Oposição social na era da Internet:
Militantes "de teclado" e intelectuais públicos
por James Petras [*]
A relação entre as tecnologias da informação, e mais precisamente a internet, com a política é uma questão central para os movimentos sociais contemporâneos. Tal como outros avanços tecnológicos no passado, as tecnologias da informação (TI) servem um duplo propósito: por um lado contribuem para acelerar os movimentos de capitais (sobretudo de capitais financeiros), facilitando uma globalização imperialista. Por outro, a internet fornece importantes fontes alternativas de análise, assim como uma forma fácil de comunicação, que pode servir para a mobilização dos movimentos populares.
A indústria das tecnologias da informação criou uma nova classe de multimilionários, que se estende de Silicon Valey na California até Bangalore na India. Estes desempenham um papel central na expansão do colonialismo económico através do controlo monopolista que exercem sobre as mais diversas esferas de difusão da informação e do entretenimento.
Parafraseando Marx: "a internet tornou-se o ópio do povo". Novos e velhos, empregados e desempregados, todos eles passam horas passivamente contemplando espectáculos, pornografia, video-jogos, consumindo online e até acedendo a "notícias", isolados dos restantes cidadãos e trabalhadores.
Em muitas ocasiões, a superabundância de "notícias" na internet, absorve tempo e energia, desviando os "observadores" da reflexão e da acção propriamente dita. Assim como a escassa e tendenciosa informação dos meios de comunicação de massas distorce a consciência popular, o excesso de mensagens na internet pode imobilizar a acção dos cidadãos.
A internet, propositadamente ou não, "privatizou\particularizou" a vida política. Muitos activistas potenciais foram levados a acreditar que o envio de manifestos a outros cidadãos é um acto político, esquecendo-se que apenas a acção pública, incluíndo a confrontação com os seus adversários no espaço público, nos centros das cidades assim como no campo, é a base da transformação política.
As tecnologias da informação e o capital financeiro
Recordemos que o ímpeto original que presidiu ao crescimento das tecnologias da informação partiu das necessidades das grandes instituições financeiras, bancos de investimento e dos especuladores, que pretendiam mover milhares de milhões de dolares, de um país para o outro, de uma empresa para outra, de uma mercadoria para outra, com um simples toque de dedos.
A Internet foi a tecnologia motora do crescimento da globalização ao serviço do capital. As tecnologias da Informação desempenharam um papel central na precipitação das duas crises financeiras da última década (2001-2002; 2008-2009). A bolha das acções de empresas ligadas às tecnologias da informação em 2001 foi o resultado da promoção e da sobrevalorização das empresas de software, desligadas da economia real. O crash financeiro global de 2008-2009, que se extende até hoje, foi consequência de pacotes computadorizados de activos fraudulentos e de empréstimos imobiliários sub-financiados. As "virtudes" da internet, a velocidade com que transmite informação, revelaram-se, no contexto da expeculação capitalista, um factor determinante da pior crise do capitalismo desde a Grande Depressão dos anos 30.
A democratização da Internet
A internet tornou-se acessível às massas enquanto mercado aberto à exploração comercial, alargando-se posteriormente a usos sociais e políticos, e, mais importante ainda: tornou-se um meio fundamental para informar o grande público da exploração e pilhagem que os bancos multinacionais impunham aos mais variados paìses e aos seus habitantes. A internet ajudou também a expôr as mentiras que subjazem às guerras imperialistas dos Estados Unidos e da União Europeia no Médio-Oriente e no Sul da Ásia.
A internet tranformou-se assim num terreno contestado, numa nova forma de luta de classes, que engloba movimentos pró-democracia e de libertação nacional. Os maiores movimentos e os seus líderes, desde os guerrilheiros no Afeganistão aos activistas pró-democracia no Egipto, passando pelo movimento estudantíl chileno e pelo movimento pela habitação popular na Turquia, todos eles contam com a internet para informar o mundo das suas lutas, dos seus programas, da repressão estatal de que são alvos, bem como das suas vitórias. A internet liga as diferentes lutas muito para lá das fronteiras nacionais – é uma ferramenta central para a construção de um novo internacionalismo que faça face à globalização capitalista e às suas guerras imperialistas.
Parafraseando Lénine poderiamos dizer que o socialismo do século XXI pode resumir-se na formula: "os sovietes mais a internet = socialismo participativo"
A internet e a política de classe
É bom recordar que as tecnologias computorizadas de informação não são "neutrais" – o seu impacto político depende dos utilizadores e activistas que determinam quem, e que interesses de classe, é que servem.
A internet serviu para mobilizar milhares de trabalhadores na China contra os exploradores corporativistas, na Índia mobilizou milhares de camponeses contra os especuladores latinfundiários. Por outro lado, a Nato utilizou sistemas de guerra fortemente computorizados para bombardear e destruír a Líbia independente. Os Estados-Unidos também utilizaram "drones" para enviar mísseis para matar cívis no Paquistão e no Yémen; ora esta técnica é controlada por uma inteligência computorizada. A localização da guerrilha colombiana e os bombardeamentos aéreos utilizam a mesma tecnologia computorizada. Em suma, as técnologias da informação podem ter um duplo uso: podem ser utilizadas para a libertação dos povos, mas também podem servir os ataques imperialistas contra-revolucionários.
O neoliberalismo e o espaço público
A discussão acerca do "espaço público" assume frequentemente que "público" é sinónimo de uma maior intervenção estatal em prol do bem-estar da maioria: de uma maior regulação do capitalismo e de uma crescente protecção do meio-ambiente. Por outras palavras aos actores "públicos" benignos opor-se-iam às forças privadas exploradoras dos mercados.
Num contexto de proliferação da ideologia e das políticas neoliberais, muitos autores progressistas escrevem sobre "o declínio da esfera pública". Esta perspectiva negligencia o facto de a "esfera pública" ter vindo a ganhar uma importância crescente na sociedade, na política e na economia, beneficiando sempre o grande capital, mais concretamente o capital financeiro e os investidores estrangeiros. A "esfera pública", nesta caso o estado, é muito mais intrusiva na sociedade civil como força repressiva num momento em que as políticas neoliberais aumentam as desigualdades. Graças à intensificação e ao aprofundamento das crises financeiras, a esfera pública (o estado) assumiu um papel fundamental no resgate dos bancos falidos.
Devido aos enormes défices fiscais provocados pela fuga aos impostos do capital, às despesas com as guerras coloniais e aos subsídios públicos às grandes empresas, a esfera pública (o estado) impõe uma austeridade de classe, cortanto as despesas sociais e prejudicando os funcionários públicos, os reformados e os trabalhadores assalariados do privado.
A esfera pública reduziu o seu papel no sector produtivo da economia. No entanto, o sector militar cresceu com a expansão das guerras coloniais e imperialistas.
A questão fundamental que subjaz a qualquer discussão acerca da esfera pública e da oposição social não é a do seu crescimento ou declínio, mas antes a dos interesses de classe que definem o papel dessa esfera pública. No contexto do neoliberalismo, a esfera pública está orientada para a utilização do tesouro público no resgate dos bancos, para o militarismo e para uma larga intervenção policial estatal. Uma esfera pública dirigida pela "oposição social" (trabalhadores, agricultures, profissionais, empregados) alargaria o campo de acção da esfera publica no que toca à saúde, à educação, às pensões, ao ambiente e ao emprego.
O conceito de "esfera pública" tem duas faces (como Jano): uma olha para o capital e para o sector militar; a outra para a oposição laboral/social. A internet está também subordinada a esta dualidade: por um lado, facilita grandes movimentos do capital e rápidas intervenções militares imperialistas; por outro, fornece à oposição social um fluxo de informação rápido que permite a sua mobilização. A questão fundamental é a de saber que tipo de informação é transmitida, a que actores políticos ela é transmitida e que interesse social serve?
A Internet e a oposição social: a ameaça da repressão estatal
Para a oposição social, a internet é antes de mais uma fonte vital de informação alternativa crítica, capaz de educar e mobilizar os dirigentes progressistas, os profissionais, os sindicalistas e os líderes camponeses, os militantes e os activistas. A internet é uma alternativa aos meios de comunicação capitalistas e à sua propaganda, uma fonte de notícias e informações que transmite manifestos e informa os activistas acerca dos locais das intervenções públicas. Graças a este papel progressista como instrumento da oposição social, a internet está sujeita a uma forte vigilância por parte do aparelho repressivo policial e estatal. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 800 mil funcionários são utilizados pela policia de "Segurança Interna" para espiar milhares de milhões de emails, faxes e chamadas telefónicas de milhões de cidadãos americanos. Saber quão efectivo é o policiamento diário de toneladas de informação é uma outra questão. Mas o facto é que a internet não é uma "fonte livre e segura de informação, debate e discussão". Com efeito, quanto mais eficaz se torna a internet na mobilização de movimentos sociais que se opõem ao estado imperialista e colonial, mais provável se torna uma intervenção por parte da polícia e do estado com o pretexo de "combater o terrorismo".
A internet e a luta contemporânea: uma relação revolucionária?
É tão importante reconhecer a importância da internet enquanto detonador de determinados movimentos sociais como relativizar a sua importância global.
A internet teve um papel fundamental na divulgação e mobilização de "movimentos espontâneos", como o dos "indignados" espanhóis, na sua maioria jovens desempregados e sem filiação partidária, ou na americana "Ocupação de Wall Street". Noutros casos, como o das massivas greves gerais em Itália, Portugal, na Grécia e em tantos outros sítios, as confederação sindicais organizadas tiveram um papel central e a internet um impacto apenas secundário.
Em países altamente repressivos, como o Egipto, a Tunísia e a China, a internet tem um papel fundamental na divulgação de intervenções públicas e na organização de protestos de massas. No entanto, a internet não levou a qualquer revolução bem sucedida – ela pode informar, ser um local de debate, e mesmo mobilizar, mas não pode oferecer a liderança e a organização necessárias a uma acção política consistente e muito menos fornecer uma estratégia de tomada do poder estatal. Comprova-se assim que a ilusão, alimentada por alguns gurus da internet, de que a acção "computadorizada" pode substituir um partido político disciplinado, é falsa: a internet pode facilitar o movimento, mas apenas uma oposição social organizada lhe pode dar uma direcção tática e estratégica capaz de o manter vivo face à repressão do estado e de o levar a lutas bem sucedidas.
Ou seja, a internet não é um "fim em si mesmo" – a postura autocongratulatória dos ideologos da internet, anunciando uma nova época de informação "revolucionária", ignora o facto de que NATO, Israel e os seus aliados e clientes utilizam a internet para lançar vírus e destruir economias, para programas de defesa anti-sabotagem e para promover levantamentos etnico-religiosos. Israel enviou vírus danosos para travar o programa nuclear pacífico do Irão; os Estados Unidos, a França e a Turquia instigam, na Líbia e na Síria, uma oposição social capaz de servir os seus interesses. Em resumo, a internet tornou-se um novo terreno de luta de classes e de luta anti-imperialista. A internet é um meio e não um fim. A internet é parte dessa esfera pública, cujos objectivos e resultados são determinados pela estrutura de classe em que se integra.
Comentários finais: "militantes de teclado" e intelectuais públicos
A oposição social é definida pela intervenção pública: pela presença das colectividades nos comícios políticos, pelos indivíduos que discursam em encontros públicos, por activistas que se manifestam em praças públicas, sindicalistas militantes que defrontam os patrões, pessoas pobres que exigem aos governantes locais para morar e serviços públicos...
Discursar activamente num comício público, formular ideias e programas, propor estratégias através da acção política, constitui o papel de um intelectual público. Sentar-se a uma secretária num escritório para, num esplêndido isolamento, enviar cinco manifestos por minuto define um "militante de teclado". Esta é uma forma de pseudo-militância que separa as palavras dos actos. A "militância" de teclado é um acto de inacção verbal, de "activismo" inconsequente, uma revolução mental de faz-de-conta. A comunicação via internet torna-se um acto político quando se enquadra em movimentos sociais que desafiam o poder. Necessariamente, isto envolve riscos para um intelectual público: desde ataques policiais no espaço público até represálias económicas na esfera privada. Os "activistas de teclado" não arriscam nada e pouco realizam. O intelectual público faz a ligação entre o descontentamento dos indivíduos e o activismo social da colectividade. O professor universitário vem ao local de acção, fala e regressa ao seu gabinete. O intelectual público fala e faz um compromisso pedagógico de longo termo com a oposição social na esfera pública, tanto através da internet como de frequentes encontros diários cara a cara.
20/Novembro/2011
[*] Intervenção como convidado no "Symposium on Re-Publicness", Patrocinado pela Chamber of Electrical Engineers. Ancara, Turquia, 9-10/Dezembro/2011
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=27761 . Tradução de MQ.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
“A sociedade não existe, só mercado!
António Quinet
A nossa salvação está na produção. Somos impelidos a produzir cada vez mais e mais depressa, aumentar as cadências, fomentar as demências, galopar sem sentido. Aprofundamos os pilares da nossa felicidade no ter cada vez mais e mais. E para fazer face a necessidades artificiais, cada vez mais somos atrelados à competitividade que impõe salários sempre mais baixos, exigindo ritmos de escravatura que se supunha não mais voltarem.
E o nível de vida desce mais e mais e a concentração do capital cresce sem limites mais e mais, sempre mais. O excesso de produção atafulha o planeta com bricabraque que nada tem a ver com as necessidades da quase totalidade dos que vão vegetando e perecendo, por lhes negarem os mais elementares meios de sobrevivência. E a bulimia dos poderosos, essa fome devoradora que tudo abocanha, exige mais, mais e mais fome e sacrifícios a quem trabalha.
Era a “sociedade de consumo” diziam eles, onde a suprema felicidade residia no consumir desenfreadamente sempre mais, mais e mais. Uma sociedade autofágica, imposta pelos ideólogos do neoliberalismo.
Agora andam mais poupadinhos.
Raro é o dia em que os analistas que, até então tonitruantes, nos empurravam para o consumo vêm, pezinhos de lã, segredar-nos ao ouvido “Queiram poupar! A gestão de dinheiro pressupõe 80% de motivação e 20% de método e técnicas. Boas poupanças!” Esses analistas, imberbes, de lição bem encaixilhada já têm fórmulas, percentagens, métodos para ensinar aos pobrezinhos como poupar mais! Vejam bem onde chegou a farsa ou ignorância ou desplante ou velhacaria.
Uns rapazotes bem instalados na sociedade, surgem nos jornais e na TV a instruir os que, durante toda a vida, por nada terem se doutoraram na arte de não gastar.
A dona Alice, com pensão de sobrevivência, tem ouvido os recados e não só ficou agradecida como também muito sensibilizada.
O senhor Manuel, desempregado, com uma casa de família a sustentar, como não poderia deixar de ser, foi também muito receptivo.
A editora do Notícias Magazine ‘nm’ ultrapassa toda a desfaçatez sugerindo atitudes e entretenimentos para ajudar a suportar a crise. Confessa não saber como dar a volta à crise, mas aconselha a que as dificuldades não dêem cabo da nossa alegria. Estão mesmo a ver alguém com a casa por pagar, sem possibilidade de fazer face às mais elementares necessidades, à procura de trabalho com a alegria de quem vai para a festa. Sugere, pois, que “temos de saber rir quando achamos que só temos razões para chorar e que devemos aproveitar para jogar à bola com os filhos, naquele jardim mesmo em frente à casa ou aproveitar para aprender a andar de bicicleta”.
É evidente que esta gentalha é paga para encher páginas de insultos sem respeito pelos que sofrem, demonstrando não possuir um mínimo de sensibilidade.
Não lhes podemos pedir mais, muito menos que esclareçam o porquê desta hecatombe.
