El famoso periodista estadounidense Glenn Greenwald concedió una entrevista a Tucker Carlson y explicó por qué, en su opinión, los rusos están tan orgullosos de su país.
Al recordar su primer viaje a Rusia, el periodista admitió que quedó muy sorprendido por «la enorme diferencia» entre lo que le habían relatado y lo que vio con sus propios ojos.
Dijo que las regiones que visitó eran no solo «hermosas, sino muy bien gestionadas y limpias». «Pero lo que más sentí fue la riqueza de la historia, la cultura y la tradición rusas«, precisó.
«Me refiero a que se trata de una
civilización que existe desde hace miles de años y que ha producido lo
mejor en literatura, música, danza y arquitectura».
El periodista hizo hincapié en que todo ese legado «ha pasado por
guerras». «Y simplemente sientes el peso de todo eso, la grandeza de
ello», dijo.
Greenwald admitió que hay problemas en Rusia, precisando que «eso es
cierto en todas partes». «Pero entiendes por qué los rusos sienten un
orgullo tan inmenso por su país y su civilización», subrayó.
A extrema-direita triunfou de modo arrasador em Portugal. Destruiu num só golpe de poucas semanas o bipartidarismo, destruindo um dos partidos "centristas". Quase expulsou toda a Esquerda (excluindo o PS) do Parlamento. Em nenhum país da UE se verificou recentemente (ou talvez nunca) tamanha derrota de uns e triunfo de outros. Estes outros significam o grande capital na sua face extrema, violenta, predadora. O grande Capital financeiro nacional ( que já é extra nacional) e internacional decidiu jogar todas as forças e todos meios, que há muito preparava, para se apoderar do Estado na totalidade deste (os seus deveres e serviços públicos, o seu sector económico público, os meios financeiros de que este dispõe através dos impostos). O Grande Capital, apoiando-se nos capitalistas em geral, triunfou com o 25 de Novembro e os governos da social-democracia de Mário Soares, quando derrotou e Revolução popular ; triunfou definitivamente quando Cavaco Silva tomou o poder e o capital financeiro se reorganizou ; triunfou atualmente com o triunfo (relativo) eleitoral da Direita democrática e, particularmente, com a vitória arrasadora da sua extrema-direita. De onde vem o vento que a empurrou? Da crise conjuntural certamente, mas que manifesta a crise sistémica do capitalismo. Quando as crises do capitalismo são manifestamente sistémicas (do próprio sistema capitalista na sua totalidade) o grande capital na sua fase imperialista recorre ao "método fascista". Nessas alturas o grande capital dispensa o regime democrático, eliminando-o, ou controlando-o até ao limite, em seu próprio proveito.
É a crise do capitalismo imperialista europeu e norte-americano que se manifesta atualmente que explica os seus métodos.
O capitalismo imperialista utiliza a social-democracia (como sucedeu na República de Weimar ou na Primeira República portuguesa) enquanto lhe é conveniente para o seu processo imanente de acumulação, concentração e centralização (ou reforço, constituição e reconstituição dos monopólios), iludindo as massas populares ; arreda-a do caminho quando a crise é demasiado aguda. Esta crise não se resume à estagnação, inflação ou recessão, inclui atualmente a derrota militar infligida pela Rússia e a emergência de um bloco económico que retirará hegemonia ao imperialismo norte-americano e europeu, com todas as consequências que já estão à vista no comércio mundial e na formação de Acordos no continente asiático. Falta uma organização de segurança coletiva (militar por outras palavras) destes acordos multilaterais e, um dia destes, do bloco emergente. O que está já à vista no plano militar ( continuação da economia por outros meios) é um poderoso meio de autodefesa e represália exercido pela aliança tripartida entre a Rússia/China/Irão. Nestes acordos e alianças no continente asiático e não só nesse continente, assiste-se à fundação dos pilares de uma nova ordem internacional. É verdade que não elimina o sistema capitalista, poderá até dizer-se que o salva por outras formas e modelos. contudo é inegável que a super potência económica líder deste processo contraditório tem a conduzi-la o maior partido comunista do planeta. Segundo muitos analistas a China é já um país de economia socialista e politicamente anti imperialista, coadjuvado pela RDP da Coreia, pelo Vietname, Laos, Camboja.
A cabeça da hidra- os EUA- estremece e reage com sanções, chantagens e ameaças. Assim se revela a sua fraqueza crescente, imparável. O Império dos USA nunca mais será o mesmo. Verificamos visivelmente um novo equilíbrio de forças e de blocos económico-militares neste século. O processo histórico de revoluções ainda está por se manifestar ; porém, as mudanças progressistas chegaram finalmente depois de décadas de dominação absoluta do imperialismo. Como víamos o novo século em 2001/2? O desenvolvimento rápido do Plano Estratégico do império estadounidense, acolitado pela arrogância de uma Europa aglutinada tranquilamente numa União. Todas as Administrações norte-americanas (Bush, Obama, os Clinton) mostravam-se triunfantes. Inclusivamente a China desses inícios atraía o grande capital e recebia-o de braços abertos, forjando no seu "socialismo" um brutal exploração do proletariado ; a Rússia de Putin e Medvedev ansiava então ser acolhida pela UE, senão mesmo pela OTAN. Todo este cenário mudou numa escassa década. Acontecimentos geram outros acontecimentos e a necessidade se acasala com a contingência, do arco de possibilidades sai uma que se torna real ou predominante, a espiral das contradições que compõe o Processo Histórico (ou é ele próprio) na Idade Moderna (na ascensão do modo de produção capitalista no Ocidente, em suma) cria o Novo. Mas pode provocar também o desastre final da Humanidade. A oposição entre duas fortes posições contraditórias pode resultar na vitória e submissão de uma delas, ou na destruição mútua.
A classe operária não existe. Uma classe só o é se alcançar a sua autoconsciência na unidades dos seus propósitos e origens). Existe o proletariado , porém sem consciência de classe, com exceção de uma escassa minoria dispersa pelo planeta. Estamos a utilizar a definição de proletariado na sua acepção clássica : massas de operários industriais ou assalariados do sector capitalista produtivo. O modelo do emprego precário e do contrato individual fragmentou os assalariados, colocou-os uns contra os outros, converteu-os em meros produtores em sobrevivência. Os poderosos e quase únicos (sem rivais) meios de propaganda (noticiários, desinformação) que o grande capital foi criando ou deles se foi apoderando. permitiu-lhe formatar uma consciência "de classe" que é a dele, do Grande capital, a ideologia dominante (ou, no sentido que Marx deu de Ideologia, na única ideologia) . Ou seja : o proletariado "julga" ou percepciona num quadro mental do gosto da classe capitalista, crendo que pensa por sua própria cabeça, que vota por livre escolha. O proletariado pensa o que o capital quer que ele pense. Pensa que a culpadas suas desgraças são os imigrantes, pois é isso que o grande capital quer, para baixar o preço da força de trabalho. Pensa que os imigrantes trazem o crime e a insegurança, porque é isso mesmo que o Capital quer que ele tema. O proletariado (no ativo ou aposentado) despreza a cultura (que ignora em absoluto) e os costumes (como a indumentária e a religião) e teme que estes costumes e religiões seja impostos aos "nativos" e lhes substituam as suas tradições (que, na realidade são mutáveis e históricas), pois é isso mesmo que a extrema-direita ao serviço desses sectores do grande capital querem que ele tema. Querem que ele odeie, e ele odeia. Querem que ele tenha medo do futuro, para ser ele, o grande capital a construir (ou a destruir ?) o futuro.
