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sexta-feira, 31 de maio de 2024

 A estratégia do caos-   Um livro necessário para compreender os planos longos do Império

« L’avenir du monde se jouera dans et autour de l’océan Indien », prédisait ce livre dès 2011. La prédiction s’est réalisée. Ainsi que les explosions annoncées : au Moyen-Orient, en Afrique, en Asie. Puis à Paris et Bruxelles.

Voici le grand classique qui permet de comprendre les bouleversements géopolitiques dans le monde musulman… Et si tous ces pays en conflit formaient les pièces d’un seul grand puzzle ? Un puzzle qui prend son sens quand on saisit la stratégie globale des États-Unis pour contrôler les routes maritimes de la Chine et contenir ses autres concurrents : Europe, Russie et les forces émergentes du Sud.

En quelques entretiens passionnants, Mohamed Hassan fournit les clés de ce puzzle. Il rappelle l’Histoire oubliée qui explique le présent. Il dévoile les stratégies secrètes et les intérêts inavoués.

Michel Collon et Grégoire Lalieu ont préparé ce livre avec lui. Leur but : rendre simple ce qui paraît compliqué. Pour comprendre le monde musulman et ses rapports avec les USA ou l’Europe.

 

Mohamed Hassan est un ancien diplomate éthiopien. Ses innombrables lectures, voyages et contacts en font un des meilleurs connaisseurs du monde arabo-musulman.

Michel Collon et Grégoire Lalieu sont membres du collectif Investig’Action qui anime le site investigaction.net

 

 

Elson Concepción Pérez.— La adopción por la Asamblea General de la ONU el pasado 23 de mayo, de una controvertida resolución sobre los sucesos de 1995 en Bosnia Herzegovina, en los que murieron 8 000 personas, abrirá “viejas heridas” en la región y dejará en la sombra a los verdaderos responsables del conflicto en la antigua Yugoslavia, explicó a Sputnik el analista político serbio Stevan Gajic.

Se trata, una vez más, de un tema manipulado y fabricado de acuerdo con los intereses de Estados Unidos y Occidente, que para nada tiene en cuenta que por aquellos años la entonces República Socialista Federativa de Yugoslavia estaba sometida a un embate foráneo que llevó a su desintegración como país formado entonces por Serbia, Bosnia y Herzegovina, Croacia, Eslovenia, Macedonia y Montenegro.

El uso de la guerra mediática fue un componente básico impuesto desde Washington y Europa.

Ahora, gobiernos de países muy interesados en ofrecer su “verdad” fabricada sobre aquellos hechos, llevaron hasta la Asamblea General un proyecto de Resolución para declarar el 11 de julio como Día Internacional de conmemoración del genocidio en Srebrenica, lo que ha causado un rechazo tanto en Serbia como en una parte de la comunidad internacional.

A propósito de esta votación y la manera en que llegan a imponerse mentiras, medias mentiras y medias verdades en un cónclave —tan necesario como mal utilizado—, retrotraje a mi mente 25 años atrás cuando, en una mañana de julio de 1999, una llamada con una solicitud a la que no podía negarme, me sentó frente al teclado de la computadora, para hacer el prólogo a la edición cubana del libro El Espejismo Yugoslavo, escrito por el periodista y escritor español Josep Palau.

Me había leído el texto en su edición original y estaba al tanto, por mi trabajo de periodista, de la historia —distorsionada muchas veces— de lo que había ocurrido en la República Socialista de Yugoslavia.

Palau había fallecido en 1997 y, por tanto, quedaba trunca una buena parte de esa historia, principalmente la de los ataques de Estados Unidos y la OTAN contra la nación balcánica entre el 24 de marzo y el 10 de junio de 1999.

Las circunstancias y los actores foráneos de estos últimos bombardeos tuvieron el mismo denominador común, una campaña mediática desestabilizadora desde Estados Unidos y Europa, maquinaciones asociadas a crear matices de opinión respecto a una supuesta limpieza étnica, y la sumisión de gobiernos europeos que actuaban bajo la égida estadounidense.

Los bombardeos a Belgrado y otras ciudades yugoslavas durante 78 días, nunca fueron consultados y mucho menos aprobados por el Consejo de Seguridad de la ONU, ente ignorado en su totalidad por el presidente de Estados Unidos, William Clinton, y el secretario general de la OTAN, el español Javier Solana, autores principales de la criminal acción.

De lo recogido por Palau en su Espejismo Yugoslavo, escribí en el prólogo de la edición cubana de su obra: “A través de Palau, podemos cerciorarnos de cuánta hipocresía se esconde en quienes justificaron las acciones como solución a la catástrofe humanitaria, y no que esas acciones de guerra foránea fueron las causantes de lo sucedido”.

En la lectura del libro me percato de algo que asumo en el prólogo: “El autor saca de los sótanos de la desinformación y la manipulación, los verdaderos objetivos que se persiguieron con la desintegración de la República Socialista Federativa de Yugoslavia, y quienes fueron los protagonistas y principales instigadores”.

Nos estremece Palau cuando describe lo ocurrido en la República de Croacia, entonces uno de los entes que componían a Yugoslavia, y nos presenta la existencia allí del campo de concentración de Jasenovac, creado por los fascistas alemanes, y donde se guardan los restos de cientos de miles de serbios, gitanos, judíos y de otras etnias.

Se dice que en Jasenovac está emplazada bajo tierra la mayor ciudad serbia después de Belgrado, explica Palau.

