Os bufões eram personagens das óperas-bufas. Há os comediantes, que personificam qualquer papel e há oscómicos que se esforçam por fazer rir. Há os oportunistas, os que se aproveitam de uma boa oportunidade para obterem qualquer ganho. Há os fantoches e os trauliteiros.
O presidente do Chile aproveitou a oportunidade de um drama que poderia ter sido uma horrível tragédia, para viajar à Europa alcandorando-se em herói. Os media fizeram-lhe o favor. Os mineiros, sem o saberem e provavelmente sem o quererem, deixaram-se "palmar" pelo seu presidente, um obscuro personagem da extrema-direita que se apresentou ao eleitorado como liberal. Na verdade foi um apoiante da ditadura do Pinochet assassino e tem um irmão que colaborou com a repressão sangrenta. Deste presidente (e provavelmente de anteriores) se deve a falta de segurança nas minas e a reabertura de minas que tinham sido desactivadas, da mesma maneira que à sua política neo-liberal se deve a exploração desenfreada dos operários chilenos.
Levou uma pedra da mina que abateu com 33 mineiros dentro, para oferecer ao primeiro-ministro britânico, que lhe deve fazer bom uso, embora não se vislumbre qual.
O verdadeiro herói, o mineiro chefe-de-turno que liderou admiravelmente os seus camaradas soterrados, não acompanhou o seu presidente nesta viagem gloriosa.
Não sei se deva rir com tamanho comediante. A comoção que me provocou o drama dos mineiros e das suas famílias (explorada ate à exaustão pelos media, que se esqueciam sistematicamente de descrever as condições de trabalho no Chile) impede-me. Um bom bufão faz-me rir. Este farsante mete-me asco.
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