Em que me baseio? É pura "ideologia"?
A crise da economia industrial capitalista é manifesta na Europa e particularmente nos EUA. As crises provocadas pela dominação do capital financeiro, nomeadamente especulativo ou não produtivo, provaram-se em 2008/9. As saídas que os testas-de-ferro do capital europeu estão a procurar desesperadamente apontam notoriamente para nova brutal austeridade. Esta irá provocar, seja qual for a sua forma, o protesto social. Até pode vir a ser sob a forma neo fascista. As debilidades da social-democracia, a sua promiscuidade com o neo-liberalismo e o militarismo, não se apresentam de modo nenhum com travão a regimes autoritários e austeritários. a Esquerda clássica vê-se , assim, amputada das forças que já foram poderosas ditas do "socialismo democrático". Nem sequer o termo "socialismo" se escuta. Das esquerdas comunistas devemos afirmar que algumas não são revolucionárias, muito embora as contamos como forças democráticas opostas à dominação do grande capital. Partidos que até poderão "desviar-se" para a esquerda revolucionária. O certo, porém, é que toda ela, a Esquerda mais, pouco ou nada revolucionária e anti imperialista e socialista, está dividida, sem voz nos media, sem recursos humanos e materiais necessários a grandes ofensivas, apoiam-se em sindicatos e federações nacionais e internacionais confinadas a objetivos exclusivamente económicos - sindicatos dos quais se encontram alheados milhões de proletários europeus e norte-americanos -.
69 anos de Discurso Secreto de Khrushchev A União Soviética é
constantemente demonizada pela historiografia oficial para que a classe
trabalhadora não saiba que havia uma sociedade completamente diferente
das sociedades capitalistas de hoje. O líder soviético mais caluniado é,
sem dúvida, Iosif Stalin, que, 72 anos após sua morte, continua a
infundir terror contra inimigos da classe trabalhadora.
Muitas das críticas anticomunistas a Stalin decorrem do relatório de
Nikita Khrushchev intitulado "Sobre o culto da personalidade e suas
consequências", mais conhecido como o Discurso Secreto, que ele leu a
portas fechadas na última sessão do século XX. Congresso do Partido
Comunista da União Soviética. Khrushchev, a fim de abrir um novo mandato
no país, mentiu descaradamente sobre Stalin e o trabalho feito pelo
governo soviético enquanto ele era o secretário-geral do partido.
Uma das obras mais importantes que negam os Khrushes Calatia é o
livro de Grover Furr Kruschev, no qual o autor demonstra as
inconsistências, falsidades e verdadeira intenção que Khrushchev teve
com o Discurso Secreto.
Então eu suspeitei que hoje, à luz dos muitos documentos de arquivos
secretos soviéticos agora disponíveis, investigações sérias poderiam
descobrir que ainda mais das revelações de Khrushchev sobre Stalin eram
falsas. Na verdade, descobri algo totalmente diferente. Nenhuma
declaração da revelação de Khrushchev sobre Stalin ou Beria acabou por
ser verdadeira. Entre aqueles que podem ser verificados para serem
verificados, cada um acabou por ser falso. Acontece que Khrushchev não
apenas mentiu sobre Stalin e Beria, mas todo o Discurso Secreto é feito
de invenções.
Esperamos que este trabalho possa contribuir para a forja ideológica
das organizações marxistas, servindo assim para combater e combater a
influência dos discursos anti-ortodoxos e revisionistas nos círculos
socialistas contemporâneos.
(Grover Furr, Khrushchev mentiu)
Como hoje 1956 Nikita Kruschev leu o "Discurso Secreto" no século XX.
Congresso do Partido Comunista da União Soviética com o qual inaugurou a
desestalinização e o degelo Kruschovian na URSS.
O camarada Stalin sempre foi demonizado, criticado e distorcido pelos
desviantes que, desde a ascensão do georgiano ao poder, conspiraram
contra ele. Leon Trotsky abriu a proibição para criticar Stalin, mas foi
Nikita Jrushchov que começou o período de atordoamento na URSS.
Stalin morto, Khrushchev covardemente levou o momento para derramar
todas as suas críticas e calunião em uma das pinturas mais proeminentes
do PCUS. Assim, na última conferência do século XX. Congresso do PCUS em
que nenhum convidado estrangeiro foi autorizado a entrar, Khrushchev
criticou o mal chamado stalinismo - desprezando o suposto culto de
personalidade de Stalin ao qual Khrushchev contribuiu tanto para usá-lo e
jogar arma contra Stalin.
Embora, Iósif Stalin tenha conseguido redirecionar a URSS através do
planejamento da economia soviética e apesar de vencer a Grande Guerra
Patriótica contra os nazistas e fascistas, Khrushchev assegurou que a
URSS havia se afastado do leninismo, quando Stalin deixou claro que
todos os quadros do PCUS eram herdeiros de ideias leninistas, isto é,
eram marxistas não-estalinistas-leninistas. Além disso, Khrushchev
ignorou a ocasião em que Stalin queria abandonar o poder e não era
permitido, um fato que mais tarde foi usado para rotular Stalin como
ditador e totalitário.
Os interesses pequeno-burgueses da camarilha jacomita por transformar
o socialismo soviético em um capitalismo de Estado para competir de
você com os Estados Unidos. Os EUA foram formalizados após as acusações
imperdoáveis de Khrushchev no século 20. O Congresso do PCUS.
As mentiras revisionistas e desviantes são estéreis no legado sujo de
Stalin, uma vez que a classe trabalhadora internacional viu em Stalin
um dos camaradas mais destacados da história do socialismo, Iosif
advertiu: "No meu túmulo eles jogarão montanhas de lixo; o vento da
história irá apagá-los inexoravelmente ".
Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 – Paris, 15 de abril de 1980) foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo.
Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na
sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.
Repeliu as distinções e as funções problemáticas e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964.[2]
Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a
existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se
define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e
por isso sem ter uma "essência" que suceda à existência.[3] Ele também é conhecido por seu relacionamento aberto que durou cerca de 51 anos (até sua morte) com a filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir.