Cuando unos meses después de la presentación del Espejismo Yugoslavo, en su edición cubana, viajé a la Serbia recién bombardeada, y me percaté de cuánta razón tuvo Josep Palau en su análisis histórico convertido en libro, y cuanta verdad hay hoy cuando, además de la desintegración del país, Estados Unidos ha construido en Kosovo la segunda base militar más grande de toda Europa.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

 É preciso que não se confunda tática com estratégia. Corre-se o risco de resvalar para o oportunismo e, mais grave ainda, para o revisionismo. Ou se é socialista ou não. Ou o socialismo que se advoga é revolucionário ou não é socialismo. Ou a democracia é o domínio do Poder pelos trabalhadores, ou não é democracia efetiva (governo do povo, pelo povo, para o povo). Devemos ser pragmáticos quando damos o dinheiro a um salteador de estradas armado com uma pistola. Logo que pudermos, caçar-lo-emos.

  Estas considerações nada têm de "esquerdismo". Estão nos livros e nas práticas.

  Um indivíduo, militante ou não, que não se revê na dominação capitalista, que conhece suficientemente as finalidades económicas do Capital e as barbaridades do imperialismo, pelos factos e pelo estudo, não se deixa iludir com as promessas de reformas desta UE-OTAN, e percebe pelos programas que "novas regras" não mudam, pelo contrário reforçam, a dominação do grande capital financeiro, a taxa do lucro que a exploração da força de trabalho -e só ela - permite, a tentativa de superação da crises sistémica por meio do mais baixo custo das matérias primas e da mão-de-obra imigrante. Sendo atualmente muito menos fácil saquear as matérias-primas por meio do colonialismo, recorrem a outros processos. A finalidade é a mesma.


Perspectivas

 MEDIAÇÃO

    Categoria fundamental entre as categorias filosóficas das obras de Marx-Engels.  Sem mediações - como Trabalho e a Produção - não existiria Humanidade genérica e histórica e humanidade individual.

    Entre a espécie animal humana construiriam-se mediações socialmente com suporte em premissas biológicas sujeitas às leis da evolução.

    Distingo mediações ontológicas (como o Trabalho e a Produção entre o homem e a natureza) e mediações secundárias (embora objetivas e, em alguns casos, inevitáveis na relação causa-efeito) como, por exemplo, entre a invenção de uma necessidade (social, não natural ou original) e uma necessidade com algum vínculo com a anterior (ou primeira na cadeia dessas necessidades) ; sucede assim no consumo e consumismo artificial, mercantil. Sucede assim no processo de invenções e aperfeiçoamentos tecnológicos.

Não é verosímil uma ontologia materialista sem Mediação. Não é possível uma lógica dialética sem a categoria de mediação.

terça-feira, 28 de maio de 2024

 

Europa ou impostura    Giorgio Agamben [*]


É provável que muito poucos dos que vão votar nas eleições europeias se tenham interrogado sobre o significado político do seu gesto. Uma vez que são chamados a eleger um "parlamento europeu" indefinido, podem acreditar, mais ou menos de boa fé, que estão a fazer algo que corresponde à eleição dos parlamentos dos países de que são cidadãos.

É preciso deixar claro, desde já, que isso não é de todo verdade.

Quando falamos da Europa de hoje, o grande distanciamento é, antes de mais, a realidade política e jurídica da própria União Europeia. O facto de se tratar de uma verdadeira supressão está patente no facto de se evitar a todo o custo uma verdade tão embaraçosa quanto óbvia. Refiro-me ao facto de que, do ponto de vista do direito constitucional, a Europa não existe:   aquilo a que chamamos "União Europeia" é tecnicamente um pacto entre Estados, que apenas diz respeito ao direito internacional. O Tratado de Maastricht, que entrou em vigor em 1993 e deu à União Europeia a sua forma atual, é a sanção máxima da identidade europeia enquanto mero acordo intergovernamental entre Estados. Conscientes do facto de que falar de democracia em relação à Europa não fazia, portanto, qualquer sentido, os funcionários da UE tentaram compensar este défice democrático elaborando o projeto de uma chamada Constituição Europeia.

É significativo que o texto com este nome, redigido por comissões de burocratas sem base popular e aprovado por uma conferência intergovernamental em 2004, tenha sido rejeitado de forma retumbante quando submetido a votação popular, como em França e nos Países Baixos, em 2005.

Perante o fracasso da aprovação popular, que efetivamente tornou nula a auto-denominada Constituição, o projeto foi tacitamente – e talvez se deva dizer vergonhosamente – abandonado e substituído por um novo tratado internacional, o chamado Tratado de Lisboa de 2007. Escusado será dizer que, do ponto de vista jurídico, este documento não é uma Constituição, mas sim, uma vez mais, um acordo entre governos, cuja única substância se relaciona com o direito internacional e que, por isso, tiveram o cuidado de não submeter à aprovação popular. Não é pois de estranhar que o chamado Parlamento Europeu a eleger não seja de facto um parlamento porque lhe falta o poder de propor leis, o qual está inteiramente nas mãos da Comissão Europeia.

