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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Autobiografia breve para comemorar o Dia da Liberdade

Em 1966 a PIDE retirou-me a bolsa de estudos que me sustentava enquanto estudante universitário e residente numa república de estudantes no Porto, apenas por ter aderido à Associação de Estudantes da Faculdade de Letras do Porto (ilegal). A bolsa fora conquistada pelo meu mérito próprio na avaliação dos exames finais do liceu de Lourenço Marques. Fiquei na miséria até que um amigo me arranjou um modesto emprego de algumas horas num jornal.

Em 1967dirigia-me com companheiros para Lisboa, no dia 24 de Março, uma sexta feira, levando na bagageira do mini uma mala com panfletos que iriamos entregar a outros anti-fascistas para as lutas académicas que então se encetavam, quando fomos atingidos por tiros disparados por pides perto de Vila da Feira. Com um pneu furado despistámo-nos, o carro capotou várias vezes, incendiou-se e dentro dele ficou presa uma companheira que acabou morrendo queimada pela bola de fogo que ninguém conseguiu penetrar. Fui retirado moribundo. Estive 8 meses hospitalizado e sob prisão, sujeito a interrogatórios no próprio hospital. A PIDE impediu os professores de me fazerem os exames académicos que me permitiriam passar o ano.

Após receber alta do hospital uma brigada da PIDE foi buscar-me a casa às 7 h da manhã, revistou todos os livros e papéis e levou-me para a sede na célebre Rua do Heroísmo (Porto), onde estive preso várias semanas, sujeito a torturas para me arrancarem nomes de camaradas. Não conseguiram. A minha boca nem sequer confirmou o meu nome e nada asssinei. Recebi a solidariedade de estudantes e operários, panfletos circularam clandestinamente exigindo a minha libertação e jornais estrangeiros noticiaram.

Até ao 25 de Abril fui detido pela PIDE numerosas vezes, muitas delas antes do 1º de Maio para que eu, e outros, não liderassemos manifestações.

Fui candidato pela Oposição Democrática às eleições de 1973.

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