Biografia
1905 a 1918: a formação do filósofo
Jean-Paul Sartre era filho de Jean-Baptiste Marie Eymard Sartre, oficial da marinha francesa[4]
e de Anne-Marie Sartre (Nascida Anne Marie Schweitzer). Quando seu
filho nasceu, Jean-Baptiste tinha uma doença crônica adquirida em uma
missão na Cochinchina. Após o nascimento de Jean-Paul, ele sofreu uma recaída e retirou-se com a família para Thiviers, sua terra natal, onde morreu em 21 de setembro de 1906.[5] Jean-Paul, órfão de pai, e então com 15 meses, muda-se para Meudon
com sua mãe, onde passam a viver na casa de seus avós maternos. O avô
de Sartre, Charles Schweitzer nasceu em uma tradicional família protestantealsaciana da qual faz parte, entre outros, o famoso missionário Albert Schweitzer, sobrinho de Charles. Ao fim da Guerra Franco-Prussiana, Charles optou pela cidadania francesa e tornou-se professor de alemão em Mâcon onde conheceu e casou-se com Louise Guillemin, de origem grega, com quem teve sete filhos, George, Émile e Ana-Maria.[6]
Após o regresso de Anne-Marie, os quatro viveram em Meudon até
1911. O pequeno "Poulou", como Jean-Paul era chamado, dividia o quarto
com a mãe. Em seu romance autobiográfico "As Palavras" (Les Mots) confessa que desde cedo a considerava mais como uma irmã mais velha do que como mãe.[7] De sua infância ao fim da adolescência, Sartre vive uma vida tipicamente burguesa, cercado de mimos e proteção.[8] Até os 10 anos foi educado em casa por seu avô e por alguns preceptores contratados. Com pouco contato com outras crianças, o menino tornou-se, em suas próprias palavras, um "cabotino"[9] e aprendeu a usar a representação para atrair a atenção dos adultos com sua precocidade.[10]
Em 1911, a família Sartre mudou-se para Nobres. Passa a ter acesso à biblioteca de obras clássicas francesas e alemãs pertencente ao seu avô. Após aprender a ler, Jean-Paul alterna a leitura de Victor Hugo, Flaubert, Mallarmé, Corneille, Maupassant e Goethe,[11] com os quadrinhos e romances de aventura
que sua mãe comprava semanalmente às escondidas do avô. Sartre
considerava serem essas suas "verdadeiras leituras", uma vez que a
leitura dos clássicos era feita por obrigação educacional.[12] A essas influências, junta-se o cinema, que frequentava com sua mãe e que se tornaria mais tarde um de seus maiores interesses.
Por sinal, em 1958, John Huston encomendou a Sartre o roteiro do
filme que queria fazer sobre a vida de Freud. Huston admirava Sartre e
havia montado sua peça Entre Quatro Paredes. Era já o diretor consagrado de obras-primas como O Tesouro de Sierra Madre e O Segredo das Jóias. Surge, então, o famoso filme Freud, além da alma, realizado por Sartre entre 1959 e 1960 e não utilizado integralmente devido a conflitos com o diretor.[13]
Já na atualidade, sem o existencialismo de Jean-Paul Sartre não
teríamos as obras-primas do cinema sobre a angústia e a
incomunicabilidade humana criadas por Michelango Antonioni em A noite (1961) e O eclipse (1962), por exemplo.[14]
Sartre conta em "As Palavras" que escrevia histórias na infância
também como uma forma de mostrar-se precoce. Suas primeiras histórias
eram cópias de romances de aventura, em que apenas alguns nomes eram
alterados, mas ainda assim faziam sucesso entre os familiares.[15]
Era incentivado pela mãe, pela avó, pelo tio (que o presenteou com uma
máquina de escrever) e por uma professora, a sra. Picard, que via nele a
vocação de escritor profissional. Aos poucos, o jovem Sartre passou a
encontrar sua verdadeira vocação na escrita.[16]
Apenas seu avô o desencorajava da escrita e o incentivava a
seguir carreira de professor de letras. Sem enxergar nele o talento que
os demais viam, mas conformado com o fato de que seu neto "tinha a bossa
da literatura",[17] incentivou Sartre a tornar-se professor por profissão e escrever apenas como segunda atividade.[18]
Assim, Sartre atribui ao avô a consolidação de sua vocação de escritor:
"Perdido, aceitei, para obedecer a Karl, a carreira de escritor menor.
Em suma, ele me atirou na literatura pelo cuidado que desprendeu em
desviar-me dela".[19]
Em 14 de abril de 1917 sua mãe casa-se novamente, com Joseph
Mancy, que passa a ser cotutor de Sartre. Livre da dependência dos pais,
Anne-Marie muda-se com Sartre para a casa de Mancy em La Rochelle.[20]
Nesta cidade litorânea, Sartre toma contato pela primeira vez com
imigrantes árabes, chineses e negros. Mais tarde ele reconheceria esse
período como a raiz de seu anticolonialismo e o início do abandono dos
valores burgueses.[21]
1921 a 1936: a formação do filósofo
Em 1921, retorna ao Liceu Henri IV, agora como interno. Encontra Paul Nizan
e os dois tornam-se amigos inseparáveis. De 1922 a 1924, ambos estudam
no curso preparatório do liceu Louis-le-Grand, onde se preparam para o
concurso da École Normale Superieure. Nessa época despertou seu interesse pela filosofia. Sua primeira influência importante foi a obra de Henri Bergson.
Em 1924, ingressou na École Normale Supérieure na mesma turma de Nizan, Daniel Agache e Raymond Aron.[22]
Músico e ator talentoso e sempre disposto a participar de brincadeiras e
eventos sociais, Sartre torna-se muito popular entre os colegas.[23]
Os alunos da escola se dividem em grupos de afinidades religiosas
("ateus" e "carolas"), e facções políticas: Socialistas, comunistas,
reacionários, pacifistas. Sartre adere aos ateus e aos pacifistas[1]
e enquanto Aron e Nizan aderem aos círculos socialistas e comunistas e
começam a participar da vida política francesa, Sartre mantém o
individualismo e o desinteresse pela política que conservaria até o fim
da Segunda Guerra. No campo filosófico, além de Bergson, passou a ler Nietzsche, Kant, Descartes e Spinoza.
Já na escola começa a desenvolver as primeiras ideias de uma filosofia
da liberdade leiga, da oposição entre os seres e a consciência, do absurdo e da contingência
que ele viria a desenvolver posteriormente em suas grandes obras
filosóficas. Seu principal interesse filosófico é o indivíduo e a psicologia.[24]
Sartre junto a Simone de Beauvoir e Che Guevara, em Cuba, em 1960.
Em 1928, presta o exame de mestrado e é reprovado. Durante o ano de
preparação para a segunda tentativa, estuda com Nizan e René Maheu na Sorbonne. Conhece a namorada de Maheu, Simone de Beauvoir
que mais tarde se tornaria sua companheira e colaboradora até o fim da
vida. Maheu havia apelidado Simone de Beauvoir de "Castor", devido à
semelhança de seu nome com Beaver (Castor em inglês) e também "porque ela trabalhava como um castor".[25][26]
Sartre assume o apelido e passa a chamá-la de Castor pessoalmente e em
todas as cartas que lhe escreveu. Na segunda tentativa do mestrado,
Sartre passa em primeiro lugar, no mesmo ano em que Beauvoir obtém a
segunda colocação.[27][28]
Sartre e Beauvoir nunca formaram um casal monogâmico. Não se casaram
e mantinham uma relação aberta. Sua correspondência é repleta de
confidências sobre suas relações com outros parceiros. Além da relação
amorosa, eles tinham uma grande afinidade intelectual. Beauvoir
colaborou com a obra filosófica de Sartre, revisava seus livros e também
se tornou uma das principais filósofas do movimento existencialista.
Sua obra literária também inclui diversos volumes autobiográficos, que frequentemente relatam o processo criativo de Sartre e dela mesma.
