A casa
Já a lua se apagou sob o lençol negro
Enquanto me recolho no covil das palavras
Na chama da língua que emudece.
Fui.
Uma chuva ácida castiga o mundo
Como um deus cruel a seus filhos
Que o não amam.
Quem a mim amar possa
Ofereço um ramo de oliveira.
Inimigo meu pode dormir tranquilo
Que as minhas palavras não matam.
Inofensivo vou
Pela chuva como uma criança perdida.
Onde fica a minha casa?
Em que lugar sonhado, minha mãe, meu pai?
Que o céu se abra como um útero
E chova leite e mel sobre os submissos
E se abra a terra como uma deusa misericordiosa
Para a sementeira de um mundo novo.
Que morra eu, sim,
Que morra,
Mas a casa se habite.
1 comentário:
Belíssimo!
Despojado e solidário.
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