O Capital
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O Capital (Das Kapital, em seu título original, em alemão) é a obra máxima e a mais conhecida do intelectual e revolucionário alemão Karl Marx
(1818-1883). Trata-se de um minucioso exercício investigativo do autor
acerca do funcionamento das relações econômicas, desde as duas mais
obscuras origens até os dias atuais, procurando desvendar os conceitos
universais que estão por trás da atividade econômica.
O livro se desdobra em três volumes, a saber:
- Livro I - o processo de produção do capital (publicado originalmente em 1867)
- Livro II - o processo de circulação do capital (publicado originalmente em 1885)
- Livro III - o processo global da produção capitalista (publicado originalmente em 1894)
Marx viveu apenas para ver o primeiro livro publicado, o qual recebeu
correções e anotações posteriores do próprio autor, além de traduções
para outras línguas. Os outros dois foram publicados por Friedrich Engels, amigo e colaborador de Marx.
Seu objeto era, como explicitado no Prefácio ao Volume I, "revelar a
lei econômica do movimento da sociedade moderna". Pensadores econômicos
anteriores haviam captado um ou outro aspecto do funcionamento do
capitalismo. Marx busca entender todo o processo em seus três livros,
chegando a uma especificidade até hoje inédita de pesquisa, argumentação
e relação de dados. Defendia que o capitalismo como sistema era um modo
de produção historicamente transitório cujas contradições internas o
levariam à queda, sendo inevitavelmente substituído.
O autor de O Capital irá apresentar, através de seu trabalho
conceitos como Mais Valia, Capital Constante, Modo de produção
capitalista, Acumulação primitiva entre outros. O modo de produção
capitalista ilustra a tese geral de Marx de que a realidade é dialética,
que ela contém contradições dentro de si, pois, de um lado a mudança
tecnológica, a introdução de novos métodos de produção faz parte da
própria existência do capitalismo. A pressão da concorrência força
obrigatoriamente os capitalistas a inovarem constantemente, e desse modo
a ampliar as forças de produção. Por um outro lado, o desenvolvimento
das forças produtivas no capitalismo levará a crises inevitáveis.
O raciocínio contido no Capital destoava da grande maioria dos outros
tratados econômicos de sua época por privilegiar um ponto de vista
dedicado à visão do trabalhador proletário em detrimento do grande
produtor capitalista. É talvez por esse viés adotado por Marx que sua
obra seja popularmente demonizada por grupos hostis a qualquer ideia de
esquerda. Marx, porém, havia deixado claro em trabalhos anteriores,
especialmente no Manifesto Comunista,
que não via o capitalismo como um regime danoso e antagônico às suas
ideias, mas apenas como um processo temporário na realização do cenário
preconizado em seu raciocínio econômico.
Contrário ao que muitos analistas, entre eles alguns marxistas ainda
afirmam, Marx não acreditava que o colapso do capitalismo fosse
inevitável. Ele próprio insistia em dizer que crises permanentes não
existem, elas na verdade são sempre soluções momentâneas
e forçosas ante as contradições existentes. Não existe crise econômica
tão profunda da qual o capitalismo não possa recuperar-se, uma vez
garantido que a classe trabalhadora pague o preço do desemprego,
deterioração dos padrões de vida e das condições de trabalho. Se uma
crise irá levar a "um estágio mais elevado de produção social" dependerá
da consciência e da ação da classe trabalhadora.
Bibliografia:CALLINICOS, Alex. Introdução ao Capital de Karl Marx. Disponível em
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