Cid Simões, aspalavrassaoarmas.blogspot.com
António Quinet
A nossa salvação está na produção. Somos impelidos a produzir cada vez mais e mais depressa, aumentar as cadências, fomentar as demências, galopar sem sentido. Aprofundamos os pilares da nossa felicidade no ter cada vez mais e mais. E para fazer face a necessidades artificiais, cada vez mais somos atrelados à competitividade que impõe salários sempre mais baixos, exigindo ritmos de escravatura que se supunha não mais voltarem.
E o nível de vida desce mais e mais e a concentração do capital cresce sem limites mais e mais, sempre mais. O excesso de produção atafulha o planeta com bricabraque que nada tem a ver com as necessidades da quase totalidade dos que vão vegetando e perecendo, por lhes negarem os mais elementares meios de sobrevivência. E a bulimia dos poderosos, essa fome devoradora que tudo abocanha, exige mais, mais e mais fome e sacrifícios a quem trabalha.
Era a “sociedade de consumo” diziam eles, onde a suprema felicidade residia no consumir desenfreadamente sempre mais, mais e mais. Uma sociedade autofágica, imposta pelos ideólogos do neoliberalismo.
Agora andam mais poupadinhos.
Raro é o dia em que os analistas que, até então tonitruantes, nos empurravam para o consumo vêm, pezinhos de lã, segredar-nos ao ouvido “Queiram poupar! A gestão de dinheiro pressupõe 80% de motivação e 20% de método e técnicas. Boas poupanças!” Esses analistas, imberbes, de lição bem encaixilhada já têm fórmulas, percentagens, métodos para ensinar aos pobrezinhos como poupar mais! Vejam bem onde chegou a farsa ou ignorância ou desplante ou velhacaria.
Uns rapazotes bem instalados na sociedade, surgem nos jornais e na TV a instruir os que, durante toda a vida, por nada terem se doutoraram na arte de não gastar.
A dona Alice, com pensão de sobrevivência, tem ouvido os recados e não só ficou agradecida como também muito sensibilizada.
O senhor Manuel, desempregado, com uma casa de família a sustentar, como não poderia deixar de ser, foi também muito receptivo.
A editora do Notícias Magazine ‘nm’ ultrapassa toda a desfaçatez sugerindo atitudes e entretenimentos para ajudar a suportar a crise. Confessa não saber como dar a volta à crise, mas aconselha a que as dificuldades não dêem cabo da nossa alegria. Estão mesmo a ver alguém com a casa por pagar, sem possibilidade de fazer face às mais elementares necessidades, à procura de trabalho com a alegria de quem vai para a festa. Sugere, pois, que “temos de saber rir quando achamos que só temos razões para chorar e que devemos aproveitar para jogar à bola com os filhos, naquele jardim mesmo em frente à casa ou aproveitar para aprender a andar de bicicleta”.
É evidente que esta gentalha é paga para encher páginas de insultos sem respeito pelos que sofrem, demonstrando não possuir um mínimo de sensibilidade.
Não lhes podemos pedir mais, muito menos que esclareçam o porquê desta hecatombe.
Cid Simões, aspalavrassaoarmas.blogspot.com
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-11-pame
Tradução do inglês de TAM
Colocado em linha em: 2011/11/21
A primeira resposta do povo ao
novo governo
Partido Comunista da Grécia (KKE)
11/11/2011
Os líderes do social-democrata PASOK, da direitista ND e do nacionalista LAOS,
exprimindo as intenções estratégicas do capital nacional e da UE, procederam à
formação de uma nova coligação governamental que, em benefício da
plutocracia, vai tentar fazer avançar ainda mais a ofensiva contra os
trabalhadores e o povo.
A cooperação política destes três partidos, com o apoio de outros partidos
burgueses, como o DHSY, de centro-direita, o DHMAR, de centro esquerda, dos
ecologistas e outros, resultou na criação de um governo de coligação, com a
indigitação do banqueiro L. Papademus como Primeiro-ministro.
O gabinete de imprensa do CC do KKE afirmou num comentário acerca do
acordo PASOK-ND-LAOS: “ O PASOK, a ND e Karatzaferis colocaram à frente
do seu governo de coligação o banqueiro L. Papademus; este é o desejo da
plutocracia grega e da UE. O povo deve contrapor a sua própria aliança
trabalhadores-povo contra esta aliança negra para os impedir e derrubar”.
A primeira resposta ao governo antipopular foi dada pela PAME1 com grandes
comícios em Atenas e outras cidades na noite de 10 de novembro.
A manifestação de Atenas realizou-se na praça central Omonoia. Giorgos
Sifonios, presidente do sindicato na “Aço Grego” abriu o comício e transmitiu
aos manifestantes as saudações revolucionárias dos 400 grevistas da empresa,
que estão parados desde o dia 31 de outubro com sucessivas greves de 24 horas,
em luta pela reintegração de 34 colegas despedidos.
Como representante da PAME, Savvas Tsimpoglou salienta que o movimento
sindical de classe é contra a chamada coesão social. Rejeita a conciliação de
classes. Com mobilizações grevistas e manifestações abrir-se-á um novo rumo
2
em frentes de luta que se devem desenvolver para lutar pela solução dos
problemas do povo.
Seguiu-se uma boa manifestação em direção ao Parlamento.
A Secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, que participou na
manifestação, fez a seguinte declaração à Comunicação Social:
“Não podemos perder um único dia. Antes que o governo se reorganize, antes
que tome as primeiras medidas, deve sentir a oposição do povo a essas
medidas. Há problemas particulares imediatos, como por exemplo a abolição
dos pesados impostos, problemas imediatos relacionados com a fiscalidade, a
taxa “solidária”, o aumento do IVA, os conselhos escolares que não têm
dinheiro, as residências de estudantes que vão fechar amanhã porque não há
dinheiro em lado nenhum para que as universidades as possam financiar.
Por conseguinte, os problemas são imediatos e deve-se dinamizar as lutas em
toda a parte. A imediata e, obviamente, simultânea, intensificação das
reivindicações, que levem ao grande contra-ataque do povo – porque, como o
Sr. Papademus disse, tudo é fiscal. Sabem o que quer dizer “fiscal”? Quer dizer
acabar com as verbas para a educação, a saúde, tudo. Com o pretexto de não
perder salários, pensões e o 6.º pagamento, vão cortar-nos tudo ao tiraremnos
o 6.º pagamento, o 7.º pagamento e com o novo memorando”.
1 PAME: sigla, em grego, de Frente Militante de Todos os Trabalhadores, central sindical de
classe da Grécia. [NT]
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-11-pame
Tradução do inglês de TAM
Colocado em linha em: 2011/11/21
A primeira resposta do povo ao
novo governo
Partido Comunista da Grécia (KKE)
11/11/2011
Os líderes do social-democrata PASOK, da direitista ND e do nacionalista LAOS,
exprimindo as intenções estratégicas do capital nacional e da UE, procederam à
formação de uma nova coligação governamental que, em benefício da
plutocracia, vai tentar fazer avançar ainda mais a ofensiva contra os
trabalhadores e o povo.
A cooperação política destes três partidos, com o apoio de outros partidos
burgueses, como o DHSY, de centro-direita, o DHMAR, de centro esquerda, dos
ecologistas e outros, resultou na criação de um governo de coligação, com a
indigitação do banqueiro L. Papademus como Primeiro-ministro.
O gabinete de imprensa do CC do KKE afirmou num comentário acerca do
acordo PASOK-ND-LAOS: “ O PASOK, a ND e Karatzaferis colocaram à frente
do seu governo de coligação o banqueiro L. Papademus; este é o desejo da
plutocracia grega e da UE. O povo deve contrapor a sua própria aliança
trabalhadores-povo contra esta aliança negra para os impedir e derrubar”.
A primeira resposta ao governo antipopular foi dada pela PAME1 com grandes
comícios em Atenas e outras cidades na noite de 10 de novembro.
A manifestação de Atenas realizou-se na praça central Omonoia. Giorgos
Sifonios, presidente do sindicato na “Aço Grego” abriu o comício e transmitiu
aos manifestantes as saudações revolucionárias dos 400 grevistas da empresa,
que estão parados desde o dia 31 de outubro com sucessivas greves de 24 horas,
em luta pela reintegração de 34 colegas despedidos.
Como representante da PAME, Savvas Tsimpoglou salienta que o movimento
sindical de classe é contra a chamada coesão social. Rejeita a conciliação de
classes. Com mobilizações grevistas e manifestações abrir-se-á um novo rumo
2
em frentes de luta que se devem desenvolver para lutar pela solução dos
problemas do povo.
Seguiu-se uma boa manifestação em direção ao Parlamento.
A Secretária-geral do CC do KKE, Aleka Papariga, que participou na
manifestação, fez a seguinte declaração à Comunicação Social:
“Não podemos perder um único dia. Antes que o governo se reorganize, antes
que tome as primeiras medidas, deve sentir a oposição do povo a essas
medidas. Há problemas particulares imediatos, como por exemplo a abolição
dos pesados impostos, problemas imediatos relacionados com a fiscalidade, a
taxa “solidária”, o aumento do IVA, os conselhos escolares que não têm
dinheiro, as residências de estudantes que vão fechar amanhã porque não há
dinheiro em lado nenhum para que as universidades as possam financiar.
Por conseguinte, os problemas são imediatos e deve-se dinamizar as lutas em
toda a parte. A imediata e, obviamente, simultânea, intensificação das
reivindicações, que levem ao grande contra-ataque do povo – porque, como o
Sr. Papademus disse, tudo é fiscal. Sabem o que quer dizer “fiscal”? Quer dizer
acabar com as verbas para a educação, a saúde, tudo. Com o pretexto de não
perder salários, pensões e o 6.º pagamento, vão cortar-nos tudo ao tiraremnos
o 6.º pagamento, o 7.º pagamento e com o novo memorando”.
1 PAME: sigla, em grego, de Frente Militante de Todos os Trabalhadores, central sindical de
classe da Grécia. [NT]
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Mikis Theodorakis
Se os povos da Europa não se levantarem,
os bancos trarão o fascismo de volta
por Mikis Theodorakis
No momento em que a Grécia é colocada sob a tutela da Troika, que o Estado reprime as manifestações para tranquilizar os mercados e que a Europa prossegue nos salvamentos financeiros, o compositor Mikis Theodorakis apela aos gregos a combater e alerta os povos da Europa para que, ao ritmo a que as coisas vão, os bancos voltarão a implantar o fascismo no continente.
Entrevistado durante um programa político popular na Grécia, Theodorakis advertiu que, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados ".parceiros europeus" será ".o nosso fim quer como povo quer como nação". Acusou o governo de ser apenas uma "formiga" diante desses "parceiros", enquanto o povo o considera "brutal e ofensivo". Se esta política continuar, "não poderemos sobreviver … a única solução é levantarmo-nos e combatermos".
Resistente desde a primeira hora contra a ocupação nazi e fascista, combatente republicano desde a guerra civil e torturado durante o regime dos coronéis, Theodorakis também enviou uma carta aberta aos povos da Europa , publicada em numerosos jornais… gregos. Excertos:
"O nosso combate não é apenas o da Grécia, mas aspira a uma Europa livre, independente e democrática. Não acreditem nos vossos governos quando eles alegam que o vosso dinheiro serve para ajudar a Grécia. (…) Os programas de "salvamento da Grécia" apenas ajudam os bancos estrangeiros, precisamente aqueles que, por intermédio dos políticos e dos governos a seu soldo, impuseram o modelo político que conduziu à actual crise.
Não há outra solução senão substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e voltar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico das Finanças. Se os Estados não se impuserem aos mercados, estes acabarão por engoli-los, juntamente com a democracia e todas as conquistas da civilização europeia. A democracia nasceu em Atenas, quando Sólon anulou as dívidas dos pobres para com os ricos. Não podemos autorizar hoje os bancos a destruir a democracia europeia, a extorquir as somas gigantescas que eles próprios geraram sob a forma de dívidas.
Não vos pedimos para apoiar a nossa luta por solidariedade, nem porque o nosso território foi o berço de Platão e de Aristóteles, de Péricles e de Protágoras, dos conceitos de democracia, de liberdade e da Europa. (…)
Pedimos-vos que o façam no vosso próprio interesse. Se autorizarem hoje o sacrifício das sociedades grega, irlandesa, portuguesa e espanhola no altar da dívida e dos bancos, em breve chegará a vossa vez. Não podeis prosperar no meio das ruínas das sociedades europeias. Quanto a nós, acordámos tarde mas acordámos. Construamos juntos uma Europa nova, uma Europa democrática, próspera, pacífica, digna da sua história, das suas lutas e do seu espírito. Resistamos ao totalitarismo dos mercados que ameaça desmantelar a Europa transformando-a em Terceiro Mundo, que vira os povos europeus uns contra os outros, que destrói o nosso continente, provocando o regresso do fascismo".
07/Novembro/2011
A versão em francês encontra-se em www.centpapiers.com/... e em http://www.silviacattori.net/article2301.html
Tradução de Margarida Ferreira.
Este apelo encontra-se em http://resistir.info/ .
os bancos trarão o fascismo de volta
por Mikis Theodorakis
No momento em que a Grécia é colocada sob a tutela da Troika, que o Estado reprime as manifestações para tranquilizar os mercados e que a Europa prossegue nos salvamentos financeiros, o compositor Mikis Theodorakis apela aos gregos a combater e alerta os povos da Europa para que, ao ritmo a que as coisas vão, os bancos voltarão a implantar o fascismo no continente.
Entrevistado durante um programa político popular na Grécia, Theodorakis advertiu que, se a Grécia se submeter às exigências dos chamados ".parceiros europeus" será ".o nosso fim quer como povo quer como nação". Acusou o governo de ser apenas uma "formiga" diante desses "parceiros", enquanto o povo o considera "brutal e ofensivo". Se esta política continuar, "não poderemos sobreviver … a única solução é levantarmo-nos e combatermos".
Resistente desde a primeira hora contra a ocupação nazi e fascista, combatente republicano desde a guerra civil e torturado durante o regime dos coronéis, Theodorakis também enviou uma carta aberta aos povos da Europa , publicada em numerosos jornais… gregos. Excertos:
"O nosso combate não é apenas o da Grécia, mas aspira a uma Europa livre, independente e democrática. Não acreditem nos vossos governos quando eles alegam que o vosso dinheiro serve para ajudar a Grécia. (…) Os programas de "salvamento da Grécia" apenas ajudam os bancos estrangeiros, precisamente aqueles que, por intermédio dos políticos e dos governos a seu soldo, impuseram o modelo político que conduziu à actual crise.
Não há outra solução senão substituir o actual modelo económico europeu, concebido para gerar dívidas, e voltar a uma política de estímulo da procura e do desenvolvimento, a um proteccionismo dotado de um controlo drástico das Finanças. Se os Estados não se impuserem aos mercados, estes acabarão por engoli-los, juntamente com a democracia e todas as conquistas da civilização europeia. A democracia nasceu em Atenas, quando Sólon anulou as dívidas dos pobres para com os ricos. Não podemos autorizar hoje os bancos a destruir a democracia europeia, a extorquir as somas gigantescas que eles próprios geraram sob a forma de dívidas.
Não vos pedimos para apoiar a nossa luta por solidariedade, nem porque o nosso território foi o berço de Platão e de Aristóteles, de Péricles e de Protágoras, dos conceitos de democracia, de liberdade e da Europa. (…)
Pedimos-vos que o façam no vosso próprio interesse. Se autorizarem hoje o sacrifício das sociedades grega, irlandesa, portuguesa e espanhola no altar da dívida e dos bancos, em breve chegará a vossa vez. Não podeis prosperar no meio das ruínas das sociedades europeias. Quanto a nós, acordámos tarde mas acordámos. Construamos juntos uma Europa nova, uma Europa democrática, próspera, pacífica, digna da sua história, das suas lutas e do seu espírito. Resistamos ao totalitarismo dos mercados que ameaça desmantelar a Europa transformando-a em Terceiro Mundo, que vira os povos europeus uns contra os outros, que destrói o nosso continente, provocando o regresso do fascismo".
