Translate

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Marxismos

"(...) III O marxismo do leste europeu é um fenómeno relativamente complexo, uma vez que, por um lado, engloba países com distintas tradições históricas e, por outro, se refere a um período de aproximadamente 45 anos, diferenciado em seu interior. Procuraremos abaixo apresentar diferentes propostas de classificação e periodização de seu desenvolvimento e, desta maneira, melhor situar a evolução intelectual de Karel Kosik. Leszek Kołakowski, em seu livro Główne Nurty Marksizmu (Tendências Principais do Marxismo), identifica os seguintes períodos no desenvolvimento do marxismo no leste europeu: a) 1945-1949: se caracteriza, no tocante ao pensamento filosófico e social, pela existência de elementos de um pluralismo político e cultural que se expressava na presença de diferentes professores estranhos à tradição marxista nas diferentes instituições universitárias, particularmente importantes na Polônia e na Tchecoslováquia. No decorrer do período este pluralismo se restringirá gradualmente; b) 1949-1954: unificação do “campo socialista” nos aspectos políticos e ideológicos e stalinização da cultura. Transformação da “filosofia marxista-leninista” – através de métodos administrativos, tais como o afastamento e a proibição do ensino dos antigos professores – em filosofia oficial. c) 1955-1968: surgem, por efeito da desestalinização, diferentes tendências anti-stalinistas e revisionistas.(...)d) A partir de 1969, período caracterizado pela derrota e expurgo das diferentes correntes criticas, com o afastamento da vida pública ou o exílio de seus principais representantes.7 (KOLAKOWSKI, op. cit., p. 923)Uma segunda proposta de periodização parece ser sugerida pelo filósofo italiano Guido D. Neri. Em seu livro “Aporie della realizzazione: Filosofia e Ideologia nel socialismo reale”, Neri aponta uma diferença ligada a uma vivência geracional, distinguindo a geração de György Lukács e Ernst Bloch – que retornaram respectivamente à Hungria e a RDA após o fim da II guerra mundial – e uma segunda geração formada após a guerra, a qual pertenceriam, entre outros, Leszek Kołakowski, na Polônia e Karel Kosik, na Tchecoslováquia.8 (NERI, 1980.) Por fim, podemos destacar a classificação realizada por György Márkus (MÁRKUS, 1974, pp.113-129) em relação às mais significativas correntes existentes no interior do marxismo da Europa Oriental. A primeira corrente – identificada em linhas gerais com a “filosofia marxistaleninista” - é a “tendência extensional”, segundo a qual a “teoria marxista se aplica ao conjunto da realidade, ou seja, à natureza, a sociedade e ao pensamento” (MÁRKUS, 1974, p. 114). Como conseqüência da desestalinização teriam surgido duas correntes opostas, próximas as existentes na Europa Ocidental”, uma “cientificista”, que privilegia uma reflexão metodológica sobre as ciências naturais (MÁRKUS, 1974, pp. 119-120) e outra, “ideológica-crítica”, que identificaria a filosofia como uma visão do mundo voltada à crítica das ideologias. (MÁRKUS, 1974, pp. 120-121) Márkus identifica ainda a corrente da “ontologia social” – que seria representada por Lukács. (MÁRKUS, 1974, pp. 121-123)
 É importante destacar aqui que uma preocupação de inúmeros filósofos foi, justamente, a de superar a polaridade entre a corrente “cientificista” e a “antropológica” ou “existencialista”.9 (LUKÁCS, 1982, p. 36-176 e KOSIK, 1969). Podemos afirmar, em linhas gerais, que esta classificação das diferentes correntes teóricas proposta por Márkus é aceita por outros historiadores do pensamento marxista no leste europeu."
in Revista Novos Rumos

Sem comentários:

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.