Entre 1929 e 1931, Sartre presta o serviço militar e torna-se soldado meteorologista.[29] Escreve alguns contos e começa a trabalhar em seu primeiro romance, "Factum sur la contingeance" (Panfleto sobre a contingência), que depois viria a se chamar "La Nausée" (A náusea). Embora tenha se candidatado ao cargo de auxiliar de catedrático no Japão, ele é nomeado professor de filosofia de um liceu em Havre onde permanece até 1936.[30] Sartre ainda seria professor em Laon e Paris até 1944, quando abandonou definitivamente o magistério.
Em 1933, ele é apresentado à fenomenologia de Husserl por Raymond Aron, que havia retornado de um período como bolsista do Institut Français em Berlim.
Percebendo a semelhança dessa corrente à sua própria teoria da
contingência, Sartre fica fascinado e imediatamente começa a estudar a
fenomenologia através de uma obra introdutória.[31]
Por sugestão de Aron, candidata-se à mesma bolsa e, aprovado, permanece
em Berlim entre 1933 e 1934. Durante esta viagem, estuda a fundo a obra
de Husserl e conhece também a filosofia de Martin Heidegger. Publica em 1936 o artigo La Transcendence de l'Égo ("A Transcendência do Ego"), uma crítica à teoria do Ego Husserliana que por sua vez se baseava no Cogitocartesiano. Sartre desafia o conceito de que o ego é um conteúdo da consciência
e afirma que ele está fora da consciência, no mundo e a consciência se
dirige a ele como a qualquer outro objeto do mundo. Este é um dos
primeiros passos para livrar a consciência de conteúdos e torná-la o
"Nada" que mais tarde seria um dos conceitos-chave do existencialismo.
De volta à França, continua a trabalhar nas mesmas ideias e entre 1935 e
1939 escreve L'Imagination ("A Imaginação"), L'Imaginaire ("O Imaginário") e Esquisse d'une théorie des émotions ("Esboço de uma teoria das emoções"). Volta então suas pesquisas para Heidegger e começa a escrever L´Être et le néant ("O ser e o nada").
Em 1938, publica o romance La Nausée (A náusea) e a coletânea de contos Le mur (O muro). A náusea apresenta, em forma de ficção, o tema da contingência
e torna-se seu primeiro sucesso literário, o que contribui para o
início da influência de Sartre na cultura francesa e no surgimento da
moda existencialista que dominou Paris na década de 1940.
Em 1939, Sartre volta ao exército francês, servindo na Segunda Guerra Mundial como meteorologista. É aprisionado em Nancy no ano de 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até abril de 1941.
De volta a Paris, alia-se à Resistência Francesa, onde conhece e se torna amigo de Albert Camus (do qual já conhecia a obra e sobre quem já havia escrito um ensaio elogioso a respeito do livro O Estrangeiro).
A amizade entre Sartre e Camus perdurará até 1952, quando os dois
rompem a relação publicamente devido à publicação do livro de Camus O Homem Revoltado no qual Camus atacou duramente o comunismo e o stalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração critica com o regime da URSS e permitiu a publicação de uma crítica desastrosa ao livro de Camus em sua revista Les Temps Modernes
(crítica esta que Camus respondeu de maneira extremamente dura) e que
foi a gota d´água para o fim da relação de amizade. Mas até o final da
vida Sartre admirará Camus, como ele mesmo expressa nas entrevistas que
teve com Simone de Beauvoir em 1974 - e que ela publicou postumamente.
Em 1943, publicou seu mais famoso livro filosófico, L'Être et le Néant (O Ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica), que condensa todos os conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.
Sua participação na Resistência não é aceita por todos, e o filósofo Vladimir Jankélévitch
o reprova por sua "falta de engajamento político" durante a ocupação
alemã, e vê em seus posteriores combates em prol da liberdade uma
tentativa de se redimir por esta atitude.
Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes ("Tempos Modernos"), onde são tratados mensalmente os temas referentes à literatura, filosofia e política.
Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período
algumas de suas obras literárias mais importantes. Sempre encarando a
literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e
políticas, escreve livros e peças teatrais
que tratam das escolhas que os homens tomam frente às contingências às
quais estão sujeitos. Entre estas obras destacam-se a peça Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949).
No período mais prolífico de sua carreira escreve ainda várias peças de teatro e ensaios.
Na década de 1950 assume uma postura política mais atuante, e abraça o comunismo. Torna-se ativista, e posiciona-se publicamente em defesa da libertação da Argélia do colonialismo francês. É importante frisar que Sartre, junto com Fanon,
foram dois intelectuais importantes no processo de
descolonização-contribuição referenciada através de textos relacionados
ao tema do colonialismo e também no envolvimento manifestado no
engajamento político de ambas as partes. Suas contribuições passam pelo
estudo das inter-relações que se estabelecem no plano do pensamento e as
interconexões que ocorrem através de inúmeras razões, entre elas a
existência do colonialismo e suas interconexões.[32]
Em dezembro de 1960, Fanon, por exemplo, inicia a sua escrita
apressada do que sabidamente seria o seu livro, alterando o curso da
escrita de forma a sintetizar seus acúmulos teóricos antes que seu tempo
esgote (pois, foi diagnosticado com leucemia, e percebe, mediante aos
estágios que a medicina se encontra nesta época, que lhe resta pouco
tempo de vida[33]). É neste contexto que será escrito em questão de meses o famoso Os Condenados da Terra.
Enquanto escrevia o livro e revisava os trechos, chegou a voar para
Itália a fim de encontrar Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, para
encomendar a Sartre o Prefácio do seu livro.[33]
A influência de Sartre sobre Fanon é bastante conhecida. Fanon o
admirava tanto que, em ocasião do memorável encontro entre os dois, no
verão de 1961 em Roma, teria dito a Claude Lanzmann: "Eu pagaria vinte
mil francos para falar com Sartre da manhã à noite durante quinze dias"
(DE BEAUVOIR, 2009, p. 437).[34][35] É sabido que Fanon se refere constantemente a obra Reflexões Sobre a Questão Judaica, publicada por Sartre em 1943.[35]
A aproximação do marxismo
inaugura a segunda parte da carreira filosófica de Sartre em que tenta
conciliar as ideias existencialistas de autodeterminação aos princípios
marxistas. Por exemplo, a ideia de que as forças socioeconômicas, que
estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar as
nossas vidas. Escreve então sua segunda obra filosófica de grande porte,
La Critique de la raison dialectique (A crítica da razão
dialética) (1960), em que defende os valores humanos presentes no
marxismo, e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele
julgava resolver as contradições entre as duas escolas.
Considerado por muitos o símbolo do intelectual engajado, Sartre adaptava sempre sua ação às suas ideias, e o fazia sempre como ato político. Em 1963, Sartre escreve Les Mots (As palavras,
lançado em 1964), relato autobiográfico que seria sua despedida da
literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a
literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com
o mundo. Em 1964 a Academia Sueca lhe agracia com o Nobel de Literatura,
que ele no entanto recusa, pois segundo ele "nenhum escritor pode ser
transformado em instituição". O caso se tornou um escândalo, que poderia
ter sido evitado pela Academia Sueca, visto que Sartre teria descoberto
antecipadamente que seu nome estava entre os indicados, e por isso
enviou uma carta a Academia avisando que recusaria o prêmio caso fosse o
escolhido para recebê-lo, a carta, no entanto, só chegou a mão dos
Acadêmicos responsáveis pela escolha do vencedor do prêmio, dias depois
de Sartre ter sido escolhido para recebê-lo.[36][37]
Morreu em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. No mesmo túmulo jaz Simone de Beauvoir.[38]
O existencialismo de Sartre
Baseado principalmente na fenomenologia de Husserl e em 'Ser e Tempo' de Heidegger,
o existencialismo sartriano procura explicar todos os aspectos da
experiência humana. A maior parte deste projeto está sistematizada em
seus dois grandes livros filosóficos: O ser e o nada e Crítica da razão dialética.
