ENCONTROS

 

Uma das lições mais importantes que se deve aprender com o filósofo holandês de origem Portuguesa, Bento Espinosa, é aquela que o filósofo francês Gilles Deleuze soube extrair da sua leitura da obra do judeu “Príncipe dos filósofos” : os ENCONTROS. Na verdade, este conceito espinosano envolve toda a sua Ética (ontologia e gnoseologia). Os encontros, por definição espinosana são simultaneamente fortuitos e causados. Espinosa, assim, não é rigorosamente determinista. Ou melhor : é simultaneamente determinista e indeterminista. Este tese-minha - vai contra a ideia-feita de que ele é um puro determinista. É, talvez melhor, necessitarista . O que acontece não acontece por pura casualidade, pois, se assim fosse, não seria possível qualquer racionalidade. Qualquer logos, ou lógica. E, portanto, qualquer tentativa de explicação, de compreensão, estaria votada ao fracasso. Portanto, na análise clínica não seria possível a cura. Nem seria possível qualquer ciencia.

Aquilo que acontecendo repentinamente nos parece aleatório e atribuímos erradamente a “milagres” ou”maldições”, teve uma causa (ou uma série causal) ; simplesmente ignoramo-la, por ignorância cultural (pessoal ou coletiva) ou porque não cabe na capacidade humana (a eternidade e o infinito não são pensáveis; porém, pertencem ao atributo PENSAMENTO do Deus sive natura (o outro atributo é a Extensão ou Natureza). Na ontologia espinosana não têm sentido “planos divinos”, pois Deus (ou natureza-Matéria) não “humano” (um Deus com sentimentos e ideias é uma figura antropológica).

  Os encontros constituem a vida, no sentido mais positivo : potenciam sentimentos de alegria, desejo e vontade de ser (o que somos, ou mais e melhor). Mas sempre com os outros. Por isso são encontros.

Para a nossa percepção (ou imaginação) são fortuitos, imprevisíveis ; contudo, procuramo-los (ou demos procurá-los insistentemente) ; por conseguinte, só procurando é que se pode encontrar alguma coisa (ou pessoa, sobretudo). O amor, momentos felizes, alegria, autoconfiança.