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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Besta

Rotunda das Olaias, Lisboa. Quatro raparigas e um rapaz, militantes da JCP, pintam um mural, protegidos pela lei. Chegam polícias, que defendem a lei e os cidadãos que a cumprem, leva-nos para a esquadra. Ali, obrigam duas das jovens, menores de idade com certeza, a despirem-se totalmente. Um porta-voz oficial da PSP declara, em resposta aos protestos públicos que se seguiram, que o acto respeitou estrictamente a lei, na medida em que as vítimas poderiam transportar armas ou drogas. Seleccionaram duas delas, aos outros não procederam a essa revista "sumária" (sic).
A PSP demonstrou, assim, que os tiques fascistas permanecem, quer na velha geração, quer na nova. O fascismo é sempre não só torcionário como obsceno e aviltante. Sempre que militares ou polícias detêm a autoridade e as armas tendem a proceder como os carniceiros das prisões no Iraque ou em Guantanamo, no Chile ou no Portugal da PIDE-DGS. A guerra nos Balcãs demonstrou perfeitamente esse impulso irresistível para o mal absoluto.
É que a Besta dormita mas não dorme.
Imagine-se o que sucederia neste país doente, com uma democracia corrompida, se amanhã se instalasse de novo uma "democracia" musculada, autoritária, que alguns desejam para "salvar" Portugal da bancarrota.

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