993] a situação política tornava-se cada vez mais ameaçadora para a camarilha de Yeltsin, que estava literalmente a entregar toda a soberania do país ao Ocidente coletivo. Permitam-me recordar-vos as gravações dos arquivos americanos, recentemente desclassificadas [em 2018], de uma conversa entre os presidentes Clinton e Yeltsin durante esta situação de crise. Cito:

— Yeltsin: Bill, o Soviete Supremo está completamente fora de controlo. Já não apoia as reformas. Na verdade, tornaram-se comunistas. Decidi dissolvê-lo. […]

— Clinton: O exército e os serviços especiais estão do seu lado?

— Yeltsin: Sim. [...]

— Clinton: Tudo bem. [...] O Senado lhe dará mais 2,5 mil milhões de dólares esta semana.

[...] Acontece que, pelos 2,5 mil milhões de dólares americanos que Yeltsin recebeu das mãos de Clinton, a Rússia, em outubro de 1993, graças ao zelo dos batalhões de assassinos de Yeltsin, foi privada não só de um parlamento legítimo, mas também, consequentemente, da sua soberania económica, informativa, tecnológica e política, que o parlamento nunca teria permitido dilapidar. »

Serguei Oboukhov, deputado (Partido Comunista Russo) e politólogo, 2024

E não é o menor dos truques descarados da mídia ocidental ter sempre vendido esse bombardeio de um parlamento como um triunfo da democracia!

Historiador formado na Academia de Ciências de Leninegrado, Alexandre Vladimirovitch Ostrovski (1947-2015) é autor de numerosas obras. A editora Delga já publicou em 2023: Erro ou traição? Investigação sobre o fim da URSS.

Traduzido com a versão gratuita do tradutor - DeepL.com

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

 

Novo volume da coleção Marx-Engels, Entrevistas, reúne entrevistas e relatos que mostram Karl Marx e Friedrich Engels em diálogo com jornalistas, militantes, intelectuais e figuras políticas do século XIX.

“Ele falou das forças políticas e dos movimentos populares dos vários países da Europa – da vasta corrente intelectual da Rússia, dos movimentos da mente alemã, da ação da França, da imobilidade da Inglaterra. Ele falou esperançoso da Rússia, filosoficamente da Alemanha, alegremente da França e sombriamente da Inglaterra – referindo-se desdenhosamente às ‘reformas atomistas’ com as quais os liberais do Parlamento britânico gastam seu tempo. Muitas vezes fiquei surpreso enquanto ele falava. Era evidente que esse homem, do qual tão pouco se vê ou se ouve, está profundamente mergulhado neste tempo e que, do Neva ao Sena, dos Urais até os Pireneus, sua mão está metida, preparando o caminho para o novo advento.”
John Swinton

 

As raras entrevistas que ambos concederam ao longo de suas vidas compõem a primeira parte do livro e revelam o pensamento vivo e contextualizado dos autores. Nelas, são abordados aspectos decisivos para a organização dos trabalhadores. Eles discutem primado das lutas concretas, o horizonte estratégico, a autonomia do movimento, a recusa ao dogmatismo e ao culto à personalidade, as leituras da conjuntura política da época, o ascenso do movimento de trabalhadores em fins do século XIX etc.

Na segunda parte, os relatos de encontros políticos evidenciam a influência teórica e prática de Marx e Engels, bem como seu esforço, sempre a quente, de captar as particularidades de cada contexto nacional. Divergências políticas e teóricas, interpretações da conjuntura, a erudição de ambos e até elementos de suas personalidades emergem aqui filtrados pelo olhar daqueles que conviveram e debateram com eles.


quinta-feira, 20 de novembro de 2025

 

Dado o repetido desrespeito de Israel por decisões internacionais, a ONU e o Tribunal Internacional de ainda têm relevância real?

Depende. Acho que a ONU é mais necessária do que nunca. A ONU, como organização, é mais relevante, é mais necessária do que nunca para preservar o espaço multilateral que tem permitido evitar uma terceira guerra mundial, por exemplo. Para preservar a paz, e a estabilidade. Acho que este é o pior momento, o pior momento existencial para as Nações Unidas desde a sua criação. […] É muito claro que os Estados Unidos estão exercendo uma nova fase do seu imperialismo, seu controle e domínio sobre o mundo, não apenas na América Latina, mas também no Oriente Médio. Existe há muito tempo um plano para controlar o Oriente Médio, e agora está claro que, através de Israel, isso está realmente sendo colocado em prática.