Alguns anos antes, a questão da constituição europeia tinha, aliás, dado lugar a um debate entre um jurista alemão cuja competência ninguém podia pôr em causa, Dieter Grimm, e Jürgen Habermas, que, como a maior parte daqueles que se dizem filósofos, era completamente desprovido de cultura jurídica. Contra Habermas, que pensava poder, em última análise, basear uma constituição na opinião pública, Dieter Grimm tinha um bom argumento para defender a impraticabilidade de uma constituição pela simples razão de que não existia um povo europeu e, portanto, algo como um poder constituinte não tinha qualquer fundamento possível. Se é verdade que o poder constituído pressupõe o poder constituinte, a ideia de um poder constituinte europeu é a grande ausente do discurso sobre a Europa.

Do ponto de vista da sua pretensa constituição, a União Europeia não tem, portanto, qualquer legitimidade. É, pois, perfeitamente compreensível que uma entidade política sem uma constituição legítima não possa exprimir uma política própria. A única aparência de unidade é conseguida quando a Europa atua como vassalo dos Estados Unidos, participando em guerras que não correspondem de modo algum a interesses comuns e muito menos à vontade dos povos. A UE atua hoje como um ramo da NATO (que é, ela própria, um acordo militar entre Estados).

É por isso que, ecoando não muito ironicamente a fórmula que Marx utilizou para o comunismo, se poderia dizer que a ideia de um poder constituinte europeu é o espectro que paira sobre a Europa de hoje e que atualmente ninguém ousa evocar. No entanto, só um tal poder constituinte poderia devolver a legitimidade e a realidade às instituições europeias, que atualmente não passam de uma impostura. Um impostor é, segundo os dicionários, “aquele que obriga os outros a acreditar em coisas que não são verdadeiras e a agir de acordo com essa credulidade.

Uma outra ideia de Europa só será possível quando o campo estiver limpo desta impostura. Para o dizer sem pretensões nem reservas:   se queremos de facto pensar numa Europa política, a primeira coisa que temos de fazer é tirar a União Europeia do caminho – ou no mínimo estarmos preparados para o momento em que ela, como agora parece iminente, desmoronar.

O original encontra-se em t.me/LauraRuHK/8528

Este artigo encontra-se em resistir.info

 


domingo, 26 de maio de 2024

 

El imperio del Apocalipsis

Publicado:


Fabrizio Casari (Radio La Primerísima).— “Rusia a punto de atacar Europa es una invención propagandística. No ocupa un Estado de la OTAN. En su lugar, es Europa la que prepara planes para atacar a Rusia”. Palabras y música de Vicktor Orban, Presidente de Hungría, miembro de la UE y de la OTAN. Uno puede albergar todo tipo de sentimientos hacia Orban, pero sus declaraciones sobre la escalada del rearme son imposibles de refutar.

 

Los 1.260 mil millones de dólares que gasta anualmente la OTAN en armamento suponen el 60 por ciento del gasto militar mundial, y se calcula que el aumento del actual 2 al 4 por ciento del PIB de cada país miembro, con la incorporación de Suecia, Noruega y Finlandia, ascenderá al 64 por ciento del total, con lo que el imperio unipolar se impone a Rusia y China por un margen abismal. Esto anula cualquier posible argumento sobre el necesario equilibrio militar y deja al descubierto la realidad de los números.

El mercado anglosajón de la guerra está muy agitado. Diez de las mayores empresas de defensa del mundo tienen actualmente una cartera de pedidos por valor de más de 730 mil millones de dólares, lo que supone un aumento de alrededor del 57 por ciento desde finales de 2017. El Instituto Internacional de Estocolmo para la Investigación de la Paz (SIPRI), muestra cómo la ayuda militar a Ucrania ha impulsado la compra de nuevas armas en Europa.

Los fabricantes estadounidenses son los principales beneficiados, con un aumento del 17 por ciento en las exportaciones totales, pero tanto los estadounidenses como los europeos afirman que la demanda es superior a la capacidad. Lockheed Martin y Rtx -entre los mayores fabricantes de armas estadounidenses, incluidos los Javelin, Himars y Patriots, vitales en teoría pero inutilizados por los rusos en el conflicto de Ucrania- han dicho que tardarán cuatro años en duplicar la producción: el doble de lo previsto. Alemania invertirá 100 mil millones de euros en armamento en los próximos tres años con una clara orientación ruso fóbica y Japón ha iniciado el mayor proceso de rearme de su historia en una evidente función anti china.

El ruido de hierro y plomo involucra a todos, incluso a quienes de día profetizan paz y derechos y de noche construyen armas y operaciones golpistas. La sueca Saab se ha expandido a India y apunta a Estados Unidos y la noruega Kongsberg está construyendo una segunda fábrica de misiles de ataque naval. La francesa Nexter anunció que la producción de sistemas de artillería César, que París suministra a Ucrania, ha aumentado de dos a seis al mes, con plazos de entrega reducidos a la mitad, hasta 15 meses.

El conflicto de Ucrania ha hecho que el mundo entero sea consciente de que la supuesta superioridad tecnológica de los sistemas militares occidentales era en gran medida un guión de Hollywood, pero no obstante ha hecho que quienes perciben esa superioridad como una amenaza tomen las contramedidas necesarias.

A Moscú no le faltan suministros: las cadenas de producción se han rediseñado para eludir las sanciones. Las fábricas de municiones, vehículos y equipos (todas de propiedad estatal) funcionan las veinticuatro horas del día y se han anunciado 520 mil nuevos puestos de trabajo en el complejo militar-industrial, que ahora da empleo a unos 3 millones y medio de rusos, es decir, el 2.5 por ciento de la población. El modelo de crecimiento prometido por Putin prevé así no sólo el fin de toda dependencia de las economías occidentales y el crecimiento del polo tecnológico civil, sino también la capacidad de disuasión convencional y nuclear con la que garantizar la integridad y la independencia rusas.