07/Novembro/2011
A versão em francês encontra-se em www.centpapiers.com/... e em http://www.silviacattori.net/article2301.html
Tradução de Margarida Ferreira.
Este apelo encontra-se em http://resistir.info/ .
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
A crise na eurozona
- O continente está a destruir os fracos para proteger os fortes. Mas será suficiente?
por James K. Galbraith [*]
A crise na eurozona é uma crise bancária pretendendo ser uma série de crises de dívida nacional e complicada por ideias económicas reaccionárias, uma arquitectura financeira defeituosa e um ambiente político tóxico, especialmente na Alemanha, na França, na Itália e na Grécia.
Tal como a nossa, a crise bancária europeia é o produto da excessiva concessão de empréstimos a tomadores fracos, incluindo o crédito para habitação na Espanha, o comercial imobiliário na Irlanda e o sector público (parcialmente para infraestrutura) na Grécia. Os bancos europeus alavancaram-se para comprar hipotecas tóxicas americanas e quando estas entraram em colapso eles começaram a despejar seus fracos títulos soberanos para comprar outros fortes, conduzindo para cima os rendimentos e finalmente forçando toda a periferia europeia para dentro da crise. A Grécia foi simplesmente o primeiro dominó na linha.
Em tais crise, a primeira defesa dos bancos é mostrar surpresa – "ninguém podia ter sabido! – e culpar seus clientes por imprudência e trapaça. Isto é verdade mas obscurece o facto de que os banqueiros pressionaram os empréstimos muito arduamente enquanto as taxas eram gordas. A defesa funciona melhor na Europa do que nos EUA porque fronteiras nacionais separam credores de devedores, obrigando os líderes políticos na Alemanha e França aos seus banqueiros e promovendo uma narrativa de racismo nacional ("gregos preguiçosos", "italianos irresponsáveis") cujo equivalente na América pós direitos civis foi em grande parte suprimido.
Subjacente ao poder do banqueiro na Europa Credora está uma sensibilidade calvinista que transformou excedentes num símbolo de virtude e défices numa marca de vício, enquanto fetichizava a desregulamentação, privatização e ajustamento conduzido pelo mercado. Os europeus do Norte esqueceram que integração económica sempre concentra a indústria (e mesmo a agricultura) nas regiões mais ricas.
Quando este processo se desdobra os alemães colhem as rendas e instruem os recém endividados clientes a cortarem salários, liquidarem activos e abandonarem suas pensões, escolas, universidades e cuidados de saúde – muitos dos quais eram de segunda classe. Recentemente as instruções tornaram-se ordens, entregues pelo FMI e pelo BCE, demonstrando aos novos peões da dívida europeus que eles já não vivem em estados democráticos.
A vantagem estado-unidense
A arquitectura da eurozona torna as coisas piores sob dois aspectos. Se bem que a UE tenha pago alguma compensação às suas regiões mais pobres, estes fundos estruturais nunca foram adequados e agora estão bloqueados por incumpríveis exigências de co-pagmento. E falta à zona canais de redistribuição inter-regional para famílias que os EUA desenvolveram com a Segurança Social, Medicare, Medicaid, folhas de pagamento do governo federal e contratação de militares dentre outras coisas. Nem tão pouco os aposentados alemães assentam na Grécia ou em Portugal em grandes números como fazem os nova-iorquinos na Florida ou os de Michigan no Texas.
Em segundo lugar, o BCE recusa-se a resolver a crise de repente, o que poderia fazer através da compra de títulos de países fracos e refinanciá-los. O argumento contra isto é chamado "risco moral" ("moral hazard"), reforçado por velhos temores de inflação, mas a questão real é que fazer isso admitiria perda de controle por parte dos credores sobre o banco central. Acções paralelas àquelas tomadas pelo Federal Reserva – nacionalizar todo o mercado de papel comercial, por exemplo – afastaria o BCE, muito embora ele compre títulos soberanos quando tem de fazê-lo. Assim, ao contrário, a zona avançou na criação de um gigantesco CDO tóxico chamado European Financial Stability Fund (EFSF), o qual pode a breve trecho ser transformado num ainda mais gigantesco CDS tóxico (como a AIG, eles chamavam a isto "seguro"). Isto pode adiar o pânico no máximo por uns poucos momentos.
Soluções técnicas existem. A mais desenvolvida delas é a "Modest Proposal" de Yanis Varoufakis e Stuart Holland, amplamente apoiada pelos líderes políticos mais velhos na Europa. Ela seria 1) converter os primeiros 60 por cento do PIB da dívida de todo país da eurozona num título europeu comum, emitido pelo BCE; 2) recapitalizar e europeizar o sistema bancário, rompendo o colete de força que amarra bancos nacionais a políticos nacionais; e 3) financiar um programa de projectos de investimento como o New Deal através do Banco Europeu de Investimentos.
Propostas variantes incluem o apelo de Kunibert Raffer a um regime de insolvência soberana modelado no estatuto de bancarrota municipal dos EUA, a proposta de Thomas Palley de um novo "governo banqueiro" e a proposta de Jan Toporowski de um imposto sobre balanços dos bancos para retirar excesso de dívida pública.
Estas são as melhores ideias e nenhuma delas acontecerá. As classes políticas da Europa nestes dias existem numa morsa forjada por banqueiros desesperados e eleitores raivosos, não menos na Alemanha e França do que na Grécia ou Itália. O discurso é impermeável a ideias novas e a sobrevivência política depende de chutar latas estrada abaixo de modo a que o facto de isto ser uma crise bancária não tenha de ser enfrentado. O destino dos fracos é na melhor das hipóteses secundário. Portanto, toda reunião de ministros das Finanças e primeiros-ministros proporciona meias medidas traidoras e evasões legais.
O exemplo mais recente foi a lógica em trança (pretzel-logic) que declarou um haircut de 50 por cento sobre a dívida grega ser "voluntário" de modo a que não disparasse cláusulas de incumprimento sobre os CDS a que alguns bancos americanos, em particular, possam estar expostos. Quando Timothy Geithner no mês passado advertiu os europeus de "catástrofe" potencial alguém pode razoavelmente inferir que ele tinha este risco em mente – e não é o efeito menor sobre o nosso já desastroso quadro de empregos. Mas naturalmente se o haircut pode ser declarado voluntário, então os CDS não valem o espaço de armazenagem que ocupam nos computadores dos banqueiros e mais uma escora no mercado cada vez mais fracos de dívidas soberanas cai para o chão.
A fragilidade política também explica a fúria em França e na Alemanha quando George Papandreu [o homem mais calmo da Europa, a propósito, que nasceu e foi criado no Minnesota] quis cortar o nó dos seus ministros rebeldes, da oposição irresponsável e do público irado submetendo o último pacote de austeridade a votação. Deus ajude os banqueiros! O movimento foi de imediato fatal para Papandreu e a Grécia agora será entregue a uma junta de representantes de credores se puderem encontrar gente disposta a aceitar o emprego. Não haverá ninguém que queira continuar a viver na Grécia depois disso.
A Grécia e a Irlanda estão a ser destruídos. Portugal e Espanha estão no limbo e a crise muda-se para a Itália – realmente demasiado grande para cair – a qual está a ser colocada numa concordata ditada pelo FMI no momento em que escrevo. Enquanto isso a França luta para adiar a (inevitável) degradação da sua classificação AAA através do corte de todo programa social e de investimento.
Se houvesse uma saída fácil do euro, a Grécia já teria ido. Mas a Grécia não é a Argentina com soja e petróleo para o mercado chinês, e legalmente a saída do euro significa deixar a União Europeia. É uma opção que só a Alemanha pode fazer. Para os outros, a opção é entre o cancro e o ataque de coração, salvo uma transformação na Europa do Norte que nem mesmo vitórias socialistas na próxima ronda de eleições francesas e alemãs trariam.
Assim, o caldeirão ferve. A Europa devedora está a deslizar mais uma vez rumo à ruptura social, pânico financeiro e finalmente emigração, como caminho de saída para alguns. Mas – e aqui há outra diferença com os Estados Unidos – o povo não esqueceu totalmente como defender-se. Marchas, manifestações, greves e greves gerais estão a aumentar. Estamos no ponto em que as estruturas políticas não apresentam esperança e o bastão de comando prepara-se para passar, muito em breve, para as mãos da resistência. Ela pode não ser capaz de muito – mas veremos.
10/Novembro/2011
[*] O autor organizou uma conferência sobre a "Crise na Eurozona" na Universidade do Texas – Austin em 3-4/Novembro/2011. Os documentos e apresentações podem ser encontrados em http://tinyurl.com/3kut4k5 , bem como um vídeo de toda a conferência.
O original encontra-se em http://www.salon.com/2011/11/10/the_crisis_in_the_eurozone/singleton/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
por James K. Galbraith [*]
A crise na eurozona é uma crise bancária pretendendo ser uma série de crises de dívida nacional e complicada por ideias económicas reaccionárias, uma arquitectura financeira defeituosa e um ambiente político tóxico, especialmente na Alemanha, na França, na Itália e na Grécia.
Tal como a nossa, a crise bancária europeia é o produto da excessiva concessão de empréstimos a tomadores fracos, incluindo o crédito para habitação na Espanha, o comercial imobiliário na Irlanda e o sector público (parcialmente para infraestrutura) na Grécia. Os bancos europeus alavancaram-se para comprar hipotecas tóxicas americanas e quando estas entraram em colapso eles começaram a despejar seus fracos títulos soberanos para comprar outros fortes, conduzindo para cima os rendimentos e finalmente forçando toda a periferia europeia para dentro da crise. A Grécia foi simplesmente o primeiro dominó na linha.
Em tais crise, a primeira defesa dos bancos é mostrar surpresa – "ninguém podia ter sabido! – e culpar seus clientes por imprudência e trapaça. Isto é verdade mas obscurece o facto de que os banqueiros pressionaram os empréstimos muito arduamente enquanto as taxas eram gordas. A defesa funciona melhor na Europa do que nos EUA porque fronteiras nacionais separam credores de devedores, obrigando os líderes políticos na Alemanha e França aos seus banqueiros e promovendo uma narrativa de racismo nacional ("gregos preguiçosos", "italianos irresponsáveis") cujo equivalente na América pós direitos civis foi em grande parte suprimido.
Subjacente ao poder do banqueiro na Europa Credora está uma sensibilidade calvinista que transformou excedentes num símbolo de virtude e défices numa marca de vício, enquanto fetichizava a desregulamentação, privatização e ajustamento conduzido pelo mercado. Os europeus do Norte esqueceram que integração económica sempre concentra a indústria (e mesmo a agricultura) nas regiões mais ricas.
Quando este processo se desdobra os alemães colhem as rendas e instruem os recém endividados clientes a cortarem salários, liquidarem activos e abandonarem suas pensões, escolas, universidades e cuidados de saúde – muitos dos quais eram de segunda classe. Recentemente as instruções tornaram-se ordens, entregues pelo FMI e pelo BCE, demonstrando aos novos peões da dívida europeus que eles já não vivem em estados democráticos.
A vantagem estado-unidense
A arquitectura da eurozona torna as coisas piores sob dois aspectos. Se bem que a UE tenha pago alguma compensação às suas regiões mais pobres, estes fundos estruturais nunca foram adequados e agora estão bloqueados por incumpríveis exigências de co-pagmento. E falta à zona canais de redistribuição inter-regional para famílias que os EUA desenvolveram com a Segurança Social, Medicare, Medicaid, folhas de pagamento do governo federal e contratação de militares dentre outras coisas. Nem tão pouco os aposentados alemães assentam na Grécia ou em Portugal em grandes números como fazem os nova-iorquinos na Florida ou os de Michigan no Texas.
Em segundo lugar, o BCE recusa-se a resolver a crise de repente, o que poderia fazer através da compra de títulos de países fracos e refinanciá-los. O argumento contra isto é chamado "risco moral" ("moral hazard"), reforçado por velhos temores de inflação, mas a questão real é que fazer isso admitiria perda de controle por parte dos credores sobre o banco central. Acções paralelas àquelas tomadas pelo Federal Reserva – nacionalizar todo o mercado de papel comercial, por exemplo – afastaria o BCE, muito embora ele compre títulos soberanos quando tem de fazê-lo. Assim, ao contrário, a zona avançou na criação de um gigantesco CDO tóxico chamado European Financial Stability Fund (EFSF), o qual pode a breve trecho ser transformado num ainda mais gigantesco CDS tóxico (como a AIG, eles chamavam a isto "seguro"). Isto pode adiar o pânico no máximo por uns poucos momentos.
Soluções técnicas existem. A mais desenvolvida delas é a "Modest Proposal" de Yanis Varoufakis e Stuart Holland, amplamente apoiada pelos líderes políticos mais velhos na Europa. Ela seria 1) converter os primeiros 60 por cento do PIB da dívida de todo país da eurozona num título europeu comum, emitido pelo BCE; 2) recapitalizar e europeizar o sistema bancário, rompendo o colete de força que amarra bancos nacionais a políticos nacionais; e 3) financiar um programa de projectos de investimento como o New Deal através do Banco Europeu de Investimentos.
Propostas variantes incluem o apelo de Kunibert Raffer a um regime de insolvência soberana modelado no estatuto de bancarrota municipal dos EUA, a proposta de Thomas Palley de um novo "governo banqueiro" e a proposta de Jan Toporowski de um imposto sobre balanços dos bancos para retirar excesso de dívida pública.
Estas são as melhores ideias e nenhuma delas acontecerá. As classes políticas da Europa nestes dias existem numa morsa forjada por banqueiros desesperados e eleitores raivosos, não menos na Alemanha e França do que na Grécia ou Itália. O discurso é impermeável a ideias novas e a sobrevivência política depende de chutar latas estrada abaixo de modo a que o facto de isto ser uma crise bancária não tenha de ser enfrentado. O destino dos fracos é na melhor das hipóteses secundário. Portanto, toda reunião de ministros das Finanças e primeiros-ministros proporciona meias medidas traidoras e evasões legais.
O exemplo mais recente foi a lógica em trança (pretzel-logic) que declarou um haircut de 50 por cento sobre a dívida grega ser "voluntário" de modo a que não disparasse cláusulas de incumprimento sobre os CDS a que alguns bancos americanos, em particular, possam estar expostos. Quando Timothy Geithner no mês passado advertiu os europeus de "catástrofe" potencial alguém pode razoavelmente inferir que ele tinha este risco em mente – e não é o efeito menor sobre o nosso já desastroso quadro de empregos. Mas naturalmente se o haircut pode ser declarado voluntário, então os CDS não valem o espaço de armazenagem que ocupam nos computadores dos banqueiros e mais uma escora no mercado cada vez mais fracos de dívidas soberanas cai para o chão.
A fragilidade política também explica a fúria em França e na Alemanha quando George Papandreu [o homem mais calmo da Europa, a propósito, que nasceu e foi criado no Minnesota] quis cortar o nó dos seus ministros rebeldes, da oposição irresponsável e do público irado submetendo o último pacote de austeridade a votação. Deus ajude os banqueiros! O movimento foi de imediato fatal para Papandreu e a Grécia agora será entregue a uma junta de representantes de credores se puderem encontrar gente disposta a aceitar o emprego. Não haverá ninguém que queira continuar a viver na Grécia depois disso.
A Grécia e a Irlanda estão a ser destruídos. Portugal e Espanha estão no limbo e a crise muda-se para a Itália – realmente demasiado grande para cair – a qual está a ser colocada numa concordata ditada pelo FMI no momento em que escrevo. Enquanto isso a França luta para adiar a (inevitável) degradação da sua classificação AAA através do corte de todo programa social e de investimento.
Se houvesse uma saída fácil do euro, a Grécia já teria ido. Mas a Grécia não é a Argentina com soja e petróleo para o mercado chinês, e legalmente a saída do euro significa deixar a União Europeia. É uma opção que só a Alemanha pode fazer. Para os outros, a opção é entre o cancro e o ataque de coração, salvo uma transformação na Europa do Norte que nem mesmo vitórias socialistas na próxima ronda de eleições francesas e alemãs trariam.
