A verdadeira crise humanitária não é Alepo
Uma
retrospectiva da intervenção dos EUA no Médio Oriente desde o 11 de
Setembro mostra uma implacável marcha em direcção à trágica perspectiva
hoje colocada: o confronto militar com a Rússia, a segunda maior
potência nuclear. A previsível eleição de Hillary Clinton será um passo
mais em direcção a essa catástrofe.
Porque será
que apenas ouvimos falar da “crise humanitária em Alepo” e não da crise
humanitária em todo o resto da Síria, onde a perversão que governa
Washington desencadeou os seus mercenários do ISIS para trucidarem o
povo sírio? Porque será que não ouvimos falar da crise humanitária no
Iémen onde os EUA e o seu vassalo saudita estão a massacrar mulheres e
crianças? Porque será que não ouvimos falar da crise humanitária na
Líbia onde Washington destruiu um país deixando o caos em seu lugar?
Porque será que não ouvimos falar na crise humanitária no Iraque, que já
se arrasta há 13 anos, ou a crise humanitária no Afeganistão, que já
vai em 15 anos?
A resposta é
que a crise em Alepo é a crise de Washington estar a perder os seus
mercenários do ISIS perante o exército sírio e a força aérea russa. Os
jihadistas enviados por Obama e pela assassina criatura Hillary (“We
came, we saw, he died”; “Viemos, vimos, ele morreu”) para destruir a
Síria estão a ser destruídos eles próprios. O regime Obama e os
prostituto-jornalistas (“presstitutes”) ocidentais estão a tentar salvar
os jihadistas abrigando-os sob o manto da “crise humanitária”.
Este tipo de
hipocrisia é padrão em Washington. Se o regime de Obama tivesse um
mínimo de preocupação acerca de “crises humanitárias” não teria
orquestrado crises humanitárias na Síria, Iraque, Afeganistão, Líbia e
Iémen.
Está a
decorrer uma campanha presidencial nos EUA e ninguém levantou a questão
de porquê estarem os EUA determinados em derrubar um governo sírio
democraticamente eleito que é apoiado pelo povo sírio.
Ninguém
perguntou porque é que o palhaço na Casa Branca tem legitimidade para
remover o presidente da Síria lançando contra o povo sírio jihadistas
abastecidos pelos EUA, que os prostituto-jornalistas apresentam
falsamente como “rebeldes moderados”.
Washington não tem, obviamente, resposta aceitável para tal pergunta, e é essa a razão por que a pergunta não é colocada.
A resposta à
pergunta é que a estratégia de Washington para a desestabilização do
Irão e depois das províncias muçulmanas da Federação Russa, a anterior
Ásia central soviética, e a província muçulmana da China, é a
substituição de governos estáveis pelo caos do jihadismo. Iraque, Líbia,
e Síria tinham sociedades seculares estáveis nas quais a mão firme dos
governos intervinha para prevenir o confronto sectário entre seitas
muçulmanas. Através do derrube desses governos seculares e do esforço
actual para derrubar Assad, Washington desencadeou o caos do terrorismo.
Não existia terrorismo no Médio Oriente até Washington o trazer com as suas invasões, bombardeamentos, tortura.
Jihadistas
como os que Washington utilizou para derrubar Khadafi surgiram na Síria
quando o Parlamento Britânico e o governo russo bloquearam a invasão da
Síria que Obama planeara. Como Washington foi impedido de atacar
directamente a Síria, Washington utilizou mercenários. Os prostitutos
que fazem de conta ser os media americanos fizeram a Washington o favor
de propagandear que os terroristas jihadistas são democratas sírios em
rebelião contra a “ditadura de Assad”. Esta gritante e transparente
mentira tem sido repetida tantas vezes que agora é confundida com a
verdade.
Não existe
qualquer espécie de ligação entre a Síria e a justificação inicial de
Washington para recorrer à violência no Médio Oriente. A justificação
inicial foi o 9/11, e foi utilizada para invadir o Afeganistão com base
na invenção de que os taliban davam acolhimento a Osama bin Laden, o
“cérebro”, que na altura estava a morrer por insuficiência renal num
hospital paquistanês. Osama bin Laden era um activo da CIA que fora
utilizado contra os soviéticos no Afeganistão. Não foi o perpetrador do
9/11. E os taliban também não, com toda a certeza.
Mas os
prostituto-jornalistas deram cobertura à mentira do regime de Bush, e o
público foi enganado com a frase de que devemos “derrotá-los lá fora
antes que nos ataquem em casa”.
Evidentemente
que os muçulmanos não iam atacar-nos em casa, Se os muçulmanos
constituem uma ameaça, porque continua o governo dos EUA a trazer tantos
para cá enquanto refugiados das guerras de Washington contra os
muçulmanos?
O 9/11 foi o
“novo Pearl Harbor” dos neoconservadores, aquele que eles tinham
escrito ser necessário para desencadearem as suas guerras no Médio
Oriente. O primeiro Secretário do Tesouro de Bush disse que ao assunto
da primeira reunião do gabinete de Bush foi a invasão do Iraque. Isto
foi antes do 9/11. Por outras palavras, as guerras de Washington no
Médio Oriente foram planeadas anteriormente ao 9/11.
