A espuma das palavras

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segunda-feira, 29 de agosto de 2016



Por Valdemar Cruz
Jornalista

 
29 de Agosto de 2016
 
O estado do golpe
 
Hoje é o princípio dos dias do fim. As cartas estão lançadas e já todos adivinham o resultado final. Dilma Roussef vai tentar dentro de poucas horas a sua defesa perante o Senado brasileiro, antes da votação final sobre o seu destino enquanto Presidente da República do Brasil, marcada para amanhã. Com o debate à volta de quanto se passa no Brasil demasiadas vezes centrado em detalhes jurídicos, quando a questão é na essência política, vale a pena sublinhar, ainda assim, a inexistência de qualquer acusação, qualquer crime de responsabilidade cometido por Dilma suscetível de dar sustentação a uma decisão tão drástica como a destituição do cargo para o qual foi eleita há dois anos com 54,5 milhões de votos, uma diferença de mais de 3,5 milhões de votos sobre Aécio Neves, o candidato da direita brasileira. A palavra golpe entrou no léxico caracterizador da atual situação política local. Ao contrário do que foi comum na América Latina, como noutros continentes, os golpes de estado não se materializam apenas em resultado de ações militares. Podem, a coberto de uma fachada democrática, desembocar na destituição de governos legitimamente eleitos, tal como aconteceu nas Honduras em 2009 e no Paraguai em 2012. Há um projeto político e económico a alimentar o caos instalado na política brasileira nos últimos oito meses, desde que em dezembro de 2015 o então presidente do Parlamento brasileiro, Fernando Cunha, aceitou a petição para iniciar um processo de destituição de Dilma Roussef por alegadas manobras fiscais e orçamentais ocorridas durante o seu governo. Dilma terá usado fundos públicos para cobrir programas da responsabilidade do Governo, o que nem é crime, nem é, sequer, uma prática pouco comum. É frequente os governos de diferentes países socorrerem-se deste processo, o que, podendo ser um ato reprovável, está longe de assumir qualquer natureza criminal. As questões são, por isso, e antes de mais, políticas e traduzem o feroz combate que neste momento opõe setores radicalizados da direita brasileira a um tipo de opções governamentais traduzidas em políticas sociais de longo alcance, ao ponto de 35 milhões de brasileiros terem sido retirados da pobreza. Segundo o Banco Mundial, o número de pessoas a viver em situação de pobreza extrema no Brasil caiu 63% entre 2001 e 2013. Dilma cometeu erros, não cumpriu várias promessas da campanha, fez inúmeras concessões à oligarquia económica e financeira, há vários quadros do PT envolvidos nos escândalos da Petrobrás, criou demasiadas fragilidades. Isso fragilizou-a, mas não explica o que está a passar-se. Praticamente desde o início do seu segundo mandato, uma maioria criada no Congresso tratou de boicotar as ações do seu governo. Depois, foi o paradoxo já conhecido de uma Câmara infestada de deputados e senadores envolvidos em casos de corrupção a aprovarem o processo de destituição que está por estas horas a ser levado às últimas consequências.
in Expresso curto
Publicada por Nozes Pires à(s) segunda-feira, agosto 29, 2016 Sem comentários:

domingo, 28 de agosto de 2016


Slavoj Žižek

Slavoj Žižek, colunista
Nasceu na cidade de Liubliana, Eslovênia, em 1949. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós-modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é um dos diretores do centro de humanidades da University of London. Dele, a Boitempo publicou Bem-vindo ao deserto do Real! (2003), Às portas da revolução (escritos de Lenin de 1917) (2005), A visão em paralaxe (2008), Lacrimae rerum (2009), Em defesa das causas perdidas, Primeiro como tragédia, depois como farsa (ambos de 2011) e o mais recente, Vivendo no fim dos tempos (2012). Colabora com o Blog da Boitempo esporadicamente.
Publicada por Nozes Pires à(s) domingo, agosto 28, 2016 Sem comentários:

Žižek: Hillary e o triunfo da ideologia

Julian Assange está certo em sua cruzada contra Hillary, e os liberais que o criticam por atacar a única figura que pode nos salvar de Trump estão errados. O alvo a ser atacado e solapado agora é precisamente esse consenso democrático contra o “vilão”.

Posted on 26/08/2016 // 3 Comments

hilary ideologia zizekPor Slavoj Žižek.