O Em-si
É importante postular que a forma como Sartre entende aquilo que ele batiza de "Em-si", termo emprestado de Hegel,[39] é diferente daquilo que outros pensadores da existência, como Heidegger, irão compreender o mesmo campo.
Segundo o existencialismo sartriano, o mundo é povoado de
"Em-si". Podemos entender um Em-si como qualquer objeto existente no
mundo e que não é nada além daquilo que é. Este modo de aparição do ser,
que não é o único, é fundamentado em três características: o ser é, o
ser é o que é, o ser é em-si. Estas três características poderíamos
resumir dizendo que este ser é opaco a si mesmo, absoluta plenitude de
ser, retomando, segundo Gerd Bornheim, a ideia de um ser esférico
presente em Parmênides, que não pode ser penetrado por nada externo a
ele. A grosso modo, podemos dizer que possuem o modo de ser do Em-si
todos aqueles "objetos", que não possuem consciência, que não se fundam
na alteridade, na presença do outro. Um ser Em-si não tem
potencialidades nem consciência de si ou do mundo. Ele apenas é.
O Para-si
A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir
conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo. É uma forma
diferente de ser, chamada "Para-si".
É o "Para-si" que faz as relações temporais e funcionais entre os
seres "Em-si", e ao fazer isso, constrói um sentido para o mundo em que
vive.
O "Para-si" não tem uma essência definida. Ele não é resultado de
uma ideia preexistente. O existencialismo sartriano desconsidera a
existência de um criador que tenha predeterminado a essência e os fins
de cada pessoa. É preciso que o "Para-si" exista, e durante essa
existência ele define, a cada momento o que é sua essência. Cada pessoa
só tem, como essência imutável, aquilo que já viveu. Posso saber que o
que fui se definiu por algumas características ou qualidades, bem como
pelos atos que já realizei, mas tenho a liberdade de mudar minha vida
deste momento em diante. Nada me compete a manter esta essência, que só é
conhecida em retrospecto. Podemos afirmar que meu ser passado é um
"Em-si", possui uma essência conhecida, mas essa essência não é
predeterminada. Ela só existe no passado. Por isso se diz no
existencialismo que "a existência precede e governa a essência". Por esta mesma razão cada Para-si tem a liberdade de fazer de si o que quiser.
Liberdade em Sartre
Sartre e Beauvoir, no Balzac Memorial.
Sartre defende que o homem é livre e responsável por tudo que está à
sua volta. Sartre dizia "Somos inteiramente responsáveis por nosso
passado, nosso presente e nosso futuro". Em Sartre, temos a ideia de
liberdade como uma pena, por assim dizer. "O homem está condenado a ser
livre". Se, como Nietzsche afirmava, já não havia a existência de um
deus que pudesse justificar os acontecimentos, a ideia de destino,
passava a ser inconcebível, sendo então o homem o único responsável por
seus atos e escolhas. Para Sartre, nossas escolhas são direcionadas por
aquilo que nos aparenta ser o bem, mais especificamente por um
engajamento naquilo que aparenta ser o bem e assim tendo consciência de
si mesmo. Em outras palavras, para o autor, o homem é um ser que
"projeta tornar-se deus".
Segundo o comentário de Artur Polônio, "se a vida não tem, à
partida, um sentido determinado , não podemos evitar criar o sentido da
nossa própria vida". Assim, "a vida obriga-nos a escolher entre vários
caminhos possíveis [mas] nada nos obriga a escolher uma coisa ou outra".
Assim, dentro dessa perspectiva, recorrer a uma suposta ordem divina
representa apenas uma incapacidade de arcar com as próprias
responsabilidades.
Sartre não nega por completo o determinismo, mas determina o ser
humano através da liberdade, no fim das contas, não somos livres para
não ser livres. Não é deus, nem a natureza, tampouco a sociedade que nos
define, quem define o que somos por completo ou nossa conduta. Somos o
que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que
somos. o quem irá definir. Os valores morais não são limites para a
liberdade.
Em Paris, sob o domínio alemão, Sartre pôde utilizar suas
referências para a liberdade. Organizava-se a Resistência Francesa.
Sartre desejava participar do movimento, mas agindo à sua maneira. Não
chegou a pegar no fuzil. Sua arma continuava sendo a palavra. Nesta
circunstância, o teatro parecia-lhe o instrumento mais adequado para
atingir o público e transmitir sua mensagem. Assim surgiu a primeira
peça teatral de Sartre, As Moscas, encenada em 1943.
Animado pelo êxito de sua primeira experiência, em 1945 Sartre
volta à cena com a peça Entre Quatro Paredes, cujos personagens vivem os
grandes problemas existenciais que o autor aborda em sua filosofia.
Limitação da liberdade
A liberdade dá ao homem o poder de escolha, mas está sujeita às
limitações do próprio homem. Esta autonomia de escolha é limitada pelas
capacidades físicas do ser. Para Sartre, porém, estas limitações não
diminuem a liberdade, pelo contrário, são elas que tornam essa liberdade
possível, porque determinam nossas possibilidades de escolha, e impõem,
na verdade, uma liberdade de eleição da qual não podemos escapar.
A existência, a responsabilidade e a má-fé
Segundo Raymond Plant, em seu livro "Política, Teologia e História", o
argumento de que a essência precede a existência implica a necessidade
de um criador; assim, quando um objeto vai ser produzido (um martelo,
uma caneta, uma máquina), ele obedece a um plano pré-concebido, que
estabelece sua forma, suas principais características e sua função, ou
seja, ele possui um propósito definido, uma essência que define sua
forma e utilidade, e precede a sua existência. Sendo Sartre um
representante do existencialismo ateu, ele defende que há um ser onde
essa situação se inverte, e a existência precede a essência: o ser
humano. Assim, seria o próprio homem o definidor de sua essência, e não
Deus, como advogava o existencialismo cristão.
Em sua conferência "O existencialismo é um humanismo", Sartre
afirma que o ser humano é o único nesta condição; nós existimos antes
que nossa essência seja definida. Esse seria um dos preceitos básicos do
existencialismo.
Assim, o autor nega a existência de uma suposta "essência humana"
(pré-concebida), seja ela boa ou ruim. As nossas escolhas cabem somente a
nós mesmos, não havendo, assim, fator externo que justifique nossas
ações. O responsável final pelas ações do homem é o próprio homem.
Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante
relevo à responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de
responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único
responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas
escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas, de forma a
modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Assim, perante suas
escolhas, o homem não se torna apenas responsável por si, mas também por
toda a humanidade.