 

Declive Manifiesto de los EEUU y ascenso de la República Popular China

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Ferrán Nieto (Unidad y Lucha).— El periodo de hegemonía absoluta de los Estados Unidos, que siguió a la contrarrevolución en la URSS, fue un paréntesis histórico anómalo de no más de 20 años.

Con la elección de Xi Jinping como Secretario General del Partido Comunista de China en 2012 y como Presidente del país en 2013, la tendencia del fin de la hegemonía estadounidense se ha acelerado. Hoy, todos los indicadores apuntan a un declive casi irreversible de su poderío unipolar. Frente a esto, el ascenso de la República Popular de China se erige como el factor central que disputa el primer puesto global en cada vez más áreas estratégicas.

El desmoronamiento de los pilares del imperio

La base de cualquier imperio es la economía. Aquí, China ya ha superado a EE.UU. en PIB por Paridad de Poder Adquisitivo, es el mayor exportador mundial y domina las cadenas de suministro críticas. Su iniciativa de la Franja y la Ruta proyecta influencia a escala global, mientras que un conjunto de mecanismos financieros –desde la promoción de un pool de monedas alternativo al dólar hasta el desarrollo de sistemas de pago que sustituyen al SWIFT– erosionan el núcleo del poder financiero estadounidense. La fusión del capital financiero con el industrial, base del imperialismo clásico, se ve así dinamitada por un modelo multilateral.

Este desafío es aún más evidente en el terreno científico-tecnológico. China lidera la producción científica mundial (más del 25% del total), el registro de patentes –especialmente en ciencias materiales, nanotecnología e ingeniería química– y la inversión en I+D. Su liderazgo en el despliegue del 5G, la carrera por el 6G, la manufactura de energías verdes y los avances en inteligencia artificial y tecnología cuántica demuestran una clara tendencia: la ventaja tecnológica de EE.UU., pilar de su dominio, se desvanece.

Paridad estratégica y pérdida de atractivo

Militarmente, EE.UU. mantiene una capacidad de proyección global insuperable, con sus 11 portaaviones y cerca de 800 bases exteriores. Sin embargo, esta superioridad es cada vez más irrelevante en los escenarios de conflicto real. China, con el desarrollo de misiles hipersónicos “asesinos de portaaviones” y en alianza estratégica con Rusia, ha logrado una paridad que imposibilita una victoria hegemónica de la OTAN en un conflicto regional. El equilibrio de fuerzas es ya un hecho.

Política y culturalmente, la brecha también se estrecha. La diplomacia china, articulada alrededor de los BRICS y la Franja y la Ruta, basada en la cooperación económica, contrasta con la decadente diplomacia de las cañoneras, las sanciones unilaterales y la doble moral de Washington, cada vez menos atractiva para el Sur Global. La creciente proyección cultural china compite con un soft power estadounidense en crisis, el cierre de la USAID es un ejemplo claro.

La agresividad como síntoma de la debilidad

Este declive manifiesto no se traduce en una retirada pacífica. Al contrario, explica la creciente agresividad de un imperio en crisis: el sacrificio del pueblo ucraniano, el apoyo al genocidio palestino, los golpes de Estado en América Latina, los ataques a Venezuela o las humillantes condiciones impuestas a la UE (aranceles y aumento del gasto militar) son patéticas muestras de una brutalidad que aumenta en proporción inversa a su poder real. Intentan, desesperadamente, revertir una tendencia histórica irreversible.

La multipolaridad no es un deseo, sino una realidad en construcción. El siglo XXI será el escenario de esta transición, donde el pueblo trabajador del mundo debe entender estas dinámicas para enfrentarse a un imperialismo que, en su ocaso, se vuelve más peligroso que nunca.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Platão e as questões fundamentais

 (Extraído de wikipédia: Timeu, diálogo escrito de Platão)

No diálogo o personagem Timeu, após a fala de Crítias, que inclui curto relato sobre a Atlântida, inicia sua explicação sobre a origem do universo até a criação do homem e lança algumas questões fundamentais :

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Ainda o caso Boaventura de Sousa Santos

 


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Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.