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sábado, 12 de abril de 2014

Algumas notas

O livro da historiadora Raquel varela, "A História do PCP Na Revolução Dos Cravos" (Bertrand Editora, 2011) merece-me alguns comentários, breves por enquanto, mais desenvolvidos noutra altura.
1º- Ao afirmar que o 25 de Abril foi exclusivamente um golpe de estado e concluir daí que o PCP não acertou na sua estratégia de "levantamento popular para derrubar a ditadura", esquece (ou omite deliberadamente) o trabalho político ininterrupto durante décadas que preparou a sublevação dos capitães (greves operárias, lutas estudantis, trabalho político no interior das forças armadas, papel hegemónico na organização das lutas da Oposição Democrática, actividades nos países europeus, etc, etc.).
2º - Esquece (ou ignora lamentavelmente) a rápida intervenção do PCP no apoio popular nos dias que se seguiram ao 25 de Abril e que culminou no 1º de Maio de 1974 (autêntica consagração popular). O "golpe militar" transformou-se em Revolução e firmou-se a célebre "Aliança Povo-MFA", proclamada pelo PCP.
3º - Raquel varela afirma (é a tese central do livro) que o PCP não quis o Socialismo. Omite que a Constituição inscreveu a construção do Socialismo e a maior parte dos Partidos proclamava-o nos seus comunicados...Uns com sinceridade, outros por demagogia convenientemente adaptada ao clamor popular.
4º - A "Revolução Democrática e Nacional" sempre se inscreveu na estratégia de permitir, pelos avanços e transformações revolucionárias profundas, dar passos na construção do Socialismo. Raquel Varela toma claramente partido pelos grupos esquerdistas (MRPP, UDP, AOC, etc.) que exigiam a imediata passagem à "ditadura do proletariado"...sem o PCP, é claro.
5º - O golpe militar do 25 de Novembro foi certamente uma derrota para o PCP, mas, sobretudo, para as massas populares que haviam alcançado profundas conquistas democráticas, algumas das quais, apesar de tudo, conservaram-se até serem aniquiladas gradual ou brutalmente por acção do PS. O PCP não respondeu militarmente apenas para evitar uma guerra civil. A esquerda revolucionária não dispunha da maioria do apoio do País, como se veio a verificar nas primeiras eleições (embora, note-se, a nova situação política criada pós-25 de Novembro exercesse uma inquestionável influência na atitude dos eleitores).

Nozes Pires

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