Assim, o caldeirão ferve. A Europa devedora está a deslizar mais uma vez rumo à ruptura social, pânico financeiro e finalmente emigração, como caminho de saída para alguns. Mas – e aqui há outra diferença com os Estados Unidos – o povo não esqueceu totalmente como defender-se. Marchas, manifestações, greves e greves gerais estão a aumentar. Estamos no ponto em que as estruturas políticas não apresentam esperança e o bastão de comando prepara-se para passar, muito em breve, para as mãos da resistência. Ela pode não ser capaz de muito – mas veremos.
10/Novembro/2011
[*] O autor organizou uma conferência sobre a "Crise na Eurozona" na Universidade do Texas – Austin em 3-4/Novembro/2011. Os documentos e apresentações podem ser encontrados em http://tinyurl.com/3kut4k5 , bem como um vídeo de toda a conferência.
O original encontra-se em http://www.salon.com/2011/11/10/the_crisis_in_the_eurozone/singleton/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Albert Einstein
"A realização do socialismo requer a solução de alguns problemas sócio-políticos extremamente difíceis: “como é possível, considerando a muito abarcadora centralização do poder, conseguir que a burocracia não seja todo poderosa e arrogante? Como podem proteger os direitos do indivíduo e mediante ele assegurar um contrapeso democrático ao poder da burocracia?”
Ter claras as metas e problemas do socialismo é de grande importância nesta época de transição."
Einstein in "Por que Socialismo"
Físico alemão, um dos mais criativos intelectuais da história, autor de uma série de teorias que propuseram nova abordagem acerca do espaço, do tempo, da matéria e da gravitação, revolucionando a ciência e a filosofia.
Einstein possuia um intenso senso de responsabilidade de justiça social, ainda que seus esforços neste campo não tenham obtido sucesso. Graduou-se em Física e Matemática em 1900 na Federal Polytechnic Academy em Zurique, Suiça. Após a formatura tornou-se cidadão suiço e passou a trabalhar no Escritório de Patentes em Berna. No início de 1905 publicou sua tese de Doutourado na Universidade de Zurique e nove anos após sua primeira lição em física publicou 4 trabalhos que transformaram para sempre as ciências naturais.
Ter claras as metas e problemas do socialismo é de grande importância nesta época de transição."
Einstein in "Por que Socialismo"
Físico alemão, um dos mais criativos intelectuais da história, autor de uma série de teorias que propuseram nova abordagem acerca do espaço, do tempo, da matéria e da gravitação, revolucionando a ciência e a filosofia.
Einstein possuia um intenso senso de responsabilidade de justiça social, ainda que seus esforços neste campo não tenham obtido sucesso. Graduou-se em Física e Matemática em 1900 na Federal Polytechnic Academy em Zurique, Suiça. Após a formatura tornou-se cidadão suiço e passou a trabalhar no Escritório de Patentes em Berna. No início de 1905 publicou sua tese de Doutourado na Universidade de Zurique e nove anos após sua primeira lição em física publicou 4 trabalhos que transformaram para sempre as ciências naturais.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
12 de Novembro
Realizaram-se ontem (sábado, 12 de Novembro) em Lisboa duas grandiosas e combativas manifestações – mais de 180 mil professores, trabalhadores da Administração Pública Central e Local, e das Forças de Segurança; mais de 10 mil militares –.
O seu significado é bem claro. Realizadas um dia após a aprovação na generalidade pela AR do brutal OE 2012 (com os votos do PSD e CDS e a abstenção do PS), constituem uma vigorosa reafirmação de que os trabalhadores e os outros grupos sociais que a actual ofensiva pretende condenar à indigência, à precariedade, ao desavergonhado roubo de salários, rendimentos e direitos não aceitam nem aceitarão tal situação.
Os sectores sociais que ontem se manifestaram constituem o primeiro alvo da implacável ofensiva comandada pela troika estrangeira e servilmente executada pelos seus serventuários nacionais. São eles quem assegura a realização prática de funções essenciais do Estado, nomeadamente no plano dos direitos sociais, da segurança e da soberania, dos direitos das populações. Não admira que constituam o alvo prioritário de uma ofensiva cujos pressupostos são, em última análise, o inteira subordinação do nosso país aos interesses do grande capital transnacional, a hipoteca da soberania e da dignidade nacional, a inteira e cobarde submissão ao comando imperial das grandes potências europeias.
A ofensiva contra os povos da Europa deu nos últimos dias um significativo passo em frente. Tal como se verificou nomeadamente na Grécia e em Itália, o capital financeiro e o eixo franco-alemão arrogam-se o direito de determinar a permanência, o derrube e a composição dos governos nacionais e de tutelar todos os aspectos das suas políticas económicas e sociais. O rolo compressor da actual ofensiva do grande capital descarta já mesmo as manipuladas formas da democracia burguesa. Uma ofensiva contra os trabalhadores e os povos não poderia deixar lugar à voz dos trabalhadores e dos povos.
Mas o que as grandiosas manifestações de 12 de Novembro em Lisboa reafirmaram é que, queiram ou não queiram a “troika” e o seu governo, queira ou não queira o grande capital e o punhado de grupos que o comandam, a voz dos trabalhadores e do povo terá a última palavra. Teve-a ontem, numa muito poderosa afirmação de combatividade, de força e de unidade. Tê-la-á no próximo dia 24 de Novembro, numa Greve Geral que se adivinha de dimensões históricas. Tê-la-á tantas vezes quantas for necessário até que esta ofensiva seja derrotada.
Os Editores de odiario.info
O seu significado é bem claro. Realizadas um dia após a aprovação na generalidade pela AR do brutal OE 2012 (com os votos do PSD e CDS e a abstenção do PS), constituem uma vigorosa reafirmação de que os trabalhadores e os outros grupos sociais que a actual ofensiva pretende condenar à indigência, à precariedade, ao desavergonhado roubo de salários, rendimentos e direitos não aceitam nem aceitarão tal situação.
Os sectores sociais que ontem se manifestaram constituem o primeiro alvo da implacável ofensiva comandada pela troika estrangeira e servilmente executada pelos seus serventuários nacionais. São eles quem assegura a realização prática de funções essenciais do Estado, nomeadamente no plano dos direitos sociais, da segurança e da soberania, dos direitos das populações. Não admira que constituam o alvo prioritário de uma ofensiva cujos pressupostos são, em última análise, o inteira subordinação do nosso país aos interesses do grande capital transnacional, a hipoteca da soberania e da dignidade nacional, a inteira e cobarde submissão ao comando imperial das grandes potências europeias.
A ofensiva contra os povos da Europa deu nos últimos dias um significativo passo em frente. Tal como se verificou nomeadamente na Grécia e em Itália, o capital financeiro e o eixo franco-alemão arrogam-se o direito de determinar a permanência, o derrube e a composição dos governos nacionais e de tutelar todos os aspectos das suas políticas económicas e sociais. O rolo compressor da actual ofensiva do grande capital descarta já mesmo as manipuladas formas da democracia burguesa. Uma ofensiva contra os trabalhadores e os povos não poderia deixar lugar à voz dos trabalhadores e dos povos.
Mas o que as grandiosas manifestações de 12 de Novembro em Lisboa reafirmaram é que, queiram ou não queiram a “troika” e o seu governo, queira ou não queira o grande capital e o punhado de grupos que o comandam, a voz dos trabalhadores e do povo terá a última palavra. Teve-a ontem, numa muito poderosa afirmação de combatividade, de força e de unidade. Tê-la-á no próximo dia 24 de Novembro, numa Greve Geral que se adivinha de dimensões históricas. Tê-la-á tantas vezes quantas for necessário até que esta ofensiva seja derrotada.
Os Editores de odiario.info
Evtuchenko
O famoso poeta russo Evgueni Evtuchenko comemorou os 78 anos de idade, em 27 de Maio, declamando suas poesias no Museu Politécnico de Moscou. Nos anos 60, o Salão Nobre desse Museu era o local preferido dos escritores e poetas russos para o lançamento dos seus livros ou para realizar celebrações.
O mais recente livro de Evtuchenko é “Ainda se Pode Salvar Tudo”, reunindo suas melhores criações poéticas dos últimos cinco anos.
Evgueni Evtuchenko nasceu em 18 de julho de 1933 em Zima, na região de Irkutsk, na Sibéria. Aos 16 anos publicou seus primeiros versos, e aos 19 entrou para a União dos Escritores Soviéticos. Foi um dos ídolos da chamada Geração Sessenta (dos anos de 1960), e em 1989 foi eleito deputado no Soviete Supremo da União Soviética. Atualmente Evgueni Evtuchenko vive entre os Estados Unidos e a Rússia.
Sua obra foi publicada em mais de 70 idiomas.
O mais recente livro de Evtuchenko é “Ainda se Pode Salvar Tudo”, reunindo suas melhores criações poéticas dos últimos cinco anos.
Evgueni Evtuchenko nasceu em 18 de julho de 1933 em Zima, na região de Irkutsk, na Sibéria. Aos 16 anos publicou seus primeiros versos, e aos 19 entrou para a União dos Escritores Soviéticos. Foi um dos ídolos da chamada Geração Sessenta (dos anos de 1960), e em 1989 foi eleito deputado no Soviete Supremo da União Soviética. Atualmente Evgueni Evtuchenko vive entre os Estados Unidos e a Rússia.
Sua obra foi publicada em mais de 70 idiomas.
sábado, 12 de novembro de 2011
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Intervenção do filósofo Domenico Losurdo
Reconstruir o partido comunista, unir a esquerda, bater a direita
– Intervenção no 6º congresso nacional do PdCI (Partito dei Comunisti Italiani)
por Domenico Losurdo
Fico feliz por participar deste evento que poderia ser um relançamento ou mesmo um novo arranque da presença comunista no nosso país. Quando, há vinte anos, foi criada a Rifondazione Comunista, o clima ideológico era bem diferente daquele de hoje. Há vinte anos, em Washington, os ideólogos mais enfáticos proclamavam que a história estava acabada: em todo caso o capitalismo havia triunfado e os comunistas haviam cometido o erro de ficarem do lado mau, e mesmo criminoso, da história. Sabemos hoje que estas certezas e suas mitologias haviam penetrado mesmo no grupo dirigente da Rifondazione Comunista. Assiste-se assim ao espectáculo grotesco no qual um líder de primeiro plano [1] aplicou todo o seu talento retórico para demonstrar que os comunistas haviam errado sempre, sempre provocaram catástrofes tanto na Rússia como na Itália; e continuavam a errar tanto na China como no Vietname e, em última análise, mesmo em Cuba. Compreende-se bem o entusiasmo da imprensa burguesa para com este profeta, para esta prenda vinda do Céu. Mas todos nós conhecemos o resultado final.
Foi um desastre: pela primeira vez na história da nossa república os comunistas estão sem representação no parlamento. Pior. Privar as classes laboriosas da sua história significava privá-las também da sua capacidade para orientar-se no presente. As classes laboriosas penam hoje para organizar uma resistência eficaz num momento onde a República fundada sobre o trabalho [2] se transforma em república fundada sobre o despedimento arbitrário, sobre o privilégio da riqueza, sobre a corrupção, sobre a venalidade dos cargos públicos. E, infelizmente, até aqui foi quase inexistente a resistência oposta ao processo pelo qual a República que repudia a guerra [3] se transforma em república que participa nas mais infames guerras coloniais. É com este desastre atrás de nós que nós nos empenhamos hoje no relançamento do projecto comunista.
Disto decorre uma necessidade urgente. E não se trata de uma necessidade experimentada só pelos comunistas. Vemos o que acontece no país que, há pouco mais de vinte anos, vira a proclamação do fim da história. As ruas estão cheias de manifestantes que gritam a sua indignação contra a Wall Street. Os cartazes não se limitam a denunciar as consequências da crise, ou seja, o desemprego, a precariedade, a fome, a polarização crescente de riqueza e pobreza. Estes cartazes vão mais além: eles denunciam o peso decisivo da riqueza na vida política estado-unidense e desmascaram de facto o mito da democracia americana. O que dita a lei na república norte-americana é na realidade a grande finança, é a Wall Street; eis o que gritam os manifestantes. E certos cartazes vão mais além e bradam a cólera não só contra a Wall Street mas também contra a War Street. Isto quer dizer que o quarteirão da alta finança é identificado como sendo ao mesmo tempo o quarteirão da guerra e do desencadeamento da guerra. Emerge assim, ou começa a emergir, a consciência da relação entre capitalismo e imperialismo.
Sim, o capitalismo traz ao mesmo tempo crises económicas devastadoras e guerra infames. Mais uma vez as massas populares e os comunistas encontram-se diante do dever de enfrentar a crise do capitalismo e sua política de guerra. Por razões de tempo não me deterei senão sobre este segundo ponto. O fim da intervenção da NATO na Líbia não é o fim da guerra no Médio Oriente. As guerras contra a Síria e o Irão já estão em preparativos. Estas guerra, mesmo, já começaram. O poder de fogo multimediático com a qual o Ocidente tenta isolar, criminalizar, estrangular e desestabilizar estes dois países está prestes a transformar-se num poder de fogo verdadeiro, com base em mísseis e bombas. E nós comunistas devemos desde já fazer ouvir a nossa voz. Se esperássemos o desencadeamento das hostilidades não estaríamos à altura nem do movimento comunista nem do movimento anti-militarista, e não seríamos os herdeiros de Lenine e de Liebknecht. Devemos desde o presente organizar manifestações contra a guerra e contra os preparativos de guerra; desde o presente devemos clarificar o facto de que a posição em relação à guerra é um critério essencial para definir a discriminação entre aliados potenciais e adversários irredutíveis.
No que se refere à China, Washington, sim, transfere para a Ásia o grosso do seu dispositivo militar, mas por enquanto não agita de modo explícito senão a ameaça da guerra comercial. Mas, como é notório, sabe-se como as guerras comerciais começam mas não se sabe como acabam. Fariam bem em reflectir sobre este ponto aqueles que, mesmo na esquerda, se alinham na campanha anti-chinesa: eles viram assim as costas à luta pela paz.
Trata-se de uma atitude tanto mais desconcertante pelo facto de a China ter sido protagonista de uma das maiores revoluções da história universal. Evidentemente, convém manter em mente os problemas, os desafios, as contradições mesmo graves que caracterizam o grande país asiático. Mas clarifiquemos primeiro o quadro histórico. No princípio do século XX a China era uma parte integrante deste mundo colonial que pôde romper suas cadeias graças à gigantesca vaga da revolução anti-colonialista desencadeada em Outubro de 1917. Vemos como a história se desenvolveu a seguir. Na Itália, na Alemanha, no Japão, o fascismo e o nazismo foram a tentativa de revitalizar o neocolonialismo. Em particular, a guerra desencadeada pelo imperialismo hitleriano e pelo imperialismo japonês respectivamente contra a União Soviética e contra a China foram as maiores guerras coloniais da história. E portanto Stalingrado na União Soviética e a Longa Marcha e a guerra de resistência anti-japonesa na China foram duas grandiosas lutas de classe, aquelas que impediram o imperialismo mais bárbaro de realizar uma divisão do trabalho fundamentado na redução de grandes povos a uma massa de escravos ou semi-escravos ao serviço da suposta raça dos senhores.
