O ex-primeiro ministro José Sócrates foi detido e todo o mundo emite opiniões, nos cafés, nas tertúlias, nos blogs, nos facebookes, nos jornais, nas tvs. Eu também. Realmente não foi "detido" mas preso para todos os efeitos. Realmente não é "indiciado" por crimes mas "acusado", tendo em conta o modo como foi "detido" e a fórmula dos "indícios". Se não se vierem a provar as "suspeitas" o que se está a passar é de uma extrema gravidade, tanto quanto se se vierem a provar, tanto quanto se a máquina da justiça protelar e arquivar. Em qualquer das situações os órgãos de soberania - poder executivo, legislativo e judicial - têm sofrido um abalo até aos fundamentos. O regime democrático, mais formal que efectivo, está corroído até ao tutano. Viemos de uma ditadura de quase cinquenta anos, a mais longa da Europa, para cuja queda foi necessária uma guerra de 12 anos e um golpe militar. A contra-revolução deu cabo das profundas e justas transformações democráticas. O que resta é a miséria, a farsa, a corrupção, a gula do capital financeiro.
O caso Sócrates não é a ponta do icebergue. É a base.
Sem comentários:
Enviar um comentário