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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

AS CEREJAS DA MENINA

«Só como cerejas quando a minha empregada tira os caroços por mim», Carolina Patrocínio, apresentadora de TV e mandatária para a juventude do Partido Socialista, em entrevista à SIC

A boca da empregada Rosália inicia o movimento de sucção. Rosália tem quarenta anos, empregada doméstica desde os quinze, tirou a 3ªclasse da primária que já esqueceu, guarda com uma memória de elefante todos os dias da sua vida, sempre muito parecidos, a governar casas alheias e a cuidar de meninos que não os seus, pois nunca os teve. Conserva os seios fartos, uma boca carnuda e,nos olhos, sob a docilidade obediente, uma indefinida e tenaz tristeza. Faz que engole a cereja, mas não engole: chupa, amolece-a com a língua habilmente de modo a que não amoleça demasiado, trinca-a com pequena mas rápida dentada, solta com a língua o caroço, cospe-o com um único sopro para a palma da mão, extrai da boca a cereja intacta com um guardanapo de papel na mão esquerda. Repete a operação as vezes necessárias até que uma mão cheia não baste. A menina Carolina é insaciável. Sentada em frente do computador, come da mão da empregada. No ecrâ alinha com dificuldade meia dúzia de frases retumbantes para um discurso de campanha.
A Rosália pensa na família que gostaria de ter, a sua, e que não tem: um marido a apalpar-lhe os peitos, a comer-lhe cerejas na sua pessoalíssima boca carnuda e infarta, uma menina no pátio a saltar à corda.
«Ai, credo! Esta estava chupada demais, ó Rosália!». A menina Carolina não quer estragar os dentes alvíssimos, os lábios sensualíssimos, a língua exigentíssima. Quando declamar o discurso de meia dúzia de elogios ao Engenheiro Sócrates e sua excelentíssima governação, sob os holofotes, sob as bandeirolas, desfrutará da glória, com a barriguinha cheia de cerejas cuspidas pela Rosália.

2 comentários:

Meg disse...

De todos os espantos, o maior é que ainda existam carolinas, assim mesmo, com minúscula... enquanto sobrevivem as Rosálias para cuidar das "filhas (netas) de algo)".
Aos outros espantos, já nada me surpreende...
Gostei, J.A.

Um abraço

Sara Gonçalves disse...

E não é disto que os portugueses gostam? Por isso é que continuam a ver as pernas da Carolina sempre que podem e a votar no Sócrates, que não tem tomates para a política, mas lá vai sabendo deitar a sua espécie de charme.

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