É um erro grave quando se subestima a moral, o seu papel na ação política. Tanto erram aqueles que ainda declaram que a moral marxista (qual?) faz do seu seguidor um indivíduo com uma moralidade superior a todas as demais que existem, quanto aqueles que afirmam que a ética é sempre exclusivamente kantiana sem que Marx tenha criado alguma. Tanto o espírito de seita, como o desprezo pelos "reformismos" de fundo ético (como realmente foi o revisionismo de Bernstein) são errados. Provas não faltam.
A moral, enquanto concessionária de uma visão do mundo (por mais contraditória, anticientífica e meramente empírica que seja), explica a seu modo o que fazer, como reagir, como avaliar.
Numa sociedade de classes (e nunca houve outra que não o fosse) a moral dominante, senão mesmo a única nessa sociedade, é a conceção do mundo e da vida, o guia da ação e de interpretação, o avaliador comum espontâneo e quase automático, é o pensar comum, o pensar que melhor serve os interesses conservadores da classe que exerce a dominação social e cultural. Esta classe domina reprimindo outras regras ou princípios avaliadores que ponham em risco o seu domínio. A moral dominante é, por isso, sobretudo repressora, culpabilizadora, castradora.
Nas épocas em que uma outra moral se lhe opõe, a combate, estimula e guia a luta, a transição revolucionária já começou. E chegará ao seu termo, dure o tempo que durar.
Há que proceder a juízos morais (certo/errado, bem/mal), educar para o ajuizamento moral, provocar, assim, a indignação, e fazer da indignação a revolta, e da revolta a alternativa.
Os valores morais são a alma da revolução.
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