Pintámos em cavernas, projectámos imagens num estúdio às escuras, para um público hipnotizado. Ainda lá estamos.
Quando os teus olhos são verdes, vejo planícies onde volto a correr como em criança. Quando os teus olhos são azuis, voo atrás das gaivotas, como quando sonhava nas aulas.
A verdade não é a luz que ilumina uma mente obscurecida. É uma ferramenta com que se abre uma porta e ou se deita abaixo um muro.
Nunca, ou quase nunca, vi, no teu olhar, qualquer brilho de maldade. Ironia sim, malvadez nunca. Estaria cego?
O combate não pode circunscrever-se à conquista -ou preservação – de uma identidade colectiva -ainda que também o seja – mas à construção -ou preservação- de uma identidade individual. Uma sem a outra não vale de nada; uma na outra, vale tudo.
A tua boca fala-me de deusas, lendas e mitos. Não mas relata, evoca-mas. Revejo-te nos símbolos, nos ritos, nos mitos. Escrava e serva, feiticeira e sacerdotisa. Vens do fundo dos tempos. A tua boca soa-me a murmúrios, códigos secretos, sugestões. Mas é quando danças, ou escreves, que tudo sobe à superfície.
«Torna-te no que és». Porém, eu sou o que pude ser, não o que desejava ser. Serei apenas o possível?
Amei os teus pés quando pela primeira vez os vi. E dessa visão brotou instantaneamente um calor que até hoje não arrefeceu.
«Vive de tal modo que queiras repetir a vida que levaste outra vez; na verdade, tu retornarás». Não, Nietzsche, não quereria repetir os mesmos erros, e seguramente não retornarei.
Somos um punhado de átomos que pensam por um mero acaso. Outros átomos por esse vasto universo também pensam certamente. E naquilo que for verdade, pensarão exactamente da mesma maneira. É essa verdade que a filosofia em mim busca. Sem jamais saber que a encontrou.
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terça-feira, 24 de março de 2009
AFORISMOS
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