Essa responsabilidade é a causa da angústia dos existencialistas.
Essa angústia decorre da consciência do homem de que são as suas
escolhas que definirão a sua essência, e mais, de que essas escolhas
podem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo. A angústia,
portanto, vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade
em usá-la de forma adequada.
Sartre nega, ainda, a suposição de que haja um propósito
universal, um plano ou destino maior, onde seríamos apenas atores de um
roteiro definido. Isto implica que apenas nós mesmos definimos nosso
futuro, através de nossa liberdade de escolha. Porém, Sartre não se
restringe em "justificar" a angústia dos existencialistas, fruto da
consciência de sua responsabilidade, mas vai além, e acusa como má-fé a
atitude daqueles que não procedem de tal forma, renunciando, assim, a própria liberdade.
De acordo com o autor, a má-fé é uma defesa contra a angústia
criada pela consciência da liberdade, mas é uma defesa equivocada, pois
através dela nos afastamos de nosso projeto pessoal, e caímos no erro de
atribuir nossas escolhas a fatores externos, como Deus, os astros, o
destino, ou outro. Nesse sentido, Sartre considerava também a ideia
freudiana de inconsciente como um exemplo de má-fé.
Podemos dizer, então, que para os existencialistas a má-fé
compreendia a mentira para si próprio, sendo imprescindível para o homem
abandonar a má-fé, passando então a condição de ser consciente e
responsável por suas escolhas. Ao fazer isso, o homem passa,
invariavelmente, a viver num estado de angústia, pois deixa de se
enganar, mas em compensação retoma a sua liberdade em seu sentido mais
pleno.
O outro
Túmulo de Sartre, onde foi enterrado junto a Beauvoir.
As outras pessoas são fontes permanentes de contingências.
Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que
ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e
isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos
se sobrepõem.
Mas Sartre não defende, como muitos pensam, o solipsismo.
O homem por si só não pode conhecer-se em sua totalidade. Só através
dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do
mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode perceber-se por inteiro.
"O ser Para-si só é Para-si através do outro", ideia que Sartre herdou
de Hegel.
Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras
pessoas, pode reconhecer neles o que têm de igual. E cada um precisa
desse reconhecimento. Por mim mesmo, não tenho acesso à minha essência,
sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só
através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência,
ainda que temporária.
Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo
as escolhas que desejo. Daí vem a ideia de que "o inferno são os
outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização
de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar
sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria
sentido.
Recepção
Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Eremildo Viana na Faculdade Nacional de Filosofia.
O existencialismo ateu de Sartre, por sua natureza avessa aos dogmas
da igreja e da moral constituída, atraiu muitos grupos que viam na
defesa da liberdade e da vida autêntica um endosso à vida desregrada -
obviamente, por um erro na compreensão do que há de essencial na
concepção de liberdade elaborada pelo filósofo francês. Por razões
semelhantes foi vista por muitos como uma filosofia nociva aos valores
da sociedade e à manutenção da ordem. Seria uma filosofia contra a
humanidade. Esta é uma das razões porque toda a obra de Sartre foi
incluída no Index de obras proibidas pela Igreja Católica.
Sartre responde a isso na conferência "O existencialismo é um humanismo"
em que afirma que o existencialismo não pode ser refúgio para os que
procuram o escândalo, a inconsequência e a desordem. O movimento,
segundo este texto, não defende o abandono da moral, mas a coloca em seu
devido lugar: na responsabilidade individual de cada pessoa. O
existencialismo reconhece, assim, a possibilidade de uma moral laica
em que os valores humanos existem sem a necessidade da existência de
Deus. A moral existencialista pretende que as escolhas morais não sejam
determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da
responsabilidade.
Não se pode negar sua duradoura influência sobre os mais variados
ramos do conhecimento humano. Por ser muito voltado à discussão de
aspectos formadores da personalidade humana, o existencialismo exerceu
influência na psicologia de Carl Rogers, Fritz Perls, R. D. Laing e Rollo May.
Assim, a filosofia de Sartre está presente entre as principais e mais
conhecidas abordagens da Psicologia dentro dessa perspectiva
fenomenológico-existencial: a Gestalt-Terapia e a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).[40] Sua filosofia também é base fundamental para outra abordagem da psicologia: a própria Psicologia Fenomenológico-Existencial ou a Psicologia Existencial.
Na literatura, influenciou a poesia da Geração Beat, cujos maiores expoentes foram Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William S. Burroughs, além dos dramaturgos do chamado Teatro do absurdo. Já na literatura brasileira, podemos destacar a escritora Clarice Lispector. Pelo menos, desde o seu segundo livro, O Ilustre,
conforme ela mesma afirmou mais tarde: "Acontece que só vim a saber da
existência de Sartre no meu segundo livro" (Cf. BORELLI, 1981, p. 66).
De acordo com Nádia Gotlib, inclusive, "uma das possíveis razões de o
livro ter sido bem recebido na França pode ter sido mesmo a idéia de que
teria tido ele influência do existencialismo" (GOTLIB, 1995, p. 340).
Muitos dos trabalhos críticos sobre a obra da autora confirmam a relação
daquela com a filosofia existencialista de Sartre.[41] A obra de Clarice A maçã no escuro é também entendida como influenciada pelo pensamento filosófico de Sartre. Guimarães compara A maçã no escuro ao romance de Sartre A náusea
e nota traço esquizo em Martim, por este apresentar pensamento
fragmentado, com ausência de elos. Segundo Guimarães, a consciência
tanto de Martim quanto de Roquentin (protagonista do romance de Sartre),
"opera por contiguidade, adesão, coexistência em relação aos
circunstantes e não por identificação, à maneira psicanalítica".[42]
No mais, muitos críticos literários discutiram a influência do
existencialismo de Sartre e da discussão e papéis femininos/masculinos
de Simone de Beauvoir nas narrativas de Clarice Lispector. Isso pode ser
encontrado, por exemplo, nos seguintes textos: BRASIL, Assis. Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Simões, 1969; NUNES, Benedito. O mundo de Clarice Lispector; op. cit.; HERMAN, op. cit., p. 69-74; PONTIERO, Giovanni. The drama of existence in Laços de família. Studies in Short Fiction, n.8, 1971 e ANDERSON, Robert K. Myth and existencialism in Clarice Lispector's, 1985.[43]
Neste contexto, e feitas estas considerações pertinentes, é possível
pensar uma influência da filosofia formulada por Sartre na obra de
Clarice, embora fosse temerário considerar a autora como adepta do
existencialismo. A verdade é que a filosofia existencialista de Sartre
marcou profundamente a geração de intelectuais contemporâneos de Clarice
Lispector.[44][45][46][47] No fim do ano, frequenta o terapeuta Ulysses Girsoler. Ela e Maury passam o réveillon na França, com o casal Wainer, a convite de Bluma.[48]
Também na música brasileira, Sartre influenciou canções como a “Infinita highway” da banda Engenheiros do Hawaii.