Alfred Hitchock disse certa vez que um filme é tão bom quanto seu vilão. Isso quer dizer que as atuais eleições nos EUA serão boas já que o “malvado” (Donald Trump) é quase um vilão ideal? Sim, mas num sentido muito problemático… Para a maioria liberal, as eleições de 2016 nos apresentam diante uma escolha bem clara e definida. A figura de Trump é evidentemente um excesso ridículo, uma figura vulgar que explora nossos piores preconceitos racistas e sexistas, um porco chauvinista sem um mínimo de decência. Até grandes nomes Republicanos estão o abandonando aos montes. Se Trump de fato permanecer o candidato Republicano, ficaremos com umas eleições de levantar o ânimo: a sensação será de que, apensar de nossos problemas e disputas internas, onde há uma verdadeira ameaça, temos a capacidade de todos nos unir em defesa de nossos valores democráticos básicos… como a França fez após os ataques terroristas.
No entanto, é exatamente esse confortável consenso democrático que deveria nos preocupar. Devemos dar um passo atrás e voltar o olhar para nós mesmos. Afinal, qual é mesmo a coloração dessa ampla unidade democrática? Todo mundo está lá, dos partidários de Wall Street aos apoiadores de Sanders junto com o que sobrou do movimento Occupy, das grandes corporações aos sindicatos, dos veteranos do exército aos militantes LGBT+, de ecologistas horrorizados pela negação de Trump do aquecimento global a feministas felizes com a perspectiva de uma primeira presidenta mulher nos EUA passando pelas figuras “decentes” do establishment Republicano espantadas pelas inconsistências de Trump e suas irresponsáveis propostas “demagógicas”.
Mas o que desaparece nesse conglomerado que aparenta englobar a tudo e a todos? É preciso lembrar que a raiva popular que deu origem ao fenômeno Trump também produziu Sanders. Apesar de ambos expressarem o descontentamento social e político generalizado, eles o fazem em sentidos opostos. Um através do populismo direitista e outro optando pelo grito esquerdista por justiça. E aqui está o truque: o clamor da esquerda por justiça se associa a lutas pelos direitos das mulheres, das minorias, da população LGBT+, por multiculturalismo e contra o racismo, etc. O objetivo estratégico do consenso de Clinton é claramente o de buscar dissociar todas essas pautas do horizonte esquerdista de justiça. É por isso que o emblema vivo desse consenso é Tim Cook, o CEO da Apple que orgulhosamente assinou a carta pro-LGBT e que agora pode facilmente ignorar as centenas de milhares de trabalhadores da Foxconn sendo esfolados em condições análogas à da escravidão na linha de montagem da Apple na China – seu grande gesto de solidariedade para com os “não-privilegiados” se limitou à exigência da abolição à segregação de gênero… Como geralmente costuma acontecer, as grandes empresas se colocam em profundo alinhamento com a teoria politicamente correta.
Essa mesma postura foi levada ao extremo com Madeleine Albright, uma grade apoiadora “feminista” de Clinton. No programa 60 Minutes do canal CBS (12/5/1996, assista aqui), a jornalista a questiona sobre a Guerra no Iraque: “Ouvimos que meio milhão de crianças morreu. Quer dizer, isso é maior do que o número de crianças que morreu em Hiroshima. E, enfim, será que o custo de uma guerra como essa compensa?.” Albright responde prontamente: “Acho que é uma escolha muito difícil, mas o custo – nós consideramos que vale a pena arcar com ele.” Ignoremos as inúmeras questões que essa resposta levanta (incluindo o interessante deslocamento do “eu” para o “nós”: eu considero uma questão difícil, mas nós avaliamos que compensa), e foquemos apenas no seguinte aspecto: imagine só o descalabro que não seria se o mesmo comentário saísse da boca de alguém como Putin, ou o Presidente Chinês Xi, ou o Presidente do Irã! Será que eles não seriam imediatamente bombardeados por todas as nossas manchetes os condenando como monstros frios, bárbaros e sem pudor? Durante a campanha para Hillary, Albright ainda disse: “Há um lugar especial no inferno para mulheres que não ajudam umas às outras!” (Leia-se: que vão votar em Sanders e não em Clinton.) Talvez devamos corrigir essa afirmação: há um lugar especial no inferno para mulheres (e homens) que pensam que meio milhão de crianças mortas é um preço razoável a se pagar por uma intervenção militar que arruína um país, e que ao mesmo tempo calorosamente apoiam os direitos das mulheres e das minorias em casa…
Trump não é a água suja que devemos jogar for a para preservar o bebê saudável da democracia estadunidense. Ele é o próprio bebê sujo que deve ser despejado para obnubilar a verdadeira água suja das relações sociais que sustentam o consenso Hillary. A mensagem que e consenso passa à esquerda é o seguinte: “você pode ficar com o que quiser, nós só queremos o essencial, o livre funcionamento do capitalismo global”. O “Sim, nós podemos!” do Presidente Obama adquire agora um novo significado: “sim, nós podemos ceder a todas as suas demandas culturais… contanto que a economia global de mercado não seja comprometida – então não há motivo algum para medidas econômicas radicais”. Ou, como Todd McGowan colocou (em uma comunicação privada): “O consenso das ‘pessoas que pensam direito’ em oposição a Trump é assustador. É como se seu excesso autorizasse o verdadeiro consenso global capitalista a emergir e a se autocongratular a respeito de seus valores de abertura.”
É por isso que Julian Assange está certo em sua cruzada contra Hillary, e os liberais que o criticam por atacar a única figura que pode nos salvar de Trump estão errados: o alvo a ser atacado e solapado agora é precisamente esse consenso liberal-democrático forjado de cima para baixo para combater o vilão ideal.”
E o pobre Bernie Sanders? Infelizmente, Trump acertou em cheio quando comparou seu apoio a Hillary com um integrante do movimento Occupy apoiando os Lehman Brothers. Ele deveria ter simplesmente se retirado e ter permanecido na dignidade do silêncio para que sua ausência pesasse fortemente sobre as celebrações de Hillary, nos lembrando do que ficou de fora nessa festa de consenso e, dessa forma, preservando o espaço para alternativas futuras mais radicais.
* Texto enviado pelo autor diretamente ao Blog da Boitempo. A tradução é de Artur Renzo.
Publicada por Nozes Pires à(s) domingo, agosto 28, 2016 Sem comentários:

