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sábado, 8 de outubro de 2016


“Habemus papam” nas Nações Unidas… e português!

Há muita ciclotimia na idiossincrasia lusa. Passamos da melancolia mais derrotada à euforia mais imparável com a vitória num europeu do futebol ou a eleição (a escolha negociadíssima) de um compatriota para lugar cimeiro nas funções públicas inter-nacionais. Passamos dos nabos que não metem uma (na baliza dos outros) aos melhores da Europa porque o Eder acertou um chuto; passamos de coitadinhos (queixosos por não nos ligarem peva) a senhores do mundo (porque Guterres se alcandorou a secretário-geral na ONU. Assim saltamos das águas paradas, quiçá submissas, esquecidos da nossa História, para as ondas alterosas do Universo onde só surfistas se atrevem.
Nas ondas patrioteiras que nos inundam de tempos em tempos é difícil surfar e mais ainda navegar, tranquila e lucidamente. Vá lá dizer-se que foram arranjos tácticos de não perder que nos deram, com a ajuda da Senhora de Fátima a Fernando Santos, uma vitoria “milagrosa”; vá lá ter-se dito, no momento próprio e no local certo, que a ida de Barroso para a Comissão Europeia em nada nos honrava antes era motivo para fazer corar quem tivesse desperta a vergonha; vá lá hoje dizer-se que a eleição de Guterres tem os seus quês e porquês, e foi resultado não de uma vitória cristalina mas de arranjos opacos. E de antecedentes. Vá lá lembrar-se que Guterres foi o primeiro-ministro português (1995-2002) da adesão ao euro, pela qual se bateu com tanta fé(zada) que nem se poupou a tiradas bíblicas como a de, à saída  da cimeira de Madrid de Dezembro de 95, dizer que, com a decisão tomada, ele (o euro) seria a pedra sobre que se iria edificar a Europa!
                                                        
Quem observe e comente a realidade, para lá e entre os pântanos paralisantes e as metafóricas ondas da Nazaré, terá horas difíceis, delicadas, sobretudo se pretender contribuir para a transformação da sociedade e está convicto que tal transformação só é possível com as massas, estando estas tão atreitas à incentivada ciclotimia.
Afirme-se, com tímida firmeza, que o compatriota António Guterres será o adequado parceiro, nas Nações Unidas, do Papa Francisco do Vaticano. Que houve fumo branco em Nova Iorque, que habemos papam na ONU. E reafirme-se que não há que esperar milagres. As ilusões apenas fabricam desiludidos.

  
Via: anónimo séc. xxi http://bit.ly/2dkrbBg

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