China, consciente de que es un objetivo militar estratégico y último para el imperio en decadencia, al que gustaría debilitar su alianza con Moscú para poder aislar y golpear individualmente a los dos gigantes euroasiáticos, ofrece una nueva fase en su capacidad de defensa reduciendo enormemente el peso del dólar en sus reservas, anunciando sanciones para quienes la sancionen y mostrando a Washington cómo atacarla sería el último error de la historia estadounidense. El gasto anual en equipamiento militar pasó de 26 mil 200 millones de dólares en 2010, a 63 mil 500 millones en 2017.

¿Hacia dónde vamos?

Estamos en plena superposición de la economía de guerra a la economía financiera por parte del Occidente colectivo y ante la mayor reconversión industrial jamás imaginada. Lo que, unido a la acentuación de la crisis social y de valores del sistema liberal, incapaz de sostener un modelo hoy derrotado y para cuya salvación, prepara el más colosal reseteo del sistema político occidental.

Lo que emerge es la derrota de un modelo de gobernanza planetaria centrado en la dominación absoluta de 52 países sobre los otros 142. En juego el control total del mercado financiero y monetario, la circulación de mercancías y hombres, la organización del mercado de trabajo y la explotación de los recursos de mar, suelo y subsuelo, para mantener la dominación occidental a costa de conteniendo el crecimiento de las economías emergentes. Crecimiento también posible gracias a los modelos de globalización que Occidente había inventado para sostener su hegemonía en los cuatro puntos cardinales del planeta y que, como en la más clásica de las predicciones marxianas, junto con su poder también crearon sus sepultureros.

El rearme de Japón y Alemania se debe a la reconstitución de un bloque político-financiero y militar que responde a las necesidades de un sistema en retroceso donde se ha impuesto la idea de que sólo el aplastamiento de la competencia puede salvar su dominio planetario. Pero la violenta reafirmación de un orden imperial absolutista ha convencido a las economías emergentes, reunidas en los BRICS y otros organismos de alto nivel racional (como la OCS), de la inviabilidad de un acuerdo general que permita redefinir los equilibrios planetarios y la gobernanza de sus organismos vinculados por ciertos parámetros objetivos – peso económico, extensión geográfica, índice demográfico, posesión de tierras raras, capacidad militar, estabilidad sistémica e influencia política- en un marco de seguridad mutua.

A las demandas de los países emergentes de mayor representación y reparto de la gobernanza planetaria, la respuesta del Occidente colectivo ha sido un NO absoluto. NO a equilibrios distintos de los ya dominantes y, a cambio, desestabilización interna en los países no alineados, amenazas militares directas en sus fronteras, disputa de territorios y recursos fuera de toda lógica, pisoteo del Derecho Internacional, utilización sin escrúpulos de los organismos financieros, jurídicos y comerciales internacionales, políticas de sanciones (afecta al 73 por ciento de la población mundial) y utilización militar del Dólar para golpear los productos y el libre comercio en los mercados, con el fin de hipotecar las economías competidoras de EEUU y la UE y permitir la supremacía forzosa de los productos occidentales.

El aumento demencial del gasto militar confirma hasta qué punto el imperio unipolar es consciente de cómo su dominio – el más largo y extenso de la historia de la humanidad – se ve fuertemente desafiado por la aparición de potencias mundiales y regionales que ya no están dispuestas a contener su crecimiento económico y político en un marco de desarrollo limitado y protagonismo político irrelevante. Todo ello dentro de un marco obligatorio, con un papel que está siendo establecido sin apelación por el Occidente colectivo.

Sobre el terreno, sin embargo, la realidad ofrece imágenes de un imperio globalista cada vez menos manejable, con un atraso que perdura económica, productiva y militarmente, y del que se deriva una perdida constante de influencia política. La propia idea de la reconversión en el plano de la amenaza militar para encubrir las fragilidades que se han producido en el plano político y económico no ha funcionado: las duras derrotas sufridas en Afganistán y Siria, la incapacidad para gestionar Irak y Libia, la derrota sustancial en Ucrania, donde 52 países participan a todos los niveles en la guerra contra Rusia, consiguiendo únicamente el avance de Moscú sobre el terreno, representan la última página de la globalización unilateral iniciada en 1989.

¿Mantequilla o cañones?

Inevitablemente, el aumento de los gastos militares tiene como consecuencia inmediata la contracción de los gastos sociales. Y ello a pesar de que estamos en presencia del fracaso social de cualquier política de inclusión y equilibrio en el centro del imperio y ya no sólo en la periferia. En Italia, país que figura entre las 8 economías más ricas del mundo, cerca del 30 por ciento de la población renuncia a la atención sanitaria por falta de fondos. La Unión Europea en su conjunto cuenta con 107 millones de pobres (uno de cada cinco europeos) y Estados Unidos se enfrenta a más de 40 millones de ciudadanos que viven por debajo del nivel mínimo de subsistencia (uno de cada cinco estadounidenses).

En la apoteosis del modelo capitalista impulsado por el liberalismo, sólo las élites de los distintos países son receptoras de recursos y libertades. La manipulación mediática logra un éxito limitado: no consigue ocultar completamente el fracaso a nivel socio-económico (anunciaba una mayor inclusión y una mayor riqueza para todos) y de gobernanza (proponía la democracia exportada globalmente).