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

GIANNI VATTIMO



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Gianni Vattimo
Filósofo
Gianteresio Vattimo é um filósofo e político italiano, um dos expoentes do pós-modernismo europeu. Wikipédia
Nascimento: 4 de janeiro de 1936 (80 anos), Turim, Itália
Educação: Universidade de Turim, Universidade de Heidelberg
Influências: Martin Heidegger, Friedrich Nietzsche, mais
Prêmio: Hannah Arendt Prize
Publicada por Nozes Pires à(s) quinta-feira, agosto 25, 2016 Sem comentários:

Comunismo hermenêutico, ética cristã, globalização e política contemporânea. Entrevista com Gianni Vattimo




Por: Jonas | 12 Dezembro 2012
Gianni Vattimo (foto) estudou filosofia na Universidade de Turim e depois na de Heidelberg. Discípulo de Hans-Georg Gadamer, seguiu a corrente hermenêutica.  Influenciado também por Martin Heidegger, que lhe ofereceu a “rejeição à concepção objetiva estrutural e estável do Ser”. Desde muito jovem, Vattimo foi professor de Estética na Universidade de Turim. Em 1961 publicou “O conceito de produção em Aristóteles”. Foi professor universitário em Los Angeles e Nova York. É Doutor Honoris Causa pela Universidade de Palermo e pela Universidade de La Plata.

Filósofo do pós-modernismo e militante pelos direitos civis e de gênero, aqui, o intelectual italiano explica a base de seu pensamento filosófico. Discorre sobre o difícil momento do pensamento de esquerda na Europa e demonstra seu otimismo com o desenvolvimento latino-americano. A questão gay, os monopólios midiáticos, a globalização.

“Comunista, pós-moderno e cristão são termos que, de alguma maneira, definem uma perspectiva política, filosófica e existencial, não é verdade? – disse Gianni Vattimo -. São termos contraditórios em aparência, mas acredito que nunca mudei nada em minha vida. Comecei como um católico-comunista, com os católicos de esquerda que já viviam em polêmica com a hierarquia oficial da Igreja. Inclusive, do ponto de vista teórico, como católico-comunista, quando fui à universidade. Estudei filosofia porque não havia faculdade de teologia, nem de política. Nesse momento, os interesses que tinha eram esses dois”.

“Quer dizer que há uma continuidade de interesses teóricos que permanecem. Inclusive, o pós-modernismo, que parece o mais novo, mas quando eu comecei a estudar na universidade, como católico de esquerda, ia buscando um pensamento filosófico que não fosse totalmente escravo da Ilustração, mas que também não fosse reacionário. Nesse momento, existia uma atitude ilustrada que era basicamente anticristã e antirreligiosa, e uma atitude católica que era muito atrasada. Ou seja, de um lado tinha São Tomás, com a metafísica clássica, e, do outro lado, tinha o comunismo marxista. Entretanto, nesse momento, para mim o marxismo era ainda um desenvolvimento da Ilustração em termos de racionalismo histórico”.