Por exemplo, essa música que mudou definitivamente a trajetória dos
Engenheiros explicita trechos como “a dúvida é o preço da pureza”, uma
frase da obra O Muro, de Sartre. A “Infinita highway” permite induzir a presença de uma temática existencial. Além da citação de O Muro
em “Infinita highway”, Sartre é mencionado em “Guardas da fronteira”
(“Acontece que eu não tenho escolha / Por isso mesmo é que eu sou livre /
Não sou eu o mentiroso / Foi Sartre quem escreveu o livro”).[49] O próprio Humberto Gessinger,
líder da banda Engenheiros do Hawaii, afirma que "Infinita Highway"
coloca sobre uma base musical progressiva reflexões existencialistas
inspiradas por Sartre.[50] Já Caetano Veloso, em entrevista ao jornal Gazeta de Alagoas, diz que "... entre Merleau-Ponty,
que defendia a percepção do mundo por meio do corpo, e Sartre, que
defendia a tomada de posição intelectual, sempre fui mais Sartre, desde a
universidade", sendo retrucado pelo entrevistador que argumenta que
sendo Caetano homem de "afirmação erótica" e de "presença intensa",
estaria mais para Merleau-Ponty. Ao que Caetano acrescentou: "Pois é.
Mas o fato é que líamos Sartre, e não Merleau-Ponty".[51]
Sartre influenciou do mesmo modo o famoso psiquiatra David Cooper,
que foi um psiquiatra sul-africano, notável teórico e líder do
movimento antipsiquiatria, ao lado de R. D. Laing, Thomas Szasz e Michel
Foucault. A influência da filosofia de Sartre, especialmente com a obra
"Crítica da Razão Dialética", segundo a qual Laing e Cooper compuseram
um notável texto com o título Raison et violence, fez Cooper
lutar contra a repressão manicomial que se encontra associada a outras
lutas anti-repressivas e se soma às reivindicações por um mundo melhor e
mais livre.[52]
Um grande intelectual brasileiro que também sofre influência de Sartre, é o Paulo Freire. Ainda na sua obra Pedagogia do Oprimido,
Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se
constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se
constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo
constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido
objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre,
anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’”
(Freire, 1987, p. 71).[53]
O pensamento existencialista sartriano enquanto se ocupa do ser humano,
tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição
dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a
desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a
partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a
humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, 161),[54] que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de ensino/aprendizagem.[55]
Para marcar também o centenário de Sartre no ano de 2005, Annie Cohen-Solal,
uma socióloga, acadêmica, escritora e principal biógrafa de Sartre,
entrou em uma turnê de conferências internacionais, levando-a, entre
outros países, para o Brasil, onde foi recebida pelo então Ministro da
Cultura Gilberto Gil, criando a cadeira Sartre na Universidade de Brasília (UnB).[56]
Ainda o filósofo francês continua despertando paixões e sendo louvado
ou execrado. Segundo Cohen-Solal, devido a isso e porque os estudantes
franceses da atualidade estão percebendo a relevância de Sartre,
na École Normale Supérieure, uma grande universidade francesa, estão
discutindo do mesmo modo a criação de uma cadeira Sartre.[57]
Alguns filósofos argumentam que o pensamento de Sartre é
contraditório. Especificamente, acreditam eles que Sartre apresenta
argumentos metafísicos, apesar de afirmar que suas visões filosóficas
ignoram a metafísica. O marxista Herbert Marcuse,
doutorando de Heidegger, criticou o "Ser e o Nada" por projetar
ansiedade e falta de sentido na natureza da própria existência: "Na
medida em que o Existencialismo é uma doutrina filosófica, permanece
como uma doutrina idealista: hipostatiza condições históricas
específicas da existência humana em características ontológicas e
metafísicas. Assim, o existencialismo se torna parte da própria
ideologia que ataca e seu radicalismo é ilusório".[58]
Já contrariando o pensamento de Herbert Marcuse, o filósofo e marxista István Mészáros
afirmou: "sempre senti que os marxistas deviam muito a Sartre, pois
vivemos numa era em que o poder do capital é dominador [...] Sartre foi
um homem que sempre pregou exatamente o oposto: como indivíduos, devemos
nos rebelar contra esse poder, esse monstruoso poder do capital. Os
marxistas, de modo geral, não conseguiram da voz a isso [...] Não há
ninguém nos últimos cinquenta anos de filosofia e literatura que tenha
tentado martelar isto com tanta pertinácia e determinação quanto
Sartre".[59]
Na Carta sobre Humanismo, Heidegger criticou o existencialismo de Sartre:
"O existencialismo diz que a existência precede a essência. Nesta afirmação, ele toma existentia e essentia de acordo com seu significado metafísico, que, a partir de Platão, afirmou que a essentia precede a existentia. Sartre reverte essa afirmação. Mas a reversão de uma afirmação metafísica continua sendo uma afirmação metafísica. Com ele, permanece a metafísica, no esquecimento da verdade do Ser".[60]
Os filósofos Richard Wollheim e Thomas Baldwin argumentaram que a tentativa de Sartre de mostrar que a teoria do inconsciente de Sigmund Freud está enganada foi baseada em uma interpretação errônea de Freud.[61][62]
Richard Webster considera Sartre um dos muitos pensadores modernos que
reconstruíram as ortodoxias judaico-cristãs de forma secular.[63]
Os intelectuais associados à direita alegam que a política de
Sartre é índice de autoritarismo. Brian C. Anderson denunciou Sartre
como um apologista da tirania, do terror e um defensor do stalinismo, maoísmo e do regime de Castro em Cuba.[64] O historiador Paul Johnson afirmou que as ideias de Sartre haviam inspirado a liderança do Khmer Vermelho:
"Os eventos no Camboja na década de 1970, nos quais entre um quinto e
um terço da nação estavam morrendo de fome ou assassinados, eram
inteiramente obra de um grupo de intelectuais, que eram em sua maioria
alunos e admiradores de Jean-Paul Sartre - 'Filhos de Sartre', como eu
os chamo".[65]
Contudo, apesar de alegarem que Sartre era índice de
autoritarismo, era um defensor do stalinismo e do regime de Castro em
Cuba, a verdade é que Sartre escreveu o ensaio Le phantome de Stalin (O fantasma de Stalin),
em repúdio à invasão da Hungria pelo Exército Vermelho. O que constitui
ainda um acerto de contas com o stalinismo, repudiando-o. Além disso, a
manifestação de sua repulsão com que é antidemocrático.[66] Também numa entrevista ao L'Express,
Sartre anunciou: "Eu estou rompendo, com pesar, mas totalmente, meus
laços com meus amigos escritores soviéticos que não denunciam (ou não
podem denunciar) o massacre na Hungria. Nós não mais podemos qualquer
amizade com a facção dominante da burocracia soviética".[67][68]
Igualmente, a rigor, Sartre não apoiava o regime de Castro, "pois Fidel
Castro ainda não declarara Cuba um país comunista, inclusive o jornal O Estado de S. Paulo apoiava a Revolução e cobriu toda a visita de Sartre, que era favorável ao movimento revolucionário cubano", comenta Castilho.[69][70]
Porém, ao visitar Fidel Castro em Cuba, Sartre já havia rompido
com o Partido Comunista Francês - PCF, ao qual nunca se filiou, e
publicado O Fantasma de Stalin, espécie de manifesto de seu
anti-stalinismo e ao mesmo tempo de seu anti-imperialismo. “Éramos muito
difíceis de classificar. De esquerda, mas não comunistas”, escreveu sua
parceira e filósofa Simone de Beauvoir em A Força das Coisas, terceiro volume de sua autobiografia.[70] A estadia em Cuba fez Sartre escrever seu livro Furacão sobre o Açúcar, publicado no Brasil como Furacão sobre Cuba
pela Editora do próprio filósofo e no mesmo ano Sartre e Simone
romperiam com Fidel Castro diante da prisão do poeta Herberto Padilla.