Mas o que é que se passa hoje? Como já disse, os EUA estão em vias de transferir o grosso do seu dispositivo militar para a Ásia. Leio em telegramas de ontem (28/Outubro/2011) da agência Reuters que uma das acusações aos dirigentes de Pequim é a de promover ou querer impor a transferência de tecnologia do Ocidente para a China. Os EUA teriam desejado manter o monopólio da tecnologia para poderem continuar a exercer uma dominação neocolonial; a luta pela independência manifesta-se também no plano económico. Portanto, revolucionária não é só a longa luta pela qual o povo chinês pôs fim a um século de humilhações e fundou a república popular; nem apenas a edificação económica e social pela qual o Partido Comunista Chinês libertou da fome centenas de milhões de homens e mulheres; mesmo a luta para romper o monopólio imperialista da tecnologia é uma luta revolucionária. Marx nos ensinou. Sim, a luta para modificar a divisão internacional do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo é em si mesma uma luta de classe. Do ponto de vista de Marx, a luta para ultrapassar no quadro da família a divisão patriarcal do trabalho já é uma luta de emancipação; seria bem estranho que não fosse uma luta de emancipação a luta para por fim ao nível internacional à divisão do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo, a luta para liquidar definitivamente este monopólio ocidental da tecnologia que não é um dado natural mas o resultado de séculos de dominação e de opressão!
Concluo. Vemos nos nossos dias o país-guia do capitalismo mergulhado numa profunda crise económica e cada vez mais desacreditado ao nível internacional. Ao mesmo tempo, ele continua a agarrar-se à pretensão de ser o povo eleito por Deus e a aumentar febrilmente seu aparelho de guerra já monstruoso, assim como a estender sua rede de bases militares por todos os cantos do mundo. Tudo isso não promete nada de bom. É a concomitância de perspectivas prometedoras e de ameaças terríveis que torna urgente a construção e o reforço dos partidos comunistas. Espero vivamente que o partido que hoje construímos venha a estar à altura dos seus deveres.
Rimini, 29/Outubro/2011
(1) Fausto Bertinotti, durante muito tempo secretário-geral do Partito della Rifondazione Comunista (NdT)
(2) Artigo 1 da Constituição italiana: "A Itália é uma republica fundamentada no trabalho"
(3) Artigo 11 da Constituição italiana: "A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais".
O original encontra-se em domenicolosurdo.blogspot.com/... e a versão em francês em www.legrandsoir.info/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
– Intervenção no 6º congresso nacional do PdCI (Partito dei Comunisti Italiani)
por Domenico Losurdo
Fico feliz por participar deste evento que poderia ser um relançamento ou mesmo um novo arranque da presença comunista no nosso país. Quando, há vinte anos, foi criada a Rifondazione Comunista, o clima ideológico era bem diferente daquele de hoje. Há vinte anos, em Washington, os ideólogos mais enfáticos proclamavam que a história estava acabada: em todo caso o capitalismo havia triunfado e os comunistas haviam cometido o erro de ficarem do lado mau, e mesmo criminoso, da história. Sabemos hoje que estas certezas e suas mitologias haviam penetrado mesmo no grupo dirigente da Rifondazione Comunista. Assiste-se assim ao espectáculo grotesco no qual um líder de primeiro plano [1] aplicou todo o seu talento retórico para demonstrar que os comunistas haviam errado sempre, sempre provocaram catástrofes tanto na Rússia como na Itália; e continuavam a errar tanto na China como no Vietname e, em última análise, mesmo em Cuba. Compreende-se bem o entusiasmo da imprensa burguesa para com este profeta, para esta prenda vinda do Céu. Mas todos nós conhecemos o resultado final.
Foi um desastre: pela primeira vez na história da nossa república os comunistas estão sem representação no parlamento. Pior. Privar as classes laboriosas da sua história significava privá-las também da sua capacidade para orientar-se no presente. As classes laboriosas penam hoje para organizar uma resistência eficaz num momento onde a República fundada sobre o trabalho [2] se transforma em república fundada sobre o despedimento arbitrário, sobre o privilégio da riqueza, sobre a corrupção, sobre a venalidade dos cargos públicos. E, infelizmente, até aqui foi quase inexistente a resistência oposta ao processo pelo qual a República que repudia a guerra [3] se transforma em república que participa nas mais infames guerras coloniais. É com este desastre atrás de nós que nós nos empenhamos hoje no relançamento do projecto comunista.
Disto decorre uma necessidade urgente. E não se trata de uma necessidade experimentada só pelos comunistas. Vemos o que acontece no país que, há pouco mais de vinte anos, vira a proclamação do fim da história. As ruas estão cheias de manifestantes que gritam a sua indignação contra a Wall Street. Os cartazes não se limitam a denunciar as consequências da crise, ou seja, o desemprego, a precariedade, a fome, a polarização crescente de riqueza e pobreza. Estes cartazes vão mais além: eles denunciam o peso decisivo da riqueza na vida política estado-unidense e desmascaram de facto o mito da democracia americana. O que dita a lei na república norte-americana é na realidade a grande finança, é a Wall Street; eis o que gritam os manifestantes. E certos cartazes vão mais além e bradam a cólera não só contra a Wall Street mas também contra a War Street. Isto quer dizer que o quarteirão da alta finança é identificado como sendo ao mesmo tempo o quarteirão da guerra e do desencadeamento da guerra. Emerge assim, ou começa a emergir, a consciência da relação entre capitalismo e imperialismo.
Sim, o capitalismo traz ao mesmo tempo crises económicas devastadoras e guerra infames. Mais uma vez as massas populares e os comunistas encontram-se diante do dever de enfrentar a crise do capitalismo e sua política de guerra. Por razões de tempo não me deterei senão sobre este segundo ponto. O fim da intervenção da NATO na Líbia não é o fim da guerra no Médio Oriente. As guerras contra a Síria e o Irão já estão em preparativos. Estas guerra, mesmo, já começaram. O poder de fogo multimediático com a qual o Ocidente tenta isolar, criminalizar, estrangular e desestabilizar estes dois países está prestes a transformar-se num poder de fogo verdadeiro, com base em mísseis e bombas. E nós comunistas devemos desde já fazer ouvir a nossa voz. Se esperássemos o desencadeamento das hostilidades não estaríamos à altura nem do movimento comunista nem do movimento anti-militarista, e não seríamos os herdeiros de Lenine e de Liebknecht. Devemos desde o presente organizar manifestações contra a guerra e contra os preparativos de guerra; desde o presente devemos clarificar o facto de que a posição em relação à guerra é um critério essencial para definir a discriminação entre aliados potenciais e adversários irredutíveis.
No que se refere à China, Washington, sim, transfere para a Ásia o grosso do seu dispositivo militar, mas por enquanto não agita de modo explícito senão a ameaça da guerra comercial. Mas, como é notório, sabe-se como as guerras comerciais começam mas não se sabe como acabam. Fariam bem em reflectir sobre este ponto aqueles que, mesmo na esquerda, se alinham na campanha anti-chinesa: eles viram assim as costas à luta pela paz.
Trata-se de uma atitude tanto mais desconcertante pelo facto de a China ter sido protagonista de uma das maiores revoluções da história universal. Evidentemente, convém manter em mente os problemas, os desafios, as contradições mesmo graves que caracterizam o grande país asiático. Mas clarifiquemos primeiro o quadro histórico. No princípio do século XX a China era uma parte integrante deste mundo colonial que pôde romper suas cadeias graças à gigantesca vaga da revolução anti-colonialista desencadeada em Outubro de 1917. Vemos como a história se desenvolveu a seguir. Na Itália, na Alemanha, no Japão, o fascismo e o nazismo foram a tentativa de revitalizar o neocolonialismo. Em particular, a guerra desencadeada pelo imperialismo hitleriano e pelo imperialismo japonês respectivamente contra a União Soviética e contra a China foram as maiores guerras coloniais da história. E portanto Stalingrado na União Soviética e a Longa Marcha e a guerra de resistência anti-japonesa na China foram duas grandiosas lutas de classe, aquelas que impediram o imperialismo mais bárbaro de realizar uma divisão do trabalho fundamentado na redução de grandes povos a uma massa de escravos ou semi-escravos ao serviço da suposta raça dos senhores.
Mas o que é que se passa hoje? Como já disse, os EUA estão em vias de transferir o grosso do seu dispositivo militar para a Ásia. Leio em telegramas de ontem (28/Outubro/2011) da agência Reuters que uma das acusações aos dirigentes de Pequim é a de promover ou querer impor a transferência de tecnologia do Ocidente para a China. Os EUA teriam desejado manter o monopólio da tecnologia para poderem continuar a exercer uma dominação neocolonial; a luta pela independência manifesta-se também no plano económico. Portanto, revolucionária não é só a longa luta pela qual o povo chinês pôs fim a um século de humilhações e fundou a república popular; nem apenas a edificação económica e social pela qual o Partido Comunista Chinês libertou da fome centenas de milhões de homens e mulheres; mesmo a luta para romper o monopólio imperialista da tecnologia é uma luta revolucionária. Marx nos ensinou. Sim, a luta para modificar a divisão internacional do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo é em si mesma uma luta de classe. Do ponto de vista de Marx, a luta para ultrapassar no quadro da família a divisão patriarcal do trabalho já é uma luta de emancipação; seria bem estranho que não fosse uma luta de emancipação a luta para por fim ao nível internacional à divisão do trabalho imposta pelo capitalismo e pelo imperialismo, a luta para liquidar definitivamente este monopólio ocidental da tecnologia que não é um dado natural mas o resultado de séculos de dominação e de opressão!
Concluo. Vemos nos nossos dias o país-guia do capitalismo mergulhado numa profunda crise económica e cada vez mais desacreditado ao nível internacional. Ao mesmo tempo, ele continua a agarrar-se à pretensão de ser o povo eleito por Deus e a aumentar febrilmente seu aparelho de guerra já monstruoso, assim como a estender sua rede de bases militares por todos os cantos do mundo. Tudo isso não promete nada de bom. É a concomitância de perspectivas prometedoras e de ameaças terríveis que torna urgente a construção e o reforço dos partidos comunistas. Espero vivamente que o partido que hoje construímos venha a estar à altura dos seus deveres.
Rimini, 29/Outubro/2011
(1) Fausto Bertinotti, durante muito tempo secretário-geral do Partito della Rifondazione Comunista (NdT)
(2) Artigo 1 da Constituição italiana: "A Itália é uma republica fundamentada no trabalho"
(3) Artigo 11 da Constituição italiana: "A Itália repudia a guerra como instrumento de ofensa à liberdade dos outros povos e como meio de resolução das controvérsias internacionais".
O original encontra-se em domenicolosurdo.blogspot.com/... e a versão em francês em www.legrandsoir.info/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
terça-feira, 8 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Na Grécia luta-se
Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: 1. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-03-oxi-sto-dillima/
2. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-1-kinitopoiisi/
3. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-1-oxi-dimopsifisma
Tradução do inglês de PAT
Colocado em linha em: 2011/11/07
Partido Comunista da Grécia (KKE) – três
notas sobre o referendo e eleições
1.
A CHANTAGEM CONTRA O POVO TEM DE
TER UM EFEITO DE BUMERANGUE
2011/11/03
O anúncio do governo de que pretende efetuar um referendo está no centro dos
desenvolvimentos políticos na Grécia, com a propaganda dominante a ajudar a
plutocracia, que procura fazer com que o povo aceite a sua bancarrota e se submeta às
medidas antipopulares. Além disso, as contradições e as tensões entre os vários
sectores da plutocracia, os partidos burgueses e os governantes intensificaram-se
perante os impasses da gestão burguesa da crise capitalista.
O encontro que ontem teve lugar, à margem da Cimeira do G20, assinalou a escalada
da guerra e das chantagens. Segundo as declarações dos presidentes da França e da
Alemanha após o encontro com o Primeiro-ministro grego, foi discutida a separação
do referendo do novo contrato de empréstimo, enquanto se procurava conseguir que
o referendo assumisse a forma de "quer a Grécia permanecer ou não na eurozona".
Perante estes desenvolvimentos, o KKE tomou a seguinte posição,
através de uma declaração do Gabinete de Imprensa do CC do KKE:
"O dilema euro ou dracma é enganoso para o povo. O interesse do povo é a saída da
UE, com poder e economia populares, o que cancelará unilateralmente toda a
dívida e devolverá ao povo a riqueza que ele produz – e que os monopólios lhe
roubam com a ajuda do PASOK1, da ND2 e dos partidos burgueses – através da
socialização dos meios de produção.
2
Neste exato contexto, o KKE apela à classe operária e às camadas populares a que
digam NÃO ao referendo; a que exijam a queda do governo e eleições, nas quais
darão um duro golpe no apodrecido sistema político burguês votando no KKE.
No caso de haver referendo, o povo deverá participar de uma forma militante e
votar NÃO, o que será um forte NÃO à política da “via única da UE”, ao
memorando, ao programa de médio prazo, ao contrato de empréstimo e uma
exigência de outro caminho de desenvolvimento da sociedade grega. O interesse dos
trabalhadores que não concordam com a posição sobre a saída da UE, mas resistem
às bárbaras medidas antipopulares desta, do governo e da plutocracia, é
compartilhar esta linha de luta.
O KKE apela ao povo trabalhador para não se submeter à chantagem e lutar para
que os dilemas do PASOK, da ND e dos seus sequazes tenham um efeito de
bumerangue. É imperioso o desenvolvimento mais decisivo do movimento popular
em todos os locais de trabalho e bairros, de um movimento que vise o derrube do
poder dos monopólios".
2.
DECLARAÇÃO DO CC DO KKE: AGORA O
POVO DEVE INTERVIR MAIS
DECISIVAMENTE
2011/11/01
Todos à Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da tarde
Aleka Papariga vai discursar
Agora o povo deve intervir mais decisivamente
O KKE chama os trabalhadores, os empregados por conta própria e os jovens da Ática
para uma concentração na Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da
tarde. Apela a uma aliança para que o povo, ele próprio, possa intervir mais
decisivamente na evolução dos acontecimentos. Os dilemas chantagistas e
intimidatórios do governo, dos partidos da plutocracia e da UE têm de fracassar.
Agora tem de se ouvir ainda com ainda mais força:
Abaixo o governo e os partidos da plutocracia
O povo pode impedir e pôr fim aos sacrifícios selvagens que lhe foram
impostos através de novos acordos e novos memorandos para os lucros e
a proteção da UE e da eurozona
3
O povo deve fortalecer as lutas de classe e populares e utilizar as eleições para
enfraquecer o PASOK-ND, os outros partidos da plutocracia e a UE. O KKE tem de
ser fortalecido. Simultaneamente, as organizações populares nos locais de trabalho e
bairros devem agir mais decisivamente. Este é o caminho para bloquear o que estão a
trazer de pior, enquanto a crise na UE e na eurozona se agrava e as contradições
imperialistas se agudizam.
O povo deve agora ter confiança na sua causa justa e força para repelir o pior. Tem de
acabar com ilusões: os apelos ao consenso e coesão sociais, as construções ideológicas
e os dilemas que são patrocinados pelos partidos burgueses.
Uma solução a favor do povo só pode existir com um KKE forte e um povo organizado,
com a aliança popular e o contra-ataque para o poder popular, a socialização dos
monopólios, a retirada do país da UE e a anulação unilateral da dívida.
Atenas
O CC do KKE
3.
NÃO À CHANTAGEM DO POVO ATRAVÉS
DO REFERENDO – ABAIXO O GOVERNO –
ELEIÇÕES JÁ
2011/11/01
O governo fez ontem a mais aberta e descarada chantagem e intimidação ideológica
contra o povo, relativamente ao acordo para a gestão da dívida pública, através do
anúncio de um referendo. Em simultâneo, o governo do PASOK solicitou um voto de
confiança do Parlamento.
O Gabinete de Imprensa do CC do KKE fez a seguinte declaração:
“Abaixo o governo. Eleições já. Não à descarada chantagem e intimidação
ideológica contra o povo. A chantagem não terá sucesso. O anúncio do Primeiroministro
respeitante ao referendo significa que está a ser criado um vasto
mecanismo para coagir o povo, através do qual o governo e a UE vão usar todos os
meios, ameaças e provocações para subjugar a classe operária e as camadas
populares, com vista a arrancar um sim para o novo acordo.