“Não concordava com esta solução, e buscava um pensamento crítico da modernidade, que não fosse simplesmente a ideia de voltar ao passado. Então, comecei a estudar Aristóteles, porque era um autor que esteve muito presente em minha juventude católica-tomista, pois tive um diretor espiritual que era muito estudioso de São Tomás. A leitura de Aristóteles, basicamente, não me deixou muita coisa, porque não era uma leitura teoricamente comprometida. Então decidi estudar os críticos da modernidade, como Adorno e a Escola de Frankfurt”

“Finalmente, junto com meu professor Pareyson, que era um grande estético italiano do momento, decidi me dedicar a Nietzsche, que era um crítico da modernidade nada reacionário, embora depois tenha sido politicamente interpretado como mestre dos nazistas. Então, comecei a estudar Nietzsche no sentido de buscar uma crítica da modernidade, que não fosse ligada ao racionalismo ilustrado e com dimensões políticas, obviamente. Efetivamente, marxista não havia sido, porque sempre pensei o marxismo em termos “stalinianos”.

A entrevista é de Verônica Engler, publicada no jornal Página/12, 10-12-2012. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

E como agora se denomina comunista?
Porque não existe mais o comunismo real. Se o comunismo real morreu, que viva o comunismo ideal! Defino o comunismo ideal com os termos de Lênin: eletrificação mais sovietes, ou seja, desenvolvimento econômico produtivo controlado por conselhos populares, por organismos democráticos. Atualmente, insisto sobre o termo comunismo porque me parece que a democracia em toda Europa, no Ocidente, está se dissolvendo, porque as pessoas não possuem mais ideais alternativos de sociedade. Não se pode morrer pelo livre mercado, não é um ideal político pelo qual se sacrifica. As pessoas não vão mais votar porque não acreditam que algo pode ser mudado. Por isso, é necessário revivificar um ideal de sociedade alternativa.

O único ideal de sociedade alternativa que temos é o de uma sociedade onde não há opressão econômica, mas há desenvolvimento e controle popular sobre o que acontece. Obviamente, com Stalin houve muitos problemas. Porém, o próprio Stalin não acreditava que fosse um louco sanguinário, construiu um comunismo de guerra, que era pressionado por todos os poderes em volta, sobretudo, existia uma Alemanha onde se desenvolvia o nazismo. Stalin teve o sonho industrialista compartilhado com o mundo capitalista, e para competir com o mundo capitalista teve que desenvolver um industrialismo forçado.

No começo da libertação, a Rússia era um país agrícola, pastoral, feudal, que nos anos 1950 tornou-se capaz de competir com os Estados Unidos na conquista do espaço. Não tenho vergonha de me denominar comunista por conta disto, porque não posso aceitar toda a propaganda ocidental. Por isso me denomino comunista, o cristão-comunista, o anarco-comunista, porque obviamente não penso na possibilidade de uma revolução comunista mundial hoje, sobretudo, porque os outros são muito fortes. Porém, acredito que se trata de divulgar um ideal de sociedade alternativa. Então, parece-me que é importante trabalhar sem a ilusão de transformar o sistema de um só golpe, mas tentando reduzir o dano, por exemplo, obstaculizando o desenvolvimento industrial em áreas que implique a destruição do meio ambiente. Limitar o prejuízo, este é meu programa político.

Como é o comunismo hermenêutico, “fraco”, que você propõe? Por que seria a nossa única salvação?
É um comunismo pensado no sentido de que não imagina realizar um ideal positivo de estrutura. Chama-se comunismo hermenêutico basicamente sobre a ideia de que não é possível dirigir a sociedade, ou a existência, com proposições científicas, mas que tudo dever ser submetido a uma interpretação. A ciência sobre a qual, atualmente, a Europa se funda é apenas a interpretação de um setor que interpreta o mundo com seus interesses, porque, como dizia Nietzsche, não há fatos, mas apenas interpretações interessadas. A interpretação é feita a partir dos próprios interesses, a partir da própria classe.

Este é o ponto fundamental para não se adotar uma atitude resignada diante daquilo que acontece, como se fosse a verdade. Não é a verdade, é a interpretação que o mundo capitalista oferece para resguardar seus próprios interesses e privilégios. Por isso, o comunismo se chama hermenêutico, não é um comunismo científico, como os marxistas um pouco positivistas, do final do século XIX, haviam pensado. É um comunismo interpretativo, que não se apresenta como uma solução científica, mas se apresenta como uma solução em parte. Interpretação implica olhar o mundo com um projeto de transformação, e nosso projeto de transformação é o comunista: eletrificação mais sovietes.