Os
neoconservadores são sionistas. Ao mergulharem o Médio Oriente no caos
alcançam ambos os seus objectivos. Eliminam oposição organizada à
expansão israelita e criam jihadismo que pode ser utilizado para
desestabilizar países como Rússia, Irão e China que constituem um
entrave ao exercício do poder unilateral que, acreditam, o colapso
soviético depositou na “nação indispensável”, os EUA.
Osama bin
Laden, o alegado cérebro do 9/11, estava a morrer, não estava a dirigir
uma guerra de terror contra Washington a partir de uma gruta no
Afeganistão. Os taliban estavam concentrados em consolidar o seu poder
no Afeganistão, não em atacar o Ocidente. Depois de bombardear
casamentos, funerais, e jogos de futebol de crianças, Washington
deslocou-se para o Iraque. Não existia qualquer indício de beligerância
do Iraque em relação a Washington. Inspectores de armamento da ONU
disseram que não existiam armas de destruição massiva no Iraque, mas
Washington não os ouviu. As meretrizes que integram os media
norte-americanos ajudaram o regime de Bush a criar a imagem de uma
América sob o cogumelo de uma nuvem nuclear se os EUA não invadissem o
Iraque.
O Iraque não
dispunha de armas nucleares e toda a gente o sabia, mas os factos eram
irrelevantes. Havia uma agenda em andamento, uma agenda não declarada.
Para avançar com uma agenda que não ousava revelar o governo recorreu ao
medo. “Temos que os matar antes que nos venham eles aqui matar.”
E portanto o Iraque, um país estável e progressivo, foi reduzido a ruínas.
E portanto o Iraque, um país estável e progressivo, foi reduzido a ruínas.
Seguiu-se a
Líbia. Khadafi não queria juntar-se ao Comando Africano de Washington, a
China estava a desenvolver campos de exploração de petróleo na Líbia
oriental. Washington estava já incomodado com a presença russa no
Mediterrâneo e não queria que a China também aí estivesse presente.
Portanto Khadafi tinha que ser removido.
Depois foi
Assad a ser acusado, com testemunhos falsificados, de ter utilizado
armas químicas contra a rebelião que Washington desencadeara. Ninguém,
nem mesmo o Parlamento Britânico, acreditou na transparente mentira de
Washington. Incapaz de encontra apoio que desse cobertura a uma invasão,
a psicopata AssassHillary (“Killary”) enviou os jihadistas que
Washington utilizara para destruir a Líbia para derrubar Assad.
Os russos,
que até esta altura tinham sido ingénuos e crédulos a ponto de confiarem
em Washington, descobriram finalmente que a instabilidade que
Washington estava a fomentar se dirigia contra eles. O governo russo
decidiu que a Síria constituía a sua linha vermelha e, a solicitação do
governo sírio, intervieram contra os jihadistas apoiados por Washington.
Washington
sente-se ultrajado e ameaça agora cometer ainda outra criminosa violação
do Padrão de Nuremberga agredindo ostensivamente a Síria. Semelhante
passo irresponsável colocaria Washington em conflito militar com a
Rússia e, por implicação, com a China. Os europeus, antes de permitirem
que Washington dê início a um conflito tão perigoso, fariam bem em
registar a advertência de Sergei Karaganov, membro do Conselho de
Política Externa e Defesa do ministério russo dos Negócios Estrangeiros:
“A Rússia nunca mais voltará a combater no seu próprio território. Se a
NATO der início a uma invasão contra uma potência nuclear como nós, a
NATO sofrerá uma punição.”
O facto de o
governo dos EUA ser criminosamente demente deveria assustar qualquer
pessoa na face da Terra. AssassHillary está apostada em entrar em
conflito com a Rússia. Apesar disso, Obama, os prostituto-jornalistas e o
“establishment” democrata e republicano estão a fazer todo o possível
para instalar na Sala Oval a pessoa que irá maximizar o conflito com a
Rússia.
A sobrevivência do planeta está nas mãos de criminosos dementes. É essa a verdadeira crise humanitária.
Nota: O
Ten-General Michael Flynn, director da Agência de Informações de Defesa
(DIA) do Pentágono declarou numa entrevista que a criação do ISIS foi
“uma decisão deliberada de Washington.” V. por exemplo, https://www.rt.com/usa/312050-dia-flynn-islamic-state/ Also: http://russia-insider.com/en/secret-pentagon-report-reveals-us-created-isis-tool-overthrow-syrias-president-assad/ri7364. A DIA advertiu que ISIS viria a evoluir para um principado salafista que ocuparia partes do Iraque e da Síria http://www.judicialwatch.org/wp-content/uploads/2015/05/Pg.-291-Pgs.-287-293-JW-v-DOD-and-State-14-812-DOD-Release-2015-04-10-final-version11.pdf
A advertência foi ignorada uma vez que o regime neoconservador de Obama
via o ISIS como um recurso a ser utilizado contra a Síria.
Paul Craig Roberts | ODiario.info
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