O referendo vai ser efetuado com uma nova lei reacionária, considerando em
conjunto as posições do KKE, da ND e de outros partidos, apesar de serem
diametralmente opostas, enquanto a estratégia do governo é identificada com a
estratégia da ND, LAOS e dos outros seus lacaios. Eleições já. A classe operária e as
camadas populares têm de impô-las e recebê-las com mobilizações de massas em
4
todo o país. Com a sua atividade e o seu voto devem golpear duramente o sistema
político burguês, para abrir o caminho para o derrube da linha política antipopular,
do poder dos monopólios.”
Agora o povo deve intervir mais decisivamente
O KKE chama os trabalhadores, os empregados por conta própria e os jovens da Ática
para uma concentração na Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da
tarde. Apela a uma aliança para que o povo, ele próprio, possa intervir mais
decisivamente na evolução dos acontecimentos.
1 PASOK: partido do governo, dito socialista. [NT]
2 ND: partido de direita, apelidado de ‘Nova Democracia’. [NT]
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: 1. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-03-oxi-sto-dillima/
2. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-1-kinitopoiisi/
3. http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-11-1-oxi-dimopsifisma
Tradução do inglês de PAT
Colocado em linha em: 2011/11/07
Partido Comunista da Grécia (KKE) – três
notas sobre o referendo e eleições
1.
A CHANTAGEM CONTRA O POVO TEM DE
TER UM EFEITO DE BUMERANGUE
2011/11/03
O anúncio do governo de que pretende efetuar um referendo está no centro dos
desenvolvimentos políticos na Grécia, com a propaganda dominante a ajudar a
plutocracia, que procura fazer com que o povo aceite a sua bancarrota e se submeta às
medidas antipopulares. Além disso, as contradições e as tensões entre os vários
sectores da plutocracia, os partidos burgueses e os governantes intensificaram-se
perante os impasses da gestão burguesa da crise capitalista.
O encontro que ontem teve lugar, à margem da Cimeira do G20, assinalou a escalada
da guerra e das chantagens. Segundo as declarações dos presidentes da França e da
Alemanha após o encontro com o Primeiro-ministro grego, foi discutida a separação
do referendo do novo contrato de empréstimo, enquanto se procurava conseguir que
o referendo assumisse a forma de "quer a Grécia permanecer ou não na eurozona".
Perante estes desenvolvimentos, o KKE tomou a seguinte posição,
através de uma declaração do Gabinete de Imprensa do CC do KKE:
"O dilema euro ou dracma é enganoso para o povo. O interesse do povo é a saída da
UE, com poder e economia populares, o que cancelará unilateralmente toda a
dívida e devolverá ao povo a riqueza que ele produz – e que os monopólios lhe
roubam com a ajuda do PASOK1, da ND2 e dos partidos burgueses – através da
socialização dos meios de produção.
2
Neste exato contexto, o KKE apela à classe operária e às camadas populares a que
digam NÃO ao referendo; a que exijam a queda do governo e eleições, nas quais
darão um duro golpe no apodrecido sistema político burguês votando no KKE.
No caso de haver referendo, o povo deverá participar de uma forma militante e
votar NÃO, o que será um forte NÃO à política da “via única da UE”, ao
memorando, ao programa de médio prazo, ao contrato de empréstimo e uma
exigência de outro caminho de desenvolvimento da sociedade grega. O interesse dos
trabalhadores que não concordam com a posição sobre a saída da UE, mas resistem
às bárbaras medidas antipopulares desta, do governo e da plutocracia, é
compartilhar esta linha de luta.
O KKE apela ao povo trabalhador para não se submeter à chantagem e lutar para
que os dilemas do PASOK, da ND e dos seus sequazes tenham um efeito de
bumerangue. É imperioso o desenvolvimento mais decisivo do movimento popular
em todos os locais de trabalho e bairros, de um movimento que vise o derrube do
poder dos monopólios".
2.
DECLARAÇÃO DO CC DO KKE: AGORA O
POVO DEVE INTERVIR MAIS
DECISIVAMENTE
2011/11/01
Todos à Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da tarde
Aleka Papariga vai discursar
Agora o povo deve intervir mais decisivamente
O KKE chama os trabalhadores, os empregados por conta própria e os jovens da Ática
para uma concentração na Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da
tarde. Apela a uma aliança para que o povo, ele próprio, possa intervir mais
decisivamente na evolução dos acontecimentos. Os dilemas chantagistas e
intimidatórios do governo, dos partidos da plutocracia e da UE têm de fracassar.
Agora tem de se ouvir ainda com ainda mais força:
Abaixo o governo e os partidos da plutocracia
O povo pode impedir e pôr fim aos sacrifícios selvagens que lhe foram
impostos através de novos acordos e novos memorandos para os lucros e
a proteção da UE e da eurozona
3
O povo deve fortalecer as lutas de classe e populares e utilizar as eleições para
enfraquecer o PASOK-ND, os outros partidos da plutocracia e a UE. O KKE tem de
ser fortalecido. Simultaneamente, as organizações populares nos locais de trabalho e
bairros devem agir mais decisivamente. Este é o caminho para bloquear o que estão a
trazer de pior, enquanto a crise na UE e na eurozona se agrava e as contradições
imperialistas se agudizam.
O povo deve agora ter confiança na sua causa justa e força para repelir o pior. Tem de
acabar com ilusões: os apelos ao consenso e coesão sociais, as construções ideológicas
e os dilemas que são patrocinados pelos partidos burgueses.
Uma solução a favor do povo só pode existir com um KKE forte e um povo organizado,
com a aliança popular e o contra-ataque para o poder popular, a socialização dos
monopólios, a retirada do país da UE e a anulação unilateral da dívida.
Atenas
O CC do KKE
3.
NÃO À CHANTAGEM DO POVO ATRAVÉS
DO REFERENDO – ABAIXO O GOVERNO –
ELEIÇÕES JÁ
2011/11/01
O governo fez ontem a mais aberta e descarada chantagem e intimidação ideológica
contra o povo, relativamente ao acordo para a gestão da dívida pública, através do
anúncio de um referendo. Em simultâneo, o governo do PASOK solicitou um voto de
confiança do Parlamento.
O Gabinete de Imprensa do CC do KKE fez a seguinte declaração:
“Abaixo o governo. Eleições já. Não à descarada chantagem e intimidação
ideológica contra o povo. A chantagem não terá sucesso. O anúncio do Primeiroministro
respeitante ao referendo significa que está a ser criado um vasto
mecanismo para coagir o povo, através do qual o governo e a UE vão usar todos os
meios, ameaças e provocações para subjugar a classe operária e as camadas
populares, com vista a arrancar um sim para o novo acordo.
O referendo vai ser efetuado com uma nova lei reacionária, considerando em
conjunto as posições do KKE, da ND e de outros partidos, apesar de serem
diametralmente opostas, enquanto a estratégia do governo é identificada com a
estratégia da ND, LAOS e dos outros seus lacaios. Eleições já. A classe operária e as
camadas populares têm de impô-las e recebê-las com mobilizações de massas em
4
todo o país. Com a sua atividade e o seu voto devem golpear duramente o sistema
político burguês, para abrir o caminho para o derrube da linha política antipopular,
do poder dos monopólios.”
Agora o povo deve intervir mais decisivamente
O KKE chama os trabalhadores, os empregados por conta própria e os jovens da Ática
para uma concentração na Praça Syntagma, sexta-feira, 4 de Novembro, às 6.00 da
tarde. Apela a uma aliança para que o povo, ele próprio, possa intervir mais
decisivamente na evolução dos acontecimentos.
1 PASOK: partido do governo, dito socialista. [NT]
2 ND: partido de direita, apelidado de ‘Nova Democracia’. [NT]
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
147 multinacionais controlam riqueza mundial
Os senhores do planeta
Menos de um por cento das multinacionais controla cerca de 40 por cento da riqueza mundial, segundo revela um recente estudo de investigadores suíços que analisaram as ligações de 43 060 corporações transnacionais.
O estudo, datado de 28 de Julho (disponível em: http://arxiv.org/abs/1107.5728v2), chegou na semana passada à imprensa, através da revista britânica NewScientist. As suas conclusões confirmam a ideia generalizada de que um pequeno grupo de corporações, maioritariamente bancos, controla a vida económica (e, por via desta, política) do planeta. Porém, nunca antes se tinha chegado a apurar o número preciso deste restrito círculo, nem a real dimensão do seu poder.
Três investigadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (Eidgenössische Technische Hochschule) seleccionaram 43 060 transnacionais, de acordo com a definição da OCDE, utilizando o banco de dados Orbis 2007, onde estão registados cerca de 37 milhões de empresas e investidores.
Dentro daquele grupo identificaram uma complexa rede de participações directas e indirectas. Por exemplo, se a empresa A controla a empresa B e se esta detém participações na empresa C, então a empresa A é igualmente detentora de uma parte da empresa C.
Ao todo, os investigadores, Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, contabilizaram mais de 600 mil participações directas e mais de um milhão de participações indirectas. De seguida descobriram a existência de um núcleo de 1318 poderosas multinacionais que representam directamente 20 por cento dos rendimentos globais.
Todavia, uma análise mais atenta mostrou que cada uma delas tem em média 20 participações em grandes empresas, responsáveis por mais de 60 por cento da riqueza total do planeta. Por outras palavras, o núcleo de 1318 empresas detém colectivamente 60 por cento da economia real mundial.
O clube dos ricos
Por sua vez, dentro deste núcleo, foi identificado um círculo ainda mais restrito de apenas 147 entidades (bancos, seguradoras, fundos de investimento, fundos de pensões, etc.) que domina grande parte das restantes. «Com efeito, menos de um por cento das corporações consegue controlar 40 por cento de toda a rede», declarou Glattfelder à NewScientist.
Além disso, como o estudo revela, estas 147 sociedades transnacionais formam na realidade uma super-entidade económica mundial, já que estão ligadas entre si por uma densa teia de participações mútuas. É verdadeiramente o cúmulo da concentração da riqueza nas mãos de meia dúzia de super magnatas da finança: três quartos do núcleo das 147 são instituições financeiras.
Embora a equipa de investigadores não se tenha debruçado sobre as implicações de tamanha concentração do poder económico, Glattfelder salienta que a tempestade financeira de 2008 mostra como esta rede pode ser instável e perigosa para a humanidade: «Se uma [corporação] sofre dificuldades, isso propaga-se». Certamente que muitas outras questões se colocam no plano político, económico e social, mas uma coisa é certa, falar em concorrência não falseada dentro desta teia oligárquica é no mínimo risível.
A lista das 50
1. Barclays plc
2. Capital Group Companies Inc
3. FMR Corporation
4. AXA
5. State Street Corporation
6. JP Morgan Chase & Co
7. Legal & General Group plc
8. Vanguard Group Inc
9. UBS AG
10. Merrill Lynch & Co Inc
11. Wellington Management Co LLP
12. Deutsche Bank AG
13. Franklin Resources Inc
14. Credit Suisse Group
15. Walton Enterprises LLC
16. Bank of New York Mellon Corp
17. Natixis
18. Goldman Sachs Group Inc
19. T Rowe Price Group Inc
20. Legg Mason Inc
21. Morgan Stanley
22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23. Northern Trust Corporation
24. Société Générale
25. Bank of America Corporation
26. Lloyds TSB Group plc
27. Invesco plc
28. Allianz SE 29. TIAA
30. Old Mutual Public Limited Company
31. Aviva plc
32. Schroders plc
33. Dodge & Cox
34. Lehman Brothers Holdings Inc*
35. Sun Life Financial Inc
36. Standard Life plc
37. CNCE
38. Nomura Holdings Inc
39. The Depository Trust Company
40. Massachusetts Mutual Life Insurance
41. ING Groep NV
42. Brandes Investment Partners LP
43. Unicredito Italiano SPA
44. Deposit Insurance Corporation of Japan
45. Vereniging Aegon
46. BNP Paribas
47. Affiliated Managers Group Inc
48. Resona Holdings Inc
49. Capital Group International Inc
50. China Petrochemical Group Company
* Os dados são de 2007, incluindo por isso a Lehman, que entretanto faliu.
Menos de um por cento das multinacionais controla cerca de 40 por cento da riqueza mundial, segundo revela um recente estudo de investigadores suíços que analisaram as ligações de 43 060 corporações transnacionais.
O estudo, datado de 28 de Julho (disponível em: http://arxiv.org/abs/1107.5728v2), chegou na semana passada à imprensa, através da revista britânica NewScientist. As suas conclusões confirmam a ideia generalizada de que um pequeno grupo de corporações, maioritariamente bancos, controla a vida económica (e, por via desta, política) do planeta. Porém, nunca antes se tinha chegado a apurar o número preciso deste restrito círculo, nem a real dimensão do seu poder.
Três investigadores do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique (Eidgenössische Technische Hochschule) seleccionaram 43 060 transnacionais, de acordo com a definição da OCDE, utilizando o banco de dados Orbis 2007, onde estão registados cerca de 37 milhões de empresas e investidores.
Dentro daquele grupo identificaram uma complexa rede de participações directas e indirectas. Por exemplo, se a empresa A controla a empresa B e se esta detém participações na empresa C, então a empresa A é igualmente detentora de uma parte da empresa C.
Ao todo, os investigadores, Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, contabilizaram mais de 600 mil participações directas e mais de um milhão de participações indirectas. De seguida descobriram a existência de um núcleo de 1318 poderosas multinacionais que representam directamente 20 por cento dos rendimentos globais.
Todavia, uma análise mais atenta mostrou que cada uma delas tem em média 20 participações em grandes empresas, responsáveis por mais de 60 por cento da riqueza total do planeta. Por outras palavras, o núcleo de 1318 empresas detém colectivamente 60 por cento da economia real mundial.
O clube dos ricos
Por sua vez, dentro deste núcleo, foi identificado um círculo ainda mais restrito de apenas 147 entidades (bancos, seguradoras, fundos de investimento, fundos de pensões, etc.) que domina grande parte das restantes. «Com efeito, menos de um por cento das corporações consegue controlar 40 por cento de toda a rede», declarou Glattfelder à NewScientist.
Além disso, como o estudo revela, estas 147 sociedades transnacionais formam na realidade uma super-entidade económica mundial, já que estão ligadas entre si por uma densa teia de participações mútuas. É verdadeiramente o cúmulo da concentração da riqueza nas mãos de meia dúzia de super magnatas da finança: três quartos do núcleo das 147 são instituições financeiras.
Embora a equipa de investigadores não se tenha debruçado sobre as implicações de tamanha concentração do poder económico, Glattfelder salienta que a tempestade financeira de 2008 mostra como esta rede pode ser instável e perigosa para a humanidade: «Se uma [corporação] sofre dificuldades, isso propaga-se». Certamente que muitas outras questões se colocam no plano político, económico e social, mas uma coisa é certa, falar em concorrência não falseada dentro desta teia oligárquica é no mínimo risível.
A lista das 50
1. Barclays plc
2. Capital Group Companies Inc
3. FMR Corporation
4. AXA
5. State Street Corporation
6. JP Morgan Chase & Co
7. Legal & General Group plc
8. Vanguard Group Inc
9. UBS AG
10. Merrill Lynch & Co Inc
11. Wellington Management Co LLP
12. Deutsche Bank AG
13. Franklin Resources Inc
14. Credit Suisse Group
15. Walton Enterprises LLC
16. Bank of New York Mellon Corp
17. Natixis
18. Goldman Sachs Group Inc
19. T Rowe Price Group Inc
20. Legg Mason Inc
21. Morgan Stanley
22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23. Northern Trust Corporation
24. Société Générale
25. Bank of America Corporation
26. Lloyds TSB Group plc
27. Invesco plc
28. Allianz SE 29. TIAA
30. Old Mutual Public Limited Company
31. Aviva plc
32. Schroders plc
33. Dodge & Cox
34. Lehman Brothers Holdings Inc*
35. Sun Life Financial Inc
36. Standard Life plc
37. CNCE
38. Nomura Holdings Inc
39. The Depository Trust Company
40. Massachusetts Mutual Life Insurance
41. ING Groep NV
42. Brandes Investment Partners LP
43. Unicredito Italiano SPA
44. Deposit Insurance Corporation of Japan
45. Vereniging Aegon
46. BNP Paribas
47. Affiliated Managers Group Inc
48. Resona Holdings Inc
49. Capital Group International Inc
50. China Petrochemical Group Company
* Os dados são de 2007, incluindo por isso a Lehman, que entretanto faliu.