Por que você fala da globalização no final da metafísica?

O final da metafísica é um termo de Heidegger. Ele pensava que a metafísica veio em direção à objetivação de tudo, inclusive do homem, que se torna apenas força de trabalho, que era o projeto da racionalização industrial, de inícios do século XX, contra o qual Heidegger tomava posição. A globalização me parece que é aquilo que Heidegger tinha previsto como resultado da unificação tecnocientífica do mundo, que impede a liberdade, que acredita que tudo tem que ser regulamentado por posições racionais, científicas, verdadeiras, excluindo tudo o que é interesse ou conflito.

O problema da globalização não é que tudo se integra, mas o fato dela contar com uma unificação do poder. Então, a metafísica, no sentido de Heidegger, é uma ideia de uma racionalidade objetiva, que pode ser conhecida cientificamente e dominar científica e tecnologicamente. A globalização é o final, o ponto de chegada da metafísica. Por razões econômicas, a tendência é em direção a uma integração cada vez mais completa e total, que destrói toda alternativa, porque uma alternativa causa desordem. Heidegger tem uma frase que diz: “A verdadeira emergência é a falta de emergência”, quando não acontece nada. A globalização é a unificação do mundo sob imperativos econômicos pretensamente científicos e neutros, sendo que não os são.

De que maneira você recupera a ética cristã antiga, divorciada historicamente das ideias que a hierarquia eclesiástica optou?

A ética cristã sempre foi condicionada pelo fato de que a Igreja católica, as igrejas, tem sido estruturas de poder. Eu não sei se existe ética cristã, existe uma fé cristã. Ou seja, significa confiar numa entidade superior, da qual não sabemos nada, mas que precisamos admiti-la, pois caso contrário não podemos explicar nossa liberdade. Meu cristianismo depende do fato de que não posso imaginar uma liberdade do humano, a não ser como uma liberdade transcendente.

Eu o chamo de Deus, mas não sei se é o Deus da metafísica grega, se é o Deus cristão. E como não posso falar deste Deus em termos racionais, pois, se assim fosse, teria que inclui-lo numa cadeia de racionalidade, posso falar deste Deus somente em termos mitológicos, contudo, as mitologias são muitas. Então, basicamente aceito mitologias e não afirmo a superioridade de uma sobre as outras. Não prefiro a mitologia cristã porque se for comparada é superior. Eu a aceito tentando realizar o melhor que me aparece nela, que é o amor ao próximo. Penso que meu cristianismo é a fé numa mitologia originária, que me permite pensar-me como ser livre, mas não dentro de princípios de uma ética natural, que seriam fundados racionalmente. A ética compartilhada é uma questão de costume, de tradição, de negociação. Não há nenhuma lei absolutamente natural, nem sequer a do homicídio, porque com o problema da eutanásia, da sobrevivência artificial, caso alguém me peça que o ajude a morrer, pois não tolera mais, tento explicar-lhe que me parece que é melhor viver, mas caso queira morrer, que morra, e se precisar de ajuda por estar paralisado, eu o ajudo.

Posso argumentar que é melhor viver num mundo de caridade, do que num mundo de violência, mas não sei se é uma coisa racional absoluta, não tenho como demonstrar que preciso amar o próximo. Creio nisso apenas porque recebi uma herança que condiciona minha existência, e parece ser a melhor possibilidade para mim, mas não para todo o mundo.

A ética cristã tem essa ideia de respeitar uma lei natural.

Pessoalmente, eu sou homossexual. Por isso, sou carente de caridade? Serei carente de caridade se obrigar alguém a fazer algo que não gosta. Tento respeitar as leis, como as do trânsito, porque não quero provocar acidentes. Entretanto, não acredito que haja algo naturalíssimo, que seja um dever natural ser heterossexual. O Papa acredita que sempre pode ordenar imperativos em nome de uma natureza humana. Por que precisa impor a ética cristã, inclusive para outros que não são cristãos? Por exemplo, quando alguém quer se divorciar, quem disse que a família é por natureza indissolúvel, onde está escrito? Jesus nunca disse isto.

Quando é possível comandar isto em nome da natureza, a Igreja se sente legitimada para também se impor sobre os não crentes. Toda esta ideia de uma ética natural me parece absolutamente absurda. Eu sou partidário de uma ética respeitosa dos costumes. Para mim o problema do cristianismo é apenas da questão da fé, um pouco como pensavam os protestantes, só a fé salva. Esta tradição cristã, ocidental, da qual faço parte, inclui muitíssimas alternativas pelas quais eu posso escolher. Parece-me que este problema da ética é sempre um problema de poder. Se existem princípios absolutos, eles podem ser impostos, mas eu não quero impô-los a ninguém, apenas acredito que preciso respeitar o outro, e espero que o outro me respeite.

