Os comentários a outros comentários exprimem não a Opinião Pública mas as opiniões públicas. Felizmente não existe uma única Opinião Pública. A Internet demonstra este facto. É ela um meio extraordinário que permite e estimula a participação civil e cívica, a discussão, a informação, a pluralidade. Neste sentido amplo é uma contra-informação relativamente às televisões (também à imprensa escrita). É, como se tem verificado, um poderoso meio de convocação. À letra: chamam-se e unem-se as vozes. Este século, este início de um novo milénio, demonstra a força e as potencialidades ainda latentes deste meio de contra-poder. Lembremos as revoltas e revoluções desde o Médio Oriente a outras partes do Mundo. Não esqueçamos de incluir a Europa. Os tiranos temem-na e os governos europeus também. Imagine-se só a sua utilidade se existisse no Portugal da ditadura fascista.
Por tudo isto é de prever que os mandantes deste mundo conspirem para travar, limitar e controlar este meio (as redes sociais, incluindo os blogues e outros dispositivos). Se pudessem, silenciavam-no (é tudo uma questão de poder). Contudo, tiram proveito desses dispositivos (a publicidade, as empresas na bolsa). “Eles” debatem-se com as suas contradições. As redes sociais são, em muitos casos, poderosas empresas e um dos negócios mais lucrativos, tanto mais quanto se interligam com os telemóveis e outras novíssimas tecnologias. Uma boa parte da riqueza de alguns países assenta na invenção, produção e exportação dessas tecnologias, num progresso técnico constante cujos limites não prevemos.
O capitalismo é mesmo assim: contraditório. E sempre foi. Karl Marx entendeu muito bem isso já na primeira metade do século XIX. Então explicou que o capitalismo é um modo de produção simultaneamente positivo e negativo. O que para ele era necessário, por consequência, era que as contradições se agudizassem (quanto mais de desenvolvia), sendo para isso indispensável que a consciência social –pública - não mais suportasse –ou acreditasse – na sociedade movida exclusivamente pelo lucro privado.
Por ora, a internet mostra ser um factor formidável (embora limitado e relativo) de fortalecimento dessa consciência. Defender sem cedências este factor –ou meio – é, hoje, uma importante frente da luta democrática mundial.
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