A promiscuidade
As verdadeiras reformas de alguns políticos não são as que aparecem nos jornais
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)31 de outubro de 2011
Andamos todos a falar das reformas vitalícias dos políticos. Assunto interessante e simbolicamente revelador da ausência de ética de uma parte (e não de toda) da nossa classe política. Mas, se me é permitido, acho que se falha no ponto. E que esta indignação compreensível pode acabar por servir como cortina de fumo para esconder o que realmente nos devia escandalizar. Não é no que os políticos recebem em reformas - medido em poucos milhares de euros - que encontramos o assalto feito ao Estado e aos seus recursos. É nas políticas que estes políticos impõem ao país. No preço que pagamos por elas. E na recompensa que os decisores recebem por desprezar de forma tão grosseira o interesse público. Aconselho, por isso, a leitura de "Como os políticos enriquecem em Portugal", do jornalista António Sérgio Azenha e prefaciado por Henrique Neto. Pego aqui apenas nos números recolhidos junto do Tribunal Constitucional e reproduzidos neste trabalho de investigação. Deixo para um outro texto a análise mais pormenorizada do envolvimento destes ex-governantes em decisões concretas que podem explicaro interesse do sector privado por eles. Pego em apenas seis exemplos dos 15 analisados. Joaquim Pina Moura ganhava, em 1994, 23 mil euros por ano. Entrou no governo e os seus rendimentos mais do que duplicaram. Natural, as suas responsabilidades também. Mas foi depois de sair da política que mudou de vida. Em 2003, um ano depois de sair do governo, ainda só recebia 172 mil euros por ano. Mas, em 2006, já como presidente da Iberdrola (depois de ter a pasta da economia, onde tomou decisões fundamentais para as empresas de energia), os seus rendimentos anuais eram de 700 mil euros por ano. Em doze anos aumentaram 2956%. Jorge Coelho recebia 41 mil euros por ano, em 1994. Quando ocupou cargos executivos, passou a receber menos do dobro. Saiu em 2001 do governo. No início, a coisa não se sentiu muito. Só mais cinquenta mil euros por ano. Mas, passados uns anos, em 2009, já recebia 710 mil euros por ano, à frente da Mota-Engil. Isto, depois de ter sido ministro do Equipamento Social. O ministério que tratava dos negócios com as construtoras. Em 14 anos, o seu rendimento aumentou 1604%. Armando Vara recebia 59 mil euros por ano em 1994. No governo, aumentou um pouco. Chegou aos cem mil euros em 2000. Saiu do governo e, inicialmente, ficou a perder. Mas só no primeiro ano. Subiu um pouco até 2004. Em 2007, já recebia 240 mil. Em 2009, 520 mil. E em 2010, como administrador do BCP - depois de estar, por nomeação política, na administração do banco do Estado -, 822 mil euros. Em 16 anos, os seus rendimentos aumentaram 1282%. Não se sabe quanto recebia Dias Loureiro antes de ocupar cargos governativos. Não era, na altura, obrigatória essa declaração. Mas sabe-se que estava muito longe de ser um homem abastado.Como ministro recebia, em 1994, 65 mil euros. Em 2001 já recebia 861 mil euros. Os seus rendimentos caíram depois. Já o que custou ao País, como se sabe, mede-se em muitos zeros à direita. Em sete anos, os seus rendimentos aumentaram 1225%. Fernando Gomes recebia, como presidente da Câmara do Porto, 47 mil euros, em 1998. Como ministro, 78 mil euros. Foi em 2009, na GALP, que se deu uma súbita ascensão social: 515 mil euros anuais. E, no ano seguinte, 437 mil. Em 12 anos, o seu rendimento aumentou 975%. António Vitorino recebia, antes de entrar no governo, 36 mil euros. Como ministro, 71 mil. Depois de sair do governo, 371 mil. Rendimentos que, com altos e baixos, foi mantendo: em 2005, recebia 383 mil euros. Em 11 anos, os seus rendimentos aumentaram 962%. Um caso de súbita competência na advocacia. Aumentos desta amplitude só poderiam ser explicados por extraordinários casos de sorte ou por, como políticos, estes senhores terem revelado invulgares capacidades de gestão. Quando se repete um padrão torna-se difícil falar de sorte. Quanto à competência, cada um fará a avaliação que entender da maioria dos ministros que tivemos. Incluindo os casos referidos. E note-se que na maioria dos casos o currículo anterior à entrada num governo não chegaria sequer para ocupar um lugar de quadro intermédio nas empresas que acabam por dirigir. A verdade é esta: em cargos governativos os ministros criam redes de contactos. Muitas delas alimentadas pelas decisões que tomaram e que lhes garantiram a simpatia de futuros empregadores. Fosse o contrário e dificilmente franqueariam as portas dos maiores grupos económicos. Nunca devemos esquecer o caso de Joaquim Ferreira do Amaral que, depois de negociar a ruinosa parceria para a construção e exploração da ponte Vasco da Gama, foi dirigir a empresa concessionária, a Lusoponte. Em 15 anos, aumentou os seus rendimentos anuais em 328%. Ainda assim um número humilde, quando comparado com alguns dos seus colegas. Há casos como os de Armando Vara ou Fernando Gomes, em que é o seu partido a colocá-los diretamente nas empresas, sejam elas privadas, públicas ou com participação do Estado. Há outros em que se dedicam ao puro tráfico de influências. E outros em que recebem a recompensa do dinheiro que fizeram o Estado perder em favor de interesses privados. Os nossos políticos não são nem mais nem menos honestos do que os de outros países. Como sempre, é a ocasião que faz o "ladrão". O problema é estrutural. E ele tem a ver com uma cultura de promiscuidade entre as empresas privadas e o Estado. Que tem dois sentidos. Um Estado permeável a todas as pressões - veja-se o tratamento de exceção fiscal que continua a ser dado à banca - e um sector empresarial pendurado no Estado. Se lermos os contratos das Parcerias Público-Privadas - recomendo mais uma vez a leitura de "Como o Estado gasta o nosso dinheiro", do juíz do Tribunal de Contas Carlos Moreno - e se analisarmos os processos de privatizações (sobretudo a de empresas que detêm monopólios naturais), percebemos como a nossa elite económica mantém a sua tradicional cultura rentista. Nunca quiseram menos Estado. E não é agora que o vão querer. Querem é o Estado fraco, permeável a pressões e anorético para os cidadãos. Em tempo de vacas magras isto vai piorar. Se há menos para distribuir ficarão eles com tudo. Razão pela qual, mais do que estar atento às moralmente escandalosas - mas insignificantes para os valores de que falei neste texto - reformas dos políticos, devemos estar atentos às decisões que eles tomam. E não nos deixarmos perder com o acessório. O dinheiro que perdemos agora não será pago a quem nos rouba em reformas ou mordomias do Estado. Será pago com salários milionários em grupos empresariais privados para quem vende a nossa democracia em troca de carreiras interessantes. Os nomes destas pessoas interessam. Mas interessa mais saber o que torna isto possível.
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)31 de outubro de 2011
Andamos todos a falar das reformas vitalícias dos políticos. Assunto interessante e simbolicamente revelador da ausência de ética de uma parte (e não de toda) da nossa classe política. Mas, se me é permitido, acho que se falha no ponto. E que esta indignação compreensível pode acabar por servir como cortina de fumo para esconder o que realmente nos devia escandalizar. Não é no que os políticos recebem em reformas - medido em poucos milhares de euros - que encontramos o assalto feito ao Estado e aos seus recursos. É nas políticas que estes políticos impõem ao país. No preço que pagamos por elas. E na recompensa que os decisores recebem por desprezar de forma tão grosseira o interesse público. Aconselho, por isso, a leitura de "Como os políticos enriquecem em Portugal", do jornalista António Sérgio Azenha e prefaciado por Henrique Neto. Pego aqui apenas nos números recolhidos junto do Tribunal Constitucional e reproduzidos neste trabalho de investigação. Deixo para um outro texto a análise mais pormenorizada do envolvimento destes ex-governantes em decisões concretas que podem explicaro interesse do sector privado por eles. Pego em apenas seis exemplos dos 15 analisados. Joaquim Pina Moura ganhava, em 1994, 23 mil euros por ano. Entrou no governo e os seus rendimentos mais do que duplicaram. Natural, as suas responsabilidades também. Mas foi depois de sair da política que mudou de vida. Em 2003, um ano depois de sair do governo, ainda só recebia 172 mil euros por ano. Mas, em 2006, já como presidente da Iberdrola (depois de ter a pasta da economia, onde tomou decisões fundamentais para as empresas de energia), os seus rendimentos anuais eram de 700 mil euros por ano. Em doze anos aumentaram 2956%. Jorge Coelho recebia 41 mil euros por ano, em 1994. Quando ocupou cargos executivos, passou a receber menos do dobro. Saiu em 2001 do governo. No início, a coisa não se sentiu muito. Só mais cinquenta mil euros por ano. Mas, passados uns anos, em 2009, já recebia 710 mil euros por ano, à frente da Mota-Engil. Isto, depois de ter sido ministro do Equipamento Social. O ministério que tratava dos negócios com as construtoras. Em 14 anos, o seu rendimento aumentou 1604%. Armando Vara recebia 59 mil euros por ano em 1994. No governo, aumentou um pouco. Chegou aos cem mil euros em 2000. Saiu do governo e, inicialmente, ficou a perder. Mas só no primeiro ano. Subiu um pouco até 2004. Em 2007, já recebia 240 mil. Em 2009, 520 mil. E em 2010, como administrador do BCP - depois de estar, por nomeação política, na administração do banco do Estado -, 822 mil euros. Em 16 anos, os seus rendimentos aumentaram 1282%. Não se sabe quanto recebia Dias Loureiro antes de ocupar cargos governativos. Não era, na altura, obrigatória essa declaração. Mas sabe-se que estava muito longe de ser um homem abastado.Como ministro recebia, em 1994, 65 mil euros. Em 2001 já recebia 861 mil euros. Os seus rendimentos caíram depois. Já o que custou ao País, como se sabe, mede-se em muitos zeros à direita. Em sete anos, os seus rendimentos aumentaram 1225%. Fernando Gomes recebia, como presidente da Câmara do Porto, 47 mil euros, em 1998. Como ministro, 78 mil euros. Foi em 2009, na GALP, que se deu uma súbita ascensão social: 515 mil euros anuais. E, no ano seguinte, 437 mil. Em 12 anos, o seu rendimento aumentou 975%. António Vitorino recebia, antes de entrar no governo, 36 mil euros. Como ministro, 71 mil. Depois de sair do governo, 371 mil. Rendimentos que, com altos e baixos, foi mantendo: em 2005, recebia 383 mil euros. Em 11 anos, os seus rendimentos aumentaram 962%. Um caso de súbita competência na advocacia. Aumentos desta amplitude só poderiam ser explicados por extraordinários casos de sorte ou por, como políticos, estes senhores terem revelado invulgares capacidades de gestão. Quando se repete um padrão torna-se difícil falar de sorte. Quanto à competência, cada um fará a avaliação que entender da maioria dos ministros que tivemos. Incluindo os casos referidos. E note-se que na maioria dos casos o currículo anterior à entrada num governo não chegaria sequer para ocupar um lugar de quadro intermédio nas empresas que acabam por dirigir. A verdade é esta: em cargos governativos os ministros criam redes de contactos. Muitas delas alimentadas pelas decisões que tomaram e que lhes garantiram a simpatia de futuros empregadores. Fosse o contrário e dificilmente franqueariam as portas dos maiores grupos económicos. Nunca devemos esquecer o caso de Joaquim Ferreira do Amaral que, depois de negociar a ruinosa parceria para a construção e exploração da ponte Vasco da Gama, foi dirigir a empresa concessionária, a Lusoponte. Em 15 anos, aumentou os seus rendimentos anuais em 328%. Ainda assim um número humilde, quando comparado com alguns dos seus colegas. Há casos como os de Armando Vara ou Fernando Gomes, em que é o seu partido a colocá-los diretamente nas empresas, sejam elas privadas, públicas ou com participação do Estado. Há outros em que se dedicam ao puro tráfico de influências. E outros em que recebem a recompensa do dinheiro que fizeram o Estado perder em favor de interesses privados. Os nossos políticos não são nem mais nem menos honestos do que os de outros países. Como sempre, é a ocasião que faz o "ladrão". O problema é estrutural. E ele tem a ver com uma cultura de promiscuidade entre as empresas privadas e o Estado. Que tem dois sentidos. Um Estado permeável a todas as pressões - veja-se o tratamento de exceção fiscal que continua a ser dado à banca - e um sector empresarial pendurado no Estado. Se lermos os contratos das Parcerias Público-Privadas - recomendo mais uma vez a leitura de "Como o Estado gasta o nosso dinheiro", do juíz do Tribunal de Contas Carlos Moreno - e se analisarmos os processos de privatizações (sobretudo a de empresas que detêm monopólios naturais), percebemos como a nossa elite económica mantém a sua tradicional cultura rentista. Nunca quiseram menos Estado. E não é agora que o vão querer. Querem é o Estado fraco, permeável a pressões e anorético para os cidadãos. Em tempo de vacas magras isto vai piorar. Se há menos para distribuir ficarão eles com tudo. Razão pela qual, mais do que estar atento às moralmente escandalosas - mas insignificantes para os valores de que falei neste texto - reformas dos políticos, devemos estar atentos às decisões que eles tomam. E não nos deixarmos perder com o acessório. O dinheiro que perdemos agora não será pago a quem nos rouba em reformas ou mordomias do Estado. Será pago com salários milionários em grupos empresariais privados para quem vende a nossa democracia em troca de carreiras interessantes. Os nomes destas pessoas interessam. Mas interessa mais saber o que torna isto possível.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Os provocadores
1
Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-10-21-murderous-attack-info
Tradução do inglês de PAT
Colocado em linha em: 2011/10/31
Artigo da Secção de Relações
Internacionais do CC do KKE1 sobre as
posições dos média no criminoso ataque
à grande manifestação da PAME2
2011/10/21
O movimento operário e popular tem a força necessária para enfrentar
os mecanismos provocadores do sistema burguês.
O criminoso ataque desencadeado por grupos anarco-fascistas contra a grandiosa
concentração organizada pelos Sindicatos de classe, unidos na Frente Militante de
Todos os Trabalhadores (PAME), opondo-se às novas medidas antipopulares do
governo, foi notícia à escala global. Contudo, houve muitas tentativas dos média
burgueses para distorcer os factos.
Com efeito, nesse esforço usaram como argumentos invenções e mentiras
provenientes das forças oportunistas e dos sítios trotskystas na Internet.
Como é sabido, em 19-20 de outubro, centenas de milhares de trabalhadores
participaram na grande mobilização de luta, na qual os Sindicatos de classe da PAME
assumiram a liderança, em conjunto com outras forças da aliança social (MAS3,
PASEVE4, PASY5, OGE6). O sucesso do 1.º dia de greve e a massiva manifestação na
praça central de Atenas, frente ao Parlamento, onde a PAME era predominante,
enviou uma forte mensagem ao governo, à UE, ao capital: Nenhum sacrifício pela
plutocracia! Os trabalhadores não são responsáveis pela crise capitalista! A luta pelos
objetivos ligados às necessidades atuais, em rutura com o sistema capitalista e pela
concentração de forças para o poder e a economia populares!
