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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

50 anos de construção do Muro

Pelo Socialismo


Questões político-ideológicas com atualidade

http://www.pelosocialismo.net

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Publicado em: http://elpravda.blogspot.com/2011/08/50-anos-de-la-construccion-del-muro-de.html

Tradução do castelhano de TAM

Colocado em linha em: 2011/08/22

50 anos da construção do

Muro de Defesa Antifascista

Pravda (Estado espanhol) – Sábado, 13 de agosto de 2011

Em 13 de agosto de 1961, há já meio século, em consequência das medidas

aventureiras e das provocações da República Federal da Alemanha e dos seus aliados,

iniciou-se a construção do Muro de Contenção Antifascista, mais conhecido no

Estado espanhol como “Muro de Berlim”, depois de semanas de conversações na

República Democrática Alemã (RDA) e no campo socialista.

Correram rios de tinta sobre a dita separação. Frequentemente, alguns intelectuais e

os grandes meios de comunicação, fazendo alarde do seu servilismo em relação às

classes dominantes, criticaram ferozmente a construção do Muro, ignorando

completamente – além das inúmeras falsificações socioeconómicas – o contexto, isto

é, os movimentos realizados pela RFA nos meses anteriores e a agudização da

chamada guerra-fria.

O mínimo que podemos fazer é assinalar também a sua enorme hipocrisia, depois de

lhes ter caído a máscara ao fim de tantos anos (e, depois, para que as novas gerações

fiquem bem ensinadas, como nestes dias), enquanto muitos países que eles apoiam

(ou os seus estados-fantoches) levantavam muros sem que se ouvisse uma voz: os

quase 750 Km do muro israelita, os 1123 Km de muro norteamericano na sua

fronteira com o México, causando milhares de vítimas (calcula-se que mais de 6 000

pessoas), os milhares de quilómetros de muros e minas antipessoais construídos

pela monarquia totalitária de Marrocos no Sahara ocupado, as valas de Ceuta e

Melilla que causaram a morte a aproximadamente 4 000 pessoas, o muro

brasileiro no Rio de Janeiro para isolar as favelas, o muro eslovaco em

Ostravany para isolar a população cigana, etc.

Assim, pois, devemos assinalar os motivos da construção do Muro de Berlim para

uma maior compreensão do que aconteceu naquele famoso dia. Para isso, citaremos

abundantemente o Professor Heinz Heitzer na sua obra “RDA: Compêndio

histórico”, no capítulo “As Medidas de segurança tomadas em 13 de Agosto de 1961”,

assim como o camarada Herich Honecker nas suas “Notas da Prisão” para

terminar este escrito:

2

“O Governo da RFA rompeu as relações diplomáticas com a Jugoslávia, em

1957, e com Cuba, em 1960, porque estes países tinham estabelecido missões

diplomáticas na RDA, e vice-versa. Recusou a proposta da RDA de organizar

uma conferência alemã; recusou também as propostas apresentadas em

1958/59 pela União Soviética, no sentido de conceder a Berlim Ocidental o

estatuto de cidade livre e desmilitarizada e de preparar um tratado de paz com a

Alemanha. Além disso, o Governo da RFA insinuou aos seus aliados na NATO que

também se deveriam opor a estas ofertas. Ao mesmo tempo, políticos dirigentes da

CDU/CSU esforçaram-se febrilmente a equipar o exército federal com armas

nucleares.

[...] Com o propósito de preparar o “Dia X”, dia destinado a derrubar o

poder dos operários e camponeses, os monopólios e o Governo da RFA

intensificaram a guerra económica contra a RDA. No outono de 1960, o Governo da

RFA cancelou os acordos comerciais com a RDA e instigou outros

Estados a boicotar a Feira de Leipzig. Apesar de, em dezembro, o governo da

RFA ter tido de renunciar ao cancelamento, e apesar de a sugestão de boicote não

ter dado resultado, surgiram graves problemas para a economia nacional da RDA,

que estava sujeita a importantes importações procedentes da RFA. Houve que

fazer-se modificações do plano e introduzir alterações na produção, uma vez que

teve de contar com outro embargo comercial. A União Soviética e outros

países membros do CAME forneceram à RDA importantes mercadorias, matériasprimas

e alimentos em quantidades superiores às dos correspondentes convénios.

Desenvolveu-se um movimento orientado para libertar a economia da RDA de

perturbações: operários, técnicos e cientistas da RDA fabricaram, em prazos muito

curtos, produtos que dantes se importavam da RFA.”

A chantagem económica foi acompanhada pela calúnia anticomunista

veiculada por numerosos meios de comunicação na RFA e Berlim Ocidental. A

infâmia era parecida em muitos pormenores com as atrocidades fascistas divulgadas

contra a Checoslováquia e a Polónia, pouco antes de terem sido vítimas do assalto nos

anos 1938 e 1939. Esta falácia tinha o propósito de criar confusão e nervosismo nos

cidadãos da RDA, e fazer crer a nível mundial que na RDA se estaria a aproximar um

“levantamento popular”, que os países ocidentais tinham de apoiar por todos os

meios ao seu alcance.