La tendencia a redefinir el equilibrio es imparable y la carrera armamentística dibuja la catástrofe de un sistema que ahora se ve obligado a acelerar el posible fin de la especie humana para no ver hundirse definitivamente su modelo de dominación.

sábado, 18 de maio de 2024

 Bertrand.pt - O Leitor De Marx 

SINOPSE

Os manuscritos de Marx | Série REPENSAR MARX, com Marcello Musto #3

sexta-feira, 17 de maio de 2024

 

Quem é a Classe Trabalhadora? Workers of the world

Workers of the world, de Marcel van der Linden

 

Raquel Varela
368 Cad. AEL, v.17, n.29, 2010

 Raquel Varela1

QUEM É A CLASSE TRABALHADORA?
Workers of the world: essays toward a
global labor history, de Marcel van
der Linden2


Quando recebeu o prêmio René Kuczynski na Áustria,
em Setembro de 2009, pela sua obra Workers of the world: essays
towards a global labor history, Marcel van der Linden não hesitou,
no seu discurso de agradecimento, em atribuir o desenvolvimento
da história global do trabalho ao prolífero renascimento dos
estudos do trabalho pelo mundo fora, e em particular aos esforços
dos historiadores do trabalho que fazem investigação naquilo
que designa como o Sul Global (Ásia, África, América Latina).
No mesmo discurso, insistiu ainda, talvez com excessiva
humildade, que a sua proposta de global labor history não era uma
teoria mas uma área de trabalho, cujo objetivo central era contrariar
o nacionalismo metodológico e o eurocentrismo na historiografia
do trabalho. Mas, se é certo que global labor history está aberta a
diferentes quadros interpretativos, Workers of the world é, porém,
muito mais que uma proposta de trabalho, porque sistematiza
uma contribuição para a investigação histórica que almeja a
construção de uma quadro teórico, como veremos, ambicioso.
Algumas das propostas teóricas defendidas no livro são
hoje, cremos, relativamente incontroversas, nomeadamente as
que dizem respeito a contrariar uma visão histórica enclausurada
nas fronteiras nacionais, e a crítica do eurocentrismo. O autor

contesta que o Estado-nação seja a única unidade da investigação
histórica propondo, além dele, uma visão transnacional e
supranacional; e critica o eurocentrismo, ou a visão de que o
mundo estaria estritamente dividido entre “o oeste e o resto”.
Mas, van der Linden vai mais longe e pretende que estas críticas
dêem origem a uma história global do trabalho, trabalho que
aliás tem levado a cabo com dedicação como diretor de
investigação do Instituto Internacional de História Social (IISH).
Talvez não seja um exagero dizer e mesmo considerando que
muito está ainda por fazer que, nunca como hoje, os
investigadores da história do trabalho do Sul tiveram tanto eco
no mundo acadêmico dos países centrais e isso deve-se em grande
medida ao trabalho de Marcel van der Linden (e ao grupo de
investigadores do IISH).
Workers of the world tem o objetivo explícito, como
referimos, de auxiliar na construção de uma história global do
trabalho. É também uma obra que pretende contribuir para a
discussão sobre a caracterização da classe trabalhadora, de um
ponto de vista histórico, a partir de uma crítica a Marx, que se
apresenta como uma crítica marxista a Marx, com influências de
outras áreas de pensamento. Entre estas, o autor dedica especial
atenção, nos capítulos 13, 14 e 15, à teoria do sistema mundo de
Wallerstein; van der Linden defende que mesmo não
subscrevendo por inteiro a teoria (e tem a este respeito uma
interessante discussão a partir da teoria do desenvolvimento do
capitalismo de Ernest Mandel, p. 316-317), o seu contributo para
uma história do trabalho transnacional é indiscutível (p. 290); a
escola de Bielefeld, desenvolvida na Alemanha ocidental e que
valoriza o trabalho de subsistência, o que é particularmente
relevante para o estudo do trabalho feminino e para a história
do trabalho nos países periféricos; e, finalmente, o autor valoriza
os estudos etnológicos, dando como exemplo a experiência do
povo de Iatmul (Papua Nova Guiné), a sua incorporação gradual
no capitalismo, e o concomitante desenvolvimento do trabalho
assalariado entre este povo durante o século XX (p. 356).
O livro trás para o debate historiográfico outros temas
centrais da história do trabalho, para além dos explicitamente
referidos, nomeadamente a questão do sujeito histórico
transformador e ainda o complexo tema do papel das condições
objetivas e subjetivas no desenvolvimento do capitalismo,
parecendo optar o autor pelo modelo teórico que sobrevaloriza

