Não estou a dizer que o PCP quisesse que eles saíssem e eles recusaram. O que houve foi um levantamento durante todo o dia das possibilidades do que se poderia ou não accionar. O problema não se resolveria com a confrontação militar. Se os fuzileiros saíssem podiam vencer os comandos, mas o país estava muito dividido. A parte do país favorável à revolução era minoritária. Poder-se-ia ganhar alguma batalha, mas o que estava no horizonte era uma derrota. Finalmente, o PCP não comandava militares. Aqueles que eram mais próximos ideologicamente tinham as suas linhas de comando, havia o Otelo e o gonçalvistas, mas eles não iam à Soeiro Pereira Gomes [sede do PCP] perguntar o que deviam fazer.
A esta distância como lê o 25 de Novembro?
Tive a oportunidade de dizer isto várias vezes: o 25 de Novembro foi o resultado de uma sucessiva confrontação de forças dos dois sectores. A saída dos pára-quedistas para tomar bases aéreas foi feita perante a ameaça que a Força Aérea pudesse bombardear as forças de esquerda, mas quando sairam não tinham nem plano, nem forças preparadas para suster uma reacção. A esquerda não estava preparada para a execução de um golpe ao contrário da direita militar.
Olhando para trás, esteve no lado certo no 25 de Novembro?
Eu disse uma coisa que criou um grande escândalo na sede do PCP: "No 25 de Novembro eu e o PCP fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para triunfar as forças revolucionárias, mas tenho impressão que se calhar foi melhor assim. Se ganhássemos aquela batalha, talvez perdêssemos a guerra com mortos e feridos".
Se voltasse atrás, com o PS do outro lado, estaria no mesmo campo?
Sem dúvida que estaria do campo da revolução. Joguei sempre do lado certo. Acho que tive a posição certa no 25 de Novembro.
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