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terça-feira, 24 de março de 2009

FÁBULAS (à maneira dos contos populares chineses)

I.
Um homem chamado Chu, oriundo do estado de Sung, era dono de uma pequena oficina. Ao fim de algum tempo, arranjou dinheiro bastante para adquirir mais duas, maiores, em locais diferentes. O mandarim nunca lhe perguntou, nem uma única vez, como conseguira um enriquecimento tão rápido, não o questionou sobre o montante da riqueza, nem porque motivo não pagava o imposto.
Um par de anos depois o mandarim foi punido com a forca por actos gravosos e repetidos de corrupção.
Chu encerrou apressadamente as oficinas e deslocalizou-as para o estado de Yueh.

II.
O príncipe de Wu ordenou que se construísse uma estrada ao longo de um bosque com dois mil anos de idade. Era imperioso, porque facilitava as viagens e fazia descer os custos aos mercadores. Foi muito amado por esse gesto.
O acto seguinte agradou muito do mesmo modo. Aproveitando uma cascata de água que estava em determinado local há dois milhões de anos, mandou desviar o curso das águas, inundando uma boa parte do vale, desalojando todas as espécies vivas que lá habitavam há um milhão de anos. Em seguida, no lugar seco da antiga cascata, mandou erguer uma represa. Os porqueiros agradeceram com mil vénias aos enviados do príncipe, pois assim os seus animais tinham sempre água.
Aconteceu que o príncipe foi acometido por uma súbita e irremediável doença. Sabendo-se às portas da morte, ordenou ao pintor da corte que lhe pintasse uma cascata e um bosque.
III.

Um mandarim que se tornou célebre descobriu que os cofres da província de Hu se encontravam falidos. Mandou chamar os funcionários, um a um, procurando saber quem fora o ladrão. Não tendo nenhum deles confessado, tendo-se todos eles, pelo contrário, lançado aos seus pés chorando e batendo no peito, mandou torturá-los, e que a ordem fosse cumprida numa cela comum. Os torcionários não arrancaram uma única confissão, apesar do seu extremoso zelo.
O mandarim, preocupado com as finanças, pediu conselho à mãe, uma antiga concubina do príncipe, tendo esta respondido deste modo: - Olha, meu filho, talvez não hajas procurado no sítio certo.
-Como assim?- Admirou-se o mandarim.
-Pois, o que te digo é que o dinheiro não está lá porque nunca chegou a entrar. Procura-o nos bolsos dos senhores de Sung. Nunca te surpreendeu a ostensiva abastança com que te recebem quando te convidam?

1 comentário:

Sónia Mesquita disse...

Era com histórias como estas que por vezes abria ou encerrava uma das nossas aulas [lembro bem a segunda a ser contada no fim de uma aula]. Dizia-nos que as tinha ido buscar a um jornal, tentando chamar a atenção, cativar o interesse logo de início. De facto havia ido buscar a um jornal, não sabíamos é que o autor era ele mesmo. Foi mais bonito assim, decobrir mais tarde que tivemos o autor de onde saiu a história inpirada bem na nossa frente.

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