No livro seu livro Furacão sobre o Açúcar, Sartre relata suas
impressões de um Fidel em princípio desconfiado e mal-humorado, que vai
relaxando pouco a pouco, mas que se mantém “um homem difícil de ser
enquadrado”.[71][72][73]
Sartre, que afirmou em seu prefácio de Os Condenados da Terra, obra de Frantz Fanon,
que: "Abater um europeu é matar dois coelhos com uma cajadada, destruir
um opressor e o homem que ele oprime ao mesmo tempo: sobra um homem
morto e um homem livre". Mas, de fato, por outro lado, Sartre estava a
condenar o colonialismo brutal da França e estando a favor das lutas de
libertação da Argélia, já que os colonizados encarnavam, na Argélia, o
combate universal de todos os oprimidos dos então países do Terceiro
Mundo.[74]
Com outras palavras, Sartre insistia na violência do sistema colonial -
como a francesa -, em seus mecanismos econômicos e ideológicos,
aspectos que o levam a condenar a ação do Exército francês sobre a
Argélia, encarada como uma ocupação estrangeira. "O colonialismo é um
sistema que recusa ao colonizado qualquer humanidade e, nesse sentido, é
semelhante a um sistema totalitário [...] Os condenados da terra eram
produto de cem anos de humilhação coletiva e de permanência de uma ordem
dominante fundamentada na separação entre colonos e colonizados". Esse
mal-estar e desumanização na Argélia, que Sartre tentou combater.[74]
O crítico, radialista e escritor Clive James[75]
criticou Sartre em seu livro de mini biografias Cultural Amnesia
(2007). James ataca a filosofia de Sartre como sendo "apenas uma pose".[76]
Ao contrário de tal ataque, Boëchat ressalta "que a filosofia de
Sartre, mantendo-se atrelada ao mundo concreto e a vida cotidiana do
homem, aborda o ser através de suas infinitas manifestações".[77]
Além disso, a filósofa e a psicoterapeuta canadense Bonnie Burstow
afirmou o humanismo de Sartre: "a posição de Sartre a respeito das
relações humanas decorre de sua concepção do ser humano e da existência.
Embora, como espero demonstrar, existam outros erros, anti-sartreanos
erram na compreensão das relações humanas porque também erram ao tentar
compreender a existência segundo Sartre [...] É o Outro que me torna um
ser humano. Eis um ponto essencial e um ponto totalmente negligenciado
por esses críticos de Sartre".[78]
La mort dans l'Âme ("Com a morte na alma"), romance - 1949
Morts sans sépulture ("Mortos sem sepultura"), teatro - 1946
L'Existentialisme est un humanisme ("O existencialismo é um
humanismo"), transcrição de uma conferência proferida em 1946 - Texto
posteriormente rejeitado por Sartre.
La putain respectueuse ("A prostituta respeitosa"), teatro - 1946
Qu'est ce que la littérature? ("O que é a literatura?"), ensaio - 1947
L'idiot de la famille - Gustave Flaubert de 1821 a 1857 ("O idiota de família"), biografia inacabada de Gustave Flaubert. Apenas três dos cinco[79] volumes planejados foram escritos - 1971 (volume I) - 1972 (volume II e III)[80]
Obras póstumas
Carnets de la drôle de guerre ("Diário de uma guerra estranha"), diário escrito entre setembro de 1939 e março de 1940 - 1983. Reedição ampliada em 1995.
Cahiers pour une morale ("Cadernos por uma moral"). Esboço
inacabado de uma teoria moral existencialista preconizada em "O ser e o
nada". Escrito em 1947 e 1948 - 1983.
Lettres au Castor et à quelques autres. Dois volumes abarcando correspondência de 1926 a 1963. Organizado por Simone de Beauvoir - 1983
Le scènario Freud ("Freud, além da alma"), roteiro do filme
de John Huston realizado por Sartre entre 1959 e 1960 e não utilizado
integralmente devido a conflitos com o diretor - 1984
Critique de la raison dialectique - Tome II: l'inteligibilité de l'histoire
("Crítica da razão dialética - Tomo II: a inteligibilidade da
história"), ensaio filosófico. Escrito em 1958 e publicado em 1985.
"Sartre no Brasil: a conferência de Araraquara". Edição bilíngue
(português e francês) contendo a transcrição da conferência na Faculdade
de Filosofia de Araraquara em 4 de setembro de 1960 - 1986.
Verité et Existence ("Verdade e Existência"), fragmentos de um ensaio filosófico escrito em 1948 - 1989
Écrits de jeunesse ("Escritos da juventude"), textos escritos entre 1922 e 1928 - 1990
Le reine Albemarle ou le dernier touriste ("A rainha Albemarle ou o último turista"), fragmentos inacabados escritos em 1951 e publicados em 2009 (no Brasil).
Referências
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"Felizmente
os aplausos não me faltam: escutem eles minha tagarelice ou a Arte da
Fuga, os adultos esboçam o mesmo sorriso de degustação maliciosa e de
conivência; isso mostra o que sou no fundo: um bem cultural." Sartre
(1963) pg. 30.
Sartre (1963), pp. 46-57
"Eu fazia entretanto verdadeiras
leituras: fora do santuário, em nosso quarto ou debaixo da mesa da sala
de jantar; daquelas eu não falava a ninguém e ninguém, salvo minha mãe,
me falava delas." Sartre (1964), pp. 53-54
"Eu
escapava à comédia: não trabalhava ainda, porém não brincava mais, o
mentiroso encontrava sua verdade na elaboração de suas mentiras." -
Sartre (1963), pg. 111.
Sartre (1963), pg. 112
"(…)
a literatura não dava de comer. Sabia eu que escritores famosos haviam
morrido de fome? Que outros, para comer, tinham se vendido? Se eu
pretendia conservar minha independência, convinha escolher uma segunda
profissão. O magistério prometia lazeres;" Sartre (1963), pg. 113
Sartre (1963), pg. 118
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Este livro é "A Teoria da intuição na fenomenologia de Husserl", de Emmanuel Lévinas, publicado em 1930. (Cohen-Solal (2008), pg. 128)
"Sartre
begins by establishing two categories of being he is going to
investigate, except that now he employs the language of Hegel in his
definitions. The first category is the en-soi (in-itself), which is being-in-itself, the object, totally self-sufficient. The second category is the pour-soi
(for-itself), which is the consciousness of the reflected ego, the
cogito". (Sartre começa por estabelecer duas categorias de ser que ele
vai investigar, exceto que agora, ele emprega a linguagem de Hegel em
suas definições. A primeira categoria é o en-soi (em-si), que é o ser-em-si, o objeto, totalmente autossuficiente. A segunda categoria é o pour-soi (para-si), que é a consciência do ego reflexivo, o cogito.) Kleinberg (2007), pg 134
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