Você disse que o problema gay é essencialmente socioeconômico. Por que para você parece que isto seja assim?

Minha experiência imediata é que eu sou um gay pobre na Itália, tenho problemas porque podem me despedir do trabalho. Na Itália, conheço muitos ricos que são casados (com mulheres), criam uma grande família, e depois compram uma casa em Marrocos, onde tem seus amantes (homens). Por que eles podem se permitir a isto e eu não? Porque é um problema de dinheiro, socioeconômico.

Contudo, não acontece o mesmo no caso dos heterossexuais?

Obviamente, mas o problema gay é um problema socioeconômico, pois conta com os problemas de famílias, de heranças. (N. R. Na Itália não existe o casamento entre pessoas do mesmo sexo). Não é um problema natural, é um problema em sociedades como a nossa, em que a herança da família vai para os filhos. Por exemplo, hoje existem casais homossexuais que contam com uma riqueza em comum, mas que, como não são reconhecidos, quando um dos dois morre, vem a família natural e fica com tudo, e o outro integrante do casal fica sem nada.

Em sociedades onde não existem estas leis de herança, isso tudo não acontece. Por um lado percebe-se que, em nosso mundo, os gays ricos vivem melhor, porque podem se permitir uma multiplicidade de formas de vida. Eu, como sou um pequeno burguês, posso ter apenas uma casa, e em apenas uma casa tenho que viver ou com um homem, ou com uma mulher. Caso possa ter três casas, posso viver numa com uma mulher, em outra com um homem, e na outra com um cavalo, por exemplo. Obviamente, eu não acredito nem sequer no casamento homossexual. No entanto, a meu ver, as pessoas possuem o direito de viver com os mesmos direitos dos outros, quando são homossexuais. Há uma série de direitos civis que são negados para os homossexuais, pelo menos na Itália, até agora.

Você diz que a proliferação dos meios de comunicação serviria para fomentar espíritos mais livres, já que as pessoas não estariam submetidas a uma única voz emissora. Em que medida ter cento e vinte canais de televisão melhora a capacidade das pessoas para discernirem?

É melhor contar com mais vozes emissoras. É importante que não pertençam ao mesmo dono. A multiplicação dos meios de comunicação parece ser positiva para nos libertar do monopólio dos mesmos. Não é possível imaginar um desenvolvimento puramente tecnológico, o desenvolvimento tem que ser político, ou seja, é preciso limitar a propriedade ou regulamentar a concorrência neste terreno, exatamente aquilo que os donos dos meios de comunicação não querem. A lei pública é a que coloca limites para que não matem uns aos outros. Não obstante, a lei pública tem que ir além do liberalismo total. Em muitos sentidos, a multiplicação pura e simples das tecnologias comunicativas precisa contar com uma regra política. E a regra política é colocar limites, e não simplesmente que façam tudo o que queiram.

Na Europa, os setores progressistas já não contam com um projeto de transformação?

Sim, mas são setores bem pequenos. Na Europa, o que cada vez mais se difunde são esquerdas mais próximas do centro, que se resignam a fazer pequeninas reformas. Por exemplo, Hollande venceu as eleições na França, mas não acredito que esteja fazendo uma política muito progressista, porque é condicionado pelo espectro das regras financeiras internacionais. Fazem e dizem as mesmas coisas, embora alguns sejam de direita e outros acreditam ser de centro-esquerda.

A questão agora é que há um pretenso progressismo, que parece ser a única maneira para as esquerdas ou para a centro-esquerdas europeias vencer as eleições. É como dizer, “se você pretende entrar no governo de um país, precisa se tornar amigo dos banqueiros, inclusive, os de esquerda precisam ser amigos dos banqueiros”, mas na medida em que são amigos dos banqueiros, perdem todo o esquerdismo. Isto é o que aconteceu com o Partido Comunista Italiano, que se transformou. E como esquerdista digo que a única política possível para uma esquerda é fazer um bom programa de oposição. Eu me sinto comprometido religiosamente a ser revolucionário, sem imaginar que vou tomar o poder, eu posso somente tentar limitar o estrago, colocar limites.

Como outros intelectuais europeus, você enxerga com grande simpatia as mudanças que estão ocorrendo na América Latina. Quais são as questões que parecem ser as mais interessantes para você?