a teoria do valor e secundariza o papel da luta de classes no
desenvolvimento histórico do capitalismo.
Duas notas introdutórias para assinalar que, a contrario
quer de um setor da academia mais conservador quer dos teóricos
próximos das teorias pós-modernas (de que o autor é reconhecido
crítico), o livro é escrito num estilo límpido, em que clareza das
ideias é estrutural ao longo de toda a obra. Workers of the world é
quase um manual, na melhor tradição anglo-saxônica (o autor é
de origem holandesa).
A segunda é que o livro é edificado a partir de uma
extensíssima bibliografia que reúne alguns dos melhores
trabalhos da historiografia mundial do trabalho e, apesar de o
próprio autor lamentar não conhecer bem outras línguas do sul
global, a obra é prolífera na utilização de exemplos empíricos de
todo o mundo: das cooperativas de mulheres francesas formadas
na I Grande Guerra (p. 161) ao conhecido quilombo de Palmares
ou ao menos falado êxodo de escravos no Níger no início do
século XX (p. 176); dos protestos agrários na Europa do século
XIX (p. 174) à deserção coletiva dos trabalhadores das plantações
de chá do vale de Assam em 1921 (p. 177), só para citar alguns
exemplos.
Workers of the world está dividido em quatro grandes
partes. A primeira parte, “Conceptualizations” divide-se em três
capítulos: “Quem são os trabalhadores?”, “Por que trabalho
assalariado “livre”?” e “Por que escravatura comercial?”. Estes
três capítulos, podemos afirmá-lo, são os mais suscetíveis de
desencadear alguma controvérsia. O autor apresenta aquilo que
define como “uma crítica construtiva da definição de Marx da
classe trabalhadora” porque Marx “apesar das várias fraquezas,
continua a ser a melhor análise que temos” (p. 18). Marcel van
der Linden parte da definição de Marx dada em O Capital, de
que a força de trabalho só pode se tornar uma mercadoria, um
objeto de comércio, na única forma verdadeiramente capitalista,
ou seja, através de trabalho assalariado livre, no qual os
trabalhadores só têm a sua força de trabalho para vender e nada
mais (p. 18). Assim, escreve van der Linden, a única classe
trabalhadora “real” no capitalismo seria aquela que se enquadra
nesta definição (p. 19). O autor contesta esta noção, que considera
muito restrita, na medida em que (1) há vários exemplos de
trabalhadores que não estão no poder da sua força de trabalho
(cita o caso de escravos que trabalham como assalariados e
entregam o salário, ou a maior parte dele, aos donos, fato comum
por exemplo na Argentina no século XIX, p. 23), e (2) há
trabalhadores que possuem, para além da sua força de trabalho,
outras mercadorias para vender (cita o caso de trabalhadores
que têm uma pequena horta ou oficina, por exemplo), ou ainda
de trabalhadores que detêm as suas próprias ferramentas embora
trabalhem numa fábrica. Marcel van der Linden contesta também
a noção de “livre”, uma vez que há formas físicas e financeiras
de coagir o trabalhador (entre outros exemplos, o caso das
trabalhadoras têxteis japoneses que eram presas num dormitório
nos anos 30 do século XX no Japão (p. 24), e o caso dos socorros
mútuos geridos pelas empresas que são uma forma de
dependência dos trabalhadores da firma (p. 25).
Marcel van der Linden enumera nestes capítulos diversos
matizes daquilo que considera serem as formas “graduais de
transição” entre o trabalhador livre e o escravo, o trabalhador
livre e o autoemprego e entre estes e o lumpemproletariado (por
exemplo, quando os trabalhadores roubam uma parte do produto
de trabalho para levar o para casa, p. 27). É abundantemente
referido, ao longo de toda a obra, o caso do trabalho feminino,
em particular do papel do trabalho doméstico. Uma das
conclusões desta análise, que define classe trabalhadora antes
demais a partir da mercadorização do trabalho, é quebrar também
o esquema clássico de “trabalho – salário – bens de consumo”,
porque, advoga o autor, por exemplo, o trabalho feminino é
essencial na reprodução do proletariado e é trabalho não pago;
há vários exemplos de trabalho que não é pago em dinheiro; há
trabalhadores que têm mais de um emprego; há o caso da
subcontratação.
A fronteira, essa é a conclusão principal, entre o trabalho
livre e outras formas de produção de valor no modo capitalista é
tênue: “There is a large class of people within capitalist society,
whose labor power is commodified in many different ways. That
is why I refer to the class as a whole as the subaltern workers”
(p.32). Assim, Marcel van der Linden chega ao conceito de
subaltern workers, que deve incluir para além do trabalhador “livre”
assalariado, os auto-empregados, arrendatários (share-croppers),
servidão (indentured labor) e escravos (chattel slavery). O conceito
é definido da seguinte forma: “Every carrier of labor power
whose labor power is sold (or hired out) to another person under
economic (or non-economic) compulsion belongs to the class of

Resenha
371Cad. AEL, v.17, n.29, 2010
subaltern workers, regardless of whether the carrier of labor power
is him or herself selling or hiring it out and, regardless of
whether the carrier him or herself owns means of production”
(p. 33). Em comum, estes trabalhadores têm a mercadorização
coerciva da sua força de trabalho (p. 34). Com esta definição, as
dimensões a analisar historicamente no processo de produção
ampliam-se. Já não são apenas a relação entre os trabalhadores
subalternos e a sua força de trabalho, os meios de produção e o
produto do trabalho mas também entre os trabalhadores
subalternos e outros membros do agregado, o empregador fora
do processo imediato de trabalho, e outros trabalhadores
subalternos. No capítulo 3 e 4, van der Linden desenvolve
especificamente os dois extremos deste conceito, trabalho livre
assalariado e trabalho escravo (p. 39-78).
Esta tese é apresentada, pelo autor, mais como um
complemento a Marx do que como um contraponto. E, esta obra
vem de certa forma lembrar, aos historiadores do trabalho, que
predomina ainda hoje na investigação uma visão mistificada da
classe trabalhadora. Porque, histórica e geograficamente o trabalho
nunca foi exclusivamente composto por homens livres assalariados.
Mas esta afirmação comporta riscos, de que o autor está consciente,
reforçando, na conclusão, por exemplo, que o desenvolvimento de
um conceito amplo de classe trabalhadora é um trabalho “que ainda
está em grande medida por fazer” (p. 360). Algumas interrogações,
porém, não podemos deixar de referir, também elas como
contributos para um debate que está em curso.
Marx elaborou um modelo de compreensão e
transformação da sociedade. E desta afirmação podem-se pelo
menos tirar duas conclusões.
A primeira é que um modelo é um modelo, e como tal
tem invariavelmente perturbações. Cremos que Marx estava
consciente do quão pouco “livres” eram os trabalhadores,
desprezando o valor de igualdade jurídica atribuído ao contrato
estabelecido entre o capitalista e o trabalhador: “As long as the
wage-laborer remains a wage-laborer, his lot is dependent upon
capital”3 . Marx viveu no tempo, por exemplo, das leis contra a
3 MARX, K. Relation of Wage-Labour to Capital. In Wage Labour and Capital.
Disponível em: <http://www.marxistsfr.org/archive/marx/works/1847/
wage-labour/ch06.htm>.

 

Raquel Varela
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mendigagem – que são também elas uma forma de trabalho
compulsório. Parece-nos que a definição de Marx de trabalhador
livre assalariado é, por outro lado, uma tendência e como
tendência tem contra tendências ou perturbações que
aparentemente não põem em causa o modelo. Porque o que se
verifica, neste campo, é que a análise de Marx confirmou-se
sobretudo no que diz respeito aos dois extremos da definição de
trabalhadores subalternos na efetiva tendência para o
predomínio do trabalho “livre” assalariado, fato que o autor
reconhece (p. 63-78). Entre as razões para o fim da escravatura
Marcel van der Linden apresenta precisamente a produtividade,
a necessidade de criação de um mercado interno e também aquilo
que designa como o fator moral (p. 56-59).
O que parece ser sugerido no livro é que a inserção num
mesmo conceito de categorias como trabalho livre e escravatura
comercial tem sobretudo relevo no estudo da história do trabalho
no período de formação do capitalismo (que é desigual conforme
os países), permitindo ao autor, por exemplo, introduzir a
dimensão de conflito, protesto e mesmo greve (abandono do
local de produção) entre escravos e senhores, abrindo os
historiadores do trabalho à perspectiva científica de
conflitualidade social e não de mera estratificação social no
período da escravatura comercial.
A segunda questão da afirmação de que Marx elaborou
um modelo de análise e transformação da realidade diz respeito
ao valor da política, ou dito de outra forma, ao debate da análise
dos fatores subjetivos na investigação histórica. Parece consensual
que Marx não se limitou a interpretar o mundo e a sua noção de
classe trabalhadora, para além de realçar uma tendência que
historicamente se verificou de facto, tinha um propósito
transformador. Não era, cremos, exclusivamente um conceito
histórico-analítico baseado na lei do valor, mas continha em si
uma análise política e subjetiva da realidade. Marcel van der
Linden assume no livro que “follow those authors who give the
value form, and not class contradictions, central place in their
analysis of capitalism” (p. 40, nota de rodapé). Porém, cremos
que se é um fato que há diversas formas de mercadorizar o
trabalho não é indiscutível que todas tenham o mesmo valor
político: uma greve de trabalhadoras domésticas não tem o
mesmo impacto que uma paralisação no setor dos transportes e
uma greve nos países periféricos é suportada pelo sistema de

Resenha
373Cad. AEL, v.17, n.29, 2010

 
forma muito mais prolongada do que nos países centrais – é certo
que estas são consequências políticas do papel que cada um destes
trabalhadores tem no processo de acumulação de capital, mas
esse papel tem uma consequência política. Portanto, quando o
autor afirma que na Europa, a partir da alta “idade média o
trabalho proletário era assalariado e isso consistia uma exceção
no mundo” (p. 47), essa constatação também pode levar à
conclusão, não da igualdade de todas as formas de trabalho mas
o contrário, ou seja, o peso econômico e político dos países centrais.
Ou seja, entre os benefícios de uma visão transnacional da história
global do trabalho e a riqueza deles fica indiscutivelmente
demonstrada nesta obra está certamente a conclusão de que
o mundo, sendo só um, e sendo desigual, tem diferenças políticas
fundamentais, que atuam de forma implacável, por vezes, na
relação entre trabalho e capital.
A este respeito teria todo o interesse, acreditamos, coligir
os estudos de van der Linden com outros autores que se têm
debruçado sobre este tema. Entre muitos outros, citamos por
exemplo Sérgio Lessa, que justamente a contrario de uma ampla
definição de classe trabalhadora, restringe-a ao trabalhador
assalariado que transforma a natureza através do trabalho
manual.4 Ou Marcelo Badaró Mattos, que participa nesta discussão
com uma definição menos radical de Lessa mas relevando que,
para Marx e Engels, a questão das classes tinha uma dimensão
política porque o proletário/assalariado tornava possível que,
“pela primeira vez, uma classe dominada e explorada assumisse
consciência de sua exploração”.5
Assim, parece-nos que, não sendo apresentada como tal,
uma das questões centrais que se levantam da leitura de Workers
of the world é se Marx de fato “optou pela teoria do valor”. O
debate é extenso e não cabe neste artigo, mas uma vez que Workers
of the world é uma contribuição de peso para esta polêmica e
que se situa criticamente face a posições que alegavam “o fim do
trabalho”, teria todo o interesse em ser desenvolvido.
4 LESSA, S. Trabalho e Proletariado no Capitalismo Contemporâneo. São Paulo:
Cortez Editora, 2007.
5 MATTOS, M. B. Trabalho, classe e sujeito social da revolução: o debate sobre a
América Latina. In: 6O Colóquio Internacional Marx e Engels. Campinas, 2009.
Anais eletrônicos... Campinas: Cemarx, 2009. p. 1-10.

 

Raquel Varela
374 Cad. AEL, v.17, n.29, 2010

 
Este amplo conceito de trabalhadores subalternos tem uma
derivação, no livro, para as formas de ação coletiva que também
são analisadas num sentido amplo na segunda (Varieties of
mutualism) e terceira partes do livro (Forms of resistance). São
oito capítulos em que se discutem formas de organização e ação
coletiva.
Em Varieties of mutualim (p. 81-169) o autor analisa as
formas de mutualismo em quatro capítulos (The mutualist
universe onde apresenta definições imprescindíveis dos
conceitos a analisar e “Mutual insurance”, “Consumer
cooperatives”, “Producer cooperatives”).
Assinalando que o mutualismo não é específico da classe
trabalhadora, van der Linden mostra como os socorros mútuos
e as cooperativas de consumo e de produção são parte essencial
das estratégias do proletariado (começam por nascer de formas
de solidariedade ligadas a necessidades tão básicas como prover
aos enterros ou ajudar as viúvas dos operários). Nestes capítulos
são apresentadas e analisadas as formas de mutualismo e a sua
evolução histórica, as suas características, os seus limites no
quadro do sistema capitalista e as formas diferentes que adotaram
consoante os países (são dados exemplos da Europa, Índia,
México, Japão, etc.). É particularmente interessante no livro, entre
outros exemplos assinalados, o estudo de como evolui a relação
do Estado com os socorros mútuos na Alemanha de Bismark, na
Inglaterra do século XIX ou na União Soviética. E ainda a relação
dos sindicatos com as caixas mútuas, nomeadamente como forma
de recrutar filiados: é citado o caso dos sindicatos de ferroviários
que em 1916, em Java, na Indonésia, criou um fundo para as
viúvas.
O autor conclui esta parte do livro referindo-se aos
limites das cooperativas de consumo como estratégia dos
trabalhadores, na medida em que há uma tendência ou para a
integração no Estado ou a sua sucção por uma empresa, ou a
sua marginalização é dificilmente inevitável. Porém, van der
Linden lembra também que, de acordo com a bibliografia por
ele analisada, os exemplos históricos demonstram que formas
de mutualismo que mantenham uma cultura democrática
permanentemente viva e uma base social e política sólida
como nos casos onde o sindicalismo revolucionário foi forte
(Itália, Espanha e França) , pode-se evitar a degenerescência
das cooperativas (p. 169).

Resenha
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Forms of resistance é a terceira parte do livro e está dividida
em quatro capítulos: “Strikes” (p. 173-207), “Consumer protest”
(p. 209-218), Unions (p. 219- 257), “Labor internationalism” (p.
259-283)

.
No capítulo “Strikes” o autor começa por assinalar que
não podem existir sindicatos sem utilizarem a greve ou a ameaça
desta mas o contrário é verdade (p. 179), e cita alguns exemplos.
A maior greve de sempre registrada deu-se à margem dos
sindicatos em 1982-83, na Índia, numa paralisação de 240.000
trabalhadores têxteis em Mumbai; a insurreição de trabalhadores
nos EUA em 1877; a greve geral do Quênia em 1947. O capítulo
desenvolve-se depois referindo os métodos de prejudicar a
produção usados pelos trabalhadores (diminuição da
produtividade, sabotagem, gratuidade do produto – como é o
caso das greves de não cobrança de bilhetes pelos motoristas de
ônibus). O autor centra-se depois na definição das greves, das
suas causas, dos fatores que despoletam a greve e das exigências
dos grevistas; termina com a análise dos resultados das greves,
os quais dependem de uma série de condições que são aqui
enumeradas: a posição estratégica dos trabalhadores, a relação
entre o mercado e a empresa, os clientes e os fornecedores, a
relação dos grevistas com o mercado de trabalho, a relação entre
os trabalhadores em greve e outras firmas da mesma área, a
relação dos grevistas com o público em geral, a moralização dos
grevistas, a relação com partes terceiras (como a Igreja), a relação
com as autoridades públicas, a posição financeira do empregador,
a relação entre o empregador e os outros empregadores, a
existência, para os grevistas, de outras formas de subsistência
para além do trabalho paralisado pela greve, o momento da
greve, a liderança das greves, etc. (p. 199-206).
Talvez fosse importante acrescentar a estes fatores a
posição dos países no sistema internacional de estados onde se
dá a greve (no Brasil, por exemplo, há greves hoje com mais de
um mês de duração na educação pública que, a dar-se num país
central como a Alemanha ou França há décadas que tal não
acontece, se é que há registros de tal desde a democratização do
ensino no pós-guerra , teria consequências muito distintas); e
eventualmente hierarquizar estes fatores, uma vez que a sua
contribuição para o resultado da greve parece ser desigual. Por
exemplo, o papel das lideranças parece ter sido historicamente
reconhecido pela burguesia como muito mais importante para

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Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.