Tanto assim foi que um jornal simpatizante da CDU escreveu “que o mundo

livre tinha de preparar-se para aplicar todos os meios da guerra-fria,

da guerra de nervos e da guerra com armas... Isto não inclui só as forças

armadas tradicionais e o seu armamento, mas também socavar, instigar a

resistência interna, as atividades clandestinas, a desagregação da ordem, a

sabotagem, a perturbação dos transportes e da economia, a desobediência, a

rebelião, a revolução”.

Com o objetivo publicamente proclamado de sangrar a RDA, intensificaram o

suborno de cidadãos da RDA, sobretudo de especialistas e jovens; estenderam a

rede das organizações criminosas, promovidas pelo Estado alemão ocidental,

dedicadas a este tráfico de pessoas. Berlim Ocidental com a sua fronteira aberta para

a RDA desempenhou o papel de canal de fuga.

3

Tudo isto ligado à preparação direta de uma agressão militar contra a

RDA. Nas manobras do Estado-maior e das tropas do exército federal, realizadas em

1960/61, ensaiaram-se algumas variantes da “guerra relâmpago” e da “guerra

limitada” contra a RDA e outros Estados socialistas. Alguns políticos e comentadores

deixaram entrever que, para o exército federal, poderia dar-se uma situação em que

tivesse de liquidar o “conflito interno” através de uma “ação policial local”. Esse

conflito poderia surgir como consequência de choques nas fronteiras de Berlim

Ocidental. […]

Em julho de 1961, o “Conselho de investigação de problemas da reunificação da

Alemanha” apresentou, em Bona, um plano detalhado para o “Dia X”. Este plano

considerava incorporar a RDA na RFA, repartir entre os monopólios da

RFA as empresas de propriedade do povo e os bancos, dissolver as

cooperativas agrícolas e entregar as terras e os bens de raiz sobretudo

entre os grandes proprietários agrícolas e os latifundiários. Na segunda

metade de julho, Franz Jossef Strauss – então Ministro da Defesa da RFA e chefe do

exército federal, e um dos políticos imperialistas mais belicosos de sempre – fez uma

visita aos EUA para se assegurar do seu apoio. No princípio de agosto foi

proclamado o estado de alerta para as unidades da NATO estacionadas na

Europa ocidental.

[…] No verão de 1961, as tensões surgidas tinham chegado a tal ponto que se tornou

imprescindível tomar medidas severas, orientadas para preservar a paz e proteger o

socialismo.

De 3 a 5 de agosto de 1961, os primeiros secretários dos partidos comunistas e

operários dos Estados membros do Pacto de Varsóvia discutiram em Moscovo as

medidas previstas pela RDA e a URSS. Esta reunião propôs à Assembleia do Povo, ao

Governo e a todos os trabalhadores da RDA “introduzir na fronteira com Berlim

Ocidental um sistema que fechasse, de maneira infalível, o caminho às atividades

subversivas contra os países do campo socialista, e garantisse uma vigilância

segura e um controlo eficiente em volta de todo o território de Berlim Ocidental,

incluindo a sua fronteira com Berlim democrático”.

Em 11 de agosto de 1961, a Assembleia do Povo, sob proposta do CC do PSUA

[Partido Socialista Unificado da Alemanha - NT], encarregou o Conselho de Ministros

de dar todos os passos necessários para esse fim. Na noite de 12 para 13 de agosto de

1961, tomaram-se as medidas acordadas, com rapidez, precisão e com surpresa

absoluta dos serviços secretos do imperialismo.

As medidas de segurança de 13 de agosto de 1961 foram uma ação política conjunta

dos Estados membros do Pacto de Varsóvia, para travar os círculos agressivos do

imperialismo da RFA e dos restantes Estados membros da NATO e para proteger a

paz na Europa. Estas medidas limitaram as atividades subversivas diretas do

imperialismo e da RFA e infligiram-lhe uma rotunda derrota. Fracassou por completo

a sua estratégia de anexar a RDA com um ataque frontal. Os próprios políticos e

historiadores burgueses tiveram de admitir que o 13 de agosto de 1961 deu início à

decadência da era Adenauer, na RFA. Um jornal burguês escreveu naquela

data que este dia demonstrou que tinha fracassado a política governamental da RFA “de pretender a reunificação através do armamento e da força”.

O camarada Erich Honecker, chefe de Estado da RDA entre os anos de 1976 e

1989, também escreveu umas breves reflexões sobre aqueles anos na sua obra “Notas

da prisão”, enquanto estava preso em Berlim em 1992-1993:

“Os sistemas de armamento do Pacto de Varsóvia e da NATO estavam amplamente

instalados no centro da Europa. Esta acumulação maciça de forças militares

requeria uma atenção permanente. Uma coincidência de acasos infelizes

teria podido, de facto, fazer estalar um conflito cuja dimensão poderia

ter sido a da Terceira Guerra Mundial. Para nos convencermos, basta

consultar os documentos oficiais da NATO e do Pacto de Varsóvia referentes a esta

questão.

No decurso dos últimos 35 anos, o perigo de um apocalipse nuclear pairou

demasiadas vezes sobre a Europa. Um tal conflito teria posto seriamente em causa

as possibilidades de sobrevivência da humanidade sobre a Terra.

Uma política ativa de razão e de boa vontade da parte da RDA

contribuiu para conjurar este perigo. Os cidadãos da RDA e, igualmente, os

da RFA, devem os dias que viveram em paz à ação deste primeiro país no seio da

aliança de Varsóvia.”

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