Eu sou um dos grandes chavistas europeus. Basicamente, a única novidade que vejo na política mundial, como eu a conheço, como a vivi nas últimas décadas, acontece na América Latina, pois outros grandes países em desenvolvimento, como China e Índia, neste momento, simplesmente imitam o sistema capitalista. Na América Latina houve a mudança de alguns regimes sociais, obviamente começando com Cuba, do grande Fidel, do qual eu sou um admirador total, absoluto. Em seguida, continuou com Chávez, com Lula, com Evo Morales. E acredito que Cristina também é uma parte desta transformação da América Latina.

Concebo a América Latina com todas estas novidades, como a possível força política mundial que pode evitar o triunfo total do imperialismo norte-americano, mundial, globalizado. Por exemplo, Lula foi ao Irã para conversar com Ahmadinejad, algo que um norte-americano nunca tinha feito, ou seja, não importa se imediatamente a Europa se transforma, mas o equilíbrio mundial precisa de um polo anti-imperialista que hoje é, sobretudo, América Latina. Parece-me que é importante uma América Latina cada vez mais forte e democrática, que se oponha à globalização capitalista total. A possibilidade para que a Europa não seja simplesmente uma colônia norte-americana, é a de que haja uma América Latina forte.
Publicada por Nozes Pires à(s) quinta-feira, agosto 25, 2016 Sem comentários:

Opinião

A pedofilia como arma de guerra

José Goulão
por José Goulão
Quinta, 25 de Agosto de 2016

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A foto e o vídeo de Omron, garoto de cinco anos da cidade de Alepo (Síria), têm corrido mundo e enchido as primeiras páginas e espaços nobres da comunicação social. Por que razão o drama de Omron mereceu destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes?
As crianças são as vítimas indefesas de qualquer guerra. Mais do que qualquer outro sector das populações, e juntamente com os idosos, estão à mercê de todas as fracções em luta, sejam os bons ou os maus, os ditadores e pretensos salvadores, os terroristas e os ditos guerreiros humanitários, os bárbaros e os civilizados, os opressores e os que tomam para si as vocações libertadoras. As crianças não têm escolha.
Nas guerras de hoje – e muitas elas são – vem-se agudizando a tendência para explorar a maior debilidade das crianças em áreas de conflito como exemplos da maldade de uma das partes em guerra, com o objectivo óbvio de enaltecer a bondade e a virtude de quem a combate, transformando os maus em péssimos e os bons numa espécie de santos redentores. Usando tal expediente, em associação com a comunicação social amestrada, os praticantes dessas tendências exploram a vulnerabilidade infantil como em qualquer prática pedófila, neste caso ao serviço da propaganda belicista e da guerra. De um tão sádico e doentio comportamento, que se alimenta da cobarde exploração dos sentimentos e das emoções mais naturais de multidões indefesas – os exércitos de consumidores de comunicação social –, não se terá lembrado o próprio Goebbels.
Vem o intróito a propósito da foto e do vídeo do pequeno Omron, garoto de cinco anos da cidade de Alepo, na Síria, que têm corrido mundo e enchido as primeiras páginas e espaços nobres da comunicação social monopolista, tão plural e civilizada. É usada até à exaustão para apontar a dedo as maldades incuráveis do regime do terrível Assad e dos malvados protectores, os russos, assim legitimando e abençoando as guerras contra eles feitas pelos exércitos libertadores, ainda que acompanhados, como neste caso específico, pelos tão excomungados terroristas islâmicos.
«A White Helmets (escudos brancos) é uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB»
Como libelo contra a guerra, contra todas as guerras, o drama do pequeno Omron é um entre os de dezenas de milhares de crianças na Síria, em Gaza e na Palestina em geral, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, no Iémen, na Ucrânia, no Mali, na Nigéria – citando os conflitos actuais e mais recentes –, feridas ou mortas por toda a espécie de grupos em conflito. Não mereceram tão mediático destaque, mas nem por isso deixaram de existir – os «danos colaterais» em escolas e creches praticados por aviões da NATO durante a «libertação» da Líbia na companhia dos terroristas islâmicos; ou os bombardeamentos de escolas e hospitais efectuados igualmente pela NATO no Afeganistão, e pelo exército de Israel em Gaza. Nesta matéria, como em tantas outras, os bons e os maus confundem-se mediante uma tenebrosa propriedade comutativa própria da guerra.
Qualquer jornalista com uma réstia de brio profissional que sobreviva à voz de comando dos donos poderia investigar as razões pelas quais o drama do pequeno Omron mereceu destaque especial entre a torrente de episódios semelhantes. Bastar-lhe-iam um pouco de curiosidade profissional e algumas horas de trabalho.
O que aprenderia então esse jornalista?
Que, na altura em que foi tirada a fotografia e captado o vídeo, a criança não estava a ser socorrida por profissionais de saúde mas sim nas mãos de uma dita «organização não-governamental», a White Helmets (escudos brancos), uma das muitas entidades por esse mundo fora, neste caso na ocupada cidade de Alepo, que servem de cobertura a actividades da CIA, dos serviços britânicos de espionagem MI6 e dos seus congéneres holandeses IDB.
Que a White Helmets é um braço de uma empresa designada Innovative Comunications & Strategies (InCoStrad), com escritórios em Washington e Istambul, uma agência de comunicação e propaganda do MI6 e da NATO criada para o conflito sírio. Esta empresa é autora, por exemplo, dos logotipos da maior parte dos bandos de mercenários e grupos terroristas em acção na Síria, dos «moderados» ao próprio Estado Islâmico, ou Daesh, ou Isis.
Que o oportuno autor do instantâneo foi Mahmoud Raslan (Rslan, grafia usada na sua página de Facebook), um jihadista simpatizante do Estado Islâmico, membro do grupo terrorista «moderado» Harakat Nour Din al-Zenki, protegido pela Turquia e que foi um dos contemplados pela CIA com armas antitanque BGM-71.
Que o Mahmoud Raslan e o seu grupo são realmente amigos de crianças. Há pouco mais de um mês, em 16 de Julho, o «fotógrafo» e membros do seu grupo terrorista promoveram uma cerimónia de sangue na qual foi decapitado na caixa traseira de uma camioneta vermelha, em pequenos e sincopados golpes de arma branca, o garoto palestiniano Abdullah Tayseer al-Issa, de 12 anos. Fora «julgado» e «condenado» pelos «moderados» de Raslan por pertencer supostamente às «Brigadas Al-Quds». A cabeça ensanguentada da criança foi depois exibida efusivamente, como histórico troféu, cena documentada em vídeos que qualquer pessoa – nem precisa de ser jornalista – descobrirá em rede, se tiver estômago para tal.
«O caso de Omron é usado como propaganda de guerra a propósito da situação em Alepo, (...) onde os mercenários invasores, ditos "rebeldes", sentem estar a perder o poder devido ao longo cerco imposto pelas tropas sírias, com apoio aéreo russo»
É possível saber ainda que o terrorista/«fotógrafo» tem vínculo profissional a um denominado Aleppo Media Center, cuja página web abre no site do jornal Times of Israel.
Resta notar que o caso de Omron é usado como propaganda de guerra a propósito da situação em Alepo, a segunda mais importante cidade síria, onde os mercenários invasores, ditos «rebeldes», sentem estar a perder o poder devido ao longo cerco imposto pelas tropas sírias, com apoio aéreo russo. O episódio Omron coincide com um «aviso» lançado pelo Pentágono de que poderá atacar aviões russos se puserem em causa o seu pessoal no terreno – afinal há tropas norte-americanas na Síria – e depois de ter fracassado a armadilha da abertura de supostos «corredores humanitários» mediante os quais a «coligação ocidental» pretendia romper o cerco de Alepo e dar fuga aos terroristas.
Ocupando Alepo estão os «moderados» criados pela sra. Clinton & Cia e, sobretudo, os verdadeiros senhores da guerra na Síria, a al-Qaida e o Daesh. Quem os protege, tentando evitar o regresso à legitimidade institucional, são os interesses igualmente defensores do nosso «civilizado modo de vida» e que, para tal, não hesitam em recorrer à mais cobarde pedofilia como arma de propaganda e de guerra.
Publicada por Nozes Pires à(s) quinta-feira, agosto 25, 2016 Sem comentários:
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Obras de Nozes Pires publicadas em

Entre Outras:
150 Anos Do Manifesto Do Partido Comunista, o Manifesto e o seu Tempo, Lisboa, 2000, Ed. Colibri.
Léger-Marie Deschamps, Un Philosophe entre Lumières et Oubli, 2001, Ed. L'Harmattan.
Renascimento e Utopias, Actas da Academia de Ciências, 1997
Revista «Vértice», vários números.
Revista «espaço público», 1.
José Félix Henriques Nogueira, Revista editada pela Escola Sec. de Henriques Nogueira, 2008.
Jornal «A Batalha», vários números.
Semanários: Badaladas, FrenteOeste.


Livro "Não Olhes para Trás- Lembras-te?", editora Chiado, Lisboa, 2024

Discursando

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No 2º Congresso Republicano de Aveiro, 1969, em nome dos estudantes universitários do Porto
Tema Janela desenhada. Com tecnologia do Blogger.