Os incidentes forjados, o “jogo do gato e do rato” com a polícia de choque, os danos
nas lojas e edifícios, organizados por pequenos grupos provocadores, não
conseguiram apagar a mensagem da gigantesca manifestação popular da PAME.
Alguns média internacionais, numa tentativa de enganar os trabalhadores dos seus
países, falaram de um ataque e de uma tentativa de os manifestantes ocuparem o
parlamento. Algo que, obviamente, não tinha qualquer relação com a realidade.
2
No 2.º dia, as forças do capital procuraram suprimir a forte mensagem política dos
trabalhadores. A PAME anunciou o cerco ao Parlamento durante o tempo em que as
medidas antitrabalhadores estivessem a ser discutidas e votadas artigo a artigo, em
votação nominal, a pedido do KKE. Por esta razão, eles mobilizaram e lançaram, de
forma planeada, grupos organizados com instruções específicas e anarco-fascistas
que, com cocktails Molotov, pedras e outras armas que são usadas pela polícia –
como gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento – tentaram dispersar a
majestosa concentração de trabalhadores e povo na Sintagma e, especialmente, a
parte onde a PAME estava concentrada. O assalto ocorreu nas extremidades da
manifestação e teve como resultado ferimentos em 80 manifestantes e a morte de um
sindicalista, trabalhador da construção, Dimitris Kotzaridis, todos da PAME.
Todavia, o seu objetivo, que era o de dispersar a concentração da PAME e intimidar e
suprimir o contra-ataque da torrente operária e popular que saiu à rua para a greve
geral de 48 horas, falhou! As forças de proteção da concentração repeliram com
sucesso o criminoso assalto!
Fotografias mostram:
. Os encapuçados, os mecanismos criados pelo sistema burguês contra o movimento
operário e popular, a tentar dispersar a enorme manifestação.
. O falecido Dimitris Kotzaridis, trabalhador da construção civil, sindicalista da
PAME. A sufocante atmosfera causada pelo uso de bombas de fumo e extintores de
fogo pelos provocadores contra os manifestantes teve como resultado a trágica
morte de Dimitris Kotzaridis. O manifestante sentiu tonturas e desmaiou. Os seus
camaradas prestaram-lhe assistência e realizaram os primeiros socorros e levaramno
para fora da Praça Sintagma. “A asfixia pelo gás lacrimogéneo pode ter levado à
insuficiência respiratória e constituído a causa da morte” – denunciou aos média
Ilias Sioras, cardiologista e Presidente do sindicato dos trabalhadores do hospital
“Evanggelismos”; “os resultados finais serão apresentados pela investigação dos
médicos legistas”, concluiu Ilias Sioras.
. O ataque dos provocadores contra as equipas de proteção da PAME.
. Manifestante da PAME ferido com pedras. Pelo menos 80 manifestantes foram
feridos, principalmente com pedras e mármore partido, que os provocadores
atiraram à multidão de manifestantes.
. Equipa de proteção da PAME a repelir o assalto dos mecanismos provocadores.
. A cabeça da manifestação da PAME. Proteção sólida em toda a parte.
. A imagem da manifestação da PAME, depois do criminoso ataque dos provocadores.
. As forças da PAME deslocaram-se de Sintagma para Omonoia. Uma imagem do
momento da notícia da morte do sindicalista da PAME, quando se observou um
minuto de silêncio.
Certos média burgueses internacionais procuraram apresentar os incidentes
supramencionados como um conflito entre duas correntes político-ideológicas dentro
3
do movimento popular. Esta abordagem nada tem a ver com a realidade, pois na
Grécia é do conhecimento geral que estes grupos que aparecem sob a capa do preto,
do capuz - “anarquismo” -, são organizados e compostos pelas forças do sistema
burguês e incluem tudo, desde hooligans organizados de clubes de futebol, até
capangas de clubes noturnos, membros de organizações neonazis e forças e serviços
de segurança.
Há uma quantidade evidências no passado recente (fotografias e vídeos) que
mostram as relações destes grupos com os mecanismos do sistema. São grupos
criminosos que servem o sistema burguês e não têm qualquer relação com o
movimento popular. São lançados pelo próprio sistema para organizar provocações
(como o incêndio do banco em 5/5/2010, onde morreram três empregados) e
fornecem um pretexto às forças de segurança para usarem os equipamentos que
possuem, a fim de dispersar as manifestações populares de massas.
Ainda mais perigoso e sujo é a calúnia de que a PAME protegia o parlamento dos
manifestantes, uma alegação reproduzida pelos meios de comunicação burgueses e
oportunistas – nacionais e internacionais. Esta suja alegação procura apresentar a
PAME como um suporte do sistema burguês e o KKE como uma “força sistémica”,
como um partido do sistema burguês. Ela emana daquelas forças que louvam o
movimento “espontâneo” e o apresentam como oposição ao organizado movimento
operário de classe. São eles que, enganosamente, identificam a revolução e o
levantamento popular com a queima de caixotes do lixo e a quebra de vitrinas das
lojas e não com a luta política organizada do movimento operário, que tem raízes nas
fábricas, nos locais de trabalho, nos bairros populares e disputará o poder burguês,
levando a um conflito com as organizações imperialistas da NATO e da UE, para o
estabelecimento do poder popular. O KKE e a PAME não necessitam de quaisquer
“credenciais” comprovativas da sua militância, como as que os órgãos de
comunicação burgueses entregam aos provocadores encapuçados e aos grupos
anarco-fascistas. A nossa história e atividade têm o reconhecimento de centenas de
milhares de trabalhadores que participaram nas manifestações populares, de milhões
de trabalhadores que apreciam a consistente e inabalável luta do nosso partido, a
firmeza dos seus objetivos para a derrota da barbárie capitalista e a militância dos
seus membros e quadros nos locais onde trabalham e vivem. Esta calúnia de que a
PAME, alegadamente, “protegeu o parlamento burguês dos rebeldes” nada tem a ver
com a realidade e, além disso, procura esconder a verdade, nomeadamente o facto de
que a PAME conseguiu, graças à sua forte vigilância, defender a manifestação e
impedir os planos para a sua dispersão.
Como dizemos na Grécia “as mentiras têm as pernas curtas”... Na manhã de sextafeira,
centenas de membros e quadros do KKE e numerosas forças do movimento de
classe visitaram muitos locais de trabalho, informando os trabalhadores e preparando
novas mobilizações.
Este trabalho político de massas entre o povo, que continuará diariamente, constitui
uma resposta decisiva aos vários tipos de anarco-fascistas, aos informadores policiais,
ao estado burguês, ao governo e partidos do capital e às formações oportunistas.
4
1 Comité Central do Partido Comunista da Grécia – KKE é a sigla do nome do Partido em grego. [NT]
2 Sigla em grego de “Frente Militante de Todos os Trabalhadores”. [NT]
3 Sigla em grego de “Frente Militante de Todos os Estudantes”. [NT]
4 Sigla em grego de “Movimento Antimonopolista de Trabalhadores Autónomos e Pequenos
Comerciantes”. [NT]
5 Sigla em grego de “Movimento Militante de Todos os Camponeses”. [NT]
6 Sigla em grego de “Federação das Mulheres Gregas”. [NT]
Pelo Socialismo
Questões político-ideológicas com atualidade
http://www.pelosocialismo.net
_____________________________________
Publicado em: http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-10-21-murderous-attack-info
Tradução do inglês de PAT
Colocado em linha em: 2011/10/31
Artigo da Secção de Relações
Internacionais do CC do KKE1 sobre as
posições dos média no criminoso ataque
à grande manifestação da PAME2
2011/10/21
O movimento operário e popular tem a força necessária para enfrentar
os mecanismos provocadores do sistema burguês.
O criminoso ataque desencadeado por grupos anarco-fascistas contra a grandiosa
concentração organizada pelos Sindicatos de classe, unidos na Frente Militante de
Todos os Trabalhadores (PAME), opondo-se às novas medidas antipopulares do
governo, foi notícia à escala global. Contudo, houve muitas tentativas dos média
burgueses para distorcer os factos.
Com efeito, nesse esforço usaram como argumentos invenções e mentiras
provenientes das forças oportunistas e dos sítios trotskystas na Internet.
Como é sabido, em 19-20 de outubro, centenas de milhares de trabalhadores
participaram na grande mobilização de luta, na qual os Sindicatos de classe da PAME
assumiram a liderança, em conjunto com outras forças da aliança social (MAS3,
PASEVE4, PASY5, OGE6). O sucesso do 1.º dia de greve e a massiva manifestação na
praça central de Atenas, frente ao Parlamento, onde a PAME era predominante,
enviou uma forte mensagem ao governo, à UE, ao capital: Nenhum sacrifício pela
plutocracia! Os trabalhadores não são responsáveis pela crise capitalista! A luta pelos
objetivos ligados às necessidades atuais, em rutura com o sistema capitalista e pela
concentração de forças para o poder e a economia populares!
Os incidentes forjados, o “jogo do gato e do rato” com a polícia de choque, os danos
nas lojas e edifícios, organizados por pequenos grupos provocadores, não
conseguiram apagar a mensagem da gigantesca manifestação popular da PAME.
Alguns média internacionais, numa tentativa de enganar os trabalhadores dos seus
países, falaram de um ataque e de uma tentativa de os manifestantes ocuparem o
parlamento. Algo que, obviamente, não tinha qualquer relação com a realidade.
2
No 2.º dia, as forças do capital procuraram suprimir a forte mensagem política dos
trabalhadores. A PAME anunciou o cerco ao Parlamento durante o tempo em que as
medidas antitrabalhadores estivessem a ser discutidas e votadas artigo a artigo, em
votação nominal, a pedido do KKE. Por esta razão, eles mobilizaram e lançaram, de
forma planeada, grupos organizados com instruções específicas e anarco-fascistas
que, com cocktails Molotov, pedras e outras armas que são usadas pela polícia –
como gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento – tentaram dispersar a
majestosa concentração de trabalhadores e povo na Sintagma e, especialmente, a
parte onde a PAME estava concentrada. O assalto ocorreu nas extremidades da
manifestação e teve como resultado ferimentos em 80 manifestantes e a morte de um
sindicalista, trabalhador da construção, Dimitris Kotzaridis, todos da PAME.
Todavia, o seu objetivo, que era o de dispersar a concentração da PAME e intimidar e
suprimir o contra-ataque da torrente operária e popular que saiu à rua para a greve
geral de 48 horas, falhou! As forças de proteção da concentração repeliram com
sucesso o criminoso assalto!
Fotografias mostram:
. Os encapuçados, os mecanismos criados pelo sistema burguês contra o movimento
operário e popular, a tentar dispersar a enorme manifestação.
. O falecido Dimitris Kotzaridis, trabalhador da construção civil, sindicalista da
PAME. A sufocante atmosfera causada pelo uso de bombas de fumo e extintores de
fogo pelos provocadores contra os manifestantes teve como resultado a trágica
morte de Dimitris Kotzaridis. O manifestante sentiu tonturas e desmaiou. Os seus
camaradas prestaram-lhe assistência e realizaram os primeiros socorros e levaramno
para fora da Praça Sintagma. “A asfixia pelo gás lacrimogéneo pode ter levado à
insuficiência respiratória e constituído a causa da morte” – denunciou aos média
Ilias Sioras, cardiologista e Presidente do sindicato dos trabalhadores do hospital
“Evanggelismos”; “os resultados finais serão apresentados pela investigação dos
médicos legistas”, concluiu Ilias Sioras.
. O ataque dos provocadores contra as equipas de proteção da PAME.
. Manifestante da PAME ferido com pedras. Pelo menos 80 manifestantes foram
feridos, principalmente com pedras e mármore partido, que os provocadores
atiraram à multidão de manifestantes.
. Equipa de proteção da PAME a repelir o assalto dos mecanismos provocadores.
. A cabeça da manifestação da PAME. Proteção sólida em toda a parte.
. A imagem da manifestação da PAME, depois do criminoso ataque dos provocadores.
. As forças da PAME deslocaram-se de Sintagma para Omonoia. Uma imagem do
momento da notícia da morte do sindicalista da PAME, quando se observou um
minuto de silêncio.
Certos média burgueses internacionais procuraram apresentar os incidentes
supramencionados como um conflito entre duas correntes político-ideológicas dentro
3
do movimento popular. Esta abordagem nada tem a ver com a realidade, pois na
Grécia é do conhecimento geral que estes grupos que aparecem sob a capa do preto,
do capuz - “anarquismo” -, são organizados e compostos pelas forças do sistema
burguês e incluem tudo, desde hooligans organizados de clubes de futebol, até
capangas de clubes noturnos, membros de organizações neonazis e forças e serviços
de segurança.
Há uma quantidade evidências no passado recente (fotografias e vídeos) que
mostram as relações destes grupos com os mecanismos do sistema. São grupos
criminosos que servem o sistema burguês e não têm qualquer relação com o
movimento popular. São lançados pelo próprio sistema para organizar provocações
(como o incêndio do banco em 5/5/2010, onde morreram três empregados) e
fornecem um pretexto às forças de segurança para usarem os equipamentos que
possuem, a fim de dispersar as manifestações populares de massas.
Ainda mais perigoso e sujo é a calúnia de que a PAME protegia o parlamento dos
manifestantes, uma alegação reproduzida pelos meios de comunicação burgueses e
oportunistas – nacionais e internacionais. Esta suja alegação procura apresentar a
PAME como um suporte do sistema burguês e o KKE como uma “força sistémica”,
como um partido do sistema burguês. Ela emana daquelas forças que louvam o
movimento “espontâneo” e o apresentam como oposição ao organizado movimento
operário de classe. São eles que, enganosamente, identificam a revolução e o
levantamento popular com a queima de caixotes do lixo e a quebra de vitrinas das
lojas e não com a luta política organizada do movimento operário, que tem raízes nas
fábricas, nos locais de trabalho, nos bairros populares e disputará o poder burguês,
levando a um conflito com as organizações imperialistas da NATO e da UE, para o
estabelecimento do poder popular. O KKE e a PAME não necessitam de quaisquer
“credenciais” comprovativas da sua militância, como as que os órgãos de
comunicação burgueses entregam aos provocadores encapuçados e aos grupos
anarco-fascistas. A nossa história e atividade têm o reconhecimento de centenas de
milhares de trabalhadores que participaram nas manifestações populares, de milhões
de trabalhadores que apreciam a consistente e inabalável luta do nosso partido, a
firmeza dos seus objetivos para a derrota da barbárie capitalista e a militância dos
seus membros e quadros nos locais onde trabalham e vivem. Esta calúnia de que a
PAME, alegadamente, “protegeu o parlamento burguês dos rebeldes” nada tem a ver
com a realidade e, além disso, procura esconder a verdade, nomeadamente o facto de
que a PAME conseguiu, graças à sua forte vigilância, defender a manifestação e
impedir os planos para a sua dispersão.
Como dizemos na Grécia “as mentiras têm as pernas curtas”... Na manhã de sextafeira,
centenas de membros e quadros do KKE e numerosas forças do movimento de
classe visitaram muitos locais de trabalho, informando os trabalhadores e preparando
novas mobilizações.
Este trabalho político de massas entre o povo, que continuará diariamente, constitui
uma resposta decisiva aos vários tipos de anarco-fascistas, aos informadores policiais,
ao estado burguês, ao governo e partidos do capital e às formações oportunistas.
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1 Comité Central do Partido Comunista da Grécia – KKE é a sigla do nome do Partido em grego. [NT]
2 Sigla em grego de “Frente Militante de Todos os Trabalhadores”. [NT]
3 Sigla em grego de “Frente Militante de Todos os Estudantes”. [NT]
4 Sigla em grego de “Movimento Antimonopolista de Trabalhadores Autónomos e Pequenos
Comerciantes”. [NT]
5 Sigla em grego de “Movimento Militante de Todos os Camponeses”. [NT]
6 Sigla em grego de “Federação das Mulheres Gregas”. [NT]
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