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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O crepúsculo dos deuses

O auto-intitulado "Líder da Revolução", o autor do famoso "Livro Verde", ditador paternalista da Líbia, ocupante do poder há quarenta anos, descendente da dinastia que realizou a revolução nacionalista da Líbia nos anos cinquenta, está em maus lençóis. Os "de baixo" já não suportam os "de cima", e "os de cima" já não aguentam os "de baixo". O livrinho "verde", se não chega a ter a triste memória do famigerado livrinho "Vermelho" do falecido Mao, tem, no entanto, feias manchas negras (a tragédia do avião britânico de passageiros tem causas mais do que suspeitas). Kadhafi fomentou em tempos passados muitas expectativas e até elogios de variados quadrantes das esquerdas do Ocidente e do Extremo Oriente. Nacionalizara os recursos nacionais (a imensa e cobiçada riqueza petrolífera), expulsara os abutres do imperialismo, afrontara com firmeza os E.U.A. e as potências neo-colonialistas europeias, desempenhara um papel decisivo na unidade africana que tentou sacudir o jugo colonial e neo-colonial, transformou um país desértico e escassamente povoado numa potência regional, canalizou a água de um lençol friático e irrigou as areias, não cometeu as barbaridades de que era acusado pelo imperialismo e suas agências mundiais de contra-informação, foi alvo de um bombardeamento assassino que quase o matou no seu próprio palácio. Em suma: o imperialismo odiava-o e, ao que parecia, o povo amava-o, ou, pelo menos, consentia-o.
O lado mau da história, porém, não pára nunca: um autoritarismo cada vez mais megalómano e ditatorial, uma dinastia corrupta (a ver pelos filhos e enteados), um Corpo de legionários ferozes, um isolamento internacional sem remédio...Kadhafi, o visionário, passou à história (pelo lado mau). O seu discurso televisionado contra os opositores é uma peça inesquecível de maldade, ressentimento e loucura desesperada.
Neste entretanto o imperialismo mostra a sua ganância e a sua ânsia de invadir a Líbia a pretexto de. Gostava de Mubarak, seu fantoche preferido, odeia Kadhafi.
Todavia, Kadhafi, hoje, não merece o amor de ninguém. Exceto dos seus apoiantes fanáticos que percorrem as ruas como um exército fantasma, de sombras e de zombies